O Expresso de Hogwarts
- Então, aquele deve ser o jovem Scorpius...
Rose piscou os olhos, desviando-os do trem para onde seus pais e tios olhavam. E ali estava ele - um garoto loiro, de orbes acizentados e rosto pálido, com vestes negras que contrastavam com sua pele. Estava segurando a mão da mãe e observava ao redor com desconfiança. Acenou com a cabeça para algo que o pai dissera e deu um beijo na mãe, pegando a bagagem e se dirigindo ao trem.
Ela observou todos os seus movimentos, até que, antes de Scorpius adentrar o vagão, seus olhos se encontraram. Rose corou e desviou os olhos imediatamente, voltando a prestar atenção ao pai.
- Não seja muito amigável com ele, então, Rose. Vovô Weasley nunca perdoaria você por se casar com um sangue-puro.
Ela acentiu, mesmo sem ter prestado muita atenção ao que o pai dissera, e voltou a olhar para o tre. Para onde ele tinha desaparecido. Buscou por sua cabeleira loura por entre as janelas das cabines e, por fim, o encontrou. Deu um salto quando percebeu que ele também a encarava... Seus olhos estavam tão sérios...
Não percebeu o tempo passar; não até Hermione a abraçar apertado e Ron a levantar e gira-la no ar. Deu um beijinho em Lily e Hugo e acenou para os tios, entrelaçando seu braço com de Albus. James apoiou seu braço em sua cabeça, como se a garota fosse um encosto por ser mais baixa, e acenou para todos. Os três distanciaram-se juntos, embarcando no trem.
Logo após, o mais velho avistou seus amigos e correu, berrando um "'té mais" em sua direção. Rose e Albus ficaram sozinhos e desconcertados em meio aos alunos mais velhos - era uma multidão de adolescentes mais altos e mais fortes que eles.
- Se continuarmos asiim, iremos nos perder. - Disse Albus, enquanto era espremido por entre dois terceiro-anistas.
- Concordo. - Rose acentiu e estendeu a mão para o primo, esperando que ele a pegasse.
O problema, porém, foi que logo que estendeu-a, o trem começou a andar com um chacoalhão. Albus caiu no chão e seu óculos acabou caindo no chão; Rose sentiu a cabeça latejar após batê-la em algum lugar e ficou zonza por alguns instantes. Quando sua visão recobrou a normalidade, não encontrou Albus em lugar algum.
Engoliu em seco. Estava perdida no meio de garotos e garotas mais velhos e sua timidez a impedia de perguntar qualquer coisa a eles. Resolveu procurar pelo primo por conta própria, vendo se ele estava em cada cabine que passava.
De repente, parou. Lá estava Albus, conversando com o garoto louro. Rose corou completamente - tanto de raiva, quanto de vergonha por ter de adentrar justo naquela cabine para dar uma bela bronca no primo. Abriu a porta com violencia, e ambos garotos a olharam, estupefatos.
- Albus Severus Potter! Onde você estava esse tempo todo?
- Ah! Olá, Rose! - Ele lhe sorriu, como se não ligasse para o tom irritado da prima. De fato, já estava até acostumado com seu temperamento volúvel. Depois, virou-se novamente para o garoto e continuou sua conversa. - Eu realmente não quero cair na Sonserina...
- Eu, muito pelo contrário, não quero é cair na Grifinória... - O louro disse, abanando a mão. Deu um sorriso maroto e olhou de rabo-de-olho para Rose, que corou furiosamente.
- Isso é uma indireta...? - Ela perguntou, o fuzilando com os olhos. - Por que, se for, você irá se arrepender muito.
Ele lançou a cabeça para trás e deu uma gargalhada. Rose ficou tensa naquele momento e, pegando o braço de Albus com força, começou a sair da cabine. Até que o jovem louro a parou, com a voz ainda divertida.
- Calminha aí, morena! Estou só brincando... Não tenho nada contra os Weasley grifinórios... Apesar de você ainda não ser uma.
Rose o observou e, ainda que com um tantinho de raiva, sentou-se ao lado de Albus, soltando um suspiro resignado. Cruzou os braços e apenas ficou ouvindo a conversa se desenrolar à sua frente enquanto observava a paisagem rural passar apressada pelo lado de fora do trem.
- E você?
A voz do primo invadiu seus ouvidos, a fazendo "acordar".
- O que tem? - Perguntou, virando-se para Albus, com um pequeno sorriso.
- Em que casa você quer entrar? - Albus fez uma pose pensativa, franzindo o cenho e a olhando com curiosidade.
- Hum... - Rose pousou um dedo no queixo. - Acho que Corvinal não seria ruim, apesar que papai disse que eu tenho que ser grifinória...
- Nem pensar que eu quero ser grifinório! - O outro garoto disse. - Para mim, tem de ser Sonserina.
Rose percebeu Albus se encolher ao seu lado e mordeu o lábio inferior. Na verdade, ela sempre teve curiosidade em saber como era estar na Sonserina, pelo modo em que seu pai e seu tio falavam sobre o Salão Comunal daquela distinta Casa. Suspirou e, arregalando os orbes azuis, percebeu que ainda não sabia o nome do garoto.
Olhou para ele e este sorriu-lhe, estendendo-lhe a mão. Parece que ele também havia notado.
- Desculpe-me. Sou Scorpius Malfoy.
Ela retribuiu o sorriso e aceitou o cumprimento.
- Rose Weasley.
Por incrível que pareça, depois daquilo a atmosfera da cabine pareceu ficar mais agradável - exceto por algumas vezes surgir uma briguinha entre Scorpius e Rose ou Albus ficar preocupado com o assunto "para-que-casa-meu-Merlin-eu-irei".
Após algumas horas, quando já anoitecia, o trem finalmente parou. Muitos papéis de balas e doces estavam jogados pela cabine quando os três saíram para se juntar aos outros primeiro-anistas. Rose, novamente, entrelaçou seu braço ao de Albus e Scorpius ficou do seu outro lado, porém sem qualquer tipo de toque.
Embarcaram nos barcos. Parecia que, enfim, a realidade abateu-se sobre ela. Estava em Hogwarts, afinal. O nervosismo era evidente. Albus começou a tremer.
E agora?
Para que casa iriam?
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