Bombarda Máxima!



-Tem certeza que não quer o Malfoy no meu lugar? – provocou o menino.


-Você quer, por favor, parar de fazer isso! –disse quase gritando.


O ruivo parou na mesma hora, mas ficou sério, quase raivoso.


 


-Porque você, simplesmente, não me ouve? – suplicou.


Depois de alguns segundos Ron disse:


-Porque nada do que você disser vai mudar o que você fez. –o menino falou calmamente.


-Eu sei... – a menina disse e abaixou a cabeça. –Eu só quero te contar o que realmente aconteceu.


Ele riu. Como se ele não soubesse o que ela havia feito... Ela não ia conseguir apagar aquelas imagens asquerosas que o menino tinha produzido dela e de Malfoy juntos se... se beijando. Ele pensara que conseguiria deixar isso pra lá, e ele realmente tentou com todas as suas forças apagar tudo e recomeçar, mas era uma luta difícil demais.


Como se tivesse lido seus pensamentos, Hermione falou:


-Me deixe tentar. –O menino não falou nada, então Hermione insistiu. - Por favor?


E Ron disse com um suspiro:


-Ok, me divirta. – Seu olhar era duro e parecia irredutível como antes. Com um pouco de medo e com muita raiva de Malfoy, Hermione começou:


 


-É, eu beijei ele sim e como eu já disse os motivos ainda não estão claros.


Rony riu sarcasticamente, tentando disfarçar a dor que essas palavras lhe trouxeram.


-Estou falando sério. Eu podia inventar desculpas, mas eu estou dizendo a verdade.


Rony apenas a olhava incapaz de dizer qualquer coisa


.


-Foi tudo muito estranho. Eu tinha plena consciência do que estava acontecendo... até que... ele encostava em mim. – Hermione disse meio receosa de ser demais para o ruivo, porém foi o que ocorrera. O menino não apresentou nenhuma reação grande. Apenas arqueou uma das sobrancelhas e Hermione pensou que isso era bom, que ele finalmente pretendia ouvi-la.


- E quando isso acontecia –prosseguiu – Era como se ele me fizesse esquecer quem ele era, esquecer quem eu era e pelo que eu lutava. Essa sensação não foi nada boa, acredite. Eu queria me afastar e lançar qualquer feitiço sobre ele, mas eu simplesmente não podia. Infelizmente, se eu te disser que não gostei do beijo eu estarei mentindo.


 


Ron virou-se na direção contrária, mas não ameaçou sair. Hermione pensou que chegara muito perto de seu limite, entretanto continuou:


-Mas a partir do momento que ele se afastava de mim, a minha consciência voltava e eu sentia nojo de mim mesma. Nojo por estar traindo a mim e tudo. Me sentia suja e o arrependida. O que eu mais desejava era acabar com aquilo, acabar com ele. Porém eu não achava saída. Eu tentei, mas ele obviamente não consentia. E aí Harry descobriu, e foi horrível porque eu só me sentia pior a cada minuto e não compreendia... eu não compreendo o que me levou até aquilo, o que eu estava pensando ao trocar meus amigos, a traí-los por causa daquele verme. Gina sempre ficou do meu lado e ela realmente me ajudou.


 


- E como Harry superou? – era a primeira vez que o menino falava, mas ele continuava de costas pra ela.


- Bom, acho que ele só... superou. Ele viu uma das vezes que eu tentei me livrar do Malfoy e apesar de estar sempre lá, ele pode enxergar em meus olhos toda vergonha e arrependimento que eu sentia.


Houve um silêncio mútuo. Rony porque estava tentando compreender e Hermione por estar tentando decidir o que falar. Porém ambos estavam tentando.


 


- Por que você resolveu me falar?


- Porque eu realmente gosto de você. Eu... quero ser sincera.


- Você sabe que Draco passou sua frente e me contou as coisas né? Bom, do jeito dele, mas... porque você demorou tanto?


- Pois eu sabia como você agiria depois disso. E eu também sabia que as minhas chances de ficar com você após te contar seriam nulas e por isso eu demorei tanto. Me doía tanto saber que não ficaríamos. E Ron... – ela se aproximou do menino e levou sua mão ao ombro dele que não a afastou, mas nada fez. – eu amo você – ela disse quase baixo demais - sempre amei, mas toda aquela infantilidade do meu orgulho me impedia de reconhecer isso.


- Você não foi a única. – Rony finalmente se virou, porém não a olhou nos olhos e sim para o lado.


- O que? – Hermione estava realmente surpresa pelo que ele havia dito, mas estava ansiosa pelo que viria.


- Também nunca tive coragem de admitir.


- Oh.


 


E os seus olhos se encontraram. Houve mais um tempo de puro silêncio. Mione tentava entender o que se passava em seus olhos, porém as portas ainda continuavam fechadas. Ele parecia tentar fazer o mesmo, a diferença era que ele não encontraria resistência, pois Hermione não tinha mais nada a esconder.


 A menina queria, mas tinha medo de falar alguma coisa que pudesse acabar com aquele momento. Todavia, antes que ela pudesse pensar em qualquer outra coisa, Rony suspirou e começou a andar para fora da biblioteca.


 


-Rony... espera. – Porque ele estava indo embora? Ele não havia dito nada sobre o que iria acontecer.


O ruivo parou onde estava e se virou. Seu rosto era neutro, não havia nenhuma emoção escapando de nenhum lugar.


-Você... –Ela não sabia o que falar – Você... vai me perdoar? – Foi a primeira coisa que lhe veio a cabeça.


Eles se olharam mais uma vez. Hermione estava muito apreensiva e um frio tomava conta de sua barriga, porém a resposta não veio. Ele simplesmente se virou e a deixou na sala sozinha, sem dar uma palavra e nem mesmo mostrar qualquer sinal.


 


E foi isso.


Hermione assistiu Ron sair da biblioteca sem uma vez olhar pra trás. A menina, furiosa, se sentou no banco e se virou para os livros.


Será que ela perdeu alguma parte da conversa? Pois sinceramente a atitude do menino não fazia nenhum sentido.


Ela se sentia boba, como se fosse uma criancinha que acabara de admitir seu amor por um adulto (o que não era o caso de Ron).


 


-Bom, não há mais nada que eu possa fazer. – Hermione concluiu com um sussurro pra si.


----


 


Os dias que precederam as provas, já sem aulas, Hermione passou estudando e evitando encontrar Harry, Gina e principalmente Rony. Ela não se ocuparia mais com isso até o final das provas. Foi o que prometera a si mesma.


Um dia antes do início da prova, à noite, porém Gina conseguiu encontrá-la na biblioteca.


 


-Onde você estava? – disse a menina.


-Estudando. – disse Hermione disse sem tirar os olhos do livro que estava lendo.


-Como agora. –Gina disse com uma risadinha olhando a pilha de livro e pergaminho que estava na mesa da sala comunal da Grifinória onde elas se encontravam.


Hermione não disse mais nada e nem Gina por alguns minutos.


-Mione? –Gina chamou, tentando fazer com que Hermione a olhasse, o que não adiantou.


-Sim.


-Pode olhar pra mim alguns segundos?


 


Gina pediu e Hermione olhou-a meio impaciente.


-O que é?


-Preciso que você venha comigo. –Gina disse decididamente.


-Quê? Pra quê?


-Só venha.


-Não, estou estudando, não está vendo?


-Sim, eu estou e eu tenho certeza que você já sabe isso mais do que a própria pessoa que escreveu esse livro.


Hermione apenas a olhou.


-Por favor! Não vamos demorar, eu prometo.


Mione se deu por vencida e seguiu a ruiva de má vontade.


 


-Você pode me dizer pelo menos o que é?


-Deixe de ser ansiosa. – Gina falou se lembrando da vez que levou Hermione pra ver Ron terminando com Lilá. Mas desta vez seria muito melhor. Se Merlin e Deus quisessem.


 


As meninas viraram algumas esquerdas e direitas pelos corredores do castelo que tinha pouca gente.


-Já está quase na hora de não podermos mais sair. – disse Hermione emburrada.


-Chegamos. – Gina parecia bem animada. – Faça silêncio, ok?


-Escutar mais conversas Gina? Me recuso! – Hermione disse e já ia saindo quando Gina a segurou pelo pulso.


-Ouça.


 


Gina parecia decidida a não deixar Hermione sair dali. Então ela bufou e imitou a ruiva colando a orelha na porta. Gina pegou sua varinha e da ponta dela saiu um pontinho vermelho que passou por debaixo da porta.


Gina viu a cara de curiosidade de Hermione e disse:


-Harry e Rony estão estudando com Neville e Luna aí.


 


Dentro da sala, Harry não parava de olhar pra porta pra ver se tinha algum sinal. Apesar de ele continuar achando que nem ele, nem Gina e nem ninguém deveria se meter no assunto de Ron e Mione ele concordou com a namorada em fazer isso. Neville e Luna estavam entretidos demais com os bichos que tinham no fundo da sala e não seriam problema.


 


Harry finalmente viu o sinal vermelho de Gina, suspirou e começou:


-Então Ron, o que Hermione falou com você na biblioteca?


Rony olhou para Harry meio intrigado, mas falou:


-Ela... me disse o que aconteceu com ela e com Malfoy.


-Tudo?


-Sim, sim


-E aí? – quis saber Harry.


-E aí, que eu ouvi o que ela disse.


 


Isso vai ser difícil – pensou Harry – aparentemente Rony não tinha qualquer vontade de falar sobre isso.


-E depois?


Rony se levantou da mesa meio raivoso e disse:


- E depois nada! Ou você acha que eu ia correr pros braços dela?


Harry pensava em como os dois eram tão ridicularmente orgulhosos.


Rony encostou na mesa e Harry se levantou calmamente.


-Ela me magoou, Harry.


-Como se você não tivesse feito o mesmo, não é?


Ron olhou pro amigo. Ele sabia que aquilo era verdade, mas Rony também sabia que Harry estava tentando fazer ele ficar com Hermione. Ok, isso era idiota.


-Eu sei.


-Então qual é o problema Ronald?


 


Rony respirou fundo e falou:


-O problema é que... eu sinto nojo dela Harry... Do que ela fez...


Harry engoliu seco.


 


Do outro lado da porta, as palavras foram perfurando Hermione como estacas. Mas ela não se sentia de todo triste; a maior parte de suas células gritavam de raiva e o que ela queria era entrar naquela sala e jogar o pior tipo de feitiço naquele ruivo idiota.


O pior era saber que tudo o que ela havia feito não adiantara de nada. Todos os pontos que ela mudou, todas as chances que ela pegou não foram suficientes. Ela havia praticamente virado outra pessoa e pra que? Pra conseguir o perdão de um babaca daqueles.


 


Gina a observava com um olhar receoso. Ela conseguia perceber o sangue da amiga fervendo e só o que vinha a sua cabeça era como o irmão dela podia ser tão... tão... Na verdade ela realmente não tinha uma palavra perfeita pra isso.


Sem fazer nada apesar de tudo, Hermione saiu de onde estava. Gina apenas a olhou. Não podia segui-la mesmo que quisesse; sentia-se envergonhada do que fizera. Com a ajuda de seu maravilhoso irmão acabara de destruir Hermione.


 


-Mas eu a amo.


-Gina voltou a cabeça pra sala e percebeu que Ron continuava a falar. Ela ficou alguns segundos congelada.


 


Ron olhava pela janela e Harry o olhava com um pequeno sorriso na cara.


-Isso. Eu a amo. Mesmo depois do caso com Malfoy. –ele se virou pra Harry que o encarava em silêncio. –Eu sou um idiota?


-É. –Harry finalmente disse. –Mas não por isso.


Rony franziu o cenho e Harry continuou:


-Você é um idiota por não tê-la perdoado ainda.


 


Ronald ficou calado o olhando. Sabia que isso era verdade.


-Eu sei. Mas quando eu penso nela com Malfoy...


-Rony! Isso já acabou há muito tempo! Não existe mais Hermione e Draco e você sabe muito bem que ela faria de tudo que pudesse pra apagar isso. –disse Harry impaciente, com a voz um pouco alterada. Ele andou até Ron, colocou uma mão em seu ombro e com receio de que ou Luna ou Neville resolvessem perguntar o que estava acontecendo, ele abaixou a voz e continuou:


-Escuta, realmente não há nada que mude o que ela fez. Nem mesmo um vira-tempo resolveria. Mas já passou da hora de virar o capítulo e começar uma nova página, não acha?


 


Rony assentiu e Harry o abraçou. Apesar de discordar do jeito que ele agiu, imaginava o quanto aquilo era doloroso pra ele.


Do lado de fora Gina olhava a cena ainda um pouco paralisada. Como raios ela iria fazer pra Hermione ouvir isso? Gina tinha certeza que a amiga não acreditaria nela imaginando que tudo não passava de uma tentativa de amenizar a situação.


 


Os meninos saíram da sala ainda abraçados e olharam para Gina parada na porta. A menina parecia bem confusa, Harry logo ficou um pouco preocupado e perguntou:


-O que houve Gina?


-Hermione – a menina falou simplesmente.


-O que tem ela? – quis saber Ron.


-Ela ouviu a conversa. – informou Harry ainda preocupado com a expressão de Gina.


-Isso é... bom... não? –Rony estava confuso.


-Ela só ouviu metade. – disse Gina, triste. – Mas especificamente até a parte do nojo.


 


 


We will be together again


All just a dream in the end.

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