Ilusão – Parte II
-... só quero conversar. –disse o menino com um sorrisinho no rosto
-É, mas infelizmente eu tenho aula agora. –Rony disse e deu as costas ao louro que falou:
-Que pena, eu tenho certeza que você ia se interessar pelo que eu ia dizer sobre sua namoradinha.
Ron não queria parar, pois sabia que Malfoy só estava querendo irritá-lo ainda mais. Entretanto foi o que ele fez. Ele se virou para o menino e relutantemente disse:
-O que é?
Draco riu um pouco e começou:
-Eu vi que você voltou a falar com a san... Granger. Aí eu pensei: “ele tem o direito de saber exatamente o que aconteceu”.
Rony riu sem humor.
Draco só podia estar tirando uma com a cara dele.
O ruivo sabia que não deveria escutar, mas uma parte dele queria saber o que levou Hermione a fazer aquilo, mesmo sabendo que Draco não era a pessoa certa para fazê-lo.
-Você não precisa me dizer nada Malfoy. Eu sei, que apesar de você tentar lutar contra, você gosta dela.
Malfoy deu uma gargalhada, mas logo o efeito da “piada” passou e ele olhou raivosamente para Rony:
-Nunca mais diga isso. Ela não passa de uma sangue-ruim nojenta.
Rony agarrou ele pela gola da blusa e com a mão livre lhe deu um soco.
-Você nunca mais diga isso!
Após dizer isso empurrou Malfoy que ligeiramente se desequilibrou. Ron pensou que o menino fosse revidar o soco, mas ele apenas sorriu e disse:
-Eu já lhe disse sobre o quanto ela gostou, não disse?
Rony queria dar outro soco, mas ao invés disse sua parte que queria saber a verdade o segurou, mantendo suas mãos fechadas em punho ao lado do corpo. Draco continuou:
-Naquele dia, na sala, antes do pequeno desentendimento de vocês, eu estava os observando se beijando e eu tenho que te dizer que ela faz melhor... ah –Malfoy bateu com a mão na testa teatralmente – mas isso eu também já te falei. O ponto é que eu andei pensando e eu cheguei a conclusão de que o problema não é ela, e sim você. Tá, também é ela, mas sabe você tem que saber como beijar uma mulher. Senão, você sabe o que pode acontecer, né? Ela vai voltar pros meus braços...
Estava cada vez mais difícil para Ron se controlar. Mas agora a raiva não era só de Malfoy, sentia raiva de Hermione também. A raiva/mágoa que ele pensou que estivesse arrancado de si estava o alimentando novamente. Combustível e fogo.
-Você sabe que isso vai acontecer, não é? Você é muito entediante e eu sou... como posso dizer... melhor. Quando ela perceber isso, ela irá me procurar. O resultado é que além de enfeitar sua testa... – Malfoy fez uma pausa e quando recomeçou soava um pouco sombrio. -... Eu vou acabar com ela. De todas as maneiras que você pensar. Das boas e principalmente das ruins. –O louro disse as últimas três palavras com grande ênfase e depois riu.
Rony não sabia o que fazia. Se ia até Malfoy e espancava até que alguém aparecesse pra salvar o crápula ou se ia até Hermione e gritava com ela, usando as piores palavras que ele podia pensar. Isso o deixou totalmente paralisado e Draco percebendo que o garoto não ia fazer nada, olhou para o relógio e disse:
-Olha só, vamos nos atrasar para aula.
E saiu andando na direção que as costas de Rony estava virada. Antes, porém de prosseguir:
-E Weasley?
O ruivo virou e foi pego de surpresa por um soco, o que o fez cair.
-Você não achou que eu ia deixar por isso mesmo, né? –Draco disse, o chutou e foi para o castelo.
Hermione estava correndo para a sala. A aula já devia ter começado. Ela recebeu um bilhete pela coruja de um anônimo pedindo para se encontrar na biblioteca, mas chegando lá não havia ninguém. Hermione bufou. Porque raios ela tinha ido até lá?
Enquanto chegava perto da sala a menina diminuiu a velocidade. E Ron? O que será que estava escrito no bilhete dele? Bom, alguma coisa com certeza não estava certa e Hermione tinha 99% de certeza que Malfoy estava envolvido nisso.
Ela entrou na sala esperando encontrar o ruivo lá, o que a tranqüilizaria de alguma forma, mas só encontrou Harry. A menina sentou-se rapidamente depois de um olhar feio do professor. Harry olhou-a com curiosidade.
-Estava na biblioteca. –susurrou a menina.
-Ah sim. –disse o menino não se convencendo muito.
-Onde está Rony?
-Não sei, pensei até que estivesse com você – respondeu intrigado.
-Não, não estava. –Hermione sentia a ruga de preocupação em seu rosto e Harry também percebendo o estado da menina, perguntou:
-O que aconteceu?
-Por enquanto nada.
Harry arqueou uma sobrancelha.
-Acho que Malfoy está armando alguma coisa.
A menina terminou a frase e Draco entrou pela porta. Sorrindo, apesar de ter o olho um pouco roxo e inchado.
-Droga. –Hermione disse baixinho.
-O quê? –Harry perguntou impaciente.
Hermione contou a história dos bilhetes que eles receberam e o que acontecera depois.
-Definitivamente tem algo errado aí – disse Harry.
Na mesma hora Rony chegou na sala. Também tinha um olho um pouco roxo, mas não sorria. Pelo contrário, parecia bem mal-humorado.
-Qual é o problema de vocês alunos? Não sabem o que é horário não?
O professor ficou reclamando por alguns 5 minutos mais. Harry e Hermione se entreolhavam e olhavam para Rony que aparentemente prestava atenção na aula.
O final da aula chegou e Harry foi logo até Ron que saiu rapidamente da sala, com Hermione meio receosa do seu lado.
-Rony! Espera! –Harry gritou pelo corredor pois o ruivo praticamente corria.
Ao contrário do que Mione esperava, o menino parou.
-Hey, o que houve? –Harry perguntou.
-Nada – Ron respondeu rápido e secamente.
-Ah tá, e seu olho...?
-Não quero falar sobre isso.
O menino disse, deu uma longa olhada para Hermione e depois continuou a andar.
Mais tarde na sala comunal da Grifinória, Harry e Hermione dividiram a história com Gina que logo ficou preocupada com o irmão. Harry a tranqüilizou dizendo que ele estava no dormitório dos meninos, mas não queria falar com ninguém.
-O que você acha que isso quer dizer? –perguntou Gina.
-Acho que Malfoy deu algo a ele pra pensar, além do soco... – disse Hermione sem humor.
Harry e Gina se entreolharam e na cabeça de ambos corria o mesmo pensamento. Seja lá o que Malfoy disse ao ruivo, traria conseqüências ao relacionamento com a Hermione.
Hermione precisava falar com ele. Sabia que ia ser difícil, mas provavelmente a melhor solução é clarear as coisas.
Eles continuaram conversando um pouco e quando deu a hora da janta Harry falou:
-Vocês vão indo que vou chamar ele.
-Ok – Gina disse e Hermione apenas fez que “sim” com a cabeça.
-Hermione, temos que dar um jeito no Malfoy...
-Mesmo? –a menina respondeu irônica, mas percebendo que Gina, naturalmente, não havia ficado feliz ela disse com um suspiro: - Desculpe. Eu sei... Você tem alguma idéia?
-Não sei... Pensei em falar com Fred e Jorge. Sei lá, alguma poção ou sei lá
-É, soa como alguma coisa. Eu não faço idéia do que podemos fazer.
Fez-se um silêncio e Hermione falou:
-Eu estava pensando em falar com ele, entende? Clarear tudo.
-Bom faça isso antes que Malfoy o faça – a ruiva relembrou o que acontecera antes.
Mesmo tendo a impressão de que Draco já o fizera, Hermione disse:
-Eu sei.
-Sabe, eu acho que isso pode realmente funcionar. Pelo menos entre vocês... Acho que se estiver tudo esclarecido Malfoy não vai ter mais onde atacar.
-Foi o que eu pensei – Hermione tomara a decisão. Iria falar com ele. Um sentimento enorme de dejá vù se apossou dela.
As meninas se sentaram à mesa do grande salão e começaram a comer. Menos de 5 minutos depois Harry e Rony entraram no lugar. O olho do menino não estava roxo ou inchado. Gina pensou que muito provavelmente existia algum feitiço que ajudava com isso. Ela tinha que se lembrar de perguntar para Hermione depois. Seu irmão não parecia tão mal, afinal. Parecia um pouco mal-humorado e talvez um pouco desconfortável. De qualquer forma ela não tocaria no assunto “Draco” a não ser que o próprio irmão começasse. Gina olhou para Hermione e a menina tinha sua cabeça virada para o prato e ela soube que Mione decidira fazer o mesmo.
Harry se sentou do lado da namorada, mas Rony não sentou do lado de Hermione e sim do lado da irmã. Dessa forma, Mione era a única que estava virada em direção a mesa da Sonserina. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos o que foi quebrado por Harry e Gina. Eles tentavam incluir Rony e Hermione na conversa, mas aparentemente era impossível. Só conseguiam arrancar acenos de cabeça e sorrisos forçados.
Hermione sentia uma enorme vontade de se levantar e abraçar Rony e também de ir até Malfoy e lançar o pior azaramento que conhecia. Seus olhos batiam na mesa da Sonserina uma vez ou outra, mas assim como temia Rony a pegou olhando para lá o que fez a menina não olhar pra nada mais além da sobremesa que estava na sua frente.
-Mione? – Gina chamou forçando a menina a olhar pra cima. – Tem recebido notícias dos seus pais?
-Sim. Eles estão bem. – Hermione sabia que era mais uma tentativa da ruiva de começar uma conversa, mas o que ela queria era sair dali. Ela podia sentir os olhos de alguém sobre ela e ela sabia que eram os de Malfoy.
-Hermione? – Dessa vez quem chamou foi Ron o que fez a menina parar alguns segundos de respirar. –Você vai comer? – O menino apontou para o pedaço de torta que estava na sua frente.
-Não... é todo seu. –Hermione ficou com vontade de rir, mas logo passou, pois ela confirmou o que previra antes. Os olhos que sentira eram os de Malfoy. Ele olhava para ela sombrio como sempre, mas não sorria dessa vez. Draco parecia sentir raiva.
Ela sem querer deixou cair o talher de sua mão se assustando e fazendo Rony, Gina e Harry olharem para ela. Ela sorriu sem graça, pegou o garfo e voltou a comer. Seus olhos foram para a mesa da Sonserina novamente, porém Malfoy tinha sumido. Ela olhou pelo grande salão e nada do louro.
-O que houve, Hermione? –Harry perguntou.
-Deve estar procurando Malfoy... –Ron disse quase inaudívelmente, mas Hermione o ouviu, virou em sua direção e o encarou com a boca entreaberta.
-O que você... disse?
Harry e Gina também olhavam para o garoto que inocentemente respondeu:
-Nada.
Hermione franziu o cenho enquanto continuava a encarar o menino com curiosidade. Ron deu uma leve levantada de sobrancelha.
O jantar passou sem mais nada importante. Harry e Gina continuavam a tentar por os dois na conversa, mas não adiantou.
Eles voltaram a sala comunal da Grifinória onde usualmente eles ficavam conversando até que algum monitor os “expulsasse” de lá. Desta vez, depois de 10 minutos de conversa entre Harry e Gina, Hermione disse:
-Gente, estou indo dormir.
-Mas já? – perguntou Gina.
-É, quero descansar. – a menina disse com um sorriso amarelo e saiu. Enquanto fechava a porta do dormitório percebeu que Ronald também havia se levantado para se recolher mais cedo.
Estranhamente, Hermione pegou no sono na mesma hora que encostou no travesseiro. Depois do que pareceram minutos, a menina acordou. Havia muitas nuvens no céu, porém o Sol brilhava, mesmo que fracamente.
Ela percorreu o olhar pelo dormitório e percebeu que foi a primeira a acordar. Ela tentou voltar a dormir, mas não conseguiu.
Ela mirou o teto uns minutos, pensando em nada e foi bom, nada com que se preocupar. Entretanto seus pensamentos logo começaram a surgir agitados. O que Draco havia dito para Rony afinal? Ela queria falar com ele o quanto antes. Tinha que haver uma saída.
Ela pensou que tinha encontrado uma, que tudo estava resolvido quando Rony aparentemente tinha perdoado ela, mas estava errada. Nada passou de uma daquelas visões que aparecem pelo deserto que são tão reais quanto o que seus olhos podem ver, porém tão falsas quanto o que some ao toque. E agora novamente ela está presa num labirinto de tijolos sem saída. Entretanto, a menina achava que tal coisa não existia, não ter saída. Ela encontraria uma solução. Ela tinha que.
Hermione forçou seus pensamentos a se calarem. Todas as meninas ainda estavam dormindo. Ela rolou na cama até seu malão, pegou um livro e começou a estudar.
-Você realmente está prestes a perder a cabeça. – Gina olhava com espanto para Hermione que havia lido umas 5 páginas até aquele momento. – Com isso de estudar, eu digo. Acho que você tem que descansar, mulher.
-Descansar? Temos prova daqui a dois dias. – Hermione sentiu como se tivesse ouvido o maior absurdo de sua vida.
-Eu sei. –Gina falou com os olhos arregalados. – Bom, descansar antes das provas funciona pra mim. Você deveria tentar...
-Sem chances.
Gina rolou os olhos e disse:
-Se arrume pra gente poder descer.
-Já vou mãe - Hermione disse com um sorriso no rosto.
As meninas se arrumaram e foram direto para o grande salão onde, como sabiam, encontraram Harry e Rony já tomando o café da manhã. Nenhum dos dois falava nada.
Elas disseram “bom dia” aos meninos que também responderam.
Hermione sentou-se do lado de Rony, novamente de frente para a mesa da Sonserina, porém desta vez ela não deixou seus olhos irem naquela direção.
As panquecas estavam deliciosas e ela comeu mais do que normalmente fazia. Seus amigos também notaram isso e quando a menina colocou o último pedaço na boca ela viu que os três a olhavam com um sorriso começando a aparecer.
-Quê? – perguntou intrigada. –Estão maravilhosas.
-Ok, Rony – Gina disse arrancando risada de todos.
-Hermione, passa o suco de abóbora pra mim? – Rony pediu. Ele parecia normal. Sem tom algum em sua voz.
-Aqui – a menina passou a garrafa para o menino e suas mãos se encostaram. Como acontecia nos filmes trouxas que Hermione já vira com seus pais, ela ficou parada alguns segundos aproveitando a eletricidade que passava de Rony para ela. A melhor parte era que o menino parecia sentir o mesmo.
Ele foi o primeiro a se desligar, ruborizando que nem Hermione.
Após o café, Gina se despediu dos três amigos que foram para a aula.
Eles não sabiam se era porque era a última aula antes das provas ou se havia outro motivo, mas os alunos estavam inquietos e tagarelas, o que irritou Hermione um bocado, pois ela tentava prestar atenção a aula sem muito sucesso. A professora tentava calar os alunos o que funcionava por alguns minutos e depois eles voltavam ao que estavam fazendo.
-Desiste. –disse Harry.
-O que está acontecendo com essas pessoas? – Hermione estava bem irritada.
Os meninos deram de ombros. Eles também não pareciam se importar muito.
-Vamos à biblioteca depois? –perguntou a menina.
Harry e Rony fizeram cara feia, mas assentiram.
Por um instante tudo parecia normal, como era antes de tudo. Isso era tão reconfortante para Hermione. Fazia a menina ser preenchida pelos bons momentos que os três já tiveram. Era tudo mais fácil de certa forma.
A aula acabou e eles foram até a biblioteca que não estava tão cheia quanto Hermione pensou que estaria. Vai ver todos adotaram a idéia de “descansar antes da prova” que Gina falou.
Os meninos passaram o resto do dia inteiro na biblioteca, saindo apenas para almoçar e voltando depois com Ginny que, por insistência de Hermione, estudou.
Mais ou menos três horas após o almoço e de extremo silêncio e concentração, Harry desiste:
-É isso. Eu paro por aqui. – O menino jogou o livro na mesa e assistiu Hermione se levantar e se assustou pensando que a menina ia fazer o mesmo, porém ela começou a procurar outro livro na prateleira.
Rony também desistira assim como Ginny. Eles conversavam enquanto Mione procurava o tal livro.
Não é possível... Ele devia estar aqui
Hermione checou a prateleira umas quatro vezes e depois foi para a de trás e nada do livro. Ela voltou, estressada, para onde os meninos e Gina estavam. Eles riam de alguma coisa e Mione só pensou em como eles conseguiam fazer aquilo e voltou à sua pesquisa nas prateleiras.
-Hey, Hermione, nós vamos para a sala da Gryffa. – Rony falou.
-Okay. – a menina respondeu quase não dando atenção ao que Rony disse.
-Vamos! – Gina disse empolgada.
Hermione bufou e disse sem, novamente, olhar para eles:
-Estou estudando.
Ela ouviu a bufada dos três e ela apenas rolou os olhos. Mione olhou em volta, pras prateleiras mais distantes e para os outros corredores se perguntando apenas se tinham mudado o livro de posição.
-Pare um pouco, Mione. Você já tem estudado muito. –Harry tentou.
-O que você está procurando afinal? –perguntou Gina impaciente.
-Malfoy? – Rony disse e Hermione finalmente olhou para eles.
Gina olhava incrédula para o irmão assim como Harry e Hermione só mantinha sua boca aberta como se fosse dizer algo. Mas o que poderia ser dito?
-Tenho certeza que ele não vem aqui hoje, mas se você for até as masmorras, quem sabe...
O ruivo dizia as palavras com uma raiva controlada, porém Mione podia senti-la.
-Vamos. –Harry disse puxando Rony pelo braço.
-Ron, você pode ficar aqui pra conversarmos? – disse decididamente. Ele estava conseguindo irritá-la muito mais do que o desaparecimento do livro estava. Era hora de por os pingos nos is, como diriam os trouxas.
Harry e Gina saíram da biblioteca olhando toda hora pra trás, mas nem Hermione nem Rony prestaram atenção neles. Ambos se olhavam intensamente.
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