Our eyes like doors.



Amanheceu. No céu havia sinais da tempestade da noite passada e a promessa de que mais uma estava a caminho.


Ainda deitada em sua cama, Hermione olhava pela janela, encarando as nuvens carregadas. Entretanto sua atenção não estava realmente ali. Sua mente voava pelas lembranças da noite passada.


O beijo, o toque, as faíscas, Mione gravou cada detalhe. E mesmo depois quando eles não estavam se beijando, quando eles estavam apenas abraçados... Hermione podia ter ficado daquele jeito a noite inteira.


- Sonhando acordada?


Hermione virou a cabeça e encontrou Gina parada do lado da sua cama, sorrindo. A menina nada respondeu à amiga, apenas suspirou e sorriu.


- Levante-se mulher. Vamos tomar café da manhã. – Gina disse, mas Hermione não mexeu um músculo e, além disso, havia fechado os olhos.


Não havia sinais de que a menina iria se levantar. Gina teria que tomar uma atitude drástica. Ela olhou ao redor e foi até a cama ao lado. Pegou um travesseiro e foi na direção da amiga, que ainda mantinha os olhos fechados, tentando dar passos leves para que ela não os abrisse. Gina chegou mais perto e deu uma travesserada em Hermione que pulou com o susto e acabou sentando:


-Hey! – exclamou Hermione indignada.


-Hey o que? – Gina mostrava uma falsa cara de indiferença – Temos que ir – falou e foi devolver o travesseiro aonde pertencia. Quando o “pousou” na cama, sentiu uma pancada fofa. Olhou pra trás e viu Mione segurando seu travesseiro e fingindo surpresa. Gina rapidamente pegou o objeto da cama e uma guerra de travesseiros começou. As duas gargalhavam e levavam e acertavam o travesseiro uma na outra. As outras meninas que ainda estavam no dormitório riam, mas não entraram na brincadeira.


-Ok! Você venceu! – Hermione jogou o travesseiro em sua cama e levantou as mãos, se “rendendo”.


-Obrigada, obrigada – Gina agradecia as meninas que lhe aplaudiam.


As meninas foram ao grande salão comunal para finalmente tomar café. Logo avistaram Rony e Harry conversando no lugar de sempre. Andaram até lá, ainda rindo da pequena guerra de travesseiro.


Ginny sentou do lado de Harry e o cumprimentou, Hermione sentou-se ao lado de Ron e ficou envergonhada o suficiente para apenas lhe dar um sorriso. Porém o menino a surpreendeu e lhe deu um beijo e depois sussurrou um “bom dia” em seu ouvido. Os olhos da menina se fecharam rapidamente com a voz de Ron e ela sorriu de orelha a orelha. Seus rostos ainda estavam próximos e Hermione o beijou. Logo após eles viraram pra frente da mesa e encontraram Gina e Harry olhando-os e rindo.


Hermione abaixou a cabeça rindo enquanto Ron, que não havia se importado, começou a comer.


 


-E então? – perguntou Harry a Hermione num intervalo de uma das aulas. Eles tinham ido à biblioteca, mas Ron seguira direto para a sala. – Como estão as coisas?


Hermione ficou parada alguns segundos encarando os livros e Harry resolveu não dizer nada, pois ela parecia muito concentrada procurando os livros, como sempre. Mas ele pensou errado. Ela não estava procurando livro algum, ela estava se decidindo.


-Amanhã. – Ela disse e começou a se mexer, procurando realmente os livros.


-O quê?


Hermione se virou e encontrou Harry com uma incógnita no rosto. Ela explicou:


- Você pode falar com Ronald amanhã?


- Err... – Harry parecia surpreso. – Tudo bem... mas já?


- Como já? Eu tinha que ter feito isso antes.


- Mas Hermione...?


-Harry você não entende? Eu... eu estou usando Rony. – interrompeu a menina.


- Eu não vejo assim.


- Mas é como eu me sinto.


A menina voltou a procurar o livro e finalmente puxou da prateleira um todo empoeirado e jogou na frente do amigo que apenas a olhava.


- Que foi?


- Você tem certeza? – indagou o menino.


Hermione abaixou um pouco a cabeça e depois de alguns segundos de silêncio disse:


-N-não... mas é o certo a fazer.


 Harry foi até a amiga e lhe deu um abraço. As lágrimas se acumularam em seus olhos e Hermione podia ter começado a chorar, mas não iria.


- Vai ficar tudo bem.


- Como você pode ter certeza? – Hermione disse ainda nos braços do amigo.


- Não tenho. Mas irei me esforçar o máximo pra que isso aconteça.


Ela olhou nos olhos de Harry e ele parecia tão confiante. Ela queria estar se sentindo daquele jeito. A menina balançou a cabeça formando um “sim” pois ela sabia que ele o iria fazer. O problema era: será que é suficiente?


 


Depois do almoço eles se encaminhavam para a próxima aula, entretanto ainda era cedo e encontraram a sala vazia exceto por duas meninas da Lufa-Lufa e um menino da Corvinal que conversavam.


Hermione sentou-se na cadeira mais próxima do professor e Harry mais Ron se acomodaram logo atrás.


-Querem saber, vou ver Gina. – Harry disse de repente e saiu da sala.


Hermione não sabia se era verdade ou se foi só uma desculpa para deixá-los sozinhos. Entretanto ela agradecia.


Rony levantou-se de sua carteira e se sentou ao lado da menina. Ela virou para ele sorrindo e ele fez o mesmo.


-Ansiosa para as provas?


-Um pouco, mas vai ser fácil.


O ruivo riu, pegou na mão de Hermione e a acariciou. A menina não se permitiu começar a pensar e fazer considerações mentalmente, ela só registrou que era amanhã que o pesadelo começaria e que o que estava por vir era uma despedida.


Eles se aproximaram como imãs. Hermione se aproximou mais do menino com a ajuda do mesmo que a puxou gentilmente pelas costas. Ela cruzou as mãos atrás do pescoço dele, porém conforme o beijo se tornou mais quente, uma de suas mãos foi para a nuca e a outra para o braço do ruivo onde ela conseguia seguir o desenho de seus músculos. Enquanto isso, Rony ainda a aproximava pelas costas e a outra mão estava em seu joelho subindo para a coxa hesitantemente às vezes.


Hermione não se incomodou. Quem se incomodaria, afinal? Tudo bem, parecia um pouco vulgar até porque eles estavam em público, mas as chances de essa ser o último momento deles juntos sem o menino tentar matá-la ou olhá-la com desprezo, que ela realmente e profundamente não se importava.


Eles pararam de se beijar, mas ainda estavam bem próximos um do outro. Suas testas estavam encostadas e os dois procuravam ar, mas isso não impediu Ron de lhe dar selinhos e Mione riu.


No fundo da sala havia um murmurinho, mas nenhum dos dois se deu o trabalho de olhar, pois provavelmente seriam aqueles alunos conversando.


Suas testas se separaram, porém as mãos não saíram de seus lugares, exceto pela mão de Ron que estava nas costas da menina e foi para um de seus cachos.


Enquanto conversavam, o pequeno falatório recomeçou seguido de algumas risadas. Uma em especial chamou a atenção de Mione que olhou naquela direção e como já esperava, lá estava Malfoy. O que a surpreendeu foi ver que ele estava encarando-a. Não só ele, mas Pansy que estava agarrada nele, seus capangas e mais três alunos da Sly faziam o mesmo.


O idiota provavelmente teria feito alguma piada sobre a sangue-ruim. Entretanto, a parte estranha foi que assim que ela encontrou seus olhos ele parou de rir, ao contrário dos outros.


Rony também olhou e quando ele encontrou Malfoy, este se livrou dos olhos de Hermione e arqueou a sobrancelha dando forma àquela cara insolente que todos já conheciam. O ruivo olhou para Hermione e ela estava visivelmente ficando irritada. Ele pegou no queixo dela e virou seu rosto pra ele.


-Não ligue para ele.


A menina sorriu e disse:


-Não ligo.


A verdade é que até Rony fazer isso ela estava sim ligando, ficara tão irritada pela presença de Draco e sua trupe... Mas não interresava mais, pois os lábios do ruivo estavam novamente nos seus.


E tudo ali sumiria se não fosse...:


-Oh, mas que cena linda! – a voz debochada de Malfoy invadiu os ouvidos de Ron e Hermione que viraram em sua direção novamente. Seus seguidores voltaram a rir e o menino continuou. – O traidor de sangue e a sangue-ruim! Vocês foram feitos um pro outro, acreditem.


Mione não sabia onde Draco queria chegar, mas não tinha um bom pressentimento. Ela olhou pro lado e encontrou Rony começando a ficar vermelho. A menina se preocupou que ele resolvesse fazer alguma coisa, o que parecia estar prestes a acontecer, e segurando a mão do menino, sussurrou:


-Fique calmo Ron. Apenas o ignore.


Entretanto não foi baixo o suficiente e Draco, com uma gargalhada falou:


-Por quê? O traidorzinho sujo quer brigar?


Houve uma curta pausa onde só se escutavam as risadinhas dos amigos de Malfoy.


-Vamos lá, Granger! Solte o rapaz! Ele não quer brigar? Estou aqui. –anunciou o louro cheio de presunção.


Rony levantou-se bruscamente e soltou o braço de Hermione, mas ela o segurou novamente.


-Ron, por favor?! – ela estava a poucos passos da súplica, porém o ruivo parecia estar dominado pela raiva. Ele começou a andar na direção de Malfoy que apenas ria despreocupado.


Hermione entrou na frente de Ron impedindo sua passagem. O menino finalmente a olhou.


-Por favor. –Ela o abraçou como numa tentativa de impedi-lo a prosseguir, porém não era mais necessário. Hermione o sentiu relaxar e podia sentir também a raiva voltando a se esconder. Rony abraçou a menina e eles voltaram para seus assentos.


Houve uma mistura de vaias com “Ah”s de desapontamento daqueles que estavam convencidos de que alguma coisa aconteceria.


- Sabia que você não iria fazer nada – provocou Malfoy.


-Por que você não cala a boca? – dessa vez foi Hermione quem falou. Ela havia levantado de sua carteira.


Enquanto seus seguidores soltavam exclamações e risadas, Draco disse com aquele sorriso cínico já conhecido no rosto:


-Ora, ora, quem resolveu tomar partido.


Mione percebeu que acabara de cometer um erro. Dera a oportunidade que o crápula precisava para falar. Rony levantou-se também e colocou sua mão na cintura da menina.


Malfoy olhou para a cena e gargalhou.


-Patéticos! Podem voltar pro... uh.... pro que vocês estavam fazendo. – Ainda rindo, deu as costas e abraçou Pansy que não saíra um minuto de perto dele.


Porém, quando Hermione puxou Rony pra sentar, Draco mais uma vez se virou e disse:


-Só uma coisa Weasley... Ela faz melhor.


Várias reações foram desencadeadas.


O sorriso de Pansy, ainda abraçada com o louro, se apagou na hora e ela olhou seriamente para ele. Malfoy estava com seu sorriso de malícia no rosto e encarava Hermione. A menina ficou visivelmente irritada e tentou sair do abraço, mas o louro era mais forte. Seus capangas, logo atrás do menino não riram, não soltaram exclamações, ficaram apenas calados. Até os outros alunos que estavam ali estavam quietos.


Hermione estava paralisada. Aquilo não podia estar acontecendo! Não! Ainda não estava na hora e aquele não era o jeito que deveria acontecer!


Ela tinha que parar de olhar pra Malfoy e olhar pra Ron. Dizer alguma coisa! Mas ela não conseguia. Simplesmente porque Draco estava prendendo-a pelo olhar e pelo medo. Ele podia começar a falar de novo a qualquer segundo e aí seria tarde.


Como que se faz pra desviar o olhar mesmo?


Ela podia sentir os olhos do ruivo encarando-a e as perguntas preenchendo a atmosfera. E mais do que isso, ela podia sentir a raiva crescendo novamente.


-Hermione, do que ele está falando? – a voz de Rony já soava descomposta.


Ela ainda olhava para Draco que parecia ser o único na sala que estava se divertindo. Sua boca se movimentou e Malfoy pronunciou sem som, apenas para a menina, as palavras “Conta para ele”.


Mione finalmente conseguiu se livrar dos olhos de Draco. Antes de chegar a Ron seu olhar percorreu toda sala. A situação não era boa. Todos olhavam para ela esperando que dissesse algo. Até Pansy parara de lutar pra se livrar dos braços de seu namorado e a olhava com uma cara beirando assassina.


Ela olhou para Ron e ele estava... indecifrável. Seus músculos estavam tensos, mas seus olhos estavam calmos, mergulhados em esperança, como se esperasse que aquela situação nada mais fosse de que engano, de que as palavras de Hermione resolveriam tudo e que Malfoy estava apenas tentando provocá-los de algum jeito.


Porque na verdade o que ele queria mesmo era estar no seu lugar. Draco Malfoy queria estar ali beijando Hermione Granger.


Ronald já desconfiava a algum tempo devido a diversos olhares que Malfoy dava a Hermione, mas esta nunca percebera porque estava ocupada demais estudando, como sempre. Mas o ruivo não era bobo. Ele conseguia perceber que o metidinho filhinho de papai queria alguma coisa. Mas será que a recíproca era verdadeira? Poderia Hermione estar escondendo esse horrível e nojento segredo dele? Ele afastou tal pensamento e a olhou. Ela parecia tensa. Ele tentou olhá-la no fundo dos olhos, como faziam quando estavam sozinhos, mas não achou nada. Isso era um bom sinal. Certo?


-O que está acontecendo? – Harry entrou pela porta da sala meio receoso, já segurando sua varinha.


Era arriscado, mas agora era a hora de Hermione falar.


-Acho que alguém lançou um Confundus no Malfoy


Para sua surpresa, entretanto, Malfoy nada disse. Apenas deu uma risadinha que só Harry e Hermione conseguiram captar, puxou Pansy, ainda irritada, pela mão e sentou-se na carteira.


Harry olhou pra Rony e o amigo estava tranqüilo, mas ele podia ver uma pintada de desconfiança ali. Seus olhos recaíram sobre Hermione bem a sua frente. Ela parecia mais pálida do que o normal e seus olhos mostravam medo. Harry pegou em sua mão e a levou em direção a sua carteira agora vazia. Rony havia voltado ao seu lugar ao lado de Harry.


Hermione sentou-se. Foi por tão pouco que tudo não acabou ali. Ela não podia esperar até amanhã, pois Malfoy podia interceptá-lo antes.


Enquanto pensava, Mione sentiu a mão de Ron pousando em seu ombro. Ela olhou pra trás e o menino lhe deu um sorriso e falou:


-Eu acredito em você.


Primeiro isso acabou de matar Hermione. Ela queria dizer que não, que não era pra ele acreditar, mas ela percebeu que a frase foi estranha. Por um tom a menos, teria sido uma pergunta. Ela tentou sorrir e virou-se para frente. O professor acabara de entrar na aula.


Hermione não prestou atenção na aula, não precisava; já havia estudado isso algumas vezes. Sua cabeça borbulhava.


 


-É incrível como Malfoy está sempre estragando tudo pra todo mundo. Hermione dizia indignada e Harry assentiu.


-Harry, não podemos esperar até amanhã. – disse firmemente.


O amigo a olhou e Hermione sabia que ele concordava. Os estavam parados no canto de um dos corredores do castelo.


-Onde ele está agora?


Agora – pensou Hermione. Ela sentiu um leve enjôo.


-Está n-na sala da Grifinória – sua voz caiu gradativamente.


Harry segurou sua mão, mas não ousou dizer nada. Ele queria falar pra ela que tudo ficaria bem, mas não via como isso podia acontecer.


Mione enxugou uma única lágrima que escapou. Ao fazer isso, ela sentiu algo estranho atuando sobre ela. Nada forte, mas a incomodava.


Ela olhou rapidamente para trás, mas não havia nada.


-O que foi? – indagou Harry, que seguiu o olhar da menina, mas também não achara nada.


-Nada. – Hermione falou e olhou mais uma vez para checar. – Pensei que tinha alguém nos observando.


Antes que Harry pudesse falar mais alguma coisa ela comunicou:


-Eu... vou pra biblioteca estudar. – Ela não esperou para ver a reação de Harry sobre a parte de “estudar” em uma situação dessas, muito menos para vê-lo tentar lhe consolar.


Ela andou rapidamente para a biblioteca e foi para a seção de livros sobre Aritmancia.


Leu um, dois, três parágrafos, mas não conseguiu se prender pois a tensão que lhe envolvia era profunda demais e lhe roubava todo seu poder de concentração.


Mas sua mente não ficou vazia. Ela repetia todos os fatos como se fosse uma sinopse de filme trouxa, mostrando os beijos em Malfoy e logo depois os beijos em Rony. Depois vinha a cena da sala de aula. A presunção de Malfoy, a dúvida de Rony e o seu medo.


Ela não sabia o que Harry estava fazendo agora, mas provavelmente ele estava a caminho. De alguma forma, ele estar indo até Rony parecia tão errado. Ela só não conseguia entender direito o motivo.


Mas, tirando isso, ela estava fazendo a coisa certa. Não podia continuar escondendo isso de Ron por mais tempo.


Ela tentara planejar tudo, mas nada saiu como ela queria. A despedida foi uma delas. Hermione desejava que fosse um clima de paz até onde possível para contrastar com a revolução prestes a começar. Mas lá estava Malfoy novamente para estragar com tudo.


As horas se arrastavam na biblioteca.


 


Harry e Ronald andavam pelos corredores do castelo em direção ao salão comunal da Grifinória. Harry sabia que agora era o momento perfeito para contar a Rony.


-Ron eu... eu precisava falar com você. – disse hesitantemente.


-Mesmo? Sobre o que?


-Hermione.


-Err... tudo bem com ela? – preocupou-se.


-Não, não, tudo ok... agora.


-Harry, o que aconteceu?! – disse com voz urgente parando na frente do amigo e obrigando-o a fazer o mesmo.


-Ron – Harry colocou as mãos no ombro do menino – Calma.


-Eu vou ficar, se você me contar o que houve. – falou indignado.


-Duvido. – sussurrou Harry.


-O que?


-Nada... Ron, sério. Eu preciso que você se mantenha calmo, ok?


Rony bufou e balançou a cabeça.


-É que Hermione... meio que... ela...


Vai ser mais difícil que eu pensei – pensou Harry, tentando decidir como soltar a granada. Bom, não importa o jeito, ela vai explodir de qualquer maneira.


 


-Ela... beijou um menino.


 


Maneira mais fail de dizer isso... – se fosse em outra situação ele provavelmente riria de si mesmo.


Rony ficou poucos segundos em silêncio preferindo não entender o que aquilo significava. E com um click, ele disse revoltado.


-Você está querendo me dizer que ela me traiu?


-Droga, Rony, não! – Harry disse rapidamente – Pelo menos não do jeito que você está pensando.


-Não entendi.


-Ela não ficou com ninguém enquanto estava com você.


Rony considerou a informação, se acalmou e depois de alguns poucos segundos disse:


-Então... tudo bem, acho. Afinal, eu estava com a Lilá.


-Aham, Ronald. Você realmente espera que eu acredite que isso está ok pra você?


Rony apenas olhou para o outro lado, então Harry prosseguiu:


-E isso é só uma parte. Ainda não acabei.


Ele voltou sua cabeça em direção à Harry enquanto ele voltou a falar:


-Tem um...


 


-Você é mesmo um idiota, Weasley.


Draco apareceu com um sorriso sarcástico, mas sem os seus capangas ao seu lado. Enquanto Draco se aproximava, Harry ficou congelado em seu lugar de boca aberta, tentando acreditar que aquilo não era verdade.


Mas que bosta! – Harry pensou. Hermione tinha razão. Parecia que Malfoy ficava esperando qualquer oportunidade pra estragar as coisas pra qualquer um.


-O que você disse, Malfoy? – disse Ronald, que também se aproximou e agora encarava Draco.


O loiro riu e repetiu: - Você é um idiota, Weasley.


Harry que estivera congelado por alguns segundos andou rápido na direção dos meninos que estavam a ponto de começar uma briga e puxou Ron.


-Vamos Rony, tem gente aqui se metendo onde não é chamado.


-Me solta Harry – Rony estava a pouco de dar uma surra em Malfoy


-É Harry, solta ele! Ele vai adorar o que eu tenho pra falar!


-E o que é? –quis saber o ruivo, irritado.


-Nada de importante Ronald, vamos embora.


-Chega Potter! –Draco aumentou um pouco de sua voz e agora se dirigia à Rony – Olha eu pensei muito se eu devia falar isso pra você ou não... MAS como eu gosto de espalhar discórdia...


-Rony, por fav... –Harry estava desesperado, mas antes que pudesse terminar a frase, Draco pronunciou de repente:


-Petrificus Totalis!


-Imbecil! – Rony gritou e puxou a varinha, mas espera... onde ela estava?


Malfoy agora exibia, com um sorriso mau na cara, a varinha do menino.


-Me devolve Malfoy!


-Calma, calma! Não vou fazer nada... dessa vez. E pode ficar despreocupado com seu amiguinho que assim que eu terminar de falar eu tiro o feitiço dele – disse claramente se divertindo. –Nossa como eu estou bonzinho hoje! –dizia a si mesmo - Bom, vamos mudar isso.


-Fala logo! – Rony estava sem paciência alguma e a única coisa que o impedia de dar uns tapas no loiro era o fato de estar sem a varinha. Este rindo, falou:


-Ok! O negócio é o seguinte... o que Harry estava tentando te dizer, era que quem beijou sua sangue-ruim foi... –Draco fazia pausas para rir – Fui eu! – e ainda rindo, pronunciou:


-Finite Encantatem!


Assim, Harry que apesar de petrificado estava consciente de tudo, foi liberado do feitiço. Ainda estava em choque por Malfoy ter falado a verdade. Ele tinha totalmente descartado essa possibilidade, talvez, pra falar a verdade, ele nem tinha pensado nessa hipótese.


-Pare com essa cara, Potter. Fiz um favor pra você. Depois eu decido o que eu quero em troca, fique tranqüilo. – disse sarcasticamente. – Aliás, acho que eu já sei o que quero.


Malfoy olhou para o outro lado e viu Hermione passando com uns livros em uma mão e lendo outro. Certamente, não havia visto o que rolava ali. Ela não teria visto se um dragão estivesse ali, de qualquer jeito.


-Malfoy, cala este inferno de boca. –Harry praticamente gritou, mas Draco apenar sorriu.


Ronald estava parado, olhando pra Malfoy, vermelho de raiva e parecia decidir se acreditava ou não. Rony olhou pra Harry que abaixou a cabeça e o ruivo bufou. Ele não queria acreditar. Ele não podia acreditar.


Draco que ainda ria, jogou a varinha do ruivo no chão, na sua direção. Este abaixou e a pegou. Tentou jogar um feitiço em Draco, mas este o bloqueou e começou a falar:


-Sabe, não sei por que você prefere a Lilá... Eu analisei direitinho a sangue-ruim –Rony avançou nesse momento, mas Harry o segurou. Isso só traria mais problemas. Draco riu, mas continuou – Ela é quente! Sabe, se eu não estivesse com a Pansy, a pegaria pra mim. Tinha que ver como ela se empolgou! E ela gostou também! Até porque, modéstia a parte... Eu a deixei no ponto. Talvez se não houvessem interrupções como teve todas as vezes que tivemos um amasso eu teria feito algo mais! Pode ter certeza! – riu e fez um gesto obsceno.


-Chega Malfoy! Você já deu seu showzinho! Vamos Ron – Harry puxou Rony que parecia a ponto de explodir. O amigo deixou ser puxado, mas logo que conseguiu andar, puxou seu braço de volta. Eles andaram sem olhar pra trás, mas Ron parecia sentir o olhar de Draco e ouvir seu riso.


Eles estavam andando em direção ao salão comunal e Harry precisava dizer algo urgentemente.


-Você sabia disso, não é? – Rony falou. Ele parecia exteriormente mais calmo, mas só Merlin sabia o que realmente estava se passando dentro dele.


-Sim. E era isso que eu estava tentando de contar antes daquele imbecil aparecer.


-Isso não muda as coisas, Harry.


-Eu sei.


Rony parou de frente para uma parede, levou as mãos as madeixas ruivas e abaixou a cabeça. Harry agora estava achando Ron estranhamente calmo. O tempo de concluir esse pensamento foi o tempo para que o ruivo explodisse. Ele deu um urro de raiva e um chute na parede. Seu rosto estava manchado pela raiva que sentia.


Harry tentou se aproximar, mas Rony começou a dar passos pesados e decididos em direção ao dormitório.


 


-Porque você fez isso?


Hermione que estava sentada no sofá levantou a cabeça e viu Ron que estava bastante vermelho.


-Do que você está falando?


 


Ora, do que ele está falando? Só pode ser de uma coisa imbecil! – Hermione chegou a essa conclusão tarde de mais


 


-Deixa de ser cínica Hermione! – a voz do ruivo elevou um pouco e agora ele parecia soltar fumaça – Como você pôde, hã? Como você teve... coragem de bei...ficar perto daquele idiota?


 


Mer#a. – pensou automaticamente


 


-Ron, eu n-n-não sei – Ao ouvir isso Rony bufou e riu sarcasticamente, mas Hermione continuou – Eu ainda não consegui explicar pra mim mesma.


Rony agora ácido, falou:


-Você quer que eu explique então? O quanto você foi...


Nesse momento Harry e Gina apareceram com olhares alarmados e pareciam ter corrido um bocado. Antes, porém que Ronald pudesse terminar a frase, Harry disse:


-Rony, não faça isso!


Mas já era tarde. Hermione podia ter uma idéia do que seria dito e foi como se tivessem lançado-a um feitiço de petrificação.


Ela agora olhava nos olhos do ruivo, que sempre a hipnotizavam, mas hoje era diferente. Hoje tinha a força de um julgamento pesado, uma sentença de vida e emanavam raiva e desapontamento. A cada minuto, ficava mais difícil pra Hermione permanecer ali. Tudo o que ela desejava era sair daquele lugar correndo.


 


Não seja covarde! – disse a si mesma e se levantou.


 


E como se de certa forma, o ruivo tivesse ouvido seus pensamentos, ele continuou alto:


-Você é uma covarde! Nem sequer teve coragem de me contar isso. Teve que pedir para o Harry... Sua ridícula!


O silêncio permaneceu por alguns minutos. Qualquer palavra errada poderia ser outro tapa na cara e isso ajudou Hermione a decidir ficar calada. Harry foi quem rompeu o silêncio:


-Ronald, se acalme ok?


-Harry, pelo amor de Merlin! Como você quer que eu me acalme?


-Pra tudo tem um jeito, Ron.


-Não seja idiota, Ronald. – falou Gina com olhar de “desprezo” e foi para o lado de Hermione que ainda estava parada olhando para o ruivo que agora estava de costas pra ela. Ginny passou a mão pelos ombros de Mione para ajudá-la a sentar.


 


-Como você ficou sabendo? – perguntou Gina ao irmão.


-O próprio Malfoy me disse. – respondeu e virou pra olhar para Hermione com desprezo. A menina virou o rosto.


Harry engoliu em seco. Tinha que achar um jeito de amenizar as coisas. Olhou pra Gina, mas ela também não fazia idéia de como resolver aquilo.


-Porque você não senta? – disse Harry.


-Estou bem em pé – respondeu raivosamente


-Droga, Ronald, vamos tratar isso com um pouco de maturidade! Só desta vez! – Harry se alterou também.


-Claro! Porque você não fala pra sua amiguinha fazer o mesmo?


-Acho que ela já teve maturidade suficiente pra admitir que cometeu um erro.


-Isso é suficiente pra você.


-Então o que você quer Ronald?! – Hermione levantou-se mais uma vez e foi na direção do menino - Quer eu peça desculpa de joelho? ... Olha... Você não sabe... o quanto isso está sendo doloroso pra mim... ter que conviver com isso todas as horas do dia e ter que enfrentar.


-Pensasse nisso antes de fazer.


Rony parecia não ter mais solução. Hermione se aproximou mais do menino e disse vagarosamente:


-Rony, por favor, me perdoa.


Ele a encarou por uns segundos. A princípio, Mione conseguiu ver tão fundo nos olhos do ruivo que ela parecia parte dele. Mione levou uma mão na direção na direção do rosto do menino que fechou os olhos. Parecia aceitação, mas de repente como se tivesse fechado uma porta, Rony a expulsou e seus “novos olhos” pareciam intransponíveis. Ele tirou a mão da menina de seu rosto e disse friamente:


-Não encosta em mim.


E saiu em direção ao dormitório. Hermione ficou meio entorpecida. A única coisa que sentiu foram as mãos de Gina que tentavam lhe acalmar com um abraço. Harry também logo foi na direção da menina, mas ele não sabia o que fazer, e depois de segundos andando de um lado para o outro falou:


-Hermione, eu vou falar com ele, ok?


Embora soubesse que provavelmente seria em vão, Hermione assentiu e o menino fez o mesmo trajeto que o ruivo acabara de fazer.

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