Encontros e Desabafos



- Como vai Harry? – cumprimentou Minerva MacGonagall assim que vira Harry aparecer em sua sala. Esperava ansiosamente a chegada daquele que lhe salvara a vida mais de uma vez. Com a morte de Dumbledore, muitas vezes Voldemort voltava seu interesse a Hogwarts tentando dominá-la, mas nunca conseguira graças à intervenção de Harry e da Ordem da Fênix, que se estabelecera em Hogwarts desde a morte de Dumbledore, durante cinco anos a escola não abrira. Mas desde que abrira não acontecera nenhum ataque, pois Voldemort já estava obcecado em matar Harry e não atacava mais nada a não ser qualquer pessoa que pudesse ter algum conhecimento sobre o paradeiro de Harry.

- Minerva. – falou Harry emocionado abraçando a diretora. Não havia mais formalidades entre eles, de todas as pessoas de seu passado Minerva era a única com quem mantivera contato durante a guerra, tanto por ela ter se tornado a líder da Ordem da Fênix após a morte de Moody como para ter noticias de seus amigos.

- Você mudou bastante meu caro. – falou Minerva se lembrando da época que Harry estudara.

Harry sorriu, sempre que o via Minerva falava o mesmo. Mas não podia culpá-la ele mesmo às vezes não se reconhecia quando se olhava no espelho, apenas seu rosto não se modificara muito.

- Sente-se. – convidou MacGonagall. – Precisamos conversar sobre algumas coisas.

- Claro que sim. – respondeu Harry educadamente se sentando, estava morrendo de vontade de ir ao encontro de Rony e Hermione.

- Sei que deve estar louco para ver seus amigos. – falou Minerva atenta a inquietação de seu antigo aluno que sorriu meio envergonhado. – Mas tenho que lhe avisar que ninguém sabe de sua chegada ou quem será o novo professor de DCAT, achei que gostaria de fazer surpresa.

Harry sorriu agradecido, sim gostaria muito de fazer surpresa aos amigos, sentia muita falta deles.

- É sobre a Ordem de Salem. – começou MacGonagall no assunto que realmente queria abordar com Harry.

A Ordem de Salem foi formada após o pedido de Harry por ajuda, permanecera dois anos na cidade e depois partira deixando Gina para trás, ela não ficara contente com isso, mas entendia que Harry precisava ter pelo que voltar, algo para lhe dar esperanças e por isso aceitou o pedido dele, passado um ano após a sua saída da cidade ele percebeu que precisava de ajuda, entrara no Ministério, pois era o meio mais rápido de se inteirar sobre a guerra, entrara como chefe dos aurores e logo percebeu a corrupção e desordem que existia dentro do Ministério, com a ajuda de Quim que se tornara Ministro após a morte de Rufus ele reestruturou o Ministério, prendendo os espiões, mas com isso poucos aurores restaram e ele se viu obrigado a pedir ajuda à sociedade de Salem que o atendeu prontamente, sendo assim ele formou a elite dos aurores, alguns dos aurores que restaram foram chamados a treinar de acordo com os ensinamentos de Salem, a Ordem de Salem foi formada e todos os membros eram proibidos de dizer qualquer coisa sobre ela, mas era muito mais rigoroso, todos os membros cortaram definitivamente todos os vínculos com seus familiares, nenhuma correspondência era trocada e por anos Harry não soubera de nada sobre os amigos. Gina para desgosto de Harry participara da Ordem de Salem. Todos sabiam que a Ordem existia, mas poucos sabiam quem eram seus membros, mesmo Harry que muitos acreditavam que participava da Ordem de Salem, não tiveram nenhuma indicação ou pista de que isso era verdade.

- Não é mais necessário guardar segredo sobre ela. – falou Minerva séria. – Eu conversei com o Ministro e decidimos que isso não é mais preciso, a guerra acabou há um ano e você prendeu praticamente todos os comensais restantes. Os que sobraram estão preocupados demais em fugir para pensarem em se vingar. Os que vieram da cidade de Salem já voltaram pra casa. Os outros que participaram estão voltando para casa. Os que morreram vão receber uma homenagem em uma cerimônia, que creio você vai querer participar.

- Não sei se terei condições de participar. – respondeu Harry educadamente, escondendo o quanto ficara abalado ao saber da homenagem.

- Harry… - MacGonagall insistiu.

- Eu acho que não temos mais nada para conversar. – cortou Harry friamente, depois com um sorriso jovial acrescentou. – Tenho que ver meus amigos, onde eles estão agora?

- Hermione está dando aulas. – afirmou Minerva entristecida pela sua falta de tato. – Mas Rony tem um horário vago agora antes do almoço, vá falar com ele e depois você fala com Hermione, ele está na sala que foi do Lupin no seu terceiro ano.

Harry concordou e saiu da sala, precisou de alguns segundos encostado a porta para se recuperar e descer as escadas. Seu coração parecia que estava sendo rasgado aos poucos. Bateu a porta e quando ouviu a voz de Rony mandando-o entrar seu coração falhou uma batida. Fazia treze anos que não vai o amigo, estaria ele diferente?

Quando Harry entrou mal reconheceu o amigo, estava tão alto como se lembrava, seu porte era atlético, perdera o ar meio abobado e mostrava decisão no olhar, ele estava lendo um livro sobre quadribol e parecia bem concentrado, tanto que não ergueu os olhos a entrada de Harry.

- Faz muito tempo desde a ultima vez que nos vimos. – falou Harry emocionado.

Rony levantou a cabeça e olhou atentamente Harry sem o reconhecer. Harry sorriu Rony, no entanto, ao prestar atenção nos olhos do moreno o reconheceu, pareceu feliz por um instante, mas no momento seguinte se levantou com fúria fazendo o livro cair com estrondo. Seus punhos estavam fechados, Harry não estava entendendo nada, porque Rony ficaria furioso por vê-lo?

- Como você ousa aparecer aqui? – vociferou Rony dominado pela fúria. – Treze anos sem mandar qualquer noticia! Se casa com minha irmã sem nem ao menos mandar um bilhete avisando! E ainda por cima a deixa morrer! Sabe como foi ver o corpo da minha irmã ser entregue por um total desconhecido, na porta da minha casa? E você ainda me aparece assim? Do nada, como se nada tivesse acontecido?

Harry fechou os olhos, as imagens que tanto lhe atormentavam a noite o assaltando, ele tentava pelo menos durante o dia evitar as lembranças tão dolorosas, abriu os olhos e viu Rony ainda o olhando com fúria, parecia estar se segurando para não partir para cima dele.

- Sua irmã era uma excelente bruxa, chegou a ser mais poderosa que eu… – começou Harry.

- Não precisa falar o quanto minha irmã era maravilhosa! Eu sei muito bem disso! – interrompeu Rony novamente, seus dedos já estavam brancos de tanto aperta-los.

- Como general da Ordem de Salem eu não podia me comunicar com ninguém! – vociferou Harry também irritado.

- Gene-general? – gaguejou Rony desconcertado se jogando na cadeira atrás de si.

- Sim, general. – falou Harry mais calmo. – Quando ainda estava na sua casa treze anos atrás, recebi uma carta de Dumbledore que deveria ser entregue a mim após sua morte, nela ele me falava sobre a cidade de Salem, eu fui pra lá quando fugi. Não mandei nenhuma correspondência, porque não queria que me seguissem, bastava eu já ter que correr perigo, já tinha perdido pessoas demais. Gina de algum modo foi ao meu encontro e eu não consegui convencê-la a voltar. Então para a segurança dela eu pedi que ela permanecesse em Salem enquanto eu, depois de dois anos de treinamento ia me juntar ao Ministério. Mas o Ministério estava tão acabado que praticamente todos os aurores foram presos, pedi ajuda para meus amigos de Salem e eles mandaram uma pequena parte de guerreiros e para minha tristeza Gina estava entre eles, não consegui convencê-la a ficar em segurança…

- Gina nunca ficaria quieta enquanto você corria risco sozinho. – afirmou Rony com lágrimas nos olhos. Harry também chorava, com hesitação Rony perguntou o que queria perguntar desde que o corpo da sua irmã foi entregue por um empregado do ministério em frente sua casa. O homem não falara nada apenas entregara o corpo e partira. – Como foi?

- Não me peça pra contar. – implorou Harry. – É melhor você ver na penseira o que houve, não consigo falar.

- Tudo bem. – falou Rony espantado pelo olhar desolado de Harry.

Harry pegou uma penseira que tinha diminuído até o tamanho aproximado de um chaveiro, a ampliou e tirou as imagens que tanto lhe atormentavam por tantos anos.


Era para ser apenas mais uma batalha, pelo menos era o que pensara, fora pego em uma emboscada, traído pelo seu espião, mas ao ver o corpo dele ao lado dos comensais que apareceram do nada Harry percebeu que seu espião tinha sido pego e torturado. Ele estava totalmente cercado, mandou uma mensagem à sede da Ordem de Salem, que ficava em uma casa de campo que ele comprara, agora ele tinha que se manter vivo, eram seis contra um, estava em grande desvantagem.

A luta começou e ele logo foi acertado por um sectumsempra, por sorte há muito tempo ele sabia como pelo menos estancar o sangramento, raios voavam por toda parte. Era noite e eles estavam em um galpão abandonado, que antigamente servia de depósito para os trouxas. Ele estava em apuros e sabia disso, mal conseguia se defender dos feitiços que lhe eram lançados, o que poderia fazer? Onde estava a ajuda? No meio dos comensais ele conseguiu reconhecer dois, Snape e Bellatrix. Seu ódio chegou ao grau máximo. Bellatrix ria loucamente de seus esforços. No entanto Snape parecia preocupado com alguma coisa.

Foi quando pensou que estava tudo perdido que tudo piorou, Voldemort apareceu quando a varinha de Harry lhe foi arrancada da mão, estava machucado, mal conseguia se manter de pé e estava sem varinha, ele iria morrer tinha certeza, encarou furiosamente Voldemort, poderia estar derrotado, mas não abaixaria a cabeça.

- Ora, ora, ora. Veja só quem caiu na minha armadilha. – falou Voldemort desdenhosamente. – E olha que me falaram que você tinha ficado mais esperto.

- E ele ficou. – disse uma voz firme na entrada do galpão.

Harry sentiu seu coração gelar, virou a cabeça e viu Gina acompanhada de mais cinco pessoas, não prestou atenção nelas. Gina não devia estar ali, ele tinha implorado para que ela não viesse, que ela não lutasse naquele dia, pois tivera um péssimo pressentimento.

Voldemort estava lívido de raiva, parecia não acreditar que a ajuda chegara e que fora enfrentado por uma Weasley. Sim porque os cabelos e as sardas não escondiam quem ela era.

A batalha recomeçou e dessa vez quem estava em apuros eram os comensais, Harry havia conseguido derrotar quatro deles, sendo assim tinham apenas dois que estavam seriamente machucados e Voldemort, os comensais que restaram era Snape e outro. Harry tinha conseguido matar Bellatrix. Gina lutava bravamente contra Voldemort, ela lutava de igual para igual. Era incrível como ela havia evoluído. Às vezes Harry pensava que ela era mais forte que ele, seus amigos também estavam bem, Harry estava muito fraco não conseguia se movimentar, seu corpo inteiro tremia e ele estava se mantendo de joelhos a muito custo.

Gina estava perfeita, mas Harry podia perceber que ela estava começando a perder o duelo, estava cada vez mais preocupado, queria ajudar, mas não conseguia nem falar, quanto mais ajudar. Sua respiração estava falha e ele estava prestes a perder a consciência quando viu algo que lhe fez sentir como se tivesse sido socado por um gigante, Snape se aproximava por trás de Gina, e ela não percebera.

Harry voara para a varinha se esquecendo de tudo, mas quando se virou já não dava mais tempo, Snape acabara de lançar a maldição da morte, e Harry viu em câmera lenta o raio ir, lentamente em direção a Gina e acertá-la pelas costas. Ela caiu para frente, ficando inerte no chão de terra, Harry deixou a varinha cair e gritou um “não” que saiu tão doloroso, tão carregado de sentimentos que parecia que lhe haviam arrancado o coração do peito, todos olharam para ele.

Nesse momento mais pessoas da Ordem apareceram obrigando os comensais e Voldemort que estava fraco pelo duelo que teve a fugirem, mas Harry não viu, não percebeu, ele se arrastou até Gina, pois não se lembrava mais como andar, chegou até ela e a virou, os olhos dela estavam fechados e no rosto dela estava expresso a surpresa. Sentiu lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas as achou tão tolas para expressar o que estava sentindo, dentro de si não havia mais nada a não ser o vazio deixado por ela. Fazia oito anos que estava nessa guerra, sete anos que estavam juntos e nunca sequer perdera um pedacinho do amor que sentia por ela, seu amor através dos anos apenas crescia e se fortificava. Gina era perfeita, perfeita pra ele, até os defeitos dela eram perfeitos simplesmente porque eram dela.

Nunca soube por quanto tempo ficou ali chorando sobre o corpo dela, e muito menos como permitira que lhe tirassem dali e lhe levassem para a sede da Ordem para cuidar dos seus ferimentos. Por dias ficara em seu quarto, no quarto que dividira com ela, apenas olhando para o teto sem se mover, sem comer, se não fosse pelos avançados feitiços do povo de Salem, ele provavelmente morreria.

Só saiu daquele torpor quando lhe disseram que haviam entregado o corpo de Gina para a família e que ela havia sido enterrada no dia anterior. Harry se levantou tão rápido que assustou Boris, o homem que estava atendendo-o, Harry perguntou qual o cemitério e aparatou imediatamente para lá.

Procurou por alguns minutos o tumulo, até que o encontrou. A lápide era de mármore branco, e na placa dizia “Nunca a esqueceremos, nossa menina”, Harry acrescentou “eu te amo – por HP”, conjurou uma rosa vermelha e a colocou encima da lápide.

- Não importa o que aconteça eu vou vingar a sua morte, meu amor. – murmurou Harry em meio às lágrimas. Ele saiu e nunca mais tivera coragem de voltar lá.


Rony voltou à sala dele com os olhos em lágrimas. Ele se lembrava da flor que estava na lápide, por raiva de Harry não estar lá ao lado deles, tentou arrancar a flor, mas por mais que tentasse não conseguia, a flor continua lá intocada pelo tempo, o mesmo aconteceu com a inscrição.

- Eu sinto muito. – falou Rony olhando o amigo que tinha também lágrimas nos olhos e estava sentado em uma cadeira.

- Eu vejo essa cena todos os dias. – falou Harry, sua voz apenas um sussurro. – Em meus pesadelos, dia após dia eu revivo esse dia, vivi até hoje movido pela vingança, tentando achar o Snape e matá-lo, mas não consegui Voldemort por algum motivo o matou tão cruelmente que até eu fiquei com pena.

- Eu sinto muito. – repetiu Rony envergonhado pelo modo que tratara o amigo.

Harry sorriu e abraçou Rony, teriam ficado ali por mais algum tempo, tentando convencer a si mesmos que aquele encontro estava acontecendo, mas alguém bateu na porta, eles se separaram e Rony mandou a pessoa entrar…


Tati: Bem a fic não é do Harry e da Gina no passado, mas espero que você tenha gostado mesmo assim, beijo.
Prika: Bem acho que o capítulo responde o que aconteceu com a Gina, ou não... aguarde o próximo capítulo, ele para mim é o melhor, mas é o ultimo.
Anyelle: Bem, no próximo e ultimo capítulo você vai ver que você está certa, mas tem uma surpresa no próximo, que vai deixar o Harry muito feliz, beijo.

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