OS SEIS



Capítulo 28
– Os Seis –



Uma bolinha dourada flutuava na escuridão, diante de Harry. O Pomo! Não, não era o Pomo de Ouro. Eram óculos.
– Vejo que está melhor, Harry.
O tom bem humorado de Dumbledore o acordou totalmente, e logo o professor colocava os óculos no rosto de Harry, para que o garoto pudesse ver o diretor.
Ele estava na Enfermaria, reconhecia o teto branco e aquele característico odor de um ambiente constantemente limpo. O moreno estava num dos leitos, e o Professor Dumbledore repousava numa cadeira ao lado de sua cama.
– Professor? – Disse Harry, confuso. Então se lembrou de tudo. – A Pedra! Professor, Quirrel é o traidor, ele vai pegar a Pedra e...!
– Acalme-se, Harry. Você está três dias atrasado dos eventos! – O riso leve do velho diretor acalmou Harry.
– Mas... – Vacilou o garoto. – O quê aconteceu?
– Quando eu cheguei ao Ministério, percebi que o lugar que mais precisava de mim era o qual eu havia acabado de deixar. Dei meia volta, e encontrei sua coruja. Rapidamente cheguei até a sala onde você estava, e tirei o corpo de Quirrel de perto de você. Por fim, eu o trouxe até aqui, enquanto recolhia a Pedra Filosofal.
O resumo calmo não evidenciava todo o épico resgate que Dumbledore fizera, mas não importava tanto. Harry percebeu algo ao lado da cama, e deparou-se com a maior pilha de doces que já vira.
– Presentes de seus amigos, e admiradores – Explicou o diretor, com um sorriso. – A história de sua aventura com a Pedra é segredo absoluto, por isso todos em Hogwarts já sabem. Mesmo que alguns ainda não acreditem. E veja! Seu amigo Rony lhe poupou até do trabalho de abrir os Morcegos de Chocolate!
Harry riu levemente, mas deixou os olhos caírem sob a esmeralda que ainda estava em seu pescoço.
– Professor, porque Quirrel queimou quando me tocou?
O velho homem suspirou, mas sorriu.
– Quirrel, carregado da maldade de Voldemort ao dividir a alma com ele, não pôde ultrapassar a proteção que Lilian deixou em você, Harry. Você deve saber que ela se sacrificou para protegê-lo, e o amor, o maior dos poderes, deixou em você uma marca que nunca mais sairá.
Harry elevou a mão até a testa, mas Dumbledore o impediu, sorrindo triste.
– Não uma cicatriz, Harry, mas sim uma marca invisível, que ficou em seu coração. Você carregará o amor de sua mãe pelo resto de sua vida, o quê pode ser um bom tempo quando se é um Vampiro. E a maldade de Voldemort não poderá atingi-lo, enquanto você a tiver.
– Foi o senhor que me mandou esta jóia, não? – Sorriu Harry, expondo seu palpite.
– Esta esmeralda foi dada de seu pai para sua mãe – Riu Dumbledore. – Depois de muito tempo tentando conquistá-la, Lily acabou ganhando um belo presente de Tiago. Ela amava a jóia tanto quanto seu pai, e a carregou no pescoço desde o dia que a ganhou. Uma parte de sua mãe, a parte amorosa e gentil, habita a esmeralda, que possui a mesma cor que os olhos dela. Que os seus olhos. Ela a deixou comigo antes de morrer, e por isso pude lhe entregar. Cuide bem dela, afinal é parte de seu passado, e será sua proteção.
Harry tocou a jóia com a ponta dos dedos, e sentiu que aquela paz e calor que a jóia lhe enviava não era magia, afinal. Era apenas o amor póstumo de sua mãe. Um amor eterno, que podia vencer até as trevas em seu coração.
– Agora, Harry, preciso te contar uma história.
Harry se ajeitou, e esperou que Dumbledore olhasse para a janela, para o dia lá longe, e se voltasse para ele.
– Você se lembra do quê eu disse, antes de falar de sua essência? Lembra-se de quê lhe contei sobre o Conselho dos Vampiros?
– Sim, senhor. O senhor disse que eles desapareceram ao final da Guerra.
– Bem, é hora de completar esta história.
“O Conselho era formado por seis Vampiros. Os seis Lordes, cujos poderes eram os maiores entre os maiores. Por isso eles foram caçados, pois seus poderes eram perigosos demais.
“Dizem que Os Seis foram mortos, mas na verdade eles apenas se esconderam, e passaram os poderes. É preciso sempre que seis ocupem a mesa, essa é a maior das leis. Cada Lorde possui um poder que é maior que qualquer Vampiro, Completo ou não. Um poder único para cada um. E quanto mais poderoso é, maior seu número. Quanto mais perto do Seis, mais incrivelmente poderoso é o Lorde Vampiro.
“Essa lenda já faz parte do folclore, ninguém mais acredita nessa história. Mas ela é verdade, Harry. Realmente existem Lordes, mas infelizmente não são mais seis que se sentam à mesa.
“A única forma de evitar que grandes males se abatam sobre nossa Sociedade é reunindo os Seis Lordes na Mesa. Atualmente, existe apenas a metade dos Lordes.”
– O senhor é um deles – Disse Harry, incrivelmente consciente da verdade. – O senhor é um Lorde Vampiro.
Os olhos de Dumbledore brilharam como estrelas azuis e calorosas.
– Sim, eu sou o Sexto Lorde Vampiro.
Harry sorriu.
– Então, Harry, pode adivinhar o resto?
Harry pensou, e pensou. E a certeza cresceu.
– Voldemort é um Lorde Vampiro.
– O Quinto Lorde – Confirmou Dumbledore.
– E Flamel também.
– O Primeiro Lorde Vampiro.
Harry pensou mais ainda.
– O resto não sei.
– O resto não têm.
Mas Dumbledore sorriu.
– A Lenda também diz que existem algumas pessoas que podem sentir os poderes dos Lordes, e você é uma delas, Harry. E eu precisarei deste seu poder. Para derrotar o Grande Mal, precisaremos reunir os Seis Lordes Vampiros.
Harry pensou em tais poderes. Qual seria o poder de Voldemort? E o de Dumbledore? O de Flamel?
– Voldemort possui o poder da Possessão, como você já viu. – Disse Dumbledore, como se lesse seus pensamentos. – Ele pode tomar o corpo de algum ser vivo emprestado, e abandoná-lo quando quiser. Já Flamel possui o poder da criação, por isso conseguiu forjar a Pedra Filosofal.
Harry sorriu, e assentiu, guardando aquilo na cabeça. Ele lutaria novamente com Voldemort, tinha certeza disso, e era bom saber algumas coisas sobre seu inimigo.
– Professor, posso lhe perguntar uma coisa?
– Você acabou de perguntar, mas o deixarei fazer outra pergunta. Não mentirei, mas escolherei se posso responder.
– Porque Voldemort quis me matar quando eu era apenas um bebê?
Dumbledore baixou os olhos, e deu um suspiro triste e estrangulado.
– Não posso te responder isso agora, Harry. Quando você for maior, e mais maduro, eu lhe darei a sua resposta. E como não pude responder essa pergunta, deixo você me fazer outra.
Harry pensou, e então lembrou de algo importante.
– Porquê eu ganhei a Pedra Filosofal, e Quirrel não?
– Achei que não iria me perguntar isso! – Riu o diretor. – Essa foi uma de minhas idéias mais brilhantes, e isso já é alguma coisa... Só quem não quisesse a Pedra é que poderia pegá-la, do contrário apenas veria a si mesmo produzindo o Elixir, criando ouro ou a entregando para alguém...
Dumbledore levantou-se, mas antes pegou uma caixinha de Feijõezinhos de Todos os Sabores.
– Ah, lembro-me que quando eu era jovem, peguei um com gosto de bicho-papão – Suspirou Dumbledore. – E perdi o gosto por eles. Mas acho que um gostoso caramelo não me faria mal algum.
Ele colocou uma bala de um amarelo escuro na boca, e a mordeu.
– Que pena! Cera de ouvido!
E saiu, deixando Harry rindo e pensando nas novas revelações.

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