XADREZ E LÓGICA
– Xadrez e Lógica –
Os três seguiram lentamente para a frente, e deram numa sala repleta de estátuas. Passaram lentamente pelo piso de mármore, e sentiram arrepios dos destroços de pedra que cobriam as laterais do salão. Duas fileiras maciças de estátuas altas barravam a passagem, e atrás delas estava a porta tão almejada.
– Isso parece... – Murmurou Rony, sorrindo. – Um tabuleiro de Xadrez!
Aquilo fez Harry estremecer. Com um suspiro cansado, ele olhou para o amigo. Rony avançou, mas foi barrado por uma das estátuas negras, que se moveu para impedi-lo.
– Temos que jogar – Explicou o ruivo. – Nós seremos as brancas.
Correram de volta para as estátuas brancas.
– Hermione, você é uma torre, a direita. Harry, você é o bispo esquerdo. – Instruiu Rony, e as peças referidas saíram para que os garotos tomassem seus lugares. – Eu serei o cavalo.
A primeira peça que perderam os fez ficarem brancos. O bispo negro puxou o grande cajado e com um único golpe decapitou o peão branco. Pouco depois, um cavalo branco destruiu o bispo.
Longos momentos se passaram, enquanto Rony fazia jogada após jogada, mandando as peças para seus lugares, e elas seguindo suas ordens. Às vezes ele próprio disparava pelo tabuleiro, quando via os amigos em perigo.
Meia hora de jogo já havia se passado, e Rony olhava profundamente para a grande Rainha Preta.
– Foi um grande jogo – Sorriu ele.
Harry acompanhou seus olhos, e em sua limitada compreensão do jogo, entendeu o quê o amigo faria.
– Não! – Gritou ele. – Não isso! Rony, você não pode!
– O quê? – Estranhou Mione, assustada.
– Ele quer se sacrificar!
– Não, Rony! Isso é loucura!
– CALEM-SE! – Gritou Rony, e foi obedecido. – Isso é Xadrez, e sacrifícios são necessários. Harry, quando a Rainha me derrubar, avance três casas, e diga “Cheque-Mate”. Só então venceremos. Não se movam, não importa o quê acontecer. Mover-se, é perder a estratégia, e desperdiçar o quê fiz.
Ele suspirou e sorriu.
– Ficarei bem.
E antes que qualquer um pudesse dizer algo, ele se moveu, e a Rainha avançou.
A espada negra acertou Rony de lado, derrubando-o no chão. Ele parecia desacordado, e sangue formava uma poça ao seu redor. Hermione tentou correr até o amigo, mas Harry gritou com ela, e a menina ficou ali, chorando em silêncio.
Harry moveu-se como o amigo dissera, e gritou “Cheque-Mate”. Imediatamente, o Rei jogou a coroa à seus pés, e todas as peças saíram do lugar, ficando imóveis perto das laterais do tabuleiro que era o chão.
Eles correram até Rony. O amigo estava realmente desacordado. Hermione fez um pequeno feitiço, e o sangramento parou.
– Vamos, Hermione. Deixe-o. – Lágrimas arderam nos olhos de Harry, mas ele não chorou. Suspirando, e jurando que voltariam em breve, deixaram Rony caído no campo de batalha do tabuleiro.
A próxima sala possuía um cheiro horrível, e ao seu centro havia um grande Trasgo, maior que o quê Harry enfrentara no banheiro, completamente desacordado. Um grande galo sobressaia da testa cheia de calombos, e eles se sentiram aliviados por não terem de lutar com o monstro.
A última sala antes da Pedra continha apenas uma mesa, com sete garrafas de todos os tamanhos, e cheias de líquidos estranhos. Estavam arrumadas em fila. Assim que entraram, a porta de onde vieram foi cercada de fogo roxo, e a porta seguinte de fogo negro.
Hermione pegou um pergaminho que havia na mesa, e o leu em voz alta.
O perigo aguarda em frente, a segurança ficou atrás,
Duas de nós o ajudaremos no que quer encontrar,
Uma das sete o deixará prosseguir,
A outra levará de volta a quem beber,
Duas de nós conterão vinho de urtigas,
Três de nós aguardam em fila pra matar,
Escolha, ou ficará aqui para sempre,
E para ajudá-lo, lhe damos quatro pistas:
Primeira, por mais dissimulado que esteja o veneno,
Você sempre encontrará um à esquerda do vinho de urtigas;
Segunda, são diferentes as garrafas de cada lado,
Mas se você quiser avançar nenhuma é sua amiga;
Terceira, é visível que temos tamanhos diferentes,
Nem anã nem giganta leva a morte no bojo;
Quarta, a segunda à esquerda e a segunda à direita
São gêmeas ao paladar, embora diferentes à vista.
– Uau – Sorriu Hermione.
– UAU? – Exclamou o moreno. – Nós vamos morrer e você só diz “uau”?!
– Não vamos morrer, Harry – Riu Hermione. – Isso é lógica. A prova do Snape é diferente das outras. Muitos Vampiros são extremamente poderosos, mas não possuem um pingo de lógica. Aqui o importante é pensar, e não destruir tudo.
A garota consultou o pergaminho várias vezes, e apontou todas as garrafas. Sorriu várias vezes, murmurou muito, e enfim bateu palmas.
– Certo! A pequena da ponta é a que passa pelas chamas negras. A maior, na outra ponta, leva de volta.
– Certeza?
– Absoluta.
Harry apanhou a garrafa anã.
– Isso não dá nem pra um gole. Só um poderá passar, e pegar a Pedra.
Hermione ficou em silêncio.
– Mione – Chamou Harry. – Você vai tomar essa, e vai voltar. Acorde o Rony e volte tudo. Faça ele te ajudar a subir até o alçapão, e então vá até nosso dormitório e use a Edwiges para escrever uma carta para Dumbledore. – Ele sorriu. – Ele saberá nos ajudar. Enquanto isso, eu atrasarei Snape.
– Harry, oh, Harry... – Sussurrou Hermione, com lágrimas escorrendo dos olhos de mel. – Você é um grande Vampiro, Harry. O maior de todos...
– Não – Sorriu ele. – Você é que resolveu o problema, e soube como nos manter vivos...
– Eu? – Riu a garota. – Livros e inteligência? Há mais coisas que isso, Harry. Você é leal, corajoso, poderoso e não quer roubar a Pedra Filosofal. Quer?
Harry pensou por um longo instante.
– Não quero a Pedra. – Disse por fim. – Impedir Voldemort é tudo o quê eu quero. Por ele ter matado meus pais, por ele ter me tirado uma vida feliz, eu o impedirei!
Hermione sorriu, e tocou a flauta que estava em seu bolso.
– Tome cuidado.
– Você também – Respondeu Harry.
Ela tomou o conteúdo da garrafa, e estremeceu.
– Frio...
Mione correu até a porta, olhou para trás e viu o sorriso de Harry. Respirando fundo, atravessou as chamas, abriu a porta e saiu.
Harry suspirou alto, e tomou o gole da garrafinha. Sentiu seu corpo se enregelar de frio, e correu para a porta. As chamas o lamberam, sem que ele sentisse nenhum calor, e ele tocou na maçaneta fria.
Abriu a porta, e atravessou.
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