MEIA NOITE



Capítulo 24
– Meia Noite –



Uma centelha de luz escapou da escuridão, flutuando e iluminando três jovens garotos. Harry apagou a luz, mas foi imediatamente substituído por Hermione.
– Lumus! – Murmurou ela, e um pequeno globo prateado de luz flutuou perto de sua mão. – Vamos...
Eles tocaram a parede com calma, cada murmúrio do vento se transformando em passos acusadores de inimigos invisíveis. Hermione transpirava, e suas mãos tremiam. Rony estava numa mistura pouco saudável de pálido e verde. Harry parecia calmo por fora, mas estava tão ou até mais assustado que os amigos. Sentia cada nervo, cada célula sua se aguçando, espichando o máximo para que pudessem captar qualquer movimento, qualquer obstáculo.
O moreno seguia na frente, depois a menina e por fim o ruivo, que vigiava atentamente se estavam sendo seguidos. Foi quando Harry pisou em algo mole.
– AH! – O grito, naquele silêncio ansioso, foi como um tiro de canhão. Harry esbarrou em Hermione, na ânsia de pular para trás, que caiu sobre Rony.
Finalmente perceberam que quem estava caído no corredor era Neville.
– Neville? – Gaguejou Rony. – O quê você está fazendo aqui?
– Eu esqueci a senha, e dormi por aqui mesmo. – Explicou ele. – Mas e vocês?
As caras culpadas denunciaram algo, sem dúvida.
– Ah não, vocês não vão perder pontos pra Grifinória! A McGonagall vai ficar louca! Não, não mesmo!
– Petrificus Totalis! – Explodiu Hermione. Neville congelou como uma tábua, e caiu de borco no chão pesadamente.
– O quê você fez? – Exclamou Rony. Hermione acorreu até o menino e o girou.
– Desculpe, Neville. Nada vai acontecer, e eu vou desfazer esse feitiço... Oh, Neville, não fique bravo com a gente...
Harry e Rony a arrastaram, deixando o mudo Neville vendo pelo canto dos olhos os amigos sumindo na escuridão. E rezando para que ninguém pisasse nele.


– Certo. Quem quer pular fora, essa é a hora. – Murmurou Harry. Ele pousou a mão no trinco da porta do Corredor Proibido.
– Até o fim, cara. – Replicou Rony, e Hermione assentiu.
Harry respirou fundo, e tirou do bolso a flauta tosca que Hagrid lhe dera no Natal.
– Hermione, eu vou na frente, tocando. Se ele dormir, passo a flauta pra você. Nós abriremos o alçapão, e eu e Rony vamos primeiro. Pule por último, mas não pare de tocar!
Ela assentiu. Com um movimento, ela abriu a porta, e eles entraram.
O Cérbero quase os atacou, mas imediatamente Harry começou a tocar algumas notas soltas, e o cão baixou a cabeça. Logo ele dormia. Passaram perto dos destroços da harpa de Snape, e Rony abriu o alçapão.
Harry passou a flauta para Mione, e nos poucos segundos de silêncio, Fofo abriu um olho sonolento. A garota se atrapalhou um pouco com a flauta, mas pegou o jeito, e Fofo voltou a sonhar.
Do alçapão, só vinha uma profunda escuridão, que estranhamente acalmou Harry. Ele enfrentaria um súdito de Voldemort, e perigos incríveis, mas estava escuro o suficiente para ele se sentir em casa. Com um suspiro, ele passou as pernas pelo buraco, e se soltou no vazio.
– Podem vir! É macio! – Gritou ele.
Poucos segundos depois, duas formas desabaram ali perto.
– É um tipo de planta... – Resmungou Hermione. Ela sentia a água no corpo do vegetal, e algo lhe dizia que não era algo bom.
– Vamos, então – Disse Rony, mas não conseguiu se levantar.
– Lumus! – Disse Harry, e a luz surgiu para iluminar a bizarra cena.
A planta era de um verde musgo viscoso, e se estendia por todo o lugar. Tentáculos do vegetal balançavam na escuridão, e centenas deles envolviam as pernas, braços e corpos dos garotos, onde eles caíram. Hermione gritou, e se remexeu com força, Rony tentou de tudo, e Harry tentou cortar a planta com sombras, mas não conseguia se concentrar com todos aqueles movimentos.
– Isso é Visgo do Diabo! – Exclamou Hermione.
– Ótimo, que bom que sabemos o nome desta coisa! Ajudou muito! – Vociferou Rony.
– Bem, pelo menos sabemos o quê nos matou... – Replicou Harry, sarcástico. – Faz toda a diferença.
– CALADOS! – Berrou Mione. – Essa planta não gosta de luz e calor!
Rony resmungou algo, e um grande jato de fogo partiu de suas mãos. A planta estremeceu inteira, e os três afundaram como pedras por entre os ramos, enquanto o vegetal maligno tentava fugir da luz e do fogo forte.
– Obrigado, Rony – Arfou Harry, e Hermione lhe deu um beijo na face. O garoto corou, e eles seguiram em frente.
A próxima sala estava cercada por um forte zumbido, como de asinhas batendo. Harry olhou para cima, e viu que milhares de pássaros dourados voavam lá no alto. Ele contou o quê planejava aos amigos, e correu, acreditando que os pássaros o atacariam. Correu até a porta, do outro lado da sala, e tentou abri-la.
– Trancada.
Hermione foi até lá, e tentou o “Alohomora”, que servia para abrir portas. Tentou outros feitiços, mas a porta continuou resoluta.
– Os pássaros – Pensou o moreno em voz alta. – Parecem...
– ...Chaves! – Exclamou Rony.
Harry olhou com atenção para o aglomerado de chaves de todos os tipos, com pequenas asinhas...
– Procuramos uma chave antiga, de prata, meio enferrujada... – Disse Hermione, comparando a fechadura.
– ...Com uma asa torcida... – Completou Harry.
– Asa?
– Aquela!
A chave voava mais devagar, com uma das asas meio dobrada, como se tivesse sido brutalmente manuseada. Harry a olhou profundamente, enquanto suas asas surgiam em suas costas.
– Rony e Hermione, espantem ela pra mim! – E com isso ele pulou.
Hermione, na pressa, acabou machucando suas pequenas asinhas de penas castanhas, as asas nem chegavam à sua cintura. Rony colocou suas asas de couro, e pulou com força, seguido pela hesitante Hermione.
As chaves dificultavam o caminho, mas Harry não era o mais jovem apanhador do século à toa. Ele conseguiu localizar a chave o tempo todo, e quando Rony a espantou, Harry pôde agarrá-la.
Imediatamente todas as chaves estancaram. Harry, Rony e Hermione pararam também. Então, num átimo, todas as chaves tentaram se fincar nos garotos.
Com um grito, Rony agarrou Hermione, que voava muito mal, e a levou o mais rápido possível, pelo ar, até onde Harry enfiava apressadamente a chave na fechadura.
O impacto com a porta, e os maus tratos da pressa evidenciaram porque ela já estava com a asa torcida.
Eles passaram, e Harry bateu a porta com força atrás deles. Um instante depois, eles ouviram o som de milhares de chaves batendo contra a parede.
– Isso foi o desafio do Flitwick, eu acho – Suspirou Hermione. – E o Visgo da Sprout. Qual o próximo?
Rony, que abrira a próxima porta, sorriu, com os olhos brilhando.
– McGonagall!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.