WOOD



Capítulo 13
– Wood –




As asas negras se agitavam mecanicamente, dando espaço para Harry usar os braços. Rapidamente ele pegou o jeito, e instintivamente sabia o que fazer. Os braços serviam parar agarrar ou dobrar as asas quando extremamente necessário. As penas deveriam fica juntas, mas não endurecidas. Num vôo rasante ou paralelo, deveriam ficar retas. Soube de tudo isso num segundo.
Com algumas poucas batidas de asas se aproximou perigosamente de Draco. Ele encarou o loiro e ficaram ali, parados em pleno ar.
– E então, Malfoy? Vai devolver o Lembrol? – Gritou Harry.
O sonserino procurou rapidamente alguma saída, surpreso pelas reações de Harry. Não apostava que o garoto ia sair do chão, nem que voaria tão bem.
Sabia pelas histórias sobre o pai de Potter. Sabia também que havia uma boa probabilidade do Grifinório “puxar” este lado do pai.
Devia ter pensado melhor antes de desafiá-lo.
– Oh! O pobre Pottinho quer o brinquedinho do amiguinho de volta! – Gracejou ele, fazendo os Sonserinos, lá no chão, gritarem de alegria e gozação. O loiro se empertigou mais, talvez encorajado pelos gritos.
– Devolva isso, Malfoy. Antes que eu te derrube!
– O Pottinho sabe brincar, é?
Harry, ao invés de responder, se lançou em direção ao loiro, que desviou por milímetros de um encontrão muito perigoso. Harry dobrou uma das asas durante o vôo e com isso virou-se novamente para o garoto, inabalável. Fora um excelente movimento.
Draco suava frio.
– Eu avisei, Malfoy!
– Quer saber? Pegue essa porcaria se quiser!
Draco jogou com força o Lembrol para o alto, e voou rapidamente, voltando para o chão. Harry, no entanto, grudou seus olhos na bolinha, que subia rapidamente. Acompanhou o movimento da esfera com os olhos e viu quando ela parou de subir e começou uma queda vertiginosa em direção ao chão.
Num rompante, Harry disparou em direção ao chão também, acompanhando a bolinha que caia em direção à destruição certa. Harry a via como em câmera lenta, usando sem perceber as correntes de ar, os furos destas e seu corpo para ganhar velocidade.
Estava tão rápido que os óculos estavam pressionados contra seu rosto. A bolinha estava cada vez mais perto...
Ele esticou a mão e a agarrou.
Assim que sentiu o contato gelado do Lembrol em sua mão, deu uma guinada perigosa para cima e desacelerou. Num movimento calmo, desceu até o chão, onde pousou com graça.
Os grifinórios e sonserinos o olhavam admirados, em choque. Então Rony gritou e pulou em cima dele, rindo e comemorando. Uma leva de grifinórios em êxtase acorreu até o garoto e abraçaram Harry, riram, brincaram e gritaram em pura alegria.
Hermione estava no meio, mais empurrada pelos colegas que qualquer coisa...
– O QUÊ FOI ISSO? – Gritou uma voz autoritária.
A multidão se abriu, enquanto os sonserinos sorriam maldosamente. A Professora McGonagall surgiu, com uma aparência raivosa, e dispersou os grifinórios que sentiram a felicidade estourar como um balão.
– HARRY POTTER! – Berrou ela rispidamente. – ISSO FOI...
Ela estava vermelha, arfante e transtornada. Era a primeira vez que a viam assim! E parecia incapaz de encontrar palavras para o que achava do ato de Harry.
O Vampiro, porém, já estava de cabeça baixa, preparando-se para sua expulsão. Tinha durado tão pouco sua estadia no Castelo! Mesmo assim sabia que não conseguiria voltar para a Rua dos Alfeneiros do mesmo modo que saíra. Estava diferente.
Deixara de ser um garoto sofrido e humilhado, para ter um posto entre os outros Vampiros. Nunca se acostumaria, é claro, com toda a atenção que tinha aos olhos dos outros, mas sabia que era diferente e nem por isso era taxado como louco ou problemático. Ninguém tinha medo dele, nem se afastavam. Tinha amigos, uma casa onde era feliz. Nunca mais o velho Harry Potter voltaria.
A Professora o fez segui-la, atravessando os jardins. Sentiu-se cansado e dolorido, as asas ainda para fora de seu corpo. Ainda não tivera tempo de testar como guardá-las.
Segundo os livros da biblioteca da escola, depois de despertadas uma vez, elas não doeriam mais ao serem invocadas, nem ele teria de levar tanto tempo para retirá-las de onde quer que elas se escondiam durante o tempo de folga.
As portas do castelo, as salas, os corredores.
Harry registrava tudo como uma filmadora entristecida, capturando todas as cenas e imagens daquele castelo que, tinha certeza, nunca mais veria.
As portas de madeira polida, alguns chamuscados nas paredes. As escadarias que se moviam sempre, as paredes fajutas e as passagens secretas.
Chegaram a uma porta qualquer, e a Professora bateu nela.
Quem atendeu foi um homem baixo de turbante púrpura, que Harry repentinamente reconheceu: o Professor Quirrel, do Caldeirão Furado.
– Professor Quirrel – Cumprimentou ela. – Pode me emprestar o Wood por um momento?
O professor pareceu pensar um pouco, assentiu e entrou na sala. Harry remexeu-se nervoso. Que seria esse tal Wood? Um instrumento para castigá-lo?
Sentiu-se incomodado, principalmente porque a busca por sua mente pelas asas acabara roçando em alguns estranhos pensamentos que se escondiam na sombra de sua cabeça. Seu peito estava nu, e o Elemental das Sombras pendia em seu pescoço. Apertou a pedra, sem saber o que fazer para aliviar a tensão.
Ela era gelada, completamente negra e sem qualquer adorno, exceto o nome de seu dono, encravado no medalhão. Harry fixou seus olhos verdes nas profundezas da pedra e, sem saber como, fez as sombras que havia lá dentro girarem lentamente.
Algo se remexeu dolorosamente dentro dele, e seus olhos mergulharam ainda mais nas sombras da pedra, que agora giravam hipnoticamente.
– Sr. Potter! – Chamou a Professora.
Harry levantou a cabeça, soltando o Elemental. Deparou-se com a professora olhando-o seriamente.
– Este é Olívio Wood.
Wood, afinal, não era uma arma ou instrumento de castigo. Era um garoto moreno, alto e forte do quinto ano. Eles se olharam em dúvida e confusão. McGonagall percebeu a confusão e deu um de seus rápidos e secos sorrisos.
– Wood, este é Harry Potter. Harry Potter, este é Olívio Wood – Ela encarou o rapaz de quinze anos. – Wood, encontrei um apanhador pra você.
Os olhos de Olívio mudaram de confusão para deleite. Ele encarou Harry e sorriu alegre ao perceber as longas asas negras, as penas que podiam mudar de forma e toda a constituição física do garoto à sua frente.
– Acha que ele é bom, Professora?
Ela mostrou o Lembrol.
– O Sr. Potter aqui apanhou isto aqui num rasante sobre os alunos, mergulhando mais de quinze metros e usando técnicas excelentes, numa captura perfeita.
– Algo digno de Carlinhos Weasley, não? – Perguntou Wood.
– Acho que o Sr. Potter, com o devido treino, poderá superar Carlinhos. Acredito que a captura foi digna de...
Olívio escancarou a boca.
– ... Tiago Potter.


– Então você vai ser Apanhador? – Impressionou-se Rony, a boca cheia de comida. – Uau!
– Foi o que o Olívio disse – Sorriu Harry. – A Profa. McGonagall disse que conseguirá uma aprovação especial do Prof. Dumbledore para que eu possa jogar.
– Isso significa que você é o Apanhador mais...
– Mais jovem do século – Riu-se o moreno, comendo também. – Desta vez eu me superei!
– Que maravilha, não? – Disse uma voz irritada.
Eles se viraram e deram de cara com Hermione Granger, o nariz empinado de sempre, os olhando irritada e mandona.
– Você merecia mesmo era uma detenção! – Opinou ela. – Ou pior!
Harry e ela se encararam, faíscas de raiva e indignação saindo dos olhos dos dois. Era um encontro poderoso, o Vampiro Completo e a Meio-Vampira, poderosos e inteligentes. Uma lenda e um prodígio, cara a cara.
– Quer dizer que você acha que devo ser expulso? – Perguntou Harry.
– Ninguém está acima das regras, Potter. Você deveria receber uma lição, isso sim.
– Ninguém está acima das regras, mas não precisamos estarmos sujeitos a elas sempre!
Hermione cruzou os braços. Não desgrudavam os olhos um do outro, explodindo de raiva.
– E você agora vai determinar quando é preciso quebrar as regras? – Desdenhou a garota.
– Vou – Sentenciou ele.
Aquilo quase fez Hermione pegar o garfo que ele segurava e enfiá-lo na garganta dele. Como ele se atreve?
– E por que você acha que pode? Por que é um Vampiro Completo? Por que é uma lenda? Por que é um maldito exibido?
Harry a encarava, surpreso.
– Você não é nada importante, Potter! – Gritou ela. O salão inteiro olhava fixamente para os dois. – VOCÊ É UM MALDITO IDIOTA!
Hermione levantou a mão e berrou um “Wingardiun Leviosa!” que fez com que todos os pratos por perto levitassem no ar e se lançassem em direção de Harry. A garota se virou e saiu correndo do Salão, derrubando algumas pessoas e batendo em tudo que estivesse em seu caminho. Os pratos, a meio caminho da cabeça do moreno, desabaram no chão, a magia extremamente poderosa se findando. Uma chuva de lascas de louça e cacos de vidro explodiu pelo lugar, fazendo os Vampiros gritarem e se protegerem como podiam.
Os Professores se levantaram e tentaram findar a bagunça e terror que havia se instalado no Salão.
Harry voltou seus olhos para a porta, imaginando ouvir os passos derrapantes e soluçosos de Hermione Granger, correndo escadas acima.
E ao imaginar os olhos castanhos tão inteligentes banhados de lágrimas, ele sentiu-se o maior dos idiotas que tivera a infelicidade de nascer.

____________________________________________

Agradecimentos prá lá de especiais à Loko Loko; iagoooo; Black Wolf e Súh, seus comentários me dão mais vontade de continuar até o fim com esta série.

No próximo capítulo:

"Com as mãos enfiadas nos bolsos, Harry andou por entre os corredores. Um grupo sorridente de garotas que, Harry lembrou, eram do dormitório de Hermione passou por ele.
– Você viu a Granger? – Fofocou uma delas. Harry empinou os ouvidos.
– Ela passou o dia inteiro trancada no banheiro – Informou outra.
– Chorando – Completou a primeira, rindo. – Vai ver percebeu que não tem amigos e ninguém gosta dela.


Até lá!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.