GRIFINÓRIA
Capítulo 9
– Grifinória –
Harry foi empurrado de leve por Rony e seguiu até o banquinho. Os olhares do Salão Principal se cravaram nele. Sussurros esparsos de “Harry Potter?” foram ouvidos. Os professores olhavam para Harry que avançava. O Prof. Dumbledore sorriu para ele, mas Harry não viu. Finalmente chegou no banquinho.Sentou-se nele e deixou que o Chapéu escurecesse sua visão. Este era tão grande que escorregou por seu rosto e sobre seus óculos, deixando-o numa escuridão total.
– Olá, Harry Potter – Disse uma voz diretamente em sua cabeça.
– Quem? – Pensou Harry.
– O Chapéu Seletor – Respondeu a voz.
Harry ficou alerta.
– Você é um garoto estranho, Harry Potter. Muito diferente de qualquer outro que já tenha passado por mim em todos esses mil anos. Mas a minha dúvida, agora, é onde colocá-lo.
O garoto se lembrou da má impressão que tivera da Sonserina e tudo o que fora falado da Casa.
– Sonserina não – Pediu em pensamento.
– Não? – Respondeu o Chapéu. – Você tem grandes habilidades e uma estranha força. Tenho certeza que irá ser um ótimo Sonserino...
– Sonserina não, por favor.
– Bem, a Sonserina seria uma excelente escolha posso ver...
– Não, por favor, não a Sonserina...
– Mas parece que é melhor não. Neste caso... GRIFINÓRIA!
A última palavra fora dita em voz alta, fazendo com que o Salão irrompesse em palmas.
– Boa sorte, Harry Potter – Foi a última coisa que o Chapéu falou em sua cabeça antes da luz voltar quando este foi retirado. Harry avançou meio atordoado até a mesa vermelha e dourada. Os gêmeos Weasley começaram um coro de “Ganhamos o Potter” que estava o deixando realmente envergonhado.
O único lugar livre na mesa era de frente para Hermione, que apenas o cumprimentou com um aceno de cabeça. Logo Rony se juntara à eles, sentando-se ao lado de Harry.
– Um ótimo ano, acredito eu – Disse uma voz flutuante. Era o fantasma da Grifinória novamente. – Eu sou o Sir Nicolas, fantasma oficial da casa.
– Eu conheço você – Exclamou Rony. – Os Gêmeos me disseram que você se chamava Nick-Quase-Sem-Cabeça!
– Eu prefiro Sir Nicolas – Replicou o fantasma friamente.
– Como alguém pode ser quase sem cabeça? – Perguntou outro primeiranista.
– Assim.
O fantasma agarrou sua orelha e tombou a cabeça sobre o ombro. A cabeça se ligava por um pequeno tendão fantasmagórico apenas. Era como uma dobradiça bizarra. O fantasma lhes deu as costas e flutuou para longe.
Então Dumbledore se levantou.
– Caros alunos, sejam bem-vindos! Eu tenho um belo discurso, mas antes é melhor comermos, então... Bom apetite!
Imediatamente os pratos e jarras sobre a mesa se encheram de comida, vinda do nada. Os olhos dos mais novos se arregalaram, e alguns cutucaram, amedrontados, a comida.
– Legal! – Exclamou Rony antes de encher o prato.
Harry também encheu seu próprio prato e comeu, deliciando-se com o sabor novo e apetitoso. Nos Dursleys ele não tinha o direito de comer o que gostava, e Duda sempre pegava o máximo de comida, mesmo que passasse mal depois. Agora com tanta comida deliciosa e farta, Harry sorriu, realmente era muito bom deixar aquele lugar terrível que era a Rua dos Alfeneiros.
Eles comiam sem pressa, desfrutando todas as delícias da mesa. Que não eram poucas, como logo constatou Harry. Enquanto comiam os alunos conversavam ou olhavam ao redor, em grupos de amigos ou apenas uma dupla de novos conhecidos. Harry espiou longamente para a mesa dos Professores. Ao centro estava Dumbledore, rindo de alguma coisa que um professor muito baixo falava. A Profa. Minerva estava ao seu lado, vigiando os alunos enquanto comia. Do lado dela estava Quirrel, com seu grande turbante púrpura. Ele tremia enquanto se alimentava olhando o prato com desconfiança. Do lado dele estava outro professor. Os olhos de Harry e do homem se encontraram.
Uma dor aguda ferroou a cicatriz de Harry. Os olhos negros do professor se cravaram nele. Ele tinha a pele macilenta e pálida, mais pálida que qualquer um. Seu nariz era grande e em forma de gancho, e seus cabelos negros eram oleosos e escorridos. Vestia-se inteiramente de preto e parecia sério e irritado. Um olhar desdenhoso pairava em seu rosto.
– Quem é aquele? – Perguntou Harry à Jorge. – Do lado do Quirrel...
– Ah, você conhece o Quirrel, ele é novo sabe. Primeiro ano. Mas o morcegão ali do lado é o Severo Snape. Ele é professor de poções. Terrível, ele é o Diretor da Sonserina.
– E porque ele está me olhando com raiva?
– Ah – Riu-se Fred, que participava da conversa. – Porque você é um Grifinório! É mais do que o suficiente pro Snape!
Fred e Jorge riram com vontade. Harry olhou fixamente para o Professor, mas este não olhou mais de volta. Logo o garoto voltara sua atenção para os outros vampiros que faziam parte do corpo docente.
Havia uma mulher magra e baixinha, um professor reservado e meio sinistro, algumas Vampiras extremamente belas que discutiam em voz baixa. Por toda a própria mesa da Grifinória haviam conversas variadas. Harry e Rony se meteram numa dissertação dos Gêmeos sobre uma peça à ser pregada.
– A gente podia explodir um banheiro – Sugeriu Fred.
– E mandar a tampa do vaso para mamãe – Riu-se Jorge.
– Ela iria matar vocês – Completou Rony.
– Mas que seria engraçado, seria! – Disseram os gêmeos, juntos.
Hermione, que se esforçava para esconder que ouvia a conversa, revirou os olhos para seu prato.
Logo as terrinas estavam vazias e as jarras haviam sido consumidas. A comida desapareceu das travessas restantes e os pratos ficaram limpos novamente. Então a atração principal começou.
Os pratos dourados foram substituídos por cálices de ouro, que se encheram até a borda com o líquido vermelho vivo, quente e doce que Harry aprendera a apreciar. As taças foram encaradas com uma fome além do comum. Um banquete vampiro fora iniciado.
Rony tomou a sua rapidamente, sorrindo muito e com os olhos brilhando. Harry preferiu beber com mais calma, deixando o líquido quente descer deliciosamente pela garganta, alimentando mais do que todo o banquete. Lambeu os lábios e depositou o cálice na mesa novamente. Então percebeu que Hermione olhava para o seu próprio cálice, intocado.
O garoto lembrou-se que Hermione era uma Meio-Vampira, não tinha vontade de beber sangue. Ela levantou os olhos e o encarou. Corando muito ela sussurrou:
– Quer?
Harry esticou a mão e discretamente pegou o cálice. Então o passou para Rony e sussurrou em seu ouvido:
– Esse fica no lugar do dela, no trem.
Rony assentiu e agradeceu. Hermione franziu as sobrancelhas em dúvida.
– Porque eu o impedi de te morder – Sussurrou Harry.
Hermione sentiu seu coração humano bater descompassado. Aquele estranho Harry Potter era muito diferente de qualquer um. Ela sabia que ser uma Meio-Vampira era muito perigoso, era o mesmo que ser um suculento bife no meio dos leões. E sabia que seria rejeitada, odiada e desejada como alimento. Mas aquele garoto de cabelos arrepiados e óculos remendados não ligava para isso, não queria seu sangue humano. Ele era um Vampiro Completo, vinha de uma linhagem antiga e poderia ser muito poderoso, mas não ligava para aquilo. E havia um fato incrível sobre Harry Potter.
Ele podia fazer Hermione corar.
Ele podia fazer o coração dela disparar.
– Agora que estamos bem alimentados e com sono, vou perturbá-los com um discurso chato e avisos mais enfadonhos ainda – Anunciou Dumbledore. – Primeiramente, sejam bem-vindos à Hogwarts. Espero que tenham um ótimo ano letivo e que possam realizar todos os seus projetos para esse ano, desde que estes não sejam para destruir a escola.
Os gêmeos sorriram e piscaram. Dava pra perceber que eles eram os “criadores de caso” da Escola Vampira.
– Em segundo lugar, tenho aqui alguns avisos importantes: a Floresta Proibida, como diz o nome, é proibida para todos. O corredor direito do terceiro andar também é proibido, este ano apenas, para todos os que não quiserem uma morte extremamente violenta. Por último, o nosso zelador, o Sr. Filch, pediu para avisar que a lista de objetos proibidos está afixada nos quadros de avisos de suas casas. Agora, hora de dormir! Boa Noite!
Os alunos se levantaram e os grifinórios seguiram o irmão mais velho de Rony, Percy Weasley.
– Sou o monitor da grifinória. Acompanhem-me, alunos do primeiro ano.
Eles andaram pelo castelo, subiram escadas que se moviam sozinhas e quadros que se mexiam e falavam com eles. Logo os grifinórios se viram de frente à um quadro antigo, de uma mulher muito gorda vestida de rosa.
– Esta é a Mulher Gorda, guardiã da Grifinória. Para entrarem, é necessário dizer a senha: Cabeça de Dragão!
O quadro se curvou numa reverência delicada e girou para dentro, revelando uma passagem. Os alunos entraram por ela e chegaram numa grande sala circular, evidência que estavam numa das torres. O quadro ficava no sétimo andar, o que significou uma longa caminhada pelas escadas móveis. Harry apenas registrou as poltronas vermelhas e a grande lareira dourada antes de seguir por uma escadinha circular até o dormitório. As meninas foram pela escada do lado oposto da torre. Harry se viu num corredor com diversas portas, então seguiu com os outros pela primeira delas, onde se lia “Primeiro Ano”.
O quarto tinha cinco camas, e cinco ocupantes: Harry, Rony, Neville Longbotton, Simas Finnigan e Dino Thomas. As camas eram de dossel, grandes e macias, com cortinas em volta. Ao lado de cada uma havia um armário e uma mesinha de cabeceira. Harry dirigiu-se até a cama onde estava sua mala em cima. Edwiges estava presa na gaiola, em cima do armário baixo. Sem vontade para guardar suas coisas Harry trocou de roupa, colocou o malão embaixo da cama e abriu a gaiola. Edwiges piou alegre e pousou em seu ombro.
Harry ficara com a cama mais distante da janela, da porta de entrada e da porta do banheiro. Era o lugar mais escuro, o que lhe agradou totalmente. Ele abriu a janela com cuidado e Edwiges saiu voando, feliz, pela noite escura.
– Você está soltando sua coruja? – Espantou-se o garoto alto e negro, Dino. – Por quê?
– Ela precisa caçar – Respondeu Harry enquanto fechava a janela e voltava para a cama.
– Mas corujas comem ração, não é? Pelo menos a minha come... – Replicou Simas, que era mais baixo e se ocupava em afixar um pôster humano de um time de futebol na porta de seu armário.
– Edwiges é selvagem. Ela gosta de caçar, de voar livre. Faz bem a ela.
– Ela? – Sussurram Dino e Simas. – Corujas fêmeas não gostam de Vampiros!
Harry deu de ombros, sem resposta e deitou-se na cama. Os sons de seus colegas de quarto logo silenciaram e ele finalmente adormeceu.
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Esse capítulo vai especialmente para Black Wolf, que foi o único que comentou... Parece que quando eu penso que ninguém lê, aparece um pra provar o contrário!
Obrigado, Wolf, você fez meu dia mais feliz e acabou trazendo este capítulo. \o/
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