HOGWARTS



Capítulo 8
– Hogwarts –



O trem demorou longas horas para parar numa estação, já era noite quando isso ocorreu. Harry e Rony haviam se trocado num banheiro enquanto Hermione se trocava em outro. Eles haviam bebido sucos variados e comido diversos doces que uma vampira carinhosa vendia num carrinho.
Harry começou a reparar que todos os Vampiros eram bonitos, a maioria jovem. Até mesmo a Sra. que era mãe de Rony não parecia ter mais de trinta anos!
Ele decidiu que perguntaria aquilo para Hermione em breve. A garota metida parecia uma verdadeira biblioteca ambulante, ainda mais quando dissera que decorara todos os livros da escola. Harry via nela uma mistura confusa de uma garota arrogante com um cérebro extremamente inteligente. E sabia intimamente que faltava algo na garota. Alguma coisa ela não pudera tirar de seus livros, ficara sem.
Ele puxou um pacotinho do bolso. “Morcego de Chocolate” dizia a embalagem escura. Lembrou-se de sua primeira experiência com um deles, poucas horas atrás...

– O que é isso? – Perguntou Harry, lendo a embalagem fosca. – “Morcegos de chocolate”. Não são de verdade, são.
– Não – Riu-se Rony. – São doces encantados. Abra a embalagem e o capture antes que ele fuja...
Harry rasgou delicadamente a embalagem, revelando um pequeno morceginho de chocolate escuro. Não era detalhado, parecia um morcego desenhado. Abriu dois olhinhos de chocolate e abriu as asinhas doces. Pulou da embalagem e começou uma fuga desenfreada em direção à janela.
Harry pulou e agarrou o doce fugitivo antes que ele pudesse sair da cabine. O pequeno se remexeu um pouco, mas se aquietou e virou um chocolate normal. Harry o olhou por um momento e deu-lhe uma dentada.
– Belo movimento – Comentou Rony. Mas um estalo de uma embalagem aberta o interrompeu. Hermione abrira seu próprio morcego, um olhar estranho em seu rosto, mas o “bicho” fugira rapidamente de suas mãos.
Ele bateu as asinhas com força e disparou na direção da janela também. Mas Harry novamente foi mais rápido e o capturou. Sorrindo, ele o entregou para Hermione, que agradeceu, ainda de nariz empinado.
Ele então percebeu um cartãozinho na embalagem do Morcego. O tirou e deparou-se com um rosto barbudo e bondoso. No topo do cartão dizia “Alvo Dumbledore”.
– Então este é o Dumbledore – Exclamou ele. Hermione revirou os olhos e Rony deu uma dentada numa bala comprida e grudenta.
Harry virou o cartão e leu as palavras brancas em seu verso.

“O Professor Dumbledore é o atual diretor da Escola Vampira de Hogwarts, onde reside. Famoso por derrotar o Vampiro Maligno Grindewald e por desenvolver um trabalho alquímico com Nicolau Flamel, o Professor Dumbledore gosta de música de câmara e boliche”

Harry puxou do bolso o cartãozinho de novo, mas o rosto do Vampiro havia sumido!
– Ele foi embora! – Exclamou Harry. Rony espiou por cima de seu ombro.
– Você não esperava que ele ficasse aí o dia inteiro, esperava? Logo ele volta. Vamos...
Então Harry foi puxado pelo vampiro apressado. Hermione já fora embora, sem uma despedida, como se fosse uma rainha. Aquilo irritara Rony, mas agora ele puxava Harry com pressa.
Eles desceram do trem e se viram numa plataforma escura, apinhada de alunos e suas bagagens.
– Alunos do primeiro ano, alunos do primeiro ano aqui! – Chamou uma voz forte.
Harry sorriu ao ouvir a voz de Hagrid e seguiu uma luz que balançava loucamente. Logo ele viu o gigante, sorrindo por baixo das brabas, carregando uma lamparina do tamanho de uma lata de lixo. A luz bateu diretamente em Harry, ele afastou-se um pouco e voltou à escuridão. Precisava perguntar urgentemente à alguém porque tinha essa aversão à luz...
– Harry! – Exclamou Hagrid. – Tudo bem?
– Tudo Hagrid. Obrigado.
Rony escancarou a boca ao ver o tamanho de Hagrid. Mas sorriu quando o gigante esticou uma mão enorme e se apresentou. Logo ele os guiava até a margem de um lago iluminado pela lua crescente.
– Vamos, por aqui.
Os alunos do primeiro ano tiveram de entrar numa meia dúzia de barquinhos que flutuavam no lago. Harry e Rony dividiram o barquinho com mais dois garotos.
Um era gordinho e mais baixo que Harry, com dentes um pouco salientes. Se apresentou como Neville Longbotton.
O outro era ruivo, mas de uma forma que não parecia natural. Seus olhos eram azuis, tinha um porte alto e os cabelos eram rentes à cabeça, de tão raspados. Trazia uma expressão carrancuda e um ar de desdém e frieza. Não se apresentou.
Logo os barquinhos cruzavam o lago em silêncio. Ninguém os remava ou conduzia. Iam sozinhos, como se conhecessem o caminho... Harry fechou os olhos e sentiu o ar puro da noite entrar em seus pulmões, gelado como uma navalha. O rumorejar de água encheu os seus ouvidos, o frio noturno arrepiou sua pele e a luz fraca da lua crescente encheu seu coração de alívio. Sentiu-se feliz e seguro, sentiu-se em casa.
– Atenção – Chamou Hagrid. – Depois daquelas árvores teremos uma visão de Hogwarts!
Harry abriu seus olhos e os fixou numas árvores grandes e farfalhantes na beira do lago. Uma faia de copa imensa e folhas quase tocando o chão se destacava. Mas um pouco e os barquinhos viraram a curva do lago e Hogwarts se revelou.
Era um castelo. Gigante, no alto de uma pequena colina, escurecido pela noite. Era alto, gigantesco, com todas as suas muitas janelas iluminadas por dentro. Torres e torrinhas enfeitavam os telhados, amuradas e janelas altas favoreciam a primeira impressão. O castelo brilhava como uma jóia, lançando a luz das janelas mais baixas na colina ao redor, mas mesmo assim ainda permanecia escuro em alguns pontos, como se revelasse que a escola era iluminada e bela, mas, ainda assim, era misteriosa.
Harry engoliu em seco ao ver a escola enquanto Rony e Neville ofegavam. O castelo crescia cada vez mais enquanto a frota de barquinhos se aproximava de seus portões. Logo eles desciam na margem e subiam, lentamente, a amurada. Harry ofegava com a subida e o peso da mala, Edwiges estava em seu ombro e Rony levava a gaiola vazia. Eles chegaram numa área coberta e foram instruídos de deixarem suas bagagens ali. Harry enfiou a coruja na gaiola, pediu desculpas por isso, e saiu. Logo eles chegaram num portal gigante, de madeira polida. Hagrid bateu três vezes na porta.
Esta se abriu vagarosamente, e uma mulher apareceu. Era alta e parecia mais velha que qualquer Vampira que Harry tinha visto. Seus cabelos castanhos estavam apertados num coque sóbrio, vestia-se num vestido longo, reto, verde musgo. Óculos quadrados escondiam olhos castanhos que brilhavam de inteligência. Harry os comparou com os olhos de Hermione. Mas estes estavam completos, vivos. Os da garota metida do trem clamavam por uma parte faltante.
– Essa é a Profa. Minerva McGonagall – Apresentou Hagrid.
– Eu cuido deles agora, Hagrid. Obrigada – Disse a Profa.
Hagrid acenou um adeus e sumiu por um corredor.
A Profa. acenou com a cabeça e os guiou até uma grande sala deserta.
– Fiquem aqui até estarmos prontos para selecionarmos vocês.
Ela saiu da sala e Harry cutucou Rony.
– O que são essas Casas? Hagrid não teve tempo de me explicar!
– As Casas de Hogwarts são quatro: Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa. Cada uma delas preza uma qualidade sua: os Grifinórios são corajosos, os Sonserinos são ardilosos, os Corvinais são inteligentes, e os Lufa-Lufas são bondosos. Quando você é selecionado para uma casa, você pertencerá à ela toda a sua vida. Os sete anos aqui e todos os outros que você viver você será conhecido pela casa. Quanto melhor os seus feitos, mais glória para a sua Casa. E tem um Diretor para cada uma, e um casal de monitores. E um casal de Monitores-Chefes que comandam todos. Seus acertos dão pontos para a Casa, os erros tiram. No fim do ano, a Casa com mais pontos leva o Troféu das Casas. E por último, cada uma tem seu time de Quadribol, que disputam uma taça de Quadribol também – Explicou Rony. – Toda a minha família é da Grifinória, mas isso não é uma regra. Você pode ir para qualquer uma.
– E como somos selecionados?
– Isso não me disseram. Os gêmeos disseram que é como um teste.
Harry engoliu em seco. Um teste? Ele não sabia nada daquele mundo. Perto dali Hermione recitava todos os feitiços que aprendera. Mas não houve tempo para reflexão, pois um ser translúcido flutuou até a porta.
– Eu sou o Fantasma da Grifinória. Por favor, me acompanhem.
Eles seguiram o “ex-ser” e se viram num pátio grande e iluminado apenas pela fraca lua. Ali havia uma grande escadaria de mármore e algumas portas. Seguiram pela maior e chegaram num grande salão.
– Esse é o Salão Principal – Disse o fantasma.
Harry olhou para o Salão. Quatro longas mesas estavam nele, lado à lado. No fim do Salão havia uma última, em cima de um pequeno tablado. Nela estavam os professores. Harry deduziu que era uma mesa para cada casa. Então olhou para cima.
Ali o céu se abria, imenso e infinito, a lua crescente espalhando luz fraca por tudo. Velas flutuavam no céu, despejando uma luz mais forte, dourada. As nuvens se moviam lentas como o tempo, as estrelas piscavam de alegria. Uma delas parecia mais apagada de todas.
Então McGonagall colocou um banquinho de três pernas em frente à mesa dos Professores, e acima dele um chapéu roto e sujo. Todos fixaram os olhos no pano preto levemente puído.
E um rasgo no chapéu se abriu como uma boca e se pôs a cantar.

Posso ser feio de se olhar,
Mas muitos já vi passar,
E nenhum pôde me superar.
Há quase mil anos fui feito,
Do pano mais perfeito
E do cérebro mais direito.
Minha função é dividir,
Entre as Casas repartir,
Sem lhes distinguir:
Será que sua Casa,
É a valente Grifinória?
Ou será a sua,
A boa Lufa-Lufa?
Talvez Sonserina,
Ardilosa e fria?
Ou a Corvinal,
Uma mente sem igual?
Não importa sua Casa,
Pois eu o coloco certo,
Mas talvez não devia dividir,
E sim mantê-los perto?

Ao fim da canção o Chapéu Seletor se calou, e o Salão irrompeu em aplausos. Harry os acompanhou, meio confuso com a situação. Parecia que não havia teste algum, apenas uma divisão feita pelo chapéu!
– Quando seus nomes forem chamados, sentem no banquinho e ponham o Chapéu Seletor. Depois de selecionado para uma casa, sente-se em sua respectiva mesa – Instruiu a Profa. Minerva, suspendendo o chapéu no ar, segurando-o pela ponta.
– Boot, Ernesto.
Um garoto sardento e loiro se aproximou e experimentou o chapéu, que o cobriu até o nariz. Logo a voz melodiosa do objeto selecionou.
– Lufa-Lufa!
O próximo foi o garoto loiro que Harry encontrara na Madame Malkin. O nome dele era Draco Malfoy. Em menos de um segundo foi selecionado para a Sonserina.
Harry não gostava da mesa da casa Sonserina, cujas cores eram o verde e o prateado. A Casa parecia formada por gente mal-encarada e absurdamente metida. Harry decidiu que não queria, sob nenhuma circunstância, ir para lá.
– É a casa de Você-Sabe-Quem – Sussurrou Rony. Aquilo fez Harry estremecer.
– Ele estudou em Hogwarts? – Perguntou. Rony assentiu.
A Casa daquele que matara seus pais. A Casa do mais terrível Vilão. A Casa Maligna. Harry estremeceu novamente e então abanou a cabeça. Outros garotos foram, lentamente distribuídos em suas Casas. O jovem Vampiro correu os olhos pelo Salão, localizando os professores e afins.
Então Minerva leu:
– Granger, Hermione.
A garota murmurou algumas palavras calmantes para si mesma, no que Rony sussurrou um “louca”. Logo a garota tinha mergulhado a cabeça no chapéu.
– Grifinória!
Ela levantou-se e foi até a mesa que aplaudia. Sorriu. Mas daquele jeito metido, mandão, superior. Harry desviou seus olhos para longe dela. Sua mente fervilhava com possibilidades e medos, realmente não queria entrar para a Sonserina. Remexeu-se inquieto por alguns momentos e sentiu o garoto à sua frente se afastar para se tornar um Lufa-Lufa. O garoto Neville também ficou longos minutos sob o chapéu, antes de ser selecionado para a Grifinória, para seu grande espanto, aparentemente. Harry não conseguiu aplaudir, suas mãos suavam e escorregavam. Rony se mexia inquieto e um outro parecia ter descoberto algo realmente incrível no chão, pois não desgrudava os olhos de lá.
Harry tocou seus próprios cabelos desalinhados e engoliu em seco. Rony subitamente parou de se remexer e sussurrou um boa sorte.
A professora Minerva McGonagall consultou a lista.
– Harry Potter.

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