American Pie



9. American Pie

- Então O Plano é – começou a Marlene com a boca cheia de torrada – irmos todas para casa da Lily e examinarmos o seu guarda-roupa.
Era sábado de manhã e estávamos todas ainda em pijama, sentado na cozinha, a comer torradas e a beber café com leite.
Pensei como conseguiria escapar-me ao Plano. Não que ainda estivesse aborrecida com a transformação, não, estava preocupada com o que as raparigas pensariam dos Enrugados. Os pais da Izzie, da Lucy e da Marlene tinham idade normal. E os da Marlene eram elegantes. Conheci-os nessa manhã enquanto esperava entrar na casa de banho. A mãe é jornalista na televisão por cabo, o pai é realizador cinematográfico e ambos très atraentes e à moda na medida do possível para adultos.
Porém, preocupava-me sobretudo o que os Enrugados pensariam das raparigas. O pai em especial. Consegue transformar-se em Pai Aterrador ao mais pequeno barulho ou perturbação. A nossa casa nunca foi de abrir as portas e acolher a vizinhança. Costumava ser eu a ir sempre para casa da Hannah e não o contrário. O pai gosta da sua privacidade e, quanto menos pessoas vir quando não está a trabalhar, melhor. A Rádio 4, paz e sossego e fica feliz. A última coisa que eu queria era que ele aparecesse em frente das minhas amigas fazendo-lhes perguntas oportunas tipo: «A que horas é o teu autocarro para casa?»
Achei melhor avisar as raparigas.
- Está bem, hã, acerca dos meus pais, bem, o meu pai… - comecei a explicar a situação.
- Em nossa casa é o mesmo – interveio a Izzie. – A minha mãe não me encoraja propriamente a levar lá amigas. Alguns pais são assim. É fácil ir a casa da Lucy ou a esta onde ninguém anda constantemente atrás de nós a limpar.
- Por isso, não há problema, Lily – afirmou a Marlene. – Seremos o perfeito exemplo de adolescentes calmas e requintadas.
- Bem-comportadas e aprumadas – corroborou a Izzie.
- E muito maduras – rematou a Lucy.
Dei um suspiro de alívio. Podia confiar em que elas seriam fixes. Nesse momento, a porta das traseiras abriu-se e o irmão mais novo do Leonardo DiCaprio entrou. Quero dizer, este rapaz era seriamente atraente.
- Lily, Tony. Tony, Lily. O meu irmão – acrescentou a Marlene como se eu não tivesse percebido.
-Olá, Lily – saudou A Visão.
- Olá, Tony – respondeu uma voz simpática dentro da minha cabeça. Porém, o que saiu da minha boca foi «uhaiuh». Oh, nãããão, pensei. A Rapariga Alienígena do Planeta Zog voltou para me assombrar.
O Tony olhou para o croissant que eu me preparava para comer, depois fitou-ma nos olhos e esboçou um meio sorriso que o fez parecer ainda mais giro. – Então, Lily, o que é que as virgens comem ao pequeno-almoço?
- Não sei – repliquei, desviando o olhar e fixando o solo.
- Já calculava – disse ele, rindo.
- Não ligues ao Tony, é um exibicionista – aconselhou a Marlene. – Então, não vais perguntar?
- Perguntar o quê?
- Como é que o Tony é meu irmão?
- Não.
- Por que não? – perguntou a Marlene. – Todos perguntam. Como é que ele tem a pele mais morena e e eu tenho a pele bastante clara.
- É óbvio – respondi. – O mesmo pai, mães diferentes.
- Hummm – comentou a Marlene. – Espertalhona.
Nem por isso, disse na minha cabeça. Conheci os teus pais esta manhã. Sei que ela é Sueca e o teu pai parece italiano. O Tony parece-se com o teu pai, e por isso, calculo que tenha tido uma mãe diferente. Elementar, minha cara McKinnon.
Porém, Noola, a Rapariga Alienígena, é uma pessoa de poucas palavras e tudo o que saiu foi «uh». Espertalhona, na verdade. Por que é que isto acontecia sempre quando estava perto de rapazes de que gostava?
- A minha mãe morreu antes de eu a conhecer. Tinha eu seis meses – explicou o Tony, aproximando-se e colocando-me a mão no ombro. – Na realidade, sou órfão. Um príncipe órfão que precisa de amor e afeição.
- Uhaiuh – gaguejei, esperando que, por algum acaso do destino, o Tony fosse fluente em zoganês.
Conseguia ver a Lucy lançar-me um olhar estranho e depois dirigir ao Tony um olhar sinistro. Hummm? Algo se passa ali, acho eu. Tenho de perguntar depois.
O Tony foi até ao frigorífico e abriu a porta. – Que há para comer?
Tirou uma tarte de maçã já começada, pô-la no balcão do pequeno-almoço e cortou para si uma enorme fatia.
- Tarte de maçã ao pequeno-almoço? – estranhou a Iz. – Ui. Que nojo.
Ele virou-se e sorriu-lhe. – Preferias que eu fizesse outra coisa com ela?
- Como seja? – perguntou a Iz.
- Viste o filme American Pie. A Primeira Vez?
- Sim – respondeu a Izzie, fazendo uma careta. Ui, que nojo a dobrar.
- De que estão a falar? – perguntei.
A Marlene olhou para o Tony, enfastiada, e suspirou. – Desculpa o meu repugnante irmão, Lily. No Filme American Pie. A Primeira Vez, um rapaz pergunta como é fazer sexo. O colega dele diz que é como meter o coisinho numa tarte de maçã quente.
Corei violentamente enquanto o Tony me observava de perto para ver a minha reacção.
- Parece que um tipo na Austrália experimentou – acrescentou a Lucy, descendo do seu banco no balcão do pequeno-almoço e voltando a encher a chaleira. – O James leu isso no jornal. Esse tipo não esperou que a tarte arrefecesse quando saiu do forno. Foi levado ao hospital da área para tratar as queimaduras.
- Uuuuiii – gritou o Tony, pondo as mãos nas virilhas enquanto nós desatávamos a rir. – Como é que ele terá explicado isso à enfermeira de serviço?
A Lucy olhou para a tarte de maçã e vi um brilho maldoso aparecer no seu olhar. – Gostarias que aquecesse isto para ti, Tony? – perguntou docemente. – Podia pô-la no micro-ondas. No máximo?
O Tony aproximou-se dela e pôs o braço à sua volta. – E como está o amor da minha vida?
- Não sei. Como está? – retorquiu a Lucy enquanto tirava o braço dele da sua cintura.
- Sabes que a verdade é que gostas de mim – afirmou o Tony.
A Lucy começou a sair da cozinha. – Sim. Pois. É uma tortura não te pôr as mãos. Nem pensar.
- Aquela rapariga… - suspirou o Tony, observando-a enquanto ela saía. – Então, o que vão fazer todas hoje?
- Uma transformação – respondeu a Marlene.
- Quem é a vítima desta vez?
A Marlene olhou para mim. Eu olhei para o chão.
O Tony levantou-se e começou a dançar à minha frente. - «Don’t go changing, tryin’ to please me…» (Tradução: «Não mudes, para tentar agradar-me…»)
- Vai ter com a mãe, Tony – sugeriu a Marlene. – É altura de tomares os teus medicamentos.



- Então, que era aquilo? – perguntei à Lucy. Estávamos as quatros sentadas no autocarro de minha casa, ao fim da manhã. – Sabes, o Tony?
Lucy encolheu os ombros. – Andámos juntos. Depois acabámos. Depois voltámos a andar juntos. Não sei onde estamos agora.
- Em Muswell Hill – gracejou a Marlene enquanto o autocarro subia a Broadway passando pelo Marks & Spencer.
- Ele adora-te – disse a Izzie.
- Isso é uma parte do problema – observou a Lucy. – Vêem, quando estamos a dar-nos optimamente, ele começa outra vez… - Acariciou o ar com as mãos. – Com as mãos vagabundas. Ainda não estou pronta para tudo isso. Quero que seja especial quando for mais longe com um rapaz. Não quero fazê-lo por me sentir pressionada, pois, se o não fizer, ele larga-me por alguém que se entregue com mais facilidade. Sabem?
Assenti. Não, não sabia. Nem sequer fora ainda beijada.
- E viram como ele é – acrescentou a Lucy. – Pôs-se logo a namoriscar contigo…
- Oh, eu nunca… - comecei. – Eu nunca… quero dizer, ele é giríssimo, não se pode negar, mas…
- Oh, não te preocupes, Lily, ele é assim com todas as raparigas. Essa é outra razão por que não cedo às vagabundas. Nunca saberia se podia confiar nele.
- Bem, não tens razão para te preocupar comigo. Viste como eu fiquei. É sempre o mesmo quando há rapazes decentes perto. Eu avisei-te, fico estúpida. Sabes aquele livro Os Homens são de Marte, as Mulheres são de Vénus? Bem, eu quero escrever um Os Homens são de Marte, as Mulheres são de Vénus, as Adolescentes são do Planeta Zog.
- Boa ideia – aplaudiu a Lucy.
- É de loucura – continuei -, porque quero ser escritora, mas, bem, contei-vos o meu problema para encontrar as palavras certas no momento certo. Por que razão surgem sempre depois, tipo, quando estou a adormecer ou assim?
- Isso é bom, significa que o teu subconsciente ficou a trabalhar nisso – comentou a Izzie. – É assim com as letras das minhas canções. Tem de se pensar nas palavras. Brincar com elas até acertar. Deixar que elas venham até nós por vezes. Pode acontecer a meio da noite. Diria que é o sinal de que virás a ser uma escritora.
- E se fores do Planeta Zog – disse a Lucy – podes sempre escrever ficção científica.
Ri-me e bati-lhe no braço. – Gostava de ser mais como tu, Marlene. Gostava de encontrar respostas certeiras capazes de fazer calar qualquer pessoa.
- Nós gostávamos que ela fosse mais como tu – disse a Lucy com um sorriso aberto. – Que pensasse antes de falar.
- Arranjo sarilhos – observou a Marlene. – Por vezes.




- Então, finalmente – disse a Lucy quando chegamos ao nosso portão. – Vamos conhecer o homem do momento.
- Quem? O Sirius? – perguntei, olhando de relance para a janela do seu quarto para verificar se ele nos vira. – Regra geral, sai aos sábados de manhã.
- Não, tonta. Não é o Sirius – esclareceu a Lucy, aprontando para a janela do rés-do-chão junto à nossa porta da frente onde um focinho peludo espreitava. – É o Mojo.
Ri-me enquanto abria a porta e quase fui atirada ao chão quando ele pulou para me cumprimentar.
- Só estive fora uma noite – disse eu enquanto ele me lambia a cara e corria em torno das raparigas, farejando-as e rolando depois no chão, com a cauda a abanar loucamente.
Fizeram-lhe uma grande festa e subimos todas para o meu quarto.
- Que jardim fantástico – elogiou a Marlene, olhando pela janela. – É enorme e, ena, uma cama de rede. Que fixe. Mas tens visitas. No pátio. Os teus avós estão cá.
Fui olhar.
- Hã, não – esclareci, recuando. – São os meus pais.
A Marlene ficou para morrer.
- A mãe teve-me tarde, quando já passava dos quarentas.
- Oh, très Cherie Blair – comentou a Izzie, dando uma olhadela.
- Não – emendou a Marlene. – Très Jerry Hall. Muito mais elegante. Agora, vamos ver o teu guarda-roupa.
E foi tudo. Sem nenhum problema. Très Jerry Hall e mostra-nos as tuas roupas. Não precisava de me ter preocupado.
- Espero não te ter ofendido – disse a Marlene enquanto segurava umas calças largas de fato de treino e as colocava no monte das rejeitadas. – Sabes, por chamar-lhes teus avós.
- Não há problema. Eu sei que são velhos. De facto, chamo-lhes os Enrugados.
- Alcunhei o meu padrasto de O Inquilino quando ele se mudou lá para casa – confessou a Iz, deizando-se cair na cama junto do Mojo. – Não conseguia relacionar-me com ele de outra forma, embora agora nos demos melhor. Mas a ideia de que ele fizesse sexo com a minha mãe, sabes, ui…
- Ah! – exclamou a Lucy. – Acham que os vossos pais têm problemas? Os meus batem-nos aos pontos. Por que não hão-de ser normais em vez de hippies malucos? São tão embaraçosos, por vezes.
- O meu irmão é hippie. Sabes, aquele que está no estrangeiro. Podia apresentá-lo aos teus pais quando ele voltar.
- Sim – concordou a Lucy. – Podiam fazer uma festa com rebentos de soja ou assim e falar de sapatos vegan.
- Sapatos vegan? – perguntei.
- De plástico. Nada de couro. O pai vende-os na loja.
- Acho que os teus pais são óptimos – comentou a Izzie. – Gosto deles.
- Bem, isso é porque tu és uma pessoa muito estranha – replicou a Lucy.
A Izzie retaliou, atirando-lhe uma almofada.
Não querendo ficar de fora, a Marlene agarrou uma das minhas almofadas e bateu-lhes na cabeça. – Oh, portem-se bem – ralhou na sua melhor imitação do actor Mike Myer.
Ambas apanharam almofadas e começaram a bater-lhe.
Se não as podes vencer, junta-te a elas, pensei, enquanto agarrava numa segunda almofada.
Foi de gritos. Até o Mojo participou, saltando para cima de quem podia e ladrando o mais possível.
Cinco minutos depois, a Lucy estava no chão de cara voltada para baixo com a Izzie sentada nas suas costas a fazer-lhe cócegas debaixo dos braços. – Pede desculpa. Diz que sou a pessoa mais fantástica do mundo, não, do universo.
- Nunca – gritou a Lucy para o tapete.
Enquanto elas lutavam no chão, a Marlene e eu usávamos a cama como trampolim.
- Sou Xena, a Princesa Guerreira – gritou a Marlene enquanto pulava e me batia na cabeça com uma almofada.
- E eu sou Buff, a Caçadora de Vampiros – berrei enquanto lhe dava uma pancada hábil nos joelhos. – Morre, patética imbecil.
Naquele preciso momento, a porta do quarto abriu-se.
- Que diabo de barulheira é esta? – gritou o pai por cima da confusão. – Parece que estão a matar alguém.
Ficámos imóveis como se estivéssemos a jogar às estátuas.
O pai estava claramente na fase de Pai Aterrador e rezei para que ele não fizesse uma cena.
- Não és um pouco crescida para estes disparates? – perguntou.
A Marlene e eu saímos da cama e a Lucy e a Izzie levantaram-se do chão. Ficámos em linha, com um ar envergonhado e sem saber o que fazer a seguir. A Lucy olhava para o chão, a Izzie sorria para o pai como uma idiota e a Marlene observava as unhas, tentando fingir que não estava ali.
Depois, reparei que os ombros da Lucy começaram a subir e a descer num riso silencioso. Isto contagiou-me. Seguiu-se Izzie e, por fim, a Marlene, e explodimos todas num ataque de riso.
O pai olhou para o céu, exasperado. – Quinze anos, Lily. Não é altura de te começares a comportar como uma mulherzinha?
Assenti vigorosamente, mas as lágrimas rolavam-me pela cara.
- Vou para o meu clube para ter um pouco de paz – concluiu o pai, saindo e batendo com a porta.
- Oh, oh – disse eu, começando aos risinhos. – Iz, Lucy, Marlene, este é o meu pai. Ó meu Deus…
- Desculpa, desculpa – pediu a Marlene. A seguir, pegou num dos meus soutiens de uma pilha de roupa para engomar que estava em cima da escrevaninha e colocou-o por cima da T-shirt.
- Acho que temos de trabalhar a parte do requintadas e bem-comportadas, heim? – sugeriu ela, espetando o peito.
Assenti. – Aprumadas e tudo isso – acrescentei, pegando num par de cuecas da pilha e pondo-as na cabeça.
- E muto, muto maduras – reforçou a Lucy com uma vozinha de menina enquanto saltava para a minha cama e pulava o mais alto que podia.



De: Hannah
Para: Lily
Data: 22 de Junho
Assunto: Brasa de Cape Town
Mambo bandana baby. Tenho andado muito ocupada. Churrasco fantástico ontem à noite e tenho novidaaades. Conheci um rapaz. Penso seriamente que possa ser o Tal. Talvez tenha de te telefonar para darmos à língua. Ele é Divinal de Cair Para o Lado. Chama-se Remus. Comemos lindamente e falámos muito.
H X
Ps: Remus (desmaia desmaia) tem um título de livro para ti.
Fantasias Românticas de Everly Night [Toda a noite] Hihi. Ão a dobrar.



De: Hannah
Para: Lily
Data: 22 de Junho
Assunto: Pai Aterrador
Onde estás? Telefonei e apanhei o Pai Aterrador que me disse que estavas a passar a noite em casa de uma amiga. Depois, interrogou-se sobre se os meus pais sabiam que eu estava a telefonar. Não me atrevo a telefonar outra vez. Estende o teu sagrado dedo e manda-me um e-mail LOOOGO que chegues.
Muuuuuuuiiiiito para te contar.
Hx




De: Hannah
Para: Lily
Data: 18 de Junho
Assunto: Alerta, aleta. Perdi Lily Evans.
Está bem. Isto não tem graça mais. Où est tu? Où où Où?
Hx



De: Paul
Para: Lily
Data: 25 de Junho
Assunto: férias
Olá, irmãzinha. Espero que tudo corra bem e que o Pai Aterrador não esteja a tornar a vida muito difícil. A vida aqui é realmente maravilhosa. Estive um dia com um homem santo, espantoso, pois está aqui na Índia, mas, na verdade, é de Kilburn. Estão a acontecer muitas coisas com o meu terceiro olho. Além disso, ele voltou a dar energias aos meus chacras. Fiz uma sessão de meditação de dois dias com o homem santo. Grupo simpático. Correu tudo bem. Paisagens e pôr do Sol de conto de fadas. Pessoas amáveis, mas Saskia apanhou disenteria amébica.
Goza a vida. Mantém-te fiel.
Paul



De: Lily
Para: Hannah
Data: 23 de Junho
Assunto: Noite de sexta-feira
Olá, H
Contente por teres encontrado um rapaz. Remus. Quero pormenores. Altura? Peso? Já se beijaram? Nível do beijo? Classificação até 10 no beijo? Etc.
Passei uma noite fantástica com a Marlene, a Izzie e a Lucy. O irmão da Marlene é divinal, mas já foi arrematado pela Lucy. Mais ou menos. Aparentemente tem mãos vagabundas, o que a Marlene diz ser uma doença de que muitos rapazes do Norte de Londres sofrem. Vai fazer-me uma transformação para a revista. O tipo de coisa ante/depois. Vieram todas ver o meu guarda-roupa mas não conseguiram encontrar nada. Quelle surpresa. Oh, e a mãe comprou-me um vestido infernal. A Lucy disse que eu tinha de ser honesta com a minha mãe, por isso assim fiz e ela deu-me o recibo para eu poder trocar. Graças a Deus. Depois de percorrermos o meu guarda-roupa, fomos para o jardim, porque estamos a ter uma onda de calor. Foi agradável e descontraído, pois o pai tinha ido ao clube para ter UM POUCO MAIS DE PAZ. A Marlene deitou-se na rede sob as cerejeiras. O Sirius veio a correr logo que a viu da janela do seu quarto. Saltou a vedação trazendo uma flor para a impressionar, mas pregou-lhe um susto de morte e ela caiu da rede. Então, o Mojo saltou para cima da Marlene. Foi muito engraçado. O Sirius estava encantado por ela, todo babado com grandes olhos bovinos. Senti-me um pouco ciumenta, embora saiba que a Marlene tem um namorado e me tivesse dito depois que o Sirius não era o seu tipo. Mesmo assim, gostava que um rapaz estivesse encantado comigo. Acho que devo ser a única rapariga da nossa turma que nunca foi beijada. Talvez nunca venha a ter um rapaz. Talvez não seja do tipo que os rapazes gostam.
Lily



De: Hannah
Para: Lily
Data: 23 de Junho
Assunto: às vezes só dizes asneiras
Lily
Não és a única rapariga do 9º ano que nunca foi beijada. Sei que a Joanne Richards e a Mo Harrison também não foram e, a não ser que a Mo perca o mau hálito, nunca será.
Remus. Altura – 1,80m pelo menos. Louro. Corpo de um deus. Já nos beijamos. Nível – 3. Está bem, 4. Bem, ele é um deus. Classificação até 10 no beijo? 9. Mas a prática leva à perfeição.
Acho que é óptimo essas raparigas fazerem-te um transformação. És giríssima, mas não te sabes fazer valer. Sempre disse isso. Gosto do que dizes sobre a Marlene, a Iz e a Lucy e penso muitas vezes que, se não tivesse sido tua amiga, gostaria ter sido amiga delas.
Adeus, por agora
Hannah. Deusa sul-africana do amooor
Livros: Ainda estás a fazer isto?
Corre para o Lavabo de Willie Makeit [«Será que consegue?»]

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