O Funeral
Sem dizer nada, Hermione puxou Rony pelo braço e os dois se afastaram.
- Hermione, eu quero saber o que ele vai dizer à minha irmã – começava o ruivo, contrariado.
- Deixa eles conversarem, Rony – disse ela com um olhar que ele não se atreveu a contestar. E Hermione arrastou um Rony relutante para longe de Harry e Gina.
Harry estudou a bonita garota parada à sua frente. Gina sustentava o olhar dele sem vacilar.
- Olha, Gina, eu vou entender se você estiver me odiando agora, mas eu preciso te dizer que...
As palavras morreram no instante em que os lábios da ruiva tocaram os dele. Foi um beijo suave e doce, apenas para que ele soubesse que ela não o odiava, pelo contrário, agora o amava mais do que nunca.
- Eu te amo, Gina.
- Também te amo, Harry. Eu jamais poderia te odiar, mesmo que eu quisesse – ela o abraçou forte, como se fosse a última vez que poderia fazer aquilo. – Sabe, quando pensei que você estava morto, eu juro que quis morrer, porque eu não quero viver se não for com você.
- Não fala isso, Gina.
- Mas é a verdade. Tudo que aconteceu foi horrível e é difícil pra todos nós, mas vamos superar. E então contaremos a todos sobre você e eu e eles ficarão felizes por nós.
- Eu não tenho tanta certeza, na verdade acho que o Rony vai querer me matar! - disse Harry, rindo pela primeira vez no que lhe pareceu séculos.
- Mas você vai enfrentá-lo por mim, não vai? – perguntou ela, rindo também.
- Ah vou, só espero que ele não me deixe muito machucado.
Os dois riram e se abraçaram novamente. Como era bom saber que Gina continuava ao seu lado e como admirava a força dela. Sentia que com ela e por ela, ele poderia fazer qualquer coisa.
- Agora é melhor a gente ir andando – disse ela, se desvencilhando dele. – Já devem estar estranhando a demora.
Quando chegaram às margens do lago, ele sentiu como se tivesse sido despertado de um sonho, sonho esse do qual ele não queria acordar. A realidade era triste demais.
Gina foi ao encontro dos pais e Harry sentou-se ao lado de Rony. Ele viu o mesmo bruxo que havia realizado o funeral de Dumbledore em frente as fileiras de cadeiras brancas dispostas no jardim. Viu McGonagall, Sprout, Flitwick e Slughorn ocupando as primeiras cadeiras ao lado do Sr. e da Sra. Weasley. Hagrid estava a um canto, sentado em uma cadeira conjurada especialmente para ele e enxugando as lágrimas em um lenço enorme, que mais parecia um lençol. Harry sentiu que lágrimas quentes molhavam seu rosto. Hermione soluçava abraçada ao peito de Rony, lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto dele enquanto suas mãos acariciavam os cabelos dela.
Após ouvirem as palavras do bruxo que realizava a cerimônia, os corpos foram colocados em túmulos ao lado do túmulo de Dumbledore, pois fora decidido que agora haveria um cemitério nos terrenos de Hogwarts e ali descansariam aqueles que lutaram bravamente por um mundo melhor.
Depois da cerimônia todos voltaram para A Toca, e ainda que Harry tenha tentado por vários dias convencer a Sra. Weasley de que ele não queria dar trabalho e de que poderia se virar perfeitamente bem sozinho, ela não permitiu que ele fosse embora.
- Eu te disse que ela iria querer que você ficasse – disse Rony, sentado em sua cama.
- É, mas eu estou feliz por estar aqui – disse Harry, sentado na caminha de armar diante do amigo. – Parece que pela primeira vez eu tenho uma família de verdade, já que eu não lembro como era com os meus pais.
- E você tem – disse Rony, olhando pela janela. – Acha que ela vai ficar aqui?
- Ela quem? – perguntou Harry, surpreso com a repentina mudança de assunto.
- Mione. Você acha que ela vai querer ficar também?
Harry deu de ombros.
- Não sei, Rony. Ela tem os pais dela, acho que vai querer ficar com eles depois de tanto tempo. Se fosse eu iria querer.
- É, tem razão – Rony olhava pela janela sonhadoramente, de um jeito que lembrava muito a Harry, Luna Lovegood.
- É impressão minha ou você quer que ela fique?
- Eu? – Rony voltou a encarar Harry. – Nãaaa, só acho que seria mais divertido se ficássemos os três juntos, sabe, como em Hogwarts.
- Ah, sei – disse Harry, rindo da cara do amigo.
- Qual é a graça?
- Rony, vocês já conversaram sobre o que aconteceu na Sala Precisa?
- Ah, é que eu... Ainda não tivemos oportunidade – disse Rony, examinando o teto atentamente.
- Mas faz meses que estamos aqui, você já teve oportunidades de sobra!
- Não é assim, não dá pra dizer na frente de todo o mundo e depois, cara... Não sei não, e se ela me der um fora?
Rony parecia realmente preocupado. Se não fosse por isso, Harry teria começado a rir da cara dele, pois achou que aquela era a pergunta mais sem fundamento que já ouvira na vida. Em vez disso, disparou:
- Como é que ela vai te dar um fora, se foi ela quem te beijou? Olha, Rony, você já devia ter tomado uma atitude há séculos, tem anos que eu escuto você reclamar toda vez que alguém chega perto da Mione. Escuta, cara, ela já te esperou até agora, mas não vai te esperar a vida toda.
Rony pareceu ficar sem ação por um momento, então disse:
- É, eu sei, você tem razão.
- Que bom que nós concordamos – disse Harry, levantando-se. – Eu vou lá pra fora, vê se pensa nisso.
Harry saiu do quarto de Rony e foi para o jardim, certo de que tinha convencido o amigo a tomar uma atitude, pois há tempos que Rony vinha tendo acessos de cavalheirismo com Hermione, mas nunca passava disso. Já era hora de resolver aquela situação.
Quando Harry chegou ao jardim encontrou Gina e Hermione conversando animadamente. Fazia um lindo dia, o céu azul brilhando sem nuvens.
- Oi, Harry – disse a ruiva, beijando-o rapidamente.
Ele olhou para Hermione, apreensivo.
- Não se preocupe, eu não posso esconder nada da minha melhor amiga – disse Gina.
- Pena que eu não possa dizer o mesmo – disse Harry.
- E aí, quando vai contar a ele? – perguntou Hermione.
- Eu estive pensando, acho que no próximo 31 de fevereiro.
- Mas, Harry, você vai ter que contar pra ele algum dia, assim como pra toda a família.
- Eu tive uma idéia! Sabe quem pode nos ajudar, Harry? – disse Gina, olhando para Hermione.
- Ah, não... Não vão querer que eu conte a ele, vão? – perguntou esperançosa, embora já soubesse a resposta.
- Hum hum – confirmou Gina.
- Harry - apelou Hermione.
- Se alguém pode convencer aquele cabeça dura, é você, Hermione.
- Ok, eu vou lá então. Que Merlim me ajude!
- Quem sabe assim eles não se entendem? – disse Gina, assim que Hermione desapareceu pela porta.
- Eu espero! – disse Harry, beijando-a.
N. da A.
Eu achei que escrever sobre o funeral era realmente importante, mas resolvi passar por essa parte rapidamente. Bom, agora chega de tragédia, pelo menos por enquanto. Prometo boas surpresas nos próximos capítulos.
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