As sósias e o beijo



9.As sósias e o beijo


Dino Thomas tinha razão. A briga das garotas foi comentada por todos os alunos e, mais do que nunca, Grifinória e Sonserina se odiaram com mais fer-vor. Hallie era escoltada por todo os lugares e Snape se tornou mais detestá-vel, o que para Harry, parecia impossível de acontecer.
- Hoje vocês irão preparar a poção da Cinderela, que tem o poder mágico de embelezar o ser que a toma até a última badalada da meia-noite. O modo de preparo está no quadro. Vamos, comecem logo! Lhes dou trinta minutos para prepará-la!
- Poxa, em trinta minutos, eu termino de colocar os ingredientes no caldeirão- cochichou Rony para Harry.
- Era de se esperar que ele ficasse desse jeito- retornou Harry- Ele acredita que houve indulgência por conta de Dumbledore.
Snape caminhava por entre os alunos, elogiando os sonserinos e ralhando os grifinórios.
- Neville, você tem certeza de que isso é uma poção?- perguntou o professor ao garoto- Parece mais uma sopa!- disse Snape, para alegria dos alunos da Sonse-rina.
- Ele se diverte com a desgraça dos outros!- falou Rony- Que saco, lá vem ele pra cá.
O professor agora vinha em direção ao caldeirão de Rony. Parou de-fronte os garotos e sorriu em seguida.
- Vejo que a sua poção ficou mais vermelha que os seus cabelos, Weasley- ca-çoou o professor e os alunos sonserinos gargalhavam com gosto.
- E a sua, Potter, parece até que é feita de lodo!- alguns sonserinos choravam de tanto rir.
- Tudo bem, coloquem suas poções, identifique-as e botem em cima da mesa.
Harry e os demais fizeram o que o professor mandou e Rony pôde perce-ber que a poção de Hermione foi a única que ficou rosa-bebê. Nenhum aluno da Sonserina conseguiu preparar perfeitamente o líquido.
Ao saírem da sala, Harry contou a amiga que ela fora a única que havia conseguido completar a tarefa perfeitamente.
- Sério! Imaginei que a Liz Kiona também tivesse conseguido. Ela é uma sonse-rina bastante inteligente.
- Mas nunca vai superar você, Mione...
- Ah, Rony...
Harry, que havia sido mandado para escanteio pelos amigos, avistou Hallie no mural de avisos. Correu até a garota, que estava cercada por vários alunos.
- Tudo bem, galera, é o Harry!- falou John.
- Dispersar!- ordenou Megan.
E como se fosse um enorme pelotão, os alunos saíram em várias direções. Hallie estava de frente para Harry, o corte estava quase desaparecendo e, es-tava bela como sempre.
- Ah, oi Harry!
- Oi, Hallie, você está melhor?- perguntou o garoto.
- Sim, eu estou. E aí, pronto para sexta-feira? Faltam só dois dias...
- Para o quê?
- Para o Baile de Inverno, seu esquecido!- falou Hallie sorrindo.
- Ah, é...
- Por que essa falta de alegria? Mudou de idéia?- perguntou a garota.
- Não, não... é que o Snape agora está pegando pesado com a gente...
- Ah, se fosse só com vocês... precisa ver o jeito como ele me trata!
- E o que ele faz?- indagou Harry, interessado.
- Fica lançando várias piadinhas e ironias, para ver se eu caio na dele e me des-controlo, sem falar nas indiretas...
- O melhor que você tem a fazer, se tratando do Snape, é não ligar e fingir que nem é com você.
- É o que eu vivo fazendo...
- Eh... Hallie, você vai dormir que horas hoje?- perguntou Harry.
- Ah, não sei. Tenho de cumprir a minha detenção... por quê?
- Bom,... é que... eu preciso ter uma conversa com você- falou Harry, sério.
- Ah, tudo bem.- disse Hallie- Que tal às dez horas, quando o salão comunal começa a esvaziar?
- Beleza! Então... até às dez horas!- despediu-se Harry.
- Até!
Harry saiu e foi procurar Rony e Hermione. Encontrou-os não muito lon-ge dali, conversando com o time de quadribol.
- Ah... aí vem ele!- falou Megan.
- Onde você foi?- perguntou Hermione.
- Estava... conversando com a ... Hallie...
Fez-se um silêncio estranho no grupo.
- Ah... bom, Minerva acabou de nos falar que já podemos começar os testes para artilheiro e que, de preferência, seja ainda nessa semana, pois na outra, o campo vai estar reservado para a Lufa-Lufa.- falou Alícia Spinnet, artilheira do time.
- Que tal... amanhã?- sugeriu Harry.
- Já?- indagou John.
- É. Sexta-feira, a escola vai estar muito ocupada, por causa do Baile...- expli-cou Harry.
- Ahn... tá bom. Eu vou falar com a Angelina para nós fazermos uns cartazes para o mural de avisos, anunciando o teste...- Alícia saiu em direção à sala do prof. Flitwick.
O sinal bateu e Harry e os amigos foram para a sala de aula, assistir o tempo de Transfiguração, ministrado pela profª. Minerva.
- Ai, ai... eu tô com uma fome...- resmungou Rony.
- Nossa Rony, ainda não tinha conhecido ninguém assim!- exclamou Hermione.
- Pois tenha o prazer!- brincou Harry.
- Silêncio!- a professora assustou os alunos- Hoje nós vamos fazer uma revisão, afinal de contas, os N.I.E.M.s, exames que vocês irão prestar, são no próximo ano. Agora,- a professora aumentou o tom da voz, fazendo calar os que ainda insistiam em conversar- a Srta. Patil irá distribuir a vocês, alguns relógios, que terão de ser transformados em ratinhos brancos.
- Ah, já pensaram se eu erro e, em vez de virar um ratinho, vira um chocolate branco?!- desejou Rony.
- Deixa de ser comilão!- ralhou Hermione, sorrindo.
Quando o sinal tocou, indicando o fim do tempo, os alunos foram até a caixa ao lado da mesa da professora deixar o seu trabalho. O “rato” de Rony estava coberto de números e seus bigodes eram dois ponteiros. O de Harry continuou sendo um relógio, mas criou pernas e um rabo. Já o de Hermione se transformou num lépido ratinho branco.
- É, temos de treinar mais um pouco. Até a próxima aula, classe!
Os alunos se encaminharam para a escada e avistaram Hallie sendo en-curralada por um grupo de sonserinas, comandada por Emília Bulstrode.
- Ahá, te peguei! Até que enfim, Hallie- Babaca- Potter!- bradou Emília, se aproximando de Hallie.
- Me deixa em paz, buldogue...- rosnou Hallie, empunhando a varinha.
Sem pensar muito, Harry cochichou algumas palavras no ouvido de Rony e se dirigiu às garotas.
- Profª. Minerva, professora...- chamou Harry.
- Sim, Sr. Potter- Rony imitou falsamente a voz da mulher, escondido atrás de Hermione, que disfarçava o riso.
- Ah, droga, lá vem aquela velha chata! Vamos!- gritou Emília, dando meia-volta em direção às masmorras.
Hermione se dobrava de tanto rir. Hallie, que os viu caminhando em sua direção, os aguardava curiosa.
- Cadê a profª. Minerva? Eu ouvi a voz dela e...- começou Hallie.
- Aqui está ela!- falou Harry rindo e se afastando para poder mostrar Rony.
- Harry, eu não estou entendendo. O que você está querendo dizer?- perguntou a garota.
- O Rony imitou com perfeição a voz da profª. McGonagall e, salvou sua pele.
- Ah... muito obrigado, Rony!- disse Hallie, se atirando no pescoço do garoto para um abraço.
Hermione ficou mais séria do que de costume, deixando Hallie assustada.
- Ai, caramba! Desculpa Hermione, desculpa mesmo! Eu... eu nem... sei como me... redimir com você... e...- falou Hallie rapidamente.
- Eu sei- começou Hermione, antes de abrir um largo sorriso- apartir de hoje, aperte as mãos.
- Ai, nossa! Pode deixar! Mas você me deu um bom susto, pensei que você fosse me estuporar!- falou Hallie.
Os quatro caíram na gargalhada. Chegando ao salão principal, sentaram um ao lado do outro. Essa foi a primeira vez que Hallie se sentou com eles. A garota ficou surpresa com a gulodice de Rony.
- Hermione, com todo o respeito mas,... o Rony é sempre assim?
- É...- respondeu Hermione, espetando o garfo num pedaço de carne.
- Não que eu esteja te criticando, Rony, mas você come muito!- brincou Hallie.
- Vejo que a Mione ganhou uma cúmplice para implicar com você, amigo.- disse Harry, sorrindo.
- É... tô ferrado...- grunhiu Rony, de boca cheia.
O jantar fora muito agradável. Rony ia abraçado à Hermione e Harry e Hallie se olhavam constrangidos.
- Sobramos...- disse Harry, sorrindo.
- É verdade...fazer o quê?- brincou Hallie.
Harry sentiu um desejo incontrolável de falar o que ele queria fazer, mas se segurou, pensando melhor. Chegando ao quadro da Mulher Gorda, a en-contraram se preparando para dormir.
- Oh! Vejo que o amor está no ar! Adoro ver casais apaixonados e... ué? Porque você não abraça a sua namorada, jovem?
Hallie e Harry coraram violentamente.
- Ela não é minha namor...- começou Harry, com vergonha.
- Ah, tudo bem, estão encabulados, né? Sendo assim, qual é a senha?
- Musashi.- falou Rony, contendo uma risada.
Os quatro entraram num salão comunal quieto. Aqui e ali, alunos conver-savam calmamente.
- Eh,... Hallie, eu preciso conversar com você. Pode ser agora?- perguntou Har-ry.
- Ah, sim...claro...
- Ok, Rony e eu vamos nos sentar naquele sofá. Tchau, Hallie- disse Hermione, estendendo a mão, fazendo a jovem sorrir.- e, que tal se você me chamasse de Mione?
- Certo... Mione- falou Hallie, apertando a mão do colega.
- Bom, então tchau pra vocês!- falou Rony, saindo com a namorado em direção ao canto do salão.
- Hallie... antes que eu comece, preciso pegar uma coisa. Me espera.- e Harry saiu correndo em direção ao seu dormitório.
Minutos depois, voltou com o álbum seguro nas mãos. Hallie estava es-crevendo algo em um pergaminho.
- Hallie, eu tenho uma coisa muito séria para te perguntar.
Hallie se assustou e guardou o pergaminho na mochila. A garota voltou sua atenção para o garoto.
- Eu não iria conseguir terminar isso mesmo, depois eu continuo. Mas, o que você quer que eu responda?
O garoto aspirou profundamente, analisando qual seria a melhor maneira de perguntar o que queria.
- Hallie... eh... você é minha parente?
- Ahn? Ah... não, Harry.- a garota se assustou com aquela pergunta.- Por quê?
- Eu vou lhe mostrar...- Harry abriu o álbum e mostrou uma fotografia da sua mãe. Para seu espanto, começaram a rolar algumas lágrimas pelo rosto da garo-ta.
- Hallie... você... você está... chorando!- falou Harry, penalizado.
A garota começou a soluçar baixinho.
- Des... desculpa, Har... Harry- a jovem levantou o rosto e encarou Harry.
Aqueles belos olhos verdes cobertos de lágrimas fizeram Harry derreter-se de vez por Hallie. Mas ele não poderia e nem iria se aproveitar daquela situação.
- Não, tudo bem... mas você consegue falar?
- Ah, sim... é que... ao ver essa foto... eu me lembro da minha mãe...- e mais lágrimas rolaram.
Depois de um minuto em silêncio, Harry falou.
- Se você não quiser falar...
- Não... eu preciso falar...
- Tudo bem. Se você puder me explicar...- falou Harry.
- Ah, sim. Mas... eu também preciso te mostrar uma coisa.- a jovem levantou e foi até o dormitório. Não demorou muito, voltou trazendo uma foto.
- Harry, olhe bem para essa foto e me responda: Qual delas é a sua mãe?
O garoto ficou um pouco confuso e pegou a foto. Seu queixo caiu. Na fotografia, duas jovens sorridentes estavam abraçadas. Os cabelos negros e os olhos verdes contrastavam belamente com a claridade do sol.
- É... eu nem sei o que dizer...- balbuciou Harry.
- Apenas responda a pergunta.
- Tudo bem... a da... esquerda- chutou Harry.
- Ah,... você errou... a sua mãe... é a da direita- falou Hallie, que com um toque de varinha fez surgir uma inicial laranja no peito de cada uma.
- O L de Lílian e o M e de Mirian. Eu ocultei as letras para que você adivinhasse.
Harry pôde perceber quando Rony e Hermione foram se deitar. O salão estava deserto, a não ser por eles dois.
- Mas como é que elas podem ter sido tão iguais, mesmo não sendo irmãs?- indagou Harry.
- Nossas mães foram sósias. Você acredita que as duas eram muito confundi-das?- disse Hallie.
- Também pudera!
Os dois ficaram conversando por muito tempo, até que Hallie começou a piscar os olhos lentamente.
- Chega, Hallie, você está quase dormindo!
- Não estou não!- respondeu a garota sorrindo.
- Ah, está sim. Vamos, eu te ajudo.
Harry se levantou e estendeu a mão para Hallie, que aceitou. O impulso que ele deu foi tão forte, que acabou fazendo a garota voar para cima de Harry.
- Ah, desculpa... não foi de propósito...- disse Harry, sem jeito.
- Só te desculpo se você me desculpar.- falou a garota sorrindo.
- Tudo bem.
Os dois caminharam até o pé da escada que separava os dormitórios. Harry reparou melhor no rosto da garota e a chamou.
- Hallie... a sua cicatriz...
- É... ela sumiu...
No entanto, ao virar para falar com Harry, a garota ficou muito próxima do rosto do jovem. Devido a essa proximidade, Harry pôde notar que a jovem tinha um sinal no lábio superior esquerdo, que a deixava mais linda e irresistível ainda.
A curta distância entre seus rostos foi capaz de lhe deixar ainda mais fascinada por ele. Desde antes de se conhecerem, já escondia a paixão secreta que sentia. Nesses últimos dias, passara tanto tempo ao lado dele que já estava sendo difícil se segurar.
Involuntariamente, a mão de Harry deslizou até o local da cicatriz, es-condendo um tímido carinho. Hallie, que já estava se deixando levar, pareceu acordar.
- Ah,... er... até... amanhã, Harry...- a jovem estava corando.
- Ah, sim... até...- Harry estava corando também.
Num átimo de loucura e sabendo que oportunidade igual não iria se repetir tão facilmente, Hallie se aproximou mais um pouco do rosto de Harry e lhe tascou um beijo na bochecha, fazendo o garoto estremecer. A garota subiu correndo as escadas e entrou no quarto, deixando para trás um Harry confuso e feliz.
- Será?- a vozinha de dentro da cabeça de Harry falou contente.

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