A leoa x a cobra
8. A leoa x a cobra
Depois de assistir a todas as aulas do dia, Harry e os amigos iam caminhando em direção ao salão comunal, depois de assistir um tempo de Feitiços. No meio do trajeto, presenciaram uma cena nada agradável. Emília Bulstrode, da Sonserina, esticou a perna à frente de Hallie, que não viu e caiu pesadamente no chão, os livros jogados para o lado e massageando dolorosamente os joelhos.
- Oh, vejam quem eu peguei dessa vez! A Hallie-Nojenta- Potter!- disse Emília para o montante de alunos sonserinos que rodeavam a cena.
- Ah, olha quem fala!- retorquiu Hallie, se levantando do chão- A capacho do Malfoy, Emília-Cachorrinho-Bulstrode!
Harry e os outros alunos que assistiam à cena caíram na gargalhada. Ao ouvir aquilo, Emília massageou os nós dos dedos maquinalmente.
- Quem você pensa que é para falar nesse tom comigo?- perguntou Emília- Só porque você se parece com o babaca do Potter, não quer dizer que também seja a queridinha do Dumbledore!
- Há, você ficou ofendida, não foi?- perguntou Hallie, com um sorrisinho irônico- Agora, vê se me erra, garota. Tenho mais o que fazer do que fazer, em vez de ficar batendo boca com armários ambulantes e sem um pingo de Q.I.!
Aquilo fora a gota d’água para Emília. A garota avançou sobre Hallie, enquanto essa juntava os materiais e saía embora. Emília montou em cima de Hallie e começou a desferir um série de socos e tapas. Hallie conseguiu sair de baixo da garota e rastejou até sua bolsa. Enquanto Emília ia atrás dela, Hallie pegou um pesado exemplar de Transfiguração e arremessou-o contra Emília. O livro atingiu a jovem bem na testa, fazendo-a tombar no chão.
Harry, que viu Hallie sangrar, foi correndo atrás da profª. McGonnagall. Por sorte a encontrou saindo da sala dos professores, que não era muito longe dali. A professora, espantada com o estado de Harry, achou que ele estivesse passando mal.
- O que houve, Harry? Parece que viu um manticore!
- Não é... nada disso... professora- falou Harry, arfando- Bulstrode... atacou Hallie...sangrando...corredor- concluiu Harry, nervoso.
- Vamos, me leve já para lá!
Harry e a professora saíram apressados em direção à confusão. Chegando lá, encontraram Emília encostada numa coluna com um galo enorme na testa e fios de cabelo presos nos dedos. Mas foi a aparência de Hallie que mais assustou a professora. A garota, amparada por Rony e Hermione, estava com um corte profundo no supercílio, que sangrava muito, deixando seu rosto e suas vestes tintas de sangue. Os livros estavam espalhados pelo chão e os joelhos, vermelhos. A professora analisou rapidamente a situação e disse:
- Srtas. Bulstrode e Mautner, me acompanhem até a minha sala. Sr. Finnigan, chame o prof. Snape...
- Acho que ouvi meu nome.
Snape estava atrás de Harry e, o som de sua voz assustou o garoto. Sua expressão era curiosa; um misto de alegria e displicência se passava pelo seu rosto. Aproximou-se de Hallie e falou:
- Aprontando de novo, não é mesmo, Srta. Mautner?
- Eu...não...fiz...nada!- disse Hallie, cerrando os dentes.
- Ah, não fez nada mesmo? Então me explique: como foi que a Srta. Bulstrode ganhou aquele galo na testa?
- Foi... em legítima...defesa...- grunhiu Hallie, morrendo de dor- Nada teria acontecido se ela não tivesse me atacado!
- Então está dizendo que foi você quem começou?- falou Snape, com um sorriso de satisfação no rosto.
- Pelo amor de Deus, prof. Snape!- exclamou a profª. McGonagall- Olhe o estado da Srta. Mautner! Será que ela simplesmente não atacou em sua defesa?
- Não sei, prof. McGonagall. A Srta. Mautner é muito parecida com Potter...
O som de seu nome fez Harry acordar de seus pensamentos. Snape estava atiçando Harry novamente. O garoto fechou a cara e encarou o olhar do professor.
- Isso não vem ao caso, prof. Snape. Devemos levar esta jovem à Ala Hospitalar e...
A profª. Minerva parou e olhou para trás. O prof. Snape também olhou, assim como os alunos ao redor.
Alvo Dumbledore caminhava calmamente por entre os alunos. A essa altura, todos os outros já sabiam da confusão.
- Estava eu, sentado à mesa para jantar, quando dei pela falta de dois professores e da maioria dos alunos da Grifinória e da Sonserina- falou Dumbledore tranqüilo. Resolvi investigar por conta própria e vejo que houve um desentendimento desnecessário aqui.
Hallie, ainda sangrando e com lágrimas nos olhos por conta da dor, baixou a cabeça ao contrário de Emília, que conservava um olhar de desdém.
- Receio- continuou Dumbledore- que as duas alunas queiram jantar. Mas antes- o diretor olhou de Minerva para Snape- vocês terão de me acompanhar até a sala da Profª. Minerva McGonagall. Podemos ir agora, Minerva?
- É claro, professor.
- Prof. Snape, o senhor também deve ir. E os demais- Dumbledore falou os alunos- vão para o salão principal jantar.
Todos começaram a caminhar, mas Harry continuou parado. Estava olhando para Hallie, que era amparada pela profª. McGonagall. A garota estava completamente descabelada. O elegante penteado foi desfeito e sua aparência estava horrível. Já Emília, se não fosse pelo galo, estava normal.
Rony chamou Harry e os três jovens saíram andando, no exato instante em que Dumbledore, Snape, Minerva e as duas garotas entravam na sala da professora. Harry e os amigos sentaram na mesa da Grifinória, ainda falando sobre o acontecido.
- Será que ela está bem?- perguntou Harry.
- Com certeza. Madame Pomfrey já curou cortes piores que aquele...
- Mas vocês viram a testa da Bulstrode?- comentou Rony - Nem eu teria uma mira melhor.
- É verdade- Harry sorriu - Emília também saiu perdendo nessa briga...
- Tomara que ela melhore até o Baile.- falou Hermione- Falta apenas uma semana.
- É... tomara.
Mas Harry não estava interessado no Baile, e sim em como Hallie estava. Os alunos terminaram o jantar e foram para o salão comunal. Algumas quintanistas estavam sentadas ao redor de um pergaminho e todas estavam muito pensativas. Hermione passou ao lado delas, olhou para o papel e saiu rindo baixinho. Ao sentar numa poltrona perto dos amigos, Rony perguntou:
- Mionezinha, o que te fez rir?
- Ah, Rony! Você nunca iria adivinhar!- falou a garota sorrindo
- O que é, Mione? Conta logo!- falou Harry curioso
- Ai, tá bom. Estão vendo aquela rodinha- Hermione apontou para as garotas- Elas são amigas da Hallie. E sabem o que elas estão escrevendo?
- Não?!- responderam Harry e Rony, ao mesmo tempo.
- “10 castigos suficientemente bons para Emília Bulstrode”.
- Sério?- falou Rony rindo.
- Sério. E vocês precisam ver o que elas escreveram lá. “Fazê-la engolir um litro da poção do perdido e deixá-la no meio da Floresta Proibida”...
- Que legal!
- E... será que ela vai dormir na Ala Hospitalar?- perguntou Harry.
- Eu acho que não...- falou Hermione- o corte foi pequeno, talvez ela volte hoje mesmo...
Mau terminou de falar, Hermione se virou para o quadro. Os meninos também. Na realidade, todos se viraram quando o retrato da Mulher Gorda abriu passagem e uma jovem de cabelos soltos e um curativo na sobrancelha apareceu sorridente.
Os alunos deram vivas e alguns garotos foram ajudá-la. Hallie Mautner estava perfeitamente bem e parecia mais alegre do que nunca. Quando a soltaram, Neville e Dino carregaram uma poltrona e Hallie se sentou nela, rodeada por todos os alunos.
- Vamos Hallie, conte tudo para nós. Estamos morrendo de curiosidade!- falou Gina.
- Bom, como sempre, quem começou foi a Bulstrode. Ela esticou a perna na minha frente, eu não vi e acabei caindo no chão. Me levantei e nós duas começamos a discutir. Aí ela disse que, não era porque eu me assemelhava a Harry, que eu também era a queridinha do diretor. Respondi que tinha coisa melhor para fazer do que ficar perdendo tempo com uma cérebro de ervilha. Ela ficou toda ofendida e se aproveitou quando eu virei de costas. Aquela buldogue nojenta...
- Bom, Hallie, aquela livrada não foi nada mal- falou Rony sorrindo e recebendo o apoio dos colegas.
- É verdade... obrigado, Rony. Ah! Obrigado a você e também a Hermione por terem me amparado. Eu estava zonza de dor por conta do corte.
- Não foi nada, Hallie...- falou Hermione.
- E... aproveitando a ocasião... alguém sabe que horas tem?- perguntou a garota.
- São 9 horas- falou Simas.
- Putz! Tenho de tomar um remédio. E ele não é nada bom- falou Hallie, mordendo os lábios.
Hallie abriu a bolsa e tirou um vidrinho com um líquido vermelho dentro. Quando tirou a tampa, o líquido fumegou um pouquinho. Colocou um pouquinho na tampa e tomou de um gole só.
O corte de Hallie começou a fumaçar. A garota tirou o curativo e fez um careta de dor. Harry conseguiu entender por quê.
O ferimento abria e fechava rapidamente. Uma fumaça vermelho-laranja se desprendia do corte. Depois de uns 2 minutos o golpe pareceu cicatrizado.
- Já ficou boa do corte?- perguntou Neville.
- Não, ainda não.- respondeu Hallie, recolocando o curativo- Madame Pomfrey me disse para fazer isso por mais duas noites e, aí sim, estarei nova em folha, sem cicatriz.
- Mas... conta aí, o que aconteceu na sala da Minerva?- perguntou John Straddinger, um quintanista de cabelos loiros, muito parecido com Draco.
- Nós entramos e Dumbledore nos mandou sentar. Perguntou a versão das duas sobre a confusão e, analisando bem a situação, deu uma detenção às duas.
Várias pessoas xingaram Dumbledore baixinho, mas se calaram quando Hallie recomeçou a falar.
- Nos disse que, quando um não quer, dois não brigam. E é verdade. Se eu não tivesse dado confiança pra ela, eu não estaria com a sobrancelha cortada...
- Mas isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde.- falou Megan Wood, prima de Olívio Wood, ex-capitão da Grifinória- Do jeito que aquela garota é...
- É verdade... mas, continuando... eu recebi a triste missão de escrever dois metros de pergaminho com a frase “Quando um não quer, dois não brigam”.
- E a Bulstrode?- perguntou Lilá Brown.
- Bom, além de limpar os banheiros da escola por duas semanas, ela também vai escrever essa frase em um rolo de quatro metros e meio.
- Pelo menos o castigo dela foi pior que o seu!- falou Parvati Patil.
- Receio que eu tenha de acabar com a coletiva da Srta. Mautner- a voz da profª. McGonagall assustou os alunos- Mas amanhã é dia de aula e não quero ninguém chegando atrasado!
Os alunos, ainda assustados com a aparição da professora, se dirigiram em direção aos dormitórios. Rony deu um beijinho discreto em Hermione e os dois amigos foram para o dormitório masculino.
Neville e Simas terminavam de vestir o pijama e Dino já estava deitado. Quando viram os garotos, Neville falou:
- Hoje foi um dia emocionante, hein?
- É, foi mesmo- concordou Dino- A briga da Hallie com a Buldogue vai ser assunto pro resto de fim de semana.
- E isso aí!- afirmou Rony.
- Cara, a Hallie é demais, não é não?- comentou Simas, sentando na cama- Só agora eu estou percebendo como ela é legal e... muito bonita também. Se ao menos eu tivesse coragem para chamar ela para o Baile de Inverno...
- Ela não iria aceitar- falou Harry sorrindo, deitando na cama.
- Por quê?- indagou Simas.
- Eu já convidei ela primeiro- respondeu Harry, sorrindo mais ainda.
- Poxa, Harry, fala sério!
- Eh, dormiu no ponto, amigo!- brincou Rony.
Os garotos se deitaram e Harry ficou olhando o dossel de sua cama. Será que Hallie era tão maravilhosa assim como Simas falava? Linda ela era- e ninguém poderia provar o contrário. Mas... isso não dava a ele o direito de ficar sonhando acordado com ela.
Mas alguma coisa estava acontecendo com Harry. Só se sentira daquele jeito uma vez e, não fora nada bom. Tinha medo de se magoar novamente e não queria que aquele sentimento angustiante tornasse a engolfá-lo.
Mas... e se dessa vez, acontecesse tudo certo? Afinal de contas, ela era mais nova que ele e lhe transmitia uma segurança que Cho nunca seria capaz de produzir...
- Aguarde os próximos capítulos, Harry...- falou uma voz sonolenta, de dentro da cabeça do garoto.
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