A decepção de Cho



10. A decepção de Cho


O dia amanheceu ensolarado. Harry e Rony acordaram ao mesmo tempo.
- E aí cara! Tentei ficar acordado até tarde, mas a Mione me arrastou!
- Ah, foi tudo bem. E... ela não é minha parente- falou Harry sorrindo.
- Por que tanta alegria? Tá interessado nela, né? Conta aí o que foi que aconteceu!
Harry deu um longo bocejo e contou tudo ao amigo: a foto, as lágrimas, a história, o encontrão, o carinho, o beijo... Enquanto se arrumavam, o garoto detalhou tudo. Quando terminou, eles estavam saindo do dormitório.
- Caracóles, ela te beijou?- perguntou Rony atônito.
- No rosto! E... foi muito bom- falou Harry, olhando pela janela.
- É amigo...- falou Rony, olhando para Harry- você acaba de descobrir a magia do amor!
Os dois gargalharam gostosamente e Hermione acabou aparecendo, atraída pela alegria dos amigos.
- O que aconteceu? Tanto humor antes de um tempo de aula é até estranho!
- O Harry ganhou um beijo da Hallie!- falou Rony.
- Sério?- a garota perguntou interessada.
- É, foi verdade, mas... foi no rosto, Rony- explicou Harry.
- Ah, se não tivesse sido...- brincou o amigo.
Os alunos passaram pelo buraco do quadro e se encaminharam para fora do castelo, rumo a aula de Herbologia.
- Vamos queridos, entrem!- falou a profª. Sprout entusiasmada.
A estufa n°4 estava muito bela. Várias flores coloridas e exuberantes enfei-tavam a lateral do lugar. Ao centro, haviam colocado uma mesa com várias plant-nhas verdes, azuis, lilases e vermelhas.
- Muito bem, alunos. Algum de vocês sabem que plantas são essas?
Rapidamente, duas mãos se ergueram no ar. Uma era a de Emiliano Boot e a outra, de Hermione. A professora apontou para o aluno da Lufa-Lufa.
- Masilos.
- Certíssimo! Cinco pontos para a Lufa-Lufa. Agora... alguém sabe para que servem os masilos?
Dessa vez, a mão de Hermione foi a única a se altear.
- Os masilos possuem antídotos para quatro tipos de males. Os masilos vermelhos curam os cortes; os azuis curam aqueles que foram submetidos a um sono profundo, os lilases são conhecidos por serem o ingrediente principal do Veritaserum, uma poderosa poção da verdade e os verdes desfazem o efeito do veneno de cobras e outros animais peçonhentos.
- Perfeito, Srta. Granger! Quinze pontos para a Grifinória. Agora, vocês vão se dividir em pares e cada dupla irá pegar um vasinho, extrair o antídoto da planta e depositá-lo em um vidro, identificando a planta. Podem começar!
Rony fez par com Hermione e Harry ficou com Luna. A garota nem reparava no jovem e não parava de lançar olhares furtivos a Rony.
- É...Luna, qual vamos pegar?- perguntou Harry.
- Ah, qualquer um- disse a jovem displicentemente.
- Vou pegar o vermelho...
- Tá...
Luna, que já era bonita, ficou ainda mais. Seus cabelos, presos em um coque, não tinham a mesma aparência de antigamente. Os olhos azuis, sempre alertas, estavam fixos em um jovem ruivo.
- Er... Harry, você sabe se o Rony ainda está namorando a Hermione?- perguntou Luna olhando para Harry.
- Ah, sim... eles estão sim. E Luna... sem querer forçar a barra, eu acho que você deveria esquecer o Rony...
- Ah, eu bem que tento, Harry. Muitos outros garotos bem mais bonitos que ele já pediram para ficar comigo, só que eu não aceitei... não sei o que acontece...- falou Luna, olhando para a planta.
Harry observou Luna tristemente. Sabia muito bem o que era se apaixonar por alguém e ter de esquecê-lo, querendo ou não.
Terminada a aula, Harry rotulou o seu frasco e entregou a professora, indo ao encontro dos amigos. Saindo da estufa, deram de cara com Draco Malfoy e seus comparsas indo assistir a aula de Trato das Criaturas Mágicas.
Esse ano começou bem, pensou Harry. Não precisavam mais assistir a mesma aula com os sonserinos. Os alunos da Lufa-Lufa lhes faziam companhia.
No fim da manhã, depois de quatro cansativos tempos de aula, os alunos fo-ram ao salão comunal deixar os seus materiais. Vários alunos da Grifinória estavam parados em frente ao quadro de avisos. Harry se aproximou e viu um cartaz muito colorido.
“Atenção alunos e a quem mais possa interessar: O diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Alvo Dumbledore, tem o prazer em lhes convidar para o II Baile de Inverno, que virá a se realizar nesta sexta-feira, ás 8:00 da noite, com a participação do trio musical ‘As Esquisitonas’, ‘Sundance Jones e sua picape mágica’ e a sensação do momento ‘Os Comensais do Rock’. Em tal ocasião, será escolhido o par mais harmonioso do baile...”
- Caraca, os Comensais do Rock vem para cá?- Harry ouviu um aluno do sétimo ano exclamar surpreso.
- Sundance Jones não é aquela que enfeitiçou todos para que dançassem para valer ano passado?- falou Megan Wood.
- Inverno é só no nome, pois estamos em plena primavera...- falou Hermione para os amigos, enquanto eles se afastavam da movimentação e saíam pelo buraco do quadro, em direção ao Salão Principal. No meio do caminho, Hallie se juntou a eles.
- Caramba, vocês já viram as atrações que vem para o Baile? Dumbledore deve ter gasto um nota preta para contratar todas essas bandas!- exclamou Hallie animada.
- Eu não estou nem aí para essas bandas. Não gosto de dançar mesmo...- falou Rony.
- Ah, mas vai ter de gostar. Esse ano, você não vai ficar sentado no banco com o Harry o tempo todo de jeito nenhum...- sentenciou Hermione.
- Tá, tá bom... mas só se o Harry dançar também!- impôs Rony, sorrindo da cara de surpresa do amigo.
- Quê! Fala sério, Rony! Eu... dançando?- cortou Harry.
- Por que não?- indagou Hallie- É tão bom dançar e, eu adoro!
- É... parece que vai haver um milagre esse ano...- lamentou Harry.
Os quatro explodiram numa gargalhada e adentraram no Salão Principal. As mesas, repletas de alunos, transbordavam de caçarolas de batata recheada e terrinas.
Sentindo-se famintos, os quatro sentaram na mesa junto com os outros alunos de sua casa e saborearam um jantar maravilhoso. Depois do almoço, os quatro foram caminhar um pouco para digerir a refeição. Enquanto Hermione conversava com Hallie sobre a festa, Rony fazia perguntas a Harry.
- Harry, você gosta da Hallie?
- Er... não sei...
- Como não sabe?
- Eu gosto dela como amiga e como algo mais, entende?
- Então, por que você não une o útil ao agradável? Pede ela em namoro e aí vai ter uma amiga para todas as horas!
- Será? Eu tenho medo de não dar sorte novamente... como a Cho. Além do mais, eu... não sei a hora certa para fazer isso...
- Harry, bota a cabeça para funcionar, cara! Para que serve um baile, além da diversão? Que tal se você fizer o que eu vou dizer?
- É, quem sabe...
Os dois sentaram e Rony bolou um plano para Harry. Enquanto um falava, o outro prestava atenção em tudo.
O sinal tocou e Hallie se despediu deles, correndo para a aula de Adivinhação. Harry, Rony e Hermione foram para a aula de Feitiços, dada pelo nanico prof. Flitwick. Eles treinaram o feitiço Corpo de Bolha, uma versão maior do Cabeça de Bolha. Como sempre, Neville não prestou atenção e arremessou Dino contra a parede, na direção de Harry, que teve de se jogar no chão. O garoto levantou com a ajuda de Rony enquanto Simas socorria o amigo.
- Desculpa, Dino. Tá... tá tudo bem?
Atordoado, Dino levantou e olhou para Neville. Na hora em que abriu a boca, o sinal tocou novamente, indicando o fim da aula. Os alunos arrumaram seus mate-riais e foram para fora do castelo, assistir ao tempo de Trato das Criaturas Mágicas, dada ao lado da cabana do professor, Rúbeo Hagrid.
- Bom dia a todos, hoje vamos estudar os nuguelos, seres da floresta. Algum de vocês pode me dizer para que eles servem?
A mão de Hermione ergueu-se no ar.
- Os nuguelos são pequenos homens que vivem dentro das árvores e guardam a floresta. Se tratados com gentileza, podem dar respostas muito úteis sobre o meio-ambiente. Se forem maltratados, jogam um pó nos olhos, fechando-os temporariamente.
- Perfeito, dez pontos para a Grifinória! Agora, formem duplas e vejam se eles lhes respondem alguma pergunta. Mas tenham cautela, não os ofendam ou xingue, a não ser que queiram ficar de olhos bem fechados.
Os alunos mexeram-se rapidamente e, coincidentemente, os únicos alunos que sobraram foram Harry e Cho.
O garoto olhou para ela e, sem ter outra escolha, a convidou. Cho, que estivera esperando ouvir outra coisa, aceitou apressada, assustando Harry. Depois de um silêncio constrangedor, os dois foram para a floresta. Hagrid cercou algumas árvores, para impedir que os alunos fossem longe demais. Aqui e ali, duplas conversavam com pequeninos homens verde-musgo. Mas nem todos estavam trabalhando. Rony segurava Hermione atrás de uma árvore e os dois se beijavam. Cho parou de chofre, Harry a olhou. A garota viu o seu novo namorado, Austin Zelder, atrás de uma árvore com uma bela grifinória de cabelos loiros, chamada Elizabeth.
A visão foi capaz de mudar completamente os dois. Cho ficou momentanea-mente em choque e foi para a árvore mais próxima, de cabeça baixa. Harry seguia a garota, preocupado com o seu estado.
- Tá... tudo bem com você?
- É... tudo bem... - respondeu a garota vagamente.
Mas Cho estava mentindo. Seus olhos estavam repletos de lágrimas, mas a jovem se segurou e não chorou. Ao contrário, levantou os olhos e encarou Harry.
- Acho que eu... não tenho sorte com o amor. Primeiro Cedrico, depois você e... agora isso...
Harry ficou parado e sem fala. Por que ela estava falando isso? A culpa não era dele se, quando os dois se beijaram pela primeira vez, Cho começou a chorar, pensando em Cedrico.
Ao se afastarem da árvore, no fim da aula, Cho segurou Harry pelo braço e o puxou até uma árvore. O garoto ficou apreensivo.
- Calma, eu só quero te fazer uma pergunta!- disse Cho.
- Ah... sim, claro... qual é?- falou Harry, um pouco mais calmo.
- Você quer... ir ao Baile... comigo?- perguntou Cho, muito nervosa.
- Quê? Ah, não dá, Cho. Eu já tenho um par. Desculpa- era a vez de Harry esnobar a jovem.
- Ah, sim, tudo bem. Mas, eu tenho outra pergunta. Quem é ela?- perguntou Cho, de supetão.
- Eu vou com a Hallie Mautner, da Grifinória. E... se você me der licença, tenho de assistir dois tempos de Adivinhação. Tchau.- o garoto despediu-se sem emoção e deu meia-volta.
Rony e Hermione esperavam por Harry em frente a cabana de Hagrid. Os amigos seguiram juntos rumo ao castelo. Hermione se separou deles no primeiro andar, enquanto eles tinham de subir até o sétimo, onde se localizava o alçapão da profª. Trelawney.
Passando pelo alçapão, sentiram o enjoativo perfume adocicado da sala. Os dois sentaram numa mesinha próxima à janela, onde o aroma não era tão forte.
- Bom alunos, hoje vamos estudar e revisar duas formas de adivinhação, a quiromancia e a piromancia, que é a adivinhação por meio do fogo. Dividam-se em pares e analisem os traços da mão do parceiro, comparando com o livro. Podem começar.
As aulas da profª. Sibila haviam melhorado significativamente. Ela não fazia mais nenhuma predição em sala. Pelo contrário, limitava-se apenas as aulas, sempre falando de forma objetiva. Desde o ano passado, o incidente com uma funcionária do Ministério, Dolores Umbridge, a marcara fortemente.
Harry abriu o seu pesado exemplar de Adivinhação e começou a examinar a mão de Rony. Fartos daquele trabalho, eles trocaram de posição. Quando o sinal bateu, começaram a estudar o fogo. Alguns alunos entediados, apenas liam o livro. Quando o sinal tocou novamente, indicando o último tempo de aula, alguns pareceram acordar.
Depois de ficar hipnotizado de tanto olhar para o fogo, os alunos ouviram o sinal e desceram rapidamente, com medo de que o fim das aulas fosse um sonho.
Enquanto descia as escadas, Harry lembrou-se do teste para a vaga de artilheiro. Será que Hallie iria se candidatar? Alguma coisa dentro da cabeça de Harry lhe dizia que ele não iria se decepcionar.




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