Diplomas e pedidos
O grande dia finalmente chegou, e os formandos esperavam, ansiosos, pelo momento em que seriam chamados a tomar seus lugares na gigantesca tenda montada nos jardins da escola. Era uma bonita tarde de verão, o céu claro e sem nuvens, e na tenda, além dos professores da escola, os aguardavam suas famílias, colegas e algumas autoridades, como a Ministra da Magia, Emília Bagnold. Apesar de já saberem como se desenrolaria a cerimônia, todos estavam muito nervosos ao serem conduzidos pelos diretores de cada casa à tenda, onde entraram sob os aplausos de todos os presentes. As sóbrias e tradicionais vestes negras dos formandos também não colaboravam muito quanto ao desconforto dos jovens, que se entreolhavam em busca de algo que os acalmasse. Depois que todos já estavam devidamente acomodados em seus lugares, Dumbledore levantou-se de sua cadeira, bem ao centro da mesa com os professores, à frente da tenda, dando início à cerimônia.
- Boa tarde a todos os presentes, alunos, pais, professores e demais convidados, e principalmente, queridos formandos. – disse ele, com a voz magicamente aumentada, fitando os nervosos alunos à sua frente – Mais um ano letivo termina, e temos aqui, para o nosso orgulho e alegria, mais uma turma de brilhantes alunos que se formam em nossa escola. Em cada um de vocês, existem valores, talentos, capacidades que serão as bases de suas vidas daqui por diante. Mais do que novos aurores, professores, curandeiros, – continuou o diretor –saem daqui pessoas capazes de reconhecer o que é certo, de dar valor às verdadeiras amizades, capazes de amar. – Tiago secou uma lágrima do rosto de Lilian, e Sirius segurou a mão de Isabelle com força – Mais do que o conhecimento que lhes foi passado ao longo destes sete anos, espero que levem de Hogwarts as melhores recordações possíveis, e que cada momento do tempo que aqui passaram tenha valido a pena. Vocês venceram uma importante etapa de suas vidas, e estão prontos para o que ainda está por vir. Parabéns a todos, e boa sorte!
Sob uma chuva ensurdecedora de aplausos, Dumbledore voltou a sentar-se, sorrindo, e então a Ministra da Magia tomou a palavra.
- Depois das belas palavras do professor Dumbledore, não creio que haja muito mais que eu possa dizer a vocês. – disse ela, com uma voz fina e calma, mirando os formandos – Parabéns a todos, o mundo os aguarda. Desejo a todos, e a cada um de vocês, um futuro esplêndido, e muita sorte em tudo o que desejarem realizar.
Houveram novos aplausos, não tão intensos quanto os que seguiram ao discurso de Dumbledore, e então foi a vez da professora McGonagall falar aos alunos.
- Agora, por favor, os oradores das turmas venham à frente. – coordenou ela.
Lilian, escolhida para representar a Grifinória, Annelise D'Argento, pela Corvinal, e Roger Baxter, da Lufa-Lufa, levantaram de seus lugares e foram para o pequeno palco, diante dos demais. Os monitores da Sonserina não quiseram participar daquele momento da cerimônia.
- Aos nossos pais, professores, alunos de Hogwarts e demais convidados. – disse Roger.
- Sinta uma ansiedade enorme. – disse Lilian.
- Tema o que vem pela frente. – disse Annelise.
- Alegre-se a cada amizade feita. – disse Roger.
- Desespere-se a cada obstáculo que não souber como superar. – disse Lilian.
- Ria. – disse Annelise.
- Viva intensamente cada impulso. – disse Roger.
- Depois, aprenda a controlá-los. – disse Lilian.
- Brigue. Comemore. – disse Annelise.
- Fique nervoso. Aprenda. – disse Roger.
- Escute. Divirta-se. – disse Lilian.
- Agora tente fazer tudo isso de uma só vez. – disse Annelise.
- Só assim você se sentira como nós, que estamos concluindo mais uma etapa de nossas vidas. – disse Roger.
- Nosso sonho está se realizando, e o que nos resta é comemorar! – disse Annelise, encerrando a mensagem.
Os três foram intensamente aplaudidos, de pé, por todos na tenda. Então, Lilian tomou novamente a palavra.
- Para nossos colegas e amigos, não vamos fazer um discurso. – disse ela – Discursos são, desculpe, diretor, chatos e dão sono.
Dumbledore riu, bem como os demais ocupantes da mesa dos professores, e sobretudo, os alunos.
- Além disso, – continuou a ruiva – acho que todos aqui têm consciência da importância de tudo o que nos foi ensinado ao longo desses sete anos.
- Mas também houveram outras coisas importantes nesses sete anos. – disse Annelise – E por isso nós decidimos ler para vocês uma mensagem. É uma mensagem trouxa, – explicou ela – mas além de ser muito bonita, achamos que faz sentido pra todos nós nesse momento.
- A mensagem é a seguinte: – disse o monitor lufo.
- Difícil definir amigo. – começou Lilian – Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.
- Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas. – continuou Roger – É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu. É aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o realimenta, satisfaz. É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você. É a compreensão para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.
- É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo "por vir". – foi a vez de Annelise, que fitava as amigas – É ao mesmo tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas águas agitadas. É quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.
- Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de chopp, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas. – disse Lilian, sorrindo – É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo, igualzinho a você. É quem sabe que viver é ter história pra contar. É quem sorri pra você sem motivo aparente, é quem sofre com seu sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos.– ela fitou Isabelle, e depois Tiago – É o achar daquilo que você nem sabia que buscava.
Isabelle, que continuava de mãos dadas com Sirius, segurou também a mão de Remo, enquanto os colegas liam a mensagem aos formandos. Os dois se entreolharam e sorriram, sem nada dizer.
- Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos bilhetes em sala de aula, mensagens eletrônicas emocionadas. – prosseguiu Roger – É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos. Amigo é multimídia.
- Olhos... amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática. É aquele que percebe em seus olhos seus desejos, seus disfarces, alegria, medo. – disse Annelise – É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. É lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que se renova a cada instante, com múltiplas e inesperadas cores que cabem todas na sua íris.
- Amigo é aquele que te diz "eu te amo" sem qualquer medo de má interpretação: amigo é quem te ama "e ponto". É verdade e razão, é sonho e sentimento. – disse Lilian.
- Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista. – finalizou Annelise, e, de pé, os professores deram início a uma nova onda de aplausos, seguida por assovios e gritos vindos dos formandos, e sob a qual, os três oradores voltaram aos seus lugares, para que a cerimônia de entrega dos diplomas tivesse início. O professor Flitwick fez a entrega dos diplomas dos alunos da Corvinal, casa da qual era diretor, e depois a professora McGonagall começou a entregar os diplomas dos alunos da Grifinória. Sirius foi o primeiro a ser chamado, e logo depois dele, Isabelle, que voltou ao seu lugar às lágrimas, sendo amparada pelo moreno assim que sentou-se em sua cadeira.
- Shhh... tudo bem... – disse Sirius, abraçando-a.
- Eu queria tanto que ela pudesse me ver...
- Tenho certeza de que ela está vendo. – disse o Maroto, acalentando a garota – E que está orgulhosa de você.
Após mais alguns nomes, foi a vez de Lilian receber seu diploma.
- Lilian Evans. – chamou a professora McGonagall, e Lilian foi até a frente. A professora entregou o diploma à ruiva, e então voltou a falar.
- Gostaria de pedir ao Sr. Tiago Potter que viesse à frente, entregar à sua colega a medalha de melhor aluna da turma.
Lilian ficou extremamente surpresa, e, ainda de boca aberta, viu Tiago deixando seu lugar e vindo à frente. Ele se aproximou, e, pegando a medalha das mãos de McGonagall, prendeu-a as vestes da ruiva.
- Bom, Professora, se me permite interromper só um pouquinho, – disse Tiago, e a professora assentiu – eu tenho outra coisa pra dar pra você, Lily, só não sei se você vai aceitar.
- Tiago... – disse a ruiva, fitando-o.
- Infelizmente nós não temos os seus pais aqui, pra eu poder pedir adequadamente pra eles. – disse o Maroto, e Lilian baixou o olhar – Mas eu falei com a Charmant, e ela me deu permissão.
Várias pessoas riram com as palavras do garoto. Lilian olhou para a platéia. No meio dos formandos da Grifinória, Isabelle fez um sinal de confirmação. Tiago então ajoelhou-se diante da ruiva, tirando do meio das vestes uma pequena caixinha de veludo, e abrindo-a. Uma belíssima esmeralda cintilava no anel de noivado dentro da caixa.
- Lilian Evans, você aceita fazer de mim o cara mais feliz do mundo, se casando comigo? – perguntou o Maroto.
Lilian ficou muda por um instante, olhando para o anel na caixinha nas mãos de Tiago. Depois ela encarou o namorado, sorrindo e chorando ao mesmo tempo.
- Sim! Eu aceito, Tiago!
Nunca se ouviu tamanha gritaria em Hogwarts, exceto talvez em uma final da Taça de Quadribol, como quando, tremendo tanto quanto Lilian, Tiago colocou o anel no dedo da ruiva, e depois beijou-a, sob os aplausos dos professores e de todos os presentes. Depois, os dois voltaram, de mãos dadas, aos seus lugares.
- Você sabia! – disse Lilian a Isabelle, depois de acomodar-se em seu lugar, ao lado de Tiago – Você sabia e não me contou!
- Desculpa, Lil, mas segredo de Maroto é sagrado. – disse a morena, e todos riram.
A cerimônia continuou, Lupin foi chamado, mais tarde, Pedro, e Emmeline encerrou a turma da Grifinória. Os formandos da Lufa-Lufa e Sonserina receberam seus diplomas dos professores Sprout e Slughorn, respectivamente, e após mais algumas palavras do professor Dumbledore, a cerimônia formal foi encerrada, com a tradicional cena dos alunos jogando os chapéus para cima. Os formandos puderam então se reunir às suas famílias para receberem os cumprimentos, e também para matar a saudade. Os pais de Pedro e os de Remo, e a mãe de Tiago haviam sentado próximos uns dos outros, então o grupo de amigos dirigiu-se todo junto até onde eles estavam. Tiago abraçava Lilian, que estava muito emocionada, e Sirius conduzia Isabelle, os dois ainda de mãos dadas, pois ela também havia ficado bastante mexida com a cerimônia.
- Então, finalmente estou conhecendo a famosa ruivinha de quem o Tiago tanto fala. – disse a mãe de Tiago – Aliás, minha futura nora.
Lilian sorriu, toda encabulada.
- Muito prazer, Sra. Potter. – disse ela, corando.
- Oh, por favor, me chame de Dorea. – disse a mulher, dando um abraço apertado na ruiva – Parabéns, minha querida.
- Obrigada. – agradeceu Lilian.
- Mas essa carinha está muito triste para alguém que está se formando, e que acaba de ser pedida em noivado... – comentou Dorea.
- Sinto falta dos meus pais... – respondeu Lilian, tristonha.
- Onde quer que estejam, eles devem estar muito orgulhosos de você. – disse a mulher.
- Eu queria que eles estivessem aqui – disse a ruiva, os olhos enchendo-se de lágrimas.
- Shhh... não chore, minha querida. – disse Dorea, abraçando-a novamente – Hoje é um dia somente de alegrias, nada de tristeza, está bem? – perguntou ela, e Lilian assentiu, sem soltar-se do abraço. Dorea afastou-se um pouco, fazendo um carinho no rosto da garota. Depois, voltou-se para Tiago e Sirius.
- Agora os meus meninos... – disse ela, abrindo os braços, e os dois se aproximaram, sendo abraçados ao mesmo tempo – Estou muito orgulhosa de vocês.
- Valeu, mãe. – disseram os dois Marotos.
- Seu pai ficaria orgulhoso, querido. – disse Dorea ao filho.
- Eu sei. – disse Tiago, fitando-a – Eu sei.
Dorea o abraçou com força e beijou-o, e depois se voltou para Remo e Pedro.
- Remo e Pedro... – chamou ela – também quero dar um abraço nos dois...
Os outros dois Marotos se aproximaram para receber os cumprimentos da Sra. Potter, enquanto seus pais cumprimentavam os demais. Eles ainda conversaram durante algum tempo, e Dorea pôde conhecer Lilian um pouco melhor.
- E então, Lilian, o que pretende fazer agora? – perguntou ela.
- Bom, eu quero ser uma medi-bruxa. – respondeu a ruiva – Pretendo entrar para o curso assim que sair da escola.
- Ótimo, uma garota que sabe o que quer. – disse Dorea, sorrindo – Agora sei como conseguiu colocar juízo na cabeça do Tiago.
- Tiago é... – começou Lilian, olhando para o noivo – eu nem sei como descrevê-lo.
- Você o ama bastante, não? – perguntou Dorea.
- Muito. – respondeu a ruiva – Nem imagina o quanto.
- Que bom. – disse a mulher sorrindo – Porque ele também a ama muito. Vocês serão muito felizes.
- Eu sei disso. – disse Lilian, voltando a fitar Tiago, que conversava com Sirius e Isabelle.
- E a outra mocinha... como é mesmo o nome dela? – perguntou Dorea.
- Ah, é a Isa. – respondeu Lilian – O nome dela é Isabelle, mas ela não gosta de ser chamada assim.
- Mas... acho que ouvi Sirius chamando-a de outro jeito... – comentou a mulher.
- Ah, é. – disse Lilian, meio rindo – Ele chama ela de Bell. É o apelido de uso exclusivo dele.
A mãe de Tiago riu.
- Ela parece ser uma ótima menina. – comentou ela – Doce, mas forte.
- Ela é isso mesmo. – confirmou Lilian – É a minha melhor amiga.
- Quem dera Sirius também tomasse jeito e se apaixonasse por ela. – disse Dorea, observando Isabelle – Me parece alguém que poderia domá-lo.
- Ela já conseguiu melhorar o Sirius um pouquinho, mesmo sendo só amiga. – disse Lilian.
- E então? Ela é perfeita! – disse Dorea, rindo – Se ela já conseguiu algo sendo apenas amiga, imagine se fosse mais do que isso?
Lilian abriu um sorriso fraco.
- É, mas eles são só bons amigos. – disse ela, olhando também para Isabelle.
- Que pena! – disse Dorea, voltando a fitar a morena – Gostaria de tê-la como nora também.
Por volta das 18:00 hs, as famílias dos formandos deixaram o castelo, nas carruagens que traziam os alunos no início do ano letivo, e os alunos foram para os salões comunais de suas casas, para se prepararem para a festa. Nos dormitórios masculinos, o clima era bastante tranqüilo, exatamente o contrário dos dormitórios femininos. Os banheiros e espelhos eram disputados acirradamente pelas garotas, que precisavam preocupar-se com os vestidos, os cabelos e a maquiagem.
- Line, você ainda tá assim? – perguntou Alice, ao ver a amiga ainda de roupão – Vai se atrasar!
- Eu... acho que não vou... – disse Emmeline, em voz baixa.
- Você o quê? – perguntaram Marlene, Lilian e Isabelle, ao mesmo tempo.
- Line, é a sua formatura. – disse Alice – Você tem que ir.
- Ah, meninas... eu não tenho ânimo. – disse Emmeline, desanimada – Não depois do que aconteceu com o Roger, e...
- Emmeline Vance! – disse Lilian, colocando as mãos na cintura – Você vai àquela festa, sim. Ele é quem devia estar se escondendo pelo que fez, e não você!
- Mas eu não queria ter que encará-lo... – argumentou Emmeline.
- Olha pra mim, Line. – pediu Isabelle – Você vai pôr aquele vestido, vai ficar bem linda, e vai com a gente pra festa, sim, senhorita.
- É isso aí! – concordou Marlene, esquecendo por um momento sua birra com a morena – E vai dançar, e vai rir, e se divertir muito, e aquele idiota vai se arrepender pelo que fez.
No salão comunal, já devidamente vestido, Tiago esperava, como sempre, ansioso, por Lilian. Alice e Marlene haviam acabado de descer, em seus longos vestidos de festa, para irem ao encontro de seus pares, mas não havia qualquer sinal da ruiva ou de Isabelle. Nas poltronas, os demais Marotos o observavam andando de um lado para o outro, consultando o relógio a cada dois minutos, e resmungando para si mesmo.
- Sempre essa espera... – dizia ele, baixinho – Ela ainda me mata desse jeito...
- Pontas, ou você pára de andar, ou eu vou lançar o feitiço do Corpo Preso em você! – ameaçou Sirius.
- Mas a Lily não desce nunca! – reclamou Tiago – Já são oito e meia e ela... – a voz dele foi morrendo aos poucos. Lilian descia a escada do dormitório feminino.
O vestido verde-escuro, de um ombro só, parecia ter sido feito sob medida para ela; a tonalidade forte contrastava com a pele clara da ruiva, a silhueta bem marcada, e o discreto brilho no decote e na alça realçava o busto. A maquiagem era bem leve, e o cabelo estava preso em um coque alto, deixando alguns cachos caídos, como se houvessem se soltado por acidente.
- Tiago?! – chamou Lilian, quando o garoto não esboçou qualquer reação, apenas olhava para ela – Tiago, tudo bem?
Tiago sacudiu a cabeça, como se saísse de um transe, e continuou fitando a noiva, embasbacado.
- Você tá... linda! – disse ele, finalmente.
- Obrigada. – agradeceu a ruiva – Você também tá.
- Só falta uma coisinha... – disse Tiago, indo até as poltronas, e apanhando uma caixa de veludo quadrada.
- O que é isso? – perguntou Lilian, olhando para a caixa, e depois para Tiago.
O garoto abriu a caixa, revelando a Lilian o conjunto de jóias mais lindo que ela já vira. Uma pulseira de ouro branco, com pequenas flores cujas pétalas eram feitas de diamantes, e as folhas, de esmeraldas, e um par de brincos combinando.
- Merlin, Tiago! – disse a ruiva, impressionada – É lindo!
- É pra você. – disse Tiago, fitando-a com um sorriso.
- Pra mim? – perguntou Lilian, surpresa.
- Elas eram da minha mãe. – contou o Maroto – E agora são suas.
- Mas, Tiago... – começou a ruiva, mas Tiago a interrompeu.
- Sem mas, Lily. – disse ele – Eu, e a mamãe também, nós queremos que você as use essa noite.
Ele retirou a pulseira de dentro da caixa, e a colocou no pulso da ruiva; depois, ajudou-a com os brincos.
- Como eu estou? – perguntou Lilian, sorrindo.
- Perfeita. – respondeu Tiago, observando-a, encantado – Bom, vamos? – convidou ele, oferecendo o braço à garota, que aceitou, ainda sorrindo.
- Vamos sim. – concordou Lilian.
- Bom, eu vou pegar uma carona com vocês. – disse Pedro, levantando-se – Tenho que encontrar com a Marianne.
- É, eu também vou nessa. – disse Remo, levantando-se também.
- Ah, é, eu fiquei assistindo o momento melação de vocês dois, – disse Sirius, apontando Tiago e Lilian – e até esqueci de perguntar. Cadê a Bell, Lily?
- Tô aqui.
Sirius olhou para a escada do dormitório feminino, no que foi imitado pelos demais. Abriu levemente a boca ao ver Isabelle parada no antepenúltimo degrau, fitando-o com um leve sorriso. Ela usava um vestido frente-única, longo, de cor azul-noite, com a silhueta bem marcada na cintura, e a saia bem leve e solta, e que deixava suas costas totalmente à mostra. O cabelo estava preso em um coque alto, parecido com o de Lilian, mas a morena usava uma delicada franja lateral, que caía sobre seus olhos. Uma pulseira e um par de brincos de brilhantes, e uma maquiagem bem suave completavam a produção da garota.
- Bell... você tá linda! – disse Sirius, depois da surpresa inicial, e Tiago, Remo e Pedro concordaram. Lilian apenas fitava a amiga, sorrindo.
- Obrigada. – agradeceu a morena – Remo, eu posso falar com você um instante?
- Claro. – disse Lupin.
- Bom, nós vamos indo, então. – anunciou Tiago – Vemos vocês depois.
- Tá. – disse Sirius – Até daqui a pouco.
Tiago, Lilian e Pedro deixaram o salão comunal, e Isabelle terminou de descer a escada para falar com Lupin, fazendo com que Sirius percebesse algo.
- Bell, você não tá se esquecendo de nada, não? – perguntou ele, fitando os pés descalços dela.
- Não, eu ainda não tô pronta. – respondeu a garota – Remo, eu preciso de um favor...
- Claro, Isa. – disse Lupin – O que é?
- É que a gente teve um pequeno problema lá no dormitório, por isso eu tô atrasada. – explicou a morena – A Line tava pensando em desistir de ir à festa.
- Por causa da confusão com o lufo? – perguntou Sirius.
- É. Só que a gente convenceu ela a ir, eu tava ajudando ela a se arrumar. – contou Isabelle – Mas ainda tem um problema... ela não tem par! Daí eu queria saber se você não pode ir com ela, sabe, só pra ela não entrar sozinha, aí ela ia se sentir mais segura...
- Claro, Isa! – disse Remo – Sem problemas.
- Ai, que ótimo! – disse a morena, aliviada – Ela vai descer já, já.
- Bell, a gente vai se atrasar... – disse Sirius.
- Ahn... eu... não vou com você, Sirius. – disse a garota, voltando-se para ele.
- Como assim? – perguntou o Maroto, sem entender – Por quê?
- Por que o seu par tá te esperando. – respondeu ela, simplesmente.
- Bell, pirou? – perguntou Sirius – Você é o meu par!
- Não. A Annelise é. – disse Isabelle.
- O quê? – perguntou o garoto, confuso.
- Eu ouvi você dizendo pros meninos que ia me chamar pra ir com você, e não ela, pra eu não ir sozinha. – contou a morena – Então eu fui falar com ela.
- Você não fez isso... – disse Sirius, incrédulo.
- Fiz. Fiz sim. – disse Isabelle – Ela tá esperando por você, na escadaria do Grande Salão.
- Mas e você? – perguntou Sirius. Por algum motivo, ir com Annelise já não era assim tão incrível, se a morena tivesse que ir sozinha por isso.
- Eu o quê? – perguntou Isabelle – Eu posso muito bem ir sozinha. – disse ela, com toda a firmeza que conseguiu reunir. Remo olhava de um amigo para o outro, sem nada dizer.
- Mas, Bell... – Sirius hesitava em deixá-la ir sozinha.
- Vai logo, Sirius! – disse a garota, tentando soar descontraída – É feio deixar a garota esperando, sabia? Ah, a propósito, você também tá muito lindo, apesar de eu achar que devia usar a gravata.
- Não, nada de gravata. – disse o moreno, sacudindo a cabeça.
- Bom, você é quem sabe. – disse Isabelle, dando de ombros – Agora vai logo!
- Você é maluca... – disse Sirius, ainda parado diante dela.
- É, devo ser. – concordou a garota – Vai!
- Tá, até mais tarde. – despediu-se ele, dando um beijo na bochecha dela.
Isabelle observou o Maroto deixando o salão comunal, e então voltou-se para Remo. Ele percebeu que ela estava se segurando para não chorar.
- Vou terminar com a Line lá em cima e ela já desce. – disse ela.
- Isa... – começou Remo.
- Não, Remo. – pediu a morena, firme – Não.
Remo assentiu e ela deu as costas a ele, voltando a subir as escadas para o dormitório. Lupin surpreendeu-se ao ver as costas nuas da garota, e a tatuagem desenhada na pele branca, mas não teve tempo de comentar nada. Lá em cima, Emmeline já estava praticamente pronta, só faltava a maquiagem.
- Vem, Line, vamos fazer a sua maquiagem. – disse Isabelle, ao entrar no quarto – Remo tá esperando você lá em baixo.
- Isa, você tá chorando? – perguntou Emmeline, percebendo os olhos marejados da morena.
- Não é nada. – mentiu Isabelle, secando os olhos – Senta aqui, a gente já tá super atrasada.
Enquanto isso, na torre oeste, mais exatamente em um dos dormitórios femininos da Corvinal, uma garota, sentada em sua cama, olhava para o lindo vestido vermelho pendurado no cabide à sua frente com uma expressão pensativa.
“- Pensa nisso. – dissera a grifinória – Eu vou esperar por você, na escadaria do Grande Salão, às nove. Se decidir ir...
- Tá.”
- Alôôô! Terra chamando, Srta. Takemi, responda!
- Hã? – Bárbara sacudiu a cabeça, olhando para a amiga parada à sua frente – O que foi, Cintia?
- Você tava aí, hipnotizada pelo vestido. – respondeu a outra – Já passa de oito e meia, e você ainda tá aí, parada!
Cintia, que fora convidada por um formando moreno da Corvinal, muito lindo, diga-se de passagem, estava praticamente pronta, faltava apenas calçar as sandálias prateadas que completariam o visual, composto por um vestido longo, preto, tomara que caia, e um delicado conjunto de jóias em ouro branco. Os cabelos estavam soltos, com somente as mechas da frente presas atrás, e uma franja lateral delicada.
- É verdade, Bárbara! – disse outra colega de quarto, que não fora convidada para a festa – Metade do castelo daria a ponta da varinha pra ir a essa festa, e você tá aí, parada olhando pro vestido.
Bárbara fitou as amigas por um instante, depois encarou mais uma vez o vestido no cabide. Depois, levantou-se da cama, apanhou o cabide e rumou para o banheiro. Havia decidido.
N/A: tá aí, meus bens, mais dois capítulos fresquinhos. A fic tá na reta final, faltam só mais três capítulos para o fim, e eu queria MUITÃO saber o que vocês estão achando da história, e se topariam ler uma continuação. Tô meio correndo hoje, então, boa leitura, nos falamos no próximo post, ok??? Beijos!!!
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