Paixões reveladas



O abatimento de Isabelle era visível na manhã seguinte; os olhos, vermelhos e marcados por escuras olheiras, haviam perdido todo o brilho, e até mesmo o lindo azul das íris parecia ter esmaecido.
- Ah, amiga! O que tá acontecendo com você? – perguntou Lilian, ao acordar e ver a amiga daquele jeito.
- Tá tudo bem, Lily. – mentiu a morena – Eu só dormi mal.
- Não é só isso, Isa. – rebateu a ruiva – Você tá com cara de quem chorou, e pelo jeito, chorou muito.
- Vamos logo, Lily, a gente tem que se vestir logo. – disse Isabelle, cortando o assunto – Você sabe que a Minerva não tolera atrasos.
Ela continuou se vestindo, sem dizer mais nada. Apesar das palavras da amiga, Lilian ainda tentou voltar ao assunto, mas Isabelle não permitiu.
- Isa, me conta o que tá acontecendo, confia em mim! – pediu ela, exasperada.
- Não tá acontecendo nada, Lily. – insistiu Isabelle – Agora chega desse assunto, por favor.
As duas terminaram de se vestir em silêncio, pegaram seu material e foram tomar café. Algum tempo depois de chegarem à mesa da Grifinória, viram os Marotos entrando no Salão Principal. Lilian abriu um enorme sorriso ao ver Tiago, enquanto Isabelle apenas fitava a xícara à sua frente. Uma bonita garota loura vinha sorrindo bobamente ao lado de Sirius.
- Bom dia, minha linda! – disse Tiago, ainda com cara de sono, dando um beijo em Lilian – Bom dia, Charmant.
Isabelle apenas acenou com a cabeça.
- Bom dia, meu lindo. – respondeu Lilian – Bom dia, meninos.
- Bom dia. – responderam os demais Marotos. Isabelle continuava muda, fitando a xícara de café. Sirius sentou ao seu lado, enquanto a garota loura ia, ainda com o mesmo sorriso bobo, em direção à mesa da Corvinal.
- Bom dia, Bell. – cumprimentou ele, ao sentar-se. A morena respondeu ao cumprimento com um esgar de sorriso.
- D’Argento não vai gostar de ver você dando em cima da colega dela, Almofadinhas. – brincou Tiago.
- Ha! Até parece, mesmo. – disse Sirius, no mesmo tom.
- Ela não dá mole, hein? – comentou Remo.
- Ela quer alguma coisa séria, o que tá totalmente fora de questão. – disse Sirius, pegando uma torrada.
- Imagina só, seria o fim do Don Juan de Hogwarts. – disse Tiago, rindo.
- Ih, Pontas, meu amigo... tá pra nascer a garota que põe uma coleira nesse cachorro aqui. – disse Sirius, mordendo a torrada, coberta de geléia.
- Merlin, como é convencido... – disse Lilian.
- É a mais pura verdade, querida Lily. – rebateu Sirius – Você é a única que consegue domar um Maroto. Com todo o respeito, Pontas.
- Sem problemas, Almofadas, é verdade mesmo. – disse Tiago, sorrindo para a namorada.
- Um dia você vai amar alguém, Sirius, vai amar alguém mais do que tudo na sua vida. – disse Lilian – E eu quero estar lá pra ver isso acontecer. Por que você vai sofrer por ela, talvez mais do que já fez uma garota sofrer por você.
- Eu, hein, Lily!? – disse Sirius, fingindo um arrepio – Vira essa boca pra lá.
- Mas afinal, o que a garota queria então, Sirius? – perguntou Remo.
- Não era bem comigo. – respondeu o Maroto – Aí, Aluado, pra você.
- Pra mim? – perguntou Lupin, apanhando o pedaço de pergaminho que Sirius jogara em sua direção.
- O que é isso? – perguntou Pedro, manifestando-se pela primeira vez desde que chegara.
- Recadinho da Takemi. – disse Sirius, em tom zombeteiro.
- Ih, olha o Aluado e a japinha... – brincou Tiago.
- Cala a boca, Pontas! – disse Remo, corando levemente.

“Queria falar com você, sobre ontem.
Encontra comigo na biblioteca antes do almoço?
Bárbara”


Remo olhou na direção da mesa da Corvinal, de onde Bárbara o observava, ansiosa. Ele acenou um sim com a cabeça para a garota, que imitou o gesto.
- E depois vem me dizer que não tem nada com a Takemi. – provocou Tiago, ao ver a cena.
- Pontas, vai ver se a minha varinha tá lá na esquina, vai?! – disse Lupin, servindo-se de suco.
- Você sumiu da festa ontem, Bell. – comentou Sirius, virando-se para Isabelle, que não abrira a boca durante toda a conversa.
- É. – respondeu a garota, lacônica – Lil, eu... te vejo na sala de aula. – disse ela, levantando-se e deixando a mesa e a xícara inacabada de café.
- Bell?! – chamou Sirius, sem que a garota desse sinal de que o havia escutado – Mas o que...
- Deixa ela, Sirius – disse Lilian, séria – Deixa ela quieta.
Isabelle saiu do Grande Salão, esbarrando em Regulus e Avery, que chegavam para o café da manhã, derrubando a mochila do jovem Black no chão.
- Ei, olha por onde nada, sua idiota! – gritou Regulus para ela.
- Ah, vai pro inferno, Black! – respondeu a morena, sem nem olhar para trás. Ela seguiu andando, pegando instintivamente os atalhos que conhecia, e chegou logo à sala de aula, bem antes do horário. Enfiou-se na sala vazia, sentando-se em seu lugar habitual, largou a mochila no chão e enterrou o rosto nos braços, sobre a classe.
“Por quê? Por que isso tá acontecendo comigo? Merlin, eu não posso ter sido tão burra!” – pensava ela, nervosa.
- Isa? – a voz de Lilian se fez ouvir minutos depois, interrompendo os pensamentos da morena.
- Lily, por favor, eu... – começou Isabelle.
- Eu não vou dizer nada. – interrompeu a ruiva – Só quero saber se você tá bem.
- Não. – disse Isabelle. Não queria mais mentir – Lily, eu... acho que fiz uma besteira. Acho que fiz uma besteira enorme... – disse ela, os olhos enchendo-se de lágrimas.
- Isa, me conta qual é o problema! – pediu Lilian – Me deixa ajudar você!
- Eu... – começou a morena, mas foi interrompida pela chegada de Alice.
- Meninas? – chamou a garota, à porta.
- Ah, oi, Lice. – disse Lilian, enquanto Isabelle olhava para as janelas, para que a amiga não visse seu rosto – Algum problema? – perguntou a ruiva.
- Ah, não, não. – respondeu Alice – Eu só vim avisar vocês que a Minerva não vai poder dar aula, e então nós vamos ter Poções agora.
- Ah, tá. Obrigada, Lice. – agradeceu Lilian, e quando a garota foi embora, voltou-se novamente para Isabelle – Isa...
- É melhor a gente ir, Lily. – disse a morena, apanhando sua mochila – Vamos ter que descer até as masmorras, e rápido se não quisermos nos atrasar.
- Mas... – começou Lilian.
- A gente conversa depois. – disse Isabelle, encerrando o assunto.
As duas rumaram então para as masmorras, chegando apenas alguns instantes antes do professor Slughorn entrar na sala e começar a dar sua aula. Quase um período de aula já havia se passado agora, e dos caldeirões subiam espirais de fumaça que certamente agradariam a quem quer que entrasse no ambiente. A poção a ser preparada era a Amortentia, a mais poderosa poção de amor que existe, cujo aroma era, para cada pessoa, único e especial, pois misturava os cheiros das coisas que esta pessoa mais ama.
Todos trabalhavam em silêncio, enquanto o professor caminhava pela sala, analisando o progresso dos alunos no preparo da poção. No entanto, nem tudo estava tranqüilo.
- Não, isso tem que estar errado... – murmurava Isabelle para si mesma, enquanto consultava seu exemplar de “Estudo Avançado de Poções II”.
- Qual o problema, Isa? – perguntou Lilian.
- A poção tá errada. – respondeu a morena – Vou começar tudo de novo.
- Mas o quê tá errado? – perguntou a ruiva – Ela tá na cor certa, a fumaça tá como deve ser...
- Tá errada, Lily. – disse Isabelle, simplesmente – “Evanesco!” – o conteúdo do caldeirão desapareceu.
A garota refez a poção com todo o cuidado, desde o início, porém, nem tudo saiu como havia imaginado. A poção tinha exatamente as mesmas características da que ela havia feito anteriormente.
- Não é possível! – resmungava ela, inconformada – Eu refiz, tudo certinho, não...
- Isa? – Lilian voltou a chamar, mas foi ignorada.
- Professor?! – chamou Isabelle, elevando a voz – Eu não estou me sentindo muito bem. Posso sair para ir até a Ala Hospitalar?
- Sua poção está pronta, Srta. Charmant? – perguntou o professor Slughorn.
- Não, mas... eu não vou conseguir terminar. – respondeu a garota.
- Bem, de qualquer forma, deixe uma amostra para que eu possa avaliá-la, e pode ir. – disse Slughorn, voltando-se para o caldeirão de Alice.
Isabelle tirou do caldeirão uma amostra da poção, que deixou sobre a mesa do professor, recolheu rapidamente seu material e deixou a sala.
Minutos depois, foi a vez de Lilian chamar a atenção do professor Slughorn.
- Professor? – chamou ela.
- Sim, minha cara? – disse Slughorn, aproximando-se.
- Eu... estou preocupada com a Isa, tenho medo que ela passe mal pelos corredores. – disse ela, e na verdade, não era bem uma mentira – Já acabei minha poção, posso sair?
- Claro! – disse o professor – Deixe sua amostra e pode ir.
Mais do que depressa, Lilian fez o que o professor dissera, juntou suas coisas, e já estava quase à porta quando Sirius a chamou.
- Lily!?
- Hã? – disse a ruiva, virando-se para dentro da sala de aula.
- Te encontro na Torre da Astronomia. – disse ele, expressivamente.
- O quê? Eu não... – disse a ruiva, franzindo a testa, mas logo compreendendo. – ah, tá, claro.
Ela então abriu a porta e saiu.
- Que história é essa, pulguento? – perguntou Tiago, desconfiado, depois que a ruiva deixou a sala.
- Deixa de ciúmes, Pontas! – disse Sirius, impaciente – É que a Bell provavelmente foi pra lá, mas eu não podia dizer isso na frente do Slug, né?
- Ah, tá. – disse o outro, acalmando-se.
Enquanto os garotos discutiam, Lilian ia correndo em direção à Torre da Astronomia. Lá chegando, encontrou Isabelle sentada na balaustrada, discutindo consigo mesma.
- Errada... tem que estar errada... – dizia ela, esfregando as têmporas, com uma expressão de dor – Ai...
- Isa? – chamou Lilian, fitando preocupada a amiga. Nada protegia a morena de uma queda, um instante de distração e ela poderia se desequilibrar e cair.
Isabelle, no entanto, não deu qualquer sinal de que houvesse escutado ao chamado. Lilian, então, chamou-a novamente, elevando o tom de voz.
- Isa?!
- Lembra que eu disse que a poção tava errada? – perguntou a morena, fazendo Lilian entender que ela ouvira já da primeira vez.
- Lembro. – disse a ruiva, confusa – Eu não entendi o porquê. O que tá acontecendo, Isa? – perguntou ela.
- Que cheiro você sentiu na sua? – perguntou Isabelle, ignorando a pergunta da amiga.
- Pergaminho, rosas, torta de maçã... e o cheiro do perfume do Tiago. – disse a ruiva de cenho franzido – Mas por quê? – perguntou ela – Desce daí, vai?!
- Eu senti cheiro de morangos, lírios, terra molhada... – disse Isabelle, novamente ignorando o que a amiga dissera – mas tinha outro cheiro, o mais forte.
- Qual era? – perguntou Lilian. Isabelle virou-se para encará-la; seus olhos estavam cheios de lágrimas.
- Era... era o perfume do Sirius. – disse ela, com a voz baixa.
- O quê? – perguntou a ruiva, estupefata – Quer dizer... quer dizer que...
- Que você tava certa o tempo todo, – disse a morena, a voz fraquejando – viu o que eu não quis enxergar.
- Eu... tava? – perguntou Lilian, ainda confusa.
- Eu tô apaixonada por ele, Lily! – as lágrimas, antes contidas, começavam a escorrer pelo rosto pálido da garota – Me apaixonei pela única pessoa por quem eu não podia me apaixonar.
- Ai, amiga, vem cá... – chamou Lilian, abraçando a amiga quando ela finalmente desceu da balaustrada e veio em sua direção – Você precisa se acalmar.
- Como eu pude ser tão estúpida? – perguntou Isabelle, chorosa.
- Não é estupidez se apaixonar, Isa. – argumentou a ruiva.
- É quando você se apaixona por alguém como ele. – retrucou Isabelle – Isso só vai me machucar, Lily.
- Se isso é ser estúpida, então eu sou tanto quanto você, Isa. – disse Lilian, fitando a amiga.
- Por quê? – perguntou Isabelle, enquanto Lilian enxugava uma lágrima de seu rosto.
- Me apaixonei pelo Tiago, que era exatamente como o Sirius. – lembrou a ruiva.
- Tiago já tinha mudado quando você ficou com ele. – ponderou Isabelle.
- Mas não quando eu me apaixonei. – rebateu Lilian – Eu me apaixonei pelo Tiago antes dele mudar, quando ele ainda era o “idiota, arrogante e infantil do Potter”. Só não queria admitir isso.
- É. – concordou a morena.
- Foi o mesmo que aconteceu com você. – continuou Lilian – Se apaixonou por ele há muito tempo, Isa, só não conseguia enxergar isso.
- O que eu faço, Lily? – perguntou Isabelle, com uma expressão de desamparo.
- Eu não sei, amiga, não sei mesmo. – respondeu Lilian – Mas... seja lá o que você decidir, eu vou estar com você. Nós vamos pensar, e vamos dar um jeito nisso, juntas.
Isabelle sorriu fracamente, e as duas voltaram a se abraçar. Lilian enxugou as lágrimas do rosto da amiga.
- Eu não sei o que faria sem você. – disse Isabelle.
- Você ia sobreviver. – brincou Lilian, tentando animar a morena – Mas agora nós temos um problema mais imediato. – lembrou ela – O que você vai dizer pro Sirius quando voltarmos pra torre? Ele com certeza vai querer saber o que foi que houve.
- Ah, droga! – esbravejou Isabelle – Eu não tinha nem pensado nisso.
- Eu sei. – disse a ruiva – Por isso falei.
- Não queria ter que encarar ele agora. – disse a morena, escondendo o rosto nas mãos.
- Você não vai poder fugir dele pra sempre. – disse Lilian.
- Eu sei. – concordou Isabelle – Sei que vou ter que encarar isso mais cedo ou mais tarde, mas, honestamente? – ela esboçou um sorriso – Preferia que fosse mais tarde.
- Bom, nós podemos inventar uma desculpa. – sugeriu a ruiva – Sei lá... TPM?
- Não, ele vai saber que é mentira. – disse Isabelle, simplesmente.
- Como assim? – perguntou Lilian, surpresa – Você tá me dizendo que o Sirius sabe até quando você tá naqueles dias?
- É que coincide com os dias em que o Remo tá na Casa dos Gritos, e ele já me viu algumas vezes nas minhas crises de cólicas. – explicou a morena.
- Hmm... – fez a ruiva, pensativa – Mas, o que vamos fazer, então?
- Não sei, não consigo pensar em nada. – disse Isabelle – Ah, dane-se! Na hora eu invento alguma coisa, sei lá.
- Tem certeza? – perguntou Lilian, e Isabelle assentiu – Então tá. Vamos descer?
As duas então recolheram suas mochilas que estavam jogadas no chão, e voltaram juntas para a torre da Grifinória. No salão comunal, os garotos conversavam sobre a aula de Poções.
- Eu senti o cheiro do bolo de chocolate da minha mãe, – dizia Remo – e da Floresta depois da chuva...
- Não esqueceu de mencionar o perfume da Charmant, Aluado? – perguntou Tiago.
- Ahn... é, isso também. – concordou o louro, meio constrangido.
- Rabicho disse que só sentiu cheiro de pernil e macarronada na poção dele... – brincou Tiago.
- Ha, ha, como você é engraçado, Pontas. – disse Pedro, ficando emburrado.
- Ah, a poção do Tiago nem precisa perguntar que cheiro tinha, né? – disse Remo.
- Eeeevans! – disseram Pedro e Sirius, ao mesmo tempo.
- É, com certeza tinha o perfume da Lily. – concordou Tiago – Mas também tinha o cheiro da torta de ameixa da mamãe, e da cera de polir cabo de vassoura. – contou ele – Que cara é essa, Almofadinhas?
- Sei lá, agora, falando desse lance do cheiro da poção, eu lembrei de uma coisa. – disse Sirius – Eu também senti o cheiro da torta, e de roupa de cama lavada, e de brigadeiro... mas tinha outro cheiro, um... cheiro de flor...
- Cheiro de flor? – ecoou Tiago – É, e depois eu é que sou o veado...
- Ah, cala a boca, Pontas! – disse Sirius, jogando uma almofada contra Tiago, mas acertando em Pedro – Era um cheiro conhecido, mas eu não consigo lembrar onde foi que eu o senti antes...
Assim que entraram pelo retrato, Lilian e Isabelle viram os Marotos nas poltronas, conversando. Ao perceber a presença das duas garotas na entrada do salão, Sirius endireitou-se em sua poltrona, fitando Isabelle.
- Eu vou subir. – disse a morena para Lilian.
- Vai. – respondeu a ruiva – E toma sua poção.
Lilian foi na direção de Tiago, e Isabelle subiu direto para o dormitório, levando sua mochila e a da amiga.
- Tudo certo, amor? – perguntou Tiago, depois de dar um beijo na ruiva.
- Tá. – respondeu ela, sentando-se ao lado dele, e aninhando-se em seu peito – Tudo certo.
- Hmm... vem cá, super amiga. – brincou o garoto, abraçando-a apertado e dando outro beijo na namorada.
No andar de cima, Isabelle entrou no quarto, largou a mochila de Lilian sobre a cama da amiga, guardou seu material, e dirigiu-se até o banheiro. Lavou o rosto, e depois ficou por um instante fitando seu reflexo no espelho. Tomou uma dose da poção para dor de cabeça e voltou para o quarto, só então percebendo que não estava vazio. Emmeline estava deitada em sua cama, com o cortinado quase todo fechado.
- Line? – chamou a morena.
- Hã? – Emmeline fitou-a, confusa – Ah, oi, Isa.
- Tá tudo bem? – perguntou Isabelle.
- Ah, tá, tudo bem. – respondeu Emmeline, de forma não muito convincente.
- Não é o que parece. – comentou Isabelle.
- Ah, não é nada, Isa.
- É, mas parece que esse "nada" tá incomodando um bocado. – insistiu a morena – O que houve?
- É o Roger. – Emmeline disse por fim – Ele tá estranho. Disse que não tava muito legal, e que não íamos nos ver hoje. Não é a primeira vez que isso acontece.
- Hmm... – fez Isabelle, pensativa. Ela havia passado pelo garoto nos corredores, enquanto se dirigia, junto com Lilian, para a torre da Grifinória, e ele lhe parecera estar muito bem, obrigada. Mas ela achou melhor não dizer isso à amiga.
- Não se preocupa, Line, ele deve estar cansado. – disse ela, torcendo para que a outra acreditasse – Os professores estão pegando pesado com a gente por causa dos N.I.E.M.'s.
- É deve ser isso. – concordou a outra garota, parecendo mais tranqüila.
- Você não vai descer? – perguntou a morena, dirigindo-se à porta.
- Não agora. – disse Emmeline – Depois eu vou.
- Tá. – concordou Isabelle, deixando o quarto e descendo as escadas de volta para o salão comunal.
Assim que desceu o último degrau, viu Sirius levantar-se da poltrona e vir devagar em sua direção. Respirou fundo, preparando-se para a conversa que teria com ele. Mas o que ouviu, surpreendeu-a completamente.
- Como você tá? – perguntou Sirius, ao alcançá-la.
- Bem. Sirius, eu... – começou ela, nervosa.
- Shhh... – ele pousou o indicador sobre os lábios dela – Você não precisa me dizer nada, se não quiser. Tudo bem. Só quero que saiba que eu estou aqui se você precisar.
Isabelle sentiu os olhos arderem, e antes que o Maroto pudesse perceber as lágrimas enchendo seus olhos, ela envolveu-o em um abraço apertado, que foi retribuído com a mesma intensidade.
- Obrigada. – agradeceu ela, com voz fraca.
- Shhh... – fez Sirius, novamente – Tá tudo bem agora. – ele acariciava os cabelos dela – Tem certeza de que não quer conversar sobre isso?
A garota assentiu com a cabeça.
- Então pronto, encerramos esse assunto, se é o que você quer.
Mais tarde, pouco antes da hora do almoço, na biblioteca, Remo e Bárbara estavam sentados em uma das mesas de estudos, sem saber muito bem como iniciar a conversa.
- Você... queria falar comigo? – perguntou ele.
- Ahn... é. – confirmou a garota – É que eu... não queria que ficasse com uma má impressão de mim... por eu ter tentado beijar você ontem.
- Eu nunca ia pensar nada de ruim sobre você. – respondeu Remo.
- É, mas é que... foi meio... estranho... – comentou ela, baixinho.
- O fato de um Maroto ter recusado um beijo? – perguntou Remo, e a garota corou.
- Bom... é.
- Eu sou diferente do Sirius e do Tiago. – disse Lupin – Já fui como eles, mas não sou mais.
- Aham.
- Vou ser cem por cento sincero com você, Bárbara. – disse o Maroto – Eu gosto de uma pessoa, gosto de verdade, e é por isso que eu não beijei você ontem. Você é linda, é legal e tudo o mais, mas eu não acho legal fazer isso.
- Eu... eu entendo. – disse Bárbara, sem encará-lo.
- Não queria que ficasse chateada comigo. – disse Remo.
- Eu não estou, juro. – disse a garota, rapidamente – É só que... eu também gosto de você.
- Eu sinto muito. Mas não poderia ficar com você, pensando em outra pessoa. – justificou Remo.
- Claro, eu entendo, e... acho legal você estar sendo sincero comigo. – disse Bárbara, parecendo meio pensativa.
- Então... eu... acho melhor deixar as coisas como estão. – disse Remo, cautelosamente.
- Tá. – concordou ela.
- Ótimo. Então... vamos almoçar? – convidou ele – Eu tô morrendo de fome.
- Vamos, vamos sim. Mas, Remo... – chamou a garota, quando ele preparava-se para deixar a mesa.
- O quê?
Ela beijou de leve os lábios dele, e fitou-o depois, com uma expressão levemente marota.
- Eu não vou desistir de você.
As aulas daquele dia foram bastante tediosas, e os alunos agradeceram a Merlin, Paracelso e qualquer outro grande bruxo que viesse à mente, quando soou o sinal que indicava o fim das atividades do dia.
Os Marotos, exceto Remo, que logo teria que ir para a Casa dos Gritos, Lilian, Isabelle, Emmeline e Alice, depois de deixarem seu material na torre da Grifinória, foram para o campo de Quadribol, assistir, e no caso de Tiago, participar, ao treino do time.
- Todos vocês sabem como a Sonserina joga. – dizia o capitão ao resto do time – Eles jogam sujo, e vão fazer qualquer coisa pra ganhar esse jogo.
- Se cuida, Tiago. – disse Fletcher, um dos batedores – Vamos ficar de olho em você, mas é certo que os batedores deles vão mirar os balaços em você desde o início do jogo.
O treino foi longo e exaustivo, e ao final, apesar de mortos de cansaço, o time estava bastante confiante. Há seis anos a Grifinória vinha mantendo o título de campeã da Taça de Quadribol, e o time não pretendia perdê-lo, especialmente para a Sonserina.
- Nós vamos vencer esse jogo. – disse Tiago a Sirius, quando o treino acabou – Ou eu não me chamo Tiago Potter.



N/A: adiante!!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.