Doce vingança
- Você não vai acreditar no que aconteceu.
Essa foi a primeira coisa que Sirius e Isabelle ouviram, assim que puseram os pés na torre da Grifinória. Tiago arrastou Sirius até um canto do salão comunal, enquanto Lilian fazia o mesmo com Isabelle, e os dois contaram aos amigos o que havia acontecido no vestiário.
- Como é? – perguntou Isabelle a Lilian, quando a ruiva acabou de falar – A Flanders agarrou o Tiago?
- Foi. E quase que a gente termina por conta daquela garota. – disse Lilian, zangada.
A surpresa de Isabelle só não era maior do que a de Sirius, que ouvia a mesma história, em outro ponto do salão comunal.
- Explica de novo, Pontas. – pediu o Maroto – A Flanders invadiu o vestiário e agarrou você, na frente da ruiva?
- Aham. – confirmou Tiago – A Lily pirou, quase perdi a namorada por causa daquela doida da Flanders.
- Caraca! Eu não... espera! – Sirius interrompeu-se – Eu preciso falar com a Bell.
- Mas, Almofadinhas... – começou Tiago.
- Só um minuto! – gritou o outro, já se afastando.
Sirius esbarrou em Isabelle no meio do salão comunal; ela também estava procurando por ele.
- Eu sei qual era o plano que o Snape/Ranhoso tava falando! – disseram os dois ao mesmo tempo.
- A Flanders não tem cérebro o suficiente pra pensar em algo assim. – disse Isabelle – A idéia deve ter sido totalmente do Snape.
- Ah, quando eu pegar aquele Ranhoso, vou azarar tanto ele que... – começou Sirius, mas foi interrompido por Isabelle.
- Não, Sirius, não pode ser assim.
- O quê? – ele fitou-a, incrédulo.
- Eu também tô com raiva, mas nós temos que agir com calma. – explicou a morena.
- Nós?
- Nós. – confirmou Isabelle – Ou você achou mesmo que ele ia aprontar com a Lil e eu ia deixar por isso mesmo? – perguntou ela, colocando as mãos na cintura.
Sirius riu.
- É, não acho, não. – disse ele – Mas o que vamos fazer? Contar pro Pontas e pra Lily?
- Melhor não. – disse Isabelle – O Tiago vai pirar, e vai querer tirar satisfação com o Snape. E você sabe que ele prometeu pra Lil que não ia mais se meter com o Ranhoso. – lembrou ela.
- É, mas nesse caso a ruiva ia entender, não ia? – perguntou Sirius – Afinal, ela também foi prejudicada.
- Talvez, mas ela nunca ia aprovar o tipo de troco que o Snape vai receber. – ponderou Isabelle.
- Bom, isso é verdade. – concordou o garoto.
- É melhor não arriscar. – disse a morena – E acho melhor deixar o Remo e o Pedro fora dessa também.
- Tá, só nós dois, então. – concordou Sirius – Mas o que vamos fazer?
- Eu tenho uma idéia... – disse Isabelle, com um sorriso misterioso.
- O quê? – perguntou Sirius, ansioso – Fala logo, Bell!
- Pastilhas de trote. – respondeu ela, simplesmente – Precisamos de muitas delas.
- Pastilhas de trote? – ecoou Black – Mas o que você tá pensando em fazer?
- O que o Snape mais preza? – perguntou a garota.
- Sei lá... a imagem dele? – tentou Sirius.
- Isso! Ele odeia ser ridicularizado, e é exatamente isso que nós vamos fazer.
- Hmmm... acho que tô entendendo. – disse Sirius, com um sorriso maroto – Mas eu não tenho mais pastilhas, vou ter que ir até a Zonko’s comprar.
- Tudo bem. Mas compra assim que puder. – pediu a garota – Não vejo a hora de dar o troco no Ranhoso...
- Falou como um verdadeiro Maroto, ou melhor, Marota. – disse Sirius, e os dois riram – Eu vou agora mesmo à Zonko’s, antes que feche, e quando acabar a festa...
- Vamos começar a preparar o troco do Ranhoso.
Sirius deixou o salão comunal imediatamente, e foi até Hogsmeade usando a passagem secreta que dava no porão da Dedosdemel. Comprou duas caixas de pastilhas de trote na Zonko’s e depois de encomendar algo no boticário, voltou para o castelo e para a festa, como se não houvesse sequer saído de lá.
- VAI, VAI, GRIFINÓRIA!
O olhar travesso que acompanhava a mão estendida...
- Vem, Bell. Eu ajudo você a descer.
- VAI, VAI, GRIFINÓRIA!
O toque quente da mão dele em sua cintura...
- Sirius, me põe no chão!
- Nós somos o quê?
- GRIFINÓRIA!
Os rodopios no ar... um, dois, três...
- É sério, Sirius! Eu to ficando tonta!
- O que vamos ser?
- CAMPEÕES!
O beijo estalado de pura alegria...
- Você é séria demais, Bell! Temos que comemorar, estamos na final!
- ÊÊÊÊ! VIVA!!
A risada ladina, já distante...
- Sirius, assim que eu conseguir sair do lugar, juro que mato você!
Isabelle observava a comemoração dos colegas apenas com meia atenção. Estava próxima a uma das janelas, perdida em pensamentos. Agora que parara de pensar em Snape e no plano contra ele, seus pensamentos se voltavam para outra coisa. Havia algo muito errado naquilo que estava sentindo. Ela observava Sirius, sem perceber que, de longe, um outro Maroto também a observava atentamente. No outro extremo da sala, Remo não tirava os olhos da amiga, que por sua vez não desviava o olhar de onde estava Sirius.
- Pára de pensar besteira! – disseram os dois para si mesmos, em voz baixa.
Remo não havia ido ao campo de Quadribol assistir ao jogo. Acabou perdendo a hora na biblioteca, distraído primeiro em ajudar a garota corvinal, Bárbara, com a redação sobre lobisomens, e depois em uma animada conversa com a garota. Os dois conversaram sobre livros, filmes e sobre a escola, e descobriram ter alguns gostos em comum. Ao fim das várias horas em que estiveram juntos, Lupin considerava ter encontrado uma nova amiga, e a japonesinha estava completamente encantada pelo Maroto. Enquanto ele, na torre da Grifinória, observava Isabelle de longe, mais longe dali, no dormitório feminino da Corvinal, a garota olhava para os jardins do castelo, pensando no grifinório.
- Eu quero ver você de novo, Remo Lupin. – dizia ela, sonhadora, para si mesma – Quero ver você de novo.
E no salão comunal da Grifinória, a comemoração continuava, mais animada do que nunca.
- E agora um viva para o nosso super apanhador, o herói do jogo de hoje. – gritou, Julian Thomas, um dos batedores do time – Viva o Potter!
- VIVA!!!
- Não falei, Pontas? Nosso time é o melhor! – disse Sirius, sorridente.
- Parabéns, meu amor! – cumprimentou Lilian
- Obrigado, Lírio. – agradeceu Tiago, beijando a ruiva – Valeu, gente! Nós vamos treinar duro, e esmagar a Sonserina na final!
- VIVA!
- E ter uma festa ainda maior! – acrescentou Sirius.
- VIVA!!!
A festa na torre da Grifinória foi até tarde, e só não durou mais porque a Professora McGonagall apareceu, de robe, pantufas e rede no cabelo, ameaçando tirar cem pontos da casa por causa da bagunça.
- Todos vocês pra cama! – ordenou ela – Já!
Depois que a festa acabou e todos foram dormir, Sirius e Isabelle voltaram ao salão comunal. Ela trazia seu estoque de ingredientes para poções, e ele uma das caixas de pastilhas de trote. Isabelle conjurou um caldeirão pequeno, que colocou nas chamas da lareira, e onde jogou vários ingredientes.
- O que você tá fazendo aí? – perguntou Sirius, espiando para dentro do caldeirão.
- Poção Fixadora Ultra-Forte. – respondeu a garota – Quantas pastilhas vêm na caixa?
- Cem. – disse Sirius, abrindo a caixa.
- E quanto tempo dura o efeito?
- Uma hora, mais ou menos. – explicou ele. Isabelle sorriu, satisfeita.
- Ótimo. A poção apronta logo.
Ela deixou a poção ferver durante algum tempo, e enquanto isso, com um feitiço, Sirius tirou todas as pastilhas de suas embalagens de uma só vez, deixando-as soltas dentro da caixa. Ele viu Isabelle levar a mão à parte mais inferior da barriga, fazendo uma careta.
- Com cólicas de novo? – perguntou o Maroto.
Isabelle assentiu.
- Nessas horas eu adoraria ser um garoto.
Ela viu Sirius rir, antes de vir sentar-se no sofá ao seu lado.
- É isso que dá ficar andando de pés descalços por aí, nesse chão frio... – comentou ele.
- Nossa! – disse Isabelle – Você parecia a Lily agora.
- Eu tenho três primas, lembra? – perguntou ele – Cansei de ouvir a Tia Druella dizer isso pra Andie e pra Cissy.
Isabelle deu uma olhada no relógio, levantou-se e deu uma espiada para dentro do caldeirão. Depois, voltou-se para Sirius.
- Me passa as pastilhas? – pediu ela.
- Tá aqui. Mas... Bell! – exclamou ele, levando as duas mãos à cabeça ao ver a garota despejar todo o conteúdo da caixa dentro do caldeirão, o que fez a poção borbulhar mais forte – Uma dose dessas... o efeito vai durar uns três ou quatro dias! – disse Sirius, meio rindo.
- O que vai ser divertidíssimo. – disse Isabelle, dando de ombros – Agora só falta mudar a cor e o gosto. – disse ela, acrescentando mais alguns ingredientes na poção, que assumiu um tom laranja escuro e começou a exalar um gostoso cheiro de suco de abóboras.
- Hmm... o cheiro tá ótimo. – comentou Sirius – Ele não vai nem desconfiar.
- Não vai mesmo. – concordou Isabelle.
- É, até aqui tá tudo certo, mas tem um problema. – disse Sirius, pensativo.
- Qual? – perguntou Isabelle.
- Como nós vamos fazer isso ir parar na taça do Ranhoso?
- Eu já pensei nisso. – respondeu Isabelle, calmamente – Vou precisar do seu talento como ator, Sirius.
- Como assim? – perguntou o garoto, confuso.
- Já vou explicar.
Isabelle então explicou a ele o que precisaria fazer, e depois de acertarem os últimos detalhes, e guardarem a poção num frasquinho bem lacrado, os dois organizaram a bagunça no salão comunal e foram dormir.
No dia seguinte, apesar do cansaço, os alunos da Grifinória tinham sorrisos nos rostos, e, embora faltasse ainda bastante tempo para a final da taça de Quadribol contra Sonserina, as provocações entre eles e os alunos da casa rival já começaram
- Ei, Nott! Espero que já estejam preparados pra perder... de novo! – provocou um dos gêmeos Prewett.
- Cala a boca, seu babaca! – retrucou o sonserino, furioso.
- Claro que já está preparado, Gideon, – disse Fabian, o outro gêmeo – já se acostumaram a perder pra nós! – continuou ele, caindo na risada.
- Vocês vão ver só...
No Salão Principal, à mesa do café, as meninas combinavam mais uma ida à biblioteca.
- Duvido que os meninos queiram ir. – dizia Isabelle – Vão dizer que estão cansados, com sono...
- Bom, depois perguntamos pra eles. – disse Lilian – Mas nós vamos, né?
- Claro. Podemos pegar Feitiços, hoje? – perguntou Alice – Eu tô meio perdida nessa última parte da matéria.
- É o que dá, ficar a aula toda só suspirando e escrevendo “Sra. Alice Longbotton” no caderno... – disse Isabelle, com um sorriso maroto, enquanto pegava uma torrada.
Alice corou intensamente.
- Pára, Isa! – repreendeu Lilian, embora risse um pouco – Certo, Lice, veremos Feitiços hoje, então.
- Olhem, lá vêm os meninos! – falou Alice, ao ver os garotos despontarem à porta do Grande Salão.
- Chegaram junto com o correio. – disse Isabelle, olhando para o alto, e para a enorme quantidade de corujas que adentravam o Salão.
Uma das corujas deixou cair, diante da morena, uma pequena caixa negra, amarrada somente com um cordão azul grosso, para que não se abrisse.
- Olha, a Isa ganhou um presente! – exclamou Alice, animada.
- Bom dia, meninas! – cumprimentaram os garotos ao chegar, todos com caras de sono.
- Bom dia! – responderam elas, quase ao mesmo tempo.
- Bom dia, meu lírio. – disse Tiago, beijando Lilian.
- Bom dia, meu amor. – respondeu a ruiva – Dormiu bem?
- Aham. – fez ele, sentando-se ao lado dela – Sonhei com você a noite toda.
Lilian ruborizou, e Isabelle revirou os olhos, sorrindo.
- Abre logo, Isa! – disse Alice, curiosa.
- Calma, Lice! – retrucou a morena, rindo.
Calmamente, Isabelle desamarrou o cordão, retirando-o; então, abriu a caixa. Alice fez um muxoxo de frustração, Lilian apenas observava, intrigada.
Dentro da caixa, envolta em um papel fino, havia uma bolinha de ervas secas, e junto com ela, um bilhete escrito com uma letra rebuscada, que Isabelle não conhecia.
“Para quando estiver entediada.”
Ela levou a bolinha ao nariz, sentindo-se levemente embriagada com o aroma.
- Valeriana. – murmurou.
- Valeriana? – repetiu Lilian, confusa.
- Mas por que alguém mandaria uma bola de erva-de-gato pra você, Isa? – perguntou Alice.
“Claro!” – pensou a morena – “Erva-de-gato.”
Isabelle sorriu. Só uma pessoa poderia ter feito aquela brincadeira. Olhou, com uma sobrancelha erguida e a bolinha em uma das mãos, na direção do ponto da mesa, um pouco mais adiante, em que Sirius estava sentado. Ele sustentou o olhar da garota, com um sorriso matreiro a dançar nos lábios. Ela sacudiu a cabeça, voltando-se novamente para as amigas e retomando a conversa, a bolinha ainda na mão. De forma inconsciente, voltou a levar a bolinha ao nariz por várias vezes, até dar-se conta do que estava fazendo. Na última vez que o fez, não percebeu Sirius levantando-se se seu lugar e vindo em sua direção.
- Sabia que você ia gostar. – sussurrou ele em seu ouvido, ao passar por ela rumo à saída do salão.
A garota levantou-se, indo atrás do amigo, e o fez parar de andar, logo após saírem do Salão.
- Erva-de-gato? – perguntou ela. Sirius riu.
- Comprei ontem, quando fui à Zonko’s. – contou ele.
- Você não tem jeito, mesmo. – disse a morena, sacudindo a cabeça.
- Você é uma gatinha, em todos os sentidos. – brincou Sirius, fazendo-a corar – Nada mais adequado.
- Seu bobo! – disse ela, dando um tapa leve no braço dele – Obrigada, eu adorei.
- De nada. – disse Sirius – Tá tudo pronto?
- Aham. – assentiu Isabelle – Na hora do almoço, o Ranhoso vai ter o que merece.
Na hora do almoço, Sirius e Isabelle entraram no Grande Salão lado a lado. Ao verem Snape já acomodado à mesa da Sonserina, os dois se entreolharam. O sonserino enchia a taça de suco de abóbora.
- Pronta? – perguntou Sirius.
- Quando você quiser. – murmurou Isabelle em resposta.
Ele a acompanhou junto com os demais até os seus lugares habituais à mesa dos leões, mas não se sentou com eles. Olhou para a mesa da Sonserina, depois para os amigos, e por último para Isabelle, e começou a refazer o caminho de volta à entrada do Salão. Mas ao invés de sair, começou a andar em direção à mesa da Sonserina, mais exatamente em direção ao ponto da mesa onde Snape estava sentado.
- O que o Almofadinhas tá fazendo? – perguntou Tiago.
- Snape!
Assim como todos os ocupantes do Grande Salão, Snape ergueu os olhos de seu prato e olhou para Sirius, que o encarava de volta com uma expressão furiosa.
- O que foi, Black?
- Se acha muito esperto, não é? – perguntou Sirius – Achou que nós não iríamos descobrir o que você fez?
- Não sei do que você está falando. – disse Snape, que, apesar de fingir estar muito calmo, suava frio.
- Ah, não? – perguntou Sirius, irônico – Pois eu acho que sabe.
Na mesa da Grifinória, Isabelle deu uma boa olhada em todas as direções, para certificar-se de que a atenção dos colegas estava desviada para a discussão e de que ninguém veriua o que ela iria fazer a seguir. Ela aproveitou-se da distração de todos ao redor para despejar em sua taça a poção preparada na noite anterior, e, sem que ninguém percebesse, efetuou um simples feitiço de troca entre a taça de suco de Snape e a sua, cheia de poção. Depois, por debaixo da mesa, apontou a varinha para Sirius, murmurando um feitiço que ninguém ouviu. Black sentiu uma leve fisgada no braço da varinha e olhou para Isabelle, que tomou um grande gole de sua taça. Era o sinal. Hora de acabar com o teatro.
- Eu sei o que você fez, Ranhoso, – acusou ele, com o dedo apontado para o rosto de Snape – e vai ter volta, pode esperar.
E dizendo isso, deu as costas ao sonserino, ainda sob o olhar de todos no Grande Salão, começando a andar devagar, de volta à mesa da Grifinória. Snape, nervoso, tomou todo o conteúdo de sua taça de uma só vez. O efeito foi imediato. De repente seu corpo começou a formigar intensamente,e sua pele parecia borbulhar. Aos poucos os cabelos negros foram ficando louros, mais longos e cheios de cachinhos; as vestes negras da escola se transformaram em um vestido curto, rosa pink e cheio de babadinhos, e uma maquiagem berrante apareceu em seu rosto.
O Grande Salão explodiu em gargalhadas quando a transformação de Snape se completou. Ele parecia uma boneca gigante. Quando o sonserino viu o próprio reflexo refletido na taça de metal à sua frente, horrorizou-se, e tentou sair correndo do Grande Salão, mas foi impedido por um feitiço rápido de Sirius.
- Ah, não vai, não! – disse Sirius, sacando a varinha – Levicorpus!
Foi como se uma mão invisível houvesse segurado Snape pelo tornozelo e o erguido do chão, deixando-o pendurado de cabeça para baixo no meio do Salão. Uma nova onde de gargalhadas tomou conta do Salão quando o vestido escorregou, deixando à mostra uma calcinha rosa, com estampas de beijos por todos os lados.
- Black! – gritou a professora McGonagall, entrando no Grande Salão – Ponha-o no chão imediatamente!
Sirius desfez o feitiço, e Snape estatelou-se no chão, mas levantou-se rapidamente, e deixou correndo o Grande Salão, em meio a mais risadas dos alunos, e até mesmo de alguns dos professores.
- Na minha sala, Black! – ordenou a professora Minerva – Agora!
Sirius dirigiu-se à sala da professora McGonagall, onde levou dela uma bronca daquelas. Porém ele não estava ligando nem um pouco para isso. Estava muito satisfeito com o plano que havia funcionado perfeitamente, e precisava controlar-se para não começar a rir diante da professora.
- O que pensa que estava fazendo? – quis saber a professora.
- Desculpe, professora! Mas ele veio correndo na minha direção, achei que ele fosse partir pra cima de mim, pensando que eu tinha culpa. – mentiu o garoto.
- E não tinha?
- Não. – Sirius fingiu indignação – Sei lá o que foi que houve com o Ran... o Snape.
- Bem, embora eu duvide que não haja o seu dedo nesta história, não pode ser acusado de nada. – disse McGonagall – Estava diante do Sr. Snape, portanto, não poderia ter feito aquilo com ele.
- Pois é. – concordou Sirius, aliviado com o comentário da professora.
- Mas irá perder trinta pontos para a Grifinória por ter utilizado aquele feitiço contra o seu colega.
- Sim, senhora. – disse Sirius, de cabeça baixa.
- Agora pode ir. – disse McGonagall.
- Sim, senhora. – disse Sirius, novamente – Com licença.
Ele levantou-se da cadeira, e saiu rapidamente da sala da professora, temendo que ela mudasse de idéia e acabasse dando-lhe uma punição pior. Isabelle o esperava, ansiosa, no fim do corredor.
- E então? – perguntou ela, quando ele a alcançou – O que ela disse?
- Perdi vinte pontos pra Grifinória... – contou Sirius – pelo Levicorpus. Ela não faz idéia do que aconteceu! – completou ele, rindo.
- Isso! – comemorou Isabelle, abrindo um largo sorriso.
- Grande plano, garota! – elogiou Sirius, fazendo Isabelle corar.
- Valeu. – agradeceu ela – Vamos pra torre?
- Vamos, sim. Aposto como os Marotos estão malucos tentando descobrir o que aconteceu. – disse Sirius.
E ele estava certo. Os dois se dirigiram à torre da Grifinória para apanhar seu material para irem para a próxima aula, e ao chegarem no salão comunal, encontraram Lilian, interrogando os demais Marotos.
-... Sirius não pode ter feito tudo sozinho, alguém ajudou. – dizia a ruiva, andando de um lado para o outro – Tiago Potter... você não tem nada a ver com isso, tem?
- Não, eu juro, ruivinha. – respondeu Tiago – Dessa vez eu sou inocente!
- Ele tá falando a verdade, Lily. – disse Sirius, quando ele e Isabelle entraram no salão comunal – O Pontas não sabia de nada, aliás, nenhum dos Marotos sabia.
- Você não pode ter feito tudo sozinho, Sirius! – ponderou Lilian – Disseram que tinha alguma coisa na bebida do Snape, você não pode ter colocado nada na taça se estava na frente dele. – disse ela, sentando-se.
- Claro que não, Lily. – disse Isabelle, entrando na conversa – Essa era a minha função.
- O quê? – perguntaram Lilian, Tiago, Remo e Pedro ao mesmo tempo.
- Sirius era só uma distração. – explicou a morena – Enquanto tava todo mundo prestando atenção na discussão dele e do Snape, eu coloquei uma poção na minha taça, e depois troquei com a do Snape.
- Isa! – exclamou Lilian.
- Mas o que o Ranhoso fez de tão grave, que até mesmo a Isa se meteu nessa história? – perguntou Remo.
- Fez a Lily e o Pontas brigarem. – disse Sirius.
- O quê? – perguntaram Lilian e Tiago, juntos.
- Foi o Snape quem mandou a Flanders agarrar o Tiago. – contou Isabelle – Ouvimos os dois conversando quando estávamos voltando do campo de Quadribol, mas no início não sabíamos do que eles estavam falando.
- Mas daí quando a gente chegou na torre e vocês contaram o que tinha acontecido, sacamos na hora. – completou Sirius.
- E por que não disseram nada pra gente? – perguntou Lilian.
- Não podíamos contar pro Pontas, ele ia pirar. – explicou Sirius – E como tinha prometido pra você que não ia mais se meter com o Ranhoso...
- Tá, mas e nós? – perguntou Remo, apontando para si mesmo e para Pedro – Por que não contaram pra nós?
- Não quisemos arriscar encrencar você, Remo. Você é monitor. – justificou Isabelle – E o Pedro ia acabar contando pro Tiago.
- Mas afinal o que tinha na taça? – perguntou Lilian.
- Uma poçãozinha especial que nós preparamos ontem à noite. – disse Isabelle, com um sorriso maroto – Poção Fixadora e pastilhas de trote.
- Ele vai ficar com aquela aparência por uns três ou quatro dias. – disse Sirius – A Bell despejou uma caixa inteira de pastilhas na poção. Aliás, ela bolou o plano todo, eu só dei a cara a tapas.
- Idéia de gênio, Charmant! – elogiou Tiago – Simples, mas brilhante.
- Tiago! – disse Lilian, exasperada.
- Mas é verdade, amor! – disse o garoto – Você tem que admitir que foi engraçado. Acho que a última vez que eu ri tanto assim do Ranhoso foi naquela vez que nós demos pra ele balas com recheio de sumo de folha de aliquente, lembra, Almofadinhas?
- E como eu ia esquecer? – perguntou Sirius, abrindo um largo sorriso – Ele passou uns três dias indo e voltando da Ala Hospitalar, até descobrir que as balas é que causavam as crises de histeria. – lembrou ele, alargando ainda mais o sorriso.
- Ah, eu lembro como se fosse hoje... – disse Tiago, fingindo um ar pensativo – de tempos em tempos o Ranhoso passava correndo e gritando pelos corredores, com Madame Pomfrey correndo atrás dele, e estuporando ele toda vez pra poder levar pra Ala Hospitalar.
- Muito obrigada pelos elogios, Tiago. – agradeceu Isabelle, rindo.
- Você tá andando demais com o Sirius, Isa. – disse Lilian – Tá virando uma Marota.
- Hmm... a idéia não é má. – brincou a morena.
- Que cara é essa, Aluado? – perguntou Tiago, ao ver a expressão pensativa do amigo.
- Já perceberam que essa é a segunda coisa séria que o Ranhoso apronta com a gente? – perguntou Lupin.
- Como assim, Remo? – perguntou Isabelle, sem entender.
- Primeiro foi o Sirius, com o Regulus, agora o Pontas com a Lily. – explicou o garoto – Ele está atacando os Marotos, um a um.
- Ei, faz sentido. – concordou Sirius – O que quer dizer que faltam você e o Rabicho.
- É, mas ele é muito metódico. – ponderou Remo – Acho que ele ainda vai tentar de novo pegar o Pontas, antes de vir pra cima de mim. Além disso, não acho que ele vá fazer alguma coisa contra o Rabicho, já que quem apronta mesmo com ele somos nós três.
- É, galera, melhor a gente ficar esperto. – disse Tiago.
- E isso inclui você, Isa. – disse Lupin.
- Eu? – perguntou Isabelle, sem entender.
- É, o Aluado tá certo, Bell. – concordou Sirius – Você anda sempre comigo, e se o Snape chega a descobrir que você tá metida no que aconteceu hoje...
- É, Charmant. – disse Tiago – Melhor ficar de olhos bem abertos.
Snape não foi visto na escola durante quatro dias. Depois de horas na Ala Hospitalar, com Madame Pomfrey tentando de tudo para anular o efeito da poção de Isabelle, sem obter qualquer resultado, ele foi mandado para as masmorras, onde ficavam o salão comunal e os dormitórios da Sonserina, e não saiu de lá enquanto o efeito da poção não passou. Durante esse tempo, tentava descobrir os culpados pela vergonha que havia passado. Enquanto estivera pendurado de ponta cabeça no Grande Salão, deu uma boa olhada na direção da mesa da Grifinória, percebendo uma coisa bem interessante.
“Os outros pareciam surpresos de verdade, mas a Charmant... ela sabia, com certeza. Ah, mas ela me paga!”
Ele estava agora com mais raiva do que nunca. Não tinha a intenção de voltar a agir tão cedo, nem de fugir à seqüência que estipulara inicialmente, mas teria que pôr em prática o plano contra Lupin, antes de voltar a concentrar-se em Tiago.
Ele sabia que Isabelle conhecia o segredo de Lupin e que os Marotos o ajudavam nas noites de lua cheia. Desconfiava até que a garota também estava metida nas escapadas noturnas dos Marotos. Bem, ela certamente atenderia a um chamado deles, caso fosse importante. Também já havia reparado no interesse demonstrado pelo lobisomem em relação à amiga. Isso seria bom, muito bom, para seus planos. Mataria dois pufosos com um Avada só, vingando-se ao mesmo tempo de Isabelle e de Lupin.
“Vamos cuidar do lobisomem, então.” – pensou ele, decidido.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!