Hogsmeade



No dia da visita a Hogsmeade o dormitório feminino da Grifinória estava um verdadeiro caos. Garotas semi-vestidas, disputando banheiros, correndo de um lado para o outro, trocando de roupas milhares de vezes, em busca da combinação perfeita, ou então brigando com a maquiagem ou os cabelos.
- Ai, Isa! Me ajuda aqui! – pediu Lilian.
Isabelle que, tranqüilamente, assistia as meninas em sua preparação para o passeio, foi novamente até onde estava a amiga, parada diante do espelho.
- Lily, será que dá pra você decidir logo? – disse a morena – É a terceira blusa que você experimenta, só com essa calça!
- Mas é que eu não gostei de como as outras ficaram! – chorou a ruiva – Que tal essa? – perguntou ela, olhando-se no espelho.
- Tá ótima, Lil, mas acelera! – respondeu Isabelle, impaciente – Se eu bem conheço o Tiago, ele já deve estar à beira de um ataque lá em baixo.
- Tá, tá! Eu já tô acabando. – disse a ruiva, agora começando a arrumar os cabelos.
- Isa, você vai assim? – perguntou Alice para Isabelle, que ajudava Emmeline a decidir com qual blusa iria, pois ela própria já estava pronta há bastante tempo. Vestia uma calça jeans e uma blusa grossa, azul escura, de gola alta. No rosto, apenas lápis no olho e um brilho leve nos lábios.
- Vai com a rosa, Line. – disse Isabelle, e depois voltou-se para Alice – Assim como, Lice?
- Assim, com o cabelo do mesmo jeito de sempre, quase sem maquiagem... – explicou a outra.
- Vou. – disse Isabelle, simplesmente – Por quê?
- Você vai com o Sirius, quer motivo melhor pra se produzir? – perguntou Emmeline, rindo.
Isabelle revirou os olhos. Pensou em dizer às meninas que não havia necessidade de se preocupar com aquilo, já que o encontro não era de verdade, mas acabou mudando de idéia ao pensar na enorme quantidade de explicações que teria que dar.
- Lil, eu vou esperar por você lá embaixo. – ela acabou por dizer.
- Tá. Diz pro Tiago que eu não demoro. – disse a ruiva, concentrada em prender os longos cabelos.
Isabelle concordou, e desceu as escadas para o salão comunal. Lá chegando, encontrou realmente um Tiago já muito nervoso, andando de um lado para o outro, e Remo e Pedro entretidos em uma partida de xadrez, na qual este último perdia de lavada.
- Ué, Charmant. – disse Tiago, parando de andar – Cadê a Lily?
- Terminando de se arrumar. – disse a garota, sentando-se para assistir ao jogo dos outros dois amigos – Disse que já ia descer, mas como ela já tá me dizendo isso tem uns bons vinte minutos, acho que vamos ter que esperar mais um pouco. – continuou ela, e então olhou ao redor – Cadê o Sirius?
Ao ouvir Isabelle referir-se a Sirius chamando-o pelo primeiro nome, Remo ergueu os olhos do tabuleiro de xadrez para fitá-la.
- Sei lá. – disse Tiago, dando de ombros – Tava aqui até agora pouco.
Mais ou menos uns dez minutos depois, Lilian chegou ao salão comunal, sendo recebida por um Tiago embasbacado. Ela estava muito bonita, com uma blusa de tecido grosso, cor de vinho e jeans, e com os cabelos presos num rabo-de-cavalo alto e uma maquiagem bem leve.
- Você tá linda! – disse Tiago, quando ela terminou de descer a escada.
- Obrigada. – respondeu ela, dando um selinho no namorado – Você também está.
- Bom, gente, vamos nessa? – perguntou Isabelle.
- Você ia mesmo sair sem mim, Isabelle? – perguntou Sirius, entrando pelo buraco do retrato, com uma das mãos às costas. Isabelle estreitou os olhos para encará-lo.
- Está atrasado. – disse ela.
- Está linda. – retrucou Sirius.
- Está perdoado. – disse ela, com um sorriso maroto.
Sirius revelou a mão esquerda, que estava escondida, e estendeu para Isabelle uma bela rosa branca.
- Pra você. – disse ele, galanteador.
- O que é isso, Sirius? – perguntou a garota, pegando a flor.
- Uma rosa, ora! Achou que era o quê, um nabo? – perguntou ele, zombeteiro.
Várias garotas no salão comunal assistiam à cena, boquiabertas; algumas lançavam olhares decididamente mortíferos a Isabelle. Remo olhava de Sirius para Isabelle, e de volta para Sirius, e tinha no rosto uma expressão surpresa e bastante incomodada.
- Acho que agora você surtou de vez. – disse Isabelle para Sirius – De toda forma, obrigada. É linda.
- De nada.
- Bom, agora vocês vão ter que me esperar. – disse a morena – Eu vou levar a flor lá pra cima.
- Eu vou com você, Isa. – disse Lilian, e as duas subiram a escada para o dormitório. No salão comunal, o silêncio pairava entre os Marotos; nenhum deles arriscava dizer nenhuma palavra sobre o que acabara de acontecer.
No dormitório, várias meninas ainda terminavam de se aprontar para o passeio. Isabelle sentou-se em sua cama e conjurou uma pequena caixa de vidro.
- O que você vai fazer? – perguntou Lilian, que voltara para a frente do espelho e retocava o batom rosa-claro de seus lábios.
- Vou fazer com que ela dure bastante tempo. – respondeu a morena, colocando a flor dentro da caixa, e lacrando-a.
- Selatu. – disse ela, com a varinha apontada para a caixinha – Conservare.
Uma fumaça perolada envolveu a rosa dentro da caixa, e depois de alguns segundos dissolveu-se.
- Pronto. – disse a morena, satisfeita, colocando a caixinha sobre o criado-mudo – Vamos descer?
- Vamos.
As duas voltaram então ao salão comunal. Os Marotos estavam sentados, um em cada sofá, em absoluto silêncio. Ao vê-las descer, Tiago adiantou-se até Lilian, aliviado por poder sair daquele clima que estava no salão sem as meninas.
- Vamos? – perguntou ele.
- Vamos. – respondeu a ruiva, aceitando a mão estendida do garoto.
O grupo deixou, então, o salão comunal, a torre e a escola. Foram em carruagens separadas até Hogsmeade, mas ao chegarem, se reuniram para andar um pouco juntos pelo vilarejo. Eles olhavam as vitrines, conversavam e riam, animados, ou pelo menos a maioria deles fazia isso. Remo andava ao lado dos demais, mas estava muito concentrado em seus próprios pensamentos.
“Não acredito que estou sentindo isso... ciúme! Ciúme da Isa com o Sirius, ciúme da mão dela na dele, aquela mão que cuida de mim. Será que isso tudo é mesmo só fingimento, ou tem alguma coisa rolando entre eles? Naquela noite eles pareciam tão próximos, e tem tudo o que aconteceu na casa dela... Não, Sirius é meu amigo, ele não faria isso, ele me disse que não faria isso. Mas será que não faria mesmo?”
Depois de andarem por um tempo pelas ruas do vilarejo, o grupo acabou por dispersar-se. Tiago e Lilian foram ao Madame Puddifoot, ao que Isabelle fez uma careta, como se fosse vomitar
- Eca! Só a Lily, mesmo. – disse ela, sacudindo a cabeça – Aquele lugar é ridículo!
- Nossa, Isa! Todas as garotas que eu conheço acham o máximo ir lá, dizem que é romântico... – comentou Remo.
- Romântico? Ah, não, Remo! – disse a garota, fazendo careta novamente.
No Madame Puddifoot, Lilian e Tiago tomavam café, com fatias de uma torta deliciosa. Então, o garoto levantou-se, para colocar sua cadeira mais próxima à de Lilian.
- Eu... eu tenho duas coisas muito importantes pra dizer pra você, Lírio. – disse ele, encarando-a profundamente.
- É? – perguntou ela, nervosa – E o que é?
- Primeiro, é que eu amo você, Lily, – disse ele, segurando as mãos dela – mais do que eu sequer era capaz de imaginar que pudesse amar alguém.
- Tiago... – disse ela, comovida – eu também amo muito você.
- E segundo, eu queria saber se... – ele tirou do bolso uma caixinha, com duas alianças de prata – se você aceita namorar comigo.
- Merlin! – exclamou ela, surpresa, e contente – É tudo o que eu mais quero!
Ele então colocou uma das alianças no dedo de Lilian, que sorria muito; depois foi a vez dela fazer o mesmo com o agora namorado. Os dois sorriram e beijaram-se apaixonadamente, enquanto pequenos querubins dourados despejavam uma infinidade de confetes cor-de-rosa sobre eles.
No Três Vassouras, após algumas rodadas de cerveja amanteigada, os demais Marotos e Isabelle preparavam-se para sair.
- Não, Sirius! – disse Isabelle – Não precisa pagar a minha!
- Sim, senhorita. – disse Sirius – Eu chamei você pra sair, e como sou muito cavalheiro – ele fez pose, rindo ao ver Isabelle revirar os olhos – vou pagar a sua cerveja.
- Você tá levando isso muito a sério... – comentou a morena.
- Ora, se é pra mentir, temos que mentir direito. – retrucou Sirius, pagando a conta - Além do mais, seu amigo amarelinho esta ali. - disse ele, apontando discretamente com a cabeça para a mesa onde Smith tomava uma cerveja amanteigada com outros garotos da Lufa-Lufa, sem tirar os olhos de Isabele.
- Ah... - fez a garota quando seu olhar cruzou com o do louro - Vamos nessa, então?
Os quatro saíram do pub, pensando em encontrar Lilian e Tiago para voltarem à escola.
- Tá ficando frio... – disse Isabelle, esfregando as mãos uma na outra.
- Aqui, põe o meu casaco. – disse Sirius, tirando o casaco e colocando-o sobre os ombros da garota.
- Mas você... – ela ia protestar, mas ele não deixou.
- Não, sem discussão.
- Tá bom, obrigada. – concordou Isabelle – Hmm... perfume gostoso... – ela disse sem querer, em voz alta.
- Tudo em mim é gostoso, Charmant. – disse Sirius, debochado.
- Cala a boca, Sirius. – retrucou a garota, muito vermelha.
Remo sequer conseguia olhar para o casal de amigos, e tinha os punhos cerrados com tanta raiva que as unhas, embora curtas, chegavam a machucar as palmas das mãos.
- Olha lá o Pontas e a Evans! – gritou Pedro, apontando para o outro lado da rua.
- Oi, gente. – cumprimentou Lilian ao se aproximar. Ela também vestia o casaco de Tiago – Belo traje, Isa.
- O seu também, Lily. – disse a morena, rindo.
- Que tal voltarmos pra escola? – perguntou Tiago – Tá ficando frio...
- É, vamos nessa. – concordou Sirius.
- Ai, droga! – exclamou Isabelle, batendo na testa – esqueci que tinha que ir ao boticário comprar umas coisas...
- É muito importante, Isa? – perguntou Lilian.
- É, eu realmente preciso disso com urgência. – respondeu a morena, com voz desanimada.
- Eu vou com você até lá. – disse Sirius para Isabelle.
- Mas, Sirius, tá frio, e você tá sem casaco... – argumentou a garota.
- Eu não vou morrer por mais alguns minutos. – disse ele – Encontramos com vocês na escola, galera.
- Tá. Até mais!
Enquanto o resto do grupo ia em direção ao local onde estavam as carruagens da escola, os dois se encaminharam ao boticário.
- Eu... posso fazer uma pergunta pessoal? – perguntou Sirius.
- Outra? – perguntou Isabelle.
- Bom... é. – disse Sirius.
- Tá bom, mas é o mesmo esquema da outra vez. – avisou ela.
- Eu posso perguntar o que eu quiser, mas você pode responder ou não. – lembrou Sirius.
- Isso. – assentiu a morena.
- Ok. – concordou Sirius – Bem, você disse, no início do ano, que tinha feito duas tatuagens.
- Aham. – confirmou a garota.
- A do pulso eu já vi, mas... cadê a outra? – perguntou Black.
- Muito bem escondida. – respondeu Isabelle, com um leve sorriso.
- Mas... – começou Sirius, mas foi logo interrompido pela garota.
- Você disse uma pergunta. – disse ela, com uma expressão marota.
Sirius percebeu que havia sido pego nessa, mas mesmo assim, tentou mais uma vez.
- Tá, então... eu posso fazer outra? – perguntou ele – Só mais uma?
- Agora não. – disse ela, ainda sorrindo.
- Mas, Bell... – insistiu ele.
- Chegamos! – anunciou a garota, cortando o assunto – Vamos entrar?
Ao chegar ao boticário, Isabelle entregou ao atendente uma pequena lista com os ingredientes de que precisava.
- Problemas com cães, senhorita? – perguntou o rapaz, sorrindo.
- Ahn... não... – disse ela, corando um pouco ao perceber o olhar interrogativo que Sirius lhe lançara.
- Philip! – veio a voz do dono do boticário do meio das estantes – caso alguém mais venha procurar, nosso estoque de ovos de cinzal acabou!
- Sim, senhor! – respondeu o rapaz que atendia Isabelle, voltando-se novamente para a garota – Desculpe, senhorita. Mas... sabe como é, dia dos Namorados... Acho que é a única aluna de Hogwarts que veio aqui que não quis nenhum ingrediente para preparar uma Poção de Amor. – disse ele, sorrindo – Um instante, vou buscar suas coisas.
- Está bem. – respondeu Isabelle, aproveitando a deixa do rapaz para mudar o assunto com Sirius, que ficara cismado com a história do “problema com cães” – Não aceite nada que alguma garota ofereça pra você comer ou beber hoje, Sirius. – disse ela, meio rindo.
- E você acha que eu não sei? Tudo o que eu ganhei hoje, bolos, biscoitos, bombons... tudo foi pra lareira do dormitório. Um desperdício de comida, mas...
Após alguns instantes, o atendente retornou com um pacote nas mãos.
- Pronto. São dois galeões e dez nuques.
- Aqui está. – disse Isabelle, entregando o dinheiro – Obrigada.
- Eu é que agradeço. – disse o rapaz, sorridente – Volte sempre.
Sirius e Isabelle deixaram a loja, e na rua, ele voltou-se para a garota, uma sobrancelha erguida.
- Problemas com cães?
A garota corou violentamente.
- Ahn... você vai acabar ficando doente nesse frio. – disse ela – Melhor nós irmos.
Os dois seguiram caminhando rápido, devido ao frio que fazia na rua. Isabelle fingia estar muito concentrada olhando pela enésima vez a vitrine da Trapobelo, somente para evitar responder a pergunta que, tinha certeza, estava na ponta da língua de Sirius.
- Charmant? – chamou ele.
- Hum? – resmungou Isabelle, sem tirar os olhos da vitrine.
- O que você... – a voz dele foi morrendo, e Isabelle virou o rosto para fitar o amigo.
- O que foi?
Mas o que quer que fosse o que Sirius ia dizer, havia perdido completamente a importância para ele, no instante em que vira seu irmão Regulus se esgueirando para dentro de um beco do vilarejo, acompanhado por Snape.
- Ahn... não, não é nada. – disse ele, virando-se para Isabelle, mas logo voltando a olhar para a entrada do beco – Você vai... indo na frente. Eu vou só... ver uma coisa, e encontro com você na escola.
- Sirius, o que houve? – perguntou a garota, seguindo o olhar dele até a entrada do beco.
- Não dá pra explicar agora. – disse ele, já se afastando – A gente se vê mais tarde.
- Sirius! – chamou ela, mas ele já ia longe – O que diabos está acontecendo? – perguntou a si mesma, enquanto via o amigo andando rápido rumo ao beco.
Isabelle ficou em dúvida entre ir atrás de Sirius ou não, mas acabou por fazer o que ele havia pedido que fizesse, seguindo rumo às carruagens, mas sempre olhando para trás, para ver se algo estranho iria acontecer.
Sirius foi andando a passos largos em direção ao beco onde vira Snape e Regulus entrando, mas ao se aproximar da entrada, diminuiu o passo, para que eles não percebessem sua presença.
- Imagine o quanto seus pais se orgulhariam... – dizia Snape.
- Um Comensal... – Regulus parecia ainda em dúvida a respeito da proposta.
- Sim. Imagine o poder que você teria, com Bellatrix já no alto escalão, sua ascensão nas fileiras do Lord seria incrivelmente rápida. – incentivou Snape – Além disso, você é esperto, vai se sair muito bem.
- E então vou provar definitivamente pra mamãe que sou melhor do que o Sirius. – concluiu Regulus.
- Exatamente. Então o que me diz?
- Regulus! – chamou Sirius, revelando-se.
- Sirius? – perguntou Regulus, surpreso – O que está fazendo aqui.
- O que pensa que está fazendo, Regulus? – perguntou Sirius – Tem idéia de onde está se metendo?
- Cala a boca! – gritou Regulus – Não se meta na minha vida!
- Não vê que ele está apenas usando você pra me atingir? – gritou Sirius, apontando para Snape.
- Nossa! Quanta modéstia, Black. – debochou Snape, e Sirius adiantou-se em sua direção, varinha em punho.
- Cala. A. Boca. – rosnou ele.
- Já que me pediu com tanta educação... – disse Snape, desdenhoso – Vou deixar vocês à sós, para a discussão em família.
- Espera, Severo. – disse Regulus – Eu vou com você. Não tenho nada pra falar com esse aí. – continuou ele, começando a andar em direção à entrada do beco.
- Ah, não, você não vai! – disse Sirius, segurando o irmão pelo braço.
- Me solta! – gritou Regulus, furioso.
- Não pode continuar com isso, Regulus. – disse Sirius, muito sério – Está sendo estúpido! Vai fazer uma besteira!
- Não me chame de estúpido, e não me diga o que fazer. – disse o Black mais jovem – Eu vou fazer o que eu bem entender, e você não vai me impedir.
E dizendo isso, Regulus desvencilhou-se do irmão, e deixou o beco junto com Snape, sem olhar para trás.
Mais tarde, no dormitório das meninas, Lilian, Alice e Isabelle conversavam sobre o passeio em Hogsmeade.
- Ah, peraí! Quer dizer que era tudo de mentirinha? – perguntou Alice, incrédula.
- Aham. – confirmou Isabelle – Assim eu me livrei de vez do chato do seu primo, Lice, desculpa, mas ele é chato, – disse a morena – pelo menos eu espero ter me livrado.
- Olha, Isa, eu tenho que dizer que tava beeeem convincente, – disse Alice, que não parecera se importar com o comentário da amiga sobre seu primo – e... espera aí!
- O que foi, Lice? – perguntou Lilian.
- O que é isso na sua mãozinha, Lilian Evans? – perguntou Alice.
- Ahn... uma aliança. – respondeu a ruiva, corando.
- Começa a falar, Lily. – disse Isabelle – Imediatamente.
- Tiago me pediu em namoro. – disse Lilian, sorrindo.
- Que legal, Lil, parabéns! – disse Isabelle.
- Obrigada. – respondeu Lilian.
- Ai, que fofo! – exclamou Alice – Bem no Dia dos Namorados! Viu, Isa? Agora só falta você!
- Falta eu o quê? – perguntou a morena, sem entender.
- Arranjar um namorado, ora! – respondeu a outra, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Eu tenho, a Lily tem, e até a Line tá de rolo com esse lufo, tem um tempinho.
- Ah, meu Merlin... – disse Isabelle, revirando os olhos.
- Já pensou, você e o Sirius? – sugeriu Alice.
- Não viaja, Lice! – disse Isabelle, corando um pouco – Nós somos só amigos.
Lilian apenas assistia e pequena discussão entre as duas amigas sem nada dizer.
- Sirius Black, amigo de uma garota? – perguntou Alice, rindo – Ah, essa eu pago pra ver.
- É, amigo, sim. – insistiu Isabelle – Além do mais, eu não tô nem pensando nisso. Tenho muito com o que ocupar minha cabeça agora.
- Ah, vai, Isa?! Pra esse tipo de coisa sempre sobra um espacinho pra pensar a respeito... – disse Alice, estreitando os olhos – Ainda mais se tiver Sirius Black envolvido na história.
- Lice, você não tem jeito mesmo! – disse Isabelle, tentando não demonstrar o quanto as palavras da amiga haviam mexido com ela – Imagina se o Frank ouve você dizendo isso?
- Ele não está aqui, está? – perguntou Alice, caindo na risada, junto com Lilian, enquanto Isabelle parou para pensar por um instante, e não pôde deixar de imaginar-se beijando Sirius pra valer.
- Ih... ela tá pensando... cuidado, hein, Isa! – brincou Alice – Dizem que quem beija, apaixona...
- Ah, cala a boca, Lice! – disse Isabelle – Eu vou lá em baixo, acho que tem um livro meu por lá.
A morena saiu do quarto, mas não desceu imediatamente. Parada no alto da escada, recostou-se na parede de pedra, pensando por um instante nas palavras de Alice e em tudo o que havia acontecido nos últimos dias.
“Quem beija apaixona... que bobagem!" – pensava ela – "Mas o beijo dele é bom, muito bom, aliás. E tem gosto de canela. Aaai! Pára de pensar besteira!!! Mas... agora, que a Lice falou é que eu me dei conta. Eu, Isabelle Charmant, beijei Sirius Black na frente da escola inteira! E pior, fui com ele a Hogsmeade. Provavelmente metade da escola deve estar pensando como ela. Tudo bem, foi só um selinho, e foi de mentira, mas... eu beijei o cara mais cobiçado de Hoggy! Oh, Merlin! Eu tô muito ferrada. Metade da escola me odeia.”
Ela sacudiu a cabeça e aprumou-se, rindo um pouco dos próprios pensamentos. Desceu então a escada até o salão comunal, que estava estranhamente vazio. Bem, não totalmente vazio. Sirius estava jogado no sofá maior, de olhos fechados, e parecia estar dormindo.
- Sirius? – chamou a garota, se aproximando.
- Hã? – fez o Maroto, abrindo os olhos – Ah, oi.
- O que... – começou ela, mas se interrompeu ao ver a garrafa, contendo apenas metade de sua capacidade preenchida por um líquido cor de âmbar – isso é firewhisky?
- É. – respondeu Sirius, lacônico.
- Não devia trazer isso pra cá, Sirius. – repreendeu Isabelle – Na verdade, não devia estar bebendo isso.
- Eu não tava muito legal. – justificou o Maroto – Precisava me... anestesiar.
- Por quê? – perguntou a garota – O que houve?
- Regulus. – respondeu ele, simplesmente.
- O que foi que ele fez dessa vez?
- Não é o que ele fez. – disse Sirius – É o que vai fazer.
- Como assim? – perguntou Isabelle, sem entender.
- Lembra quando eu contei pra você que ele disse que ia honrar o nome da família, como a Bella? – perguntou o Maroto.
- Lembro. – confirmou Isabelle – O que tem isso?
- Agora eu sei o que ele quis dizer. – explicou Sirius – Bellatrix é uma Comensal da Morte, e meu irmão pretende seguir o exemplo dela.
- Ah, Sirius...
- Bella fez a escolha errada, e Regulus está indo pelo mesmo caminho. – disse o garoto, correndo a mão pelos cabelos – Vão se destruir!
- Você queria poder fazer algo, não é? – perguntou Isabelle, penalizada.
- A sensação de impotência é quase insuportável. – respondeu ele, em tom derrotado – Posso ter deixado a casa, mas eles ainda são minha família, apesar de eu falar o contrário.
- Sangue é sangue, Sirius. É algo que não dá pra fugir. – disse a morena, esboçando um sorriso – Mas você fez o que pôde, o que estava ao seu alcance. Não pode decidir por eles.
- É... eu sei.
- Vem, me dá a garrafa. – pediu ela – Chega de firewhisky.
- O firewhisky era pra me acalmar. – disse o garoto, ao passar a garrafa para ela – Vou precisar de outra coisa que me acalme, agora.
- Como por exemplo? – perguntou Isabelle, colocando a garrafa no chão, ao lado do sofá.
- Como você cantar pra mim.
- Cantar? – perguntou a garota, surpresa.
- É. Canta pra mim, só um pouquinho... – pediu ele.
- E o que você quer que eu cante, Sirius? – perguntou ela, enquanto o garoto deitava a cabeça em seu colo.
- Qualquer coisa, só canta, canta baixinho, só pra eu ouvir. – respondeu ele, voltando a fechar os olhos.
- Não tem mais ninguém aqui pra ouvir mesmo... – disse ela, se ajeitando no sofá – Só tem um problema. A única coisa que me ocorre agora é uma música que eu adoro, mas ela é bem triste.
- Não faz mal. Canta pra mim.
- Tá. – disse Isabelle, e então começou a cantar.

Catch your breath,
Hit the wall,
Scream out loud,
As you start to crawl,

Back in your cage,
The only place,
Where they will,
Leave you alone,

'Cause the weak will
Seek the weaker until they've broken them,
Could you get it back again?
Would it be the same?
Fulfillment to their lack of strength
At your expense,
Left you with no defense,
They tore it down.
*

- Continua... – pediu Sirius, quando a garota parou de cantar.
- Tá bom, – concordou ela – só mais um pouquinho.
- Aham.

Refuse to feel,
Anything at all,
Refuse to slip,
Refuse to fall,
You can’t be weak,
You can’t stand still,
Watch your back,
'Cause no one will,

You don’t know how they had to go this far,
Traded your worth for these scars,
For you're only company,
Don’t believe the lies that they have told to you,
Not one word was true,
You’re alright you're alright
You’re all right
**

- Ei, - chamou Isabelle, baixinho – tá dormindo?
- Não... – sussurrou Sirius de volta.
- Melhor irmos dormir. – disse a garota – Tá tarde.
Sirius não respondeu. Isabelle estava prestes a chamá-lo novamente quando o garoto voltou a falar.
- Já sei como vou chamar você.
- É? – perguntou a garota – Como?
- Bell. – respondeu Sirius.
- Bell? – repetiu ela, franzindo o cenho – Por quê?
- Dois motivos. – explicou ele – Primeiro, é parte do seu nome.
- Aham. E o segundo?
- Sinos.*** – disse Sirius, simplesmente.
- Sinos? – ecoou Isabelle, sem entender.
- É. Sinos de igrejas sempre me acalmam. – explicou o garoto – Quando eu estava zangado, ou chateado, costumava ir até a Westminster e fazia os sinos tocarem. Quase enlouqueci os monges de lá. – contou ele – Sinos me acalmam, e você também. Sua voz me acalma, principalmente quando você canta.
- Você é doido. – comentou Isabelle, rindo e corando levemente.
- Você não gostou? – perguntou Sirius.
- Bell... – disse a garota – é, não é ruim.
- Então a partir de hoje vai ser assim que eu vou chamar você.



N/A: cá estou, de novo. Nossa! Tô tão contente!!! Chegamos aos 100 leitores! Mirian, valeu pelo toque. Eu não tinha visto que tinha outra fic com esse nome. Que bom que tu tá gostando da minha.

Ah, é, não posso esquecer. A música que a Isa canta pro Six na volta do passeio em Hogsmeade é "Simon" do Lifehouse. Pra quem não conhece, eu realmente recomendo que ouça, por que a música é linda, eu particularmente a amo, e ela vai fazer vocês sacarem bem o clima daquele momento. Aí vai a tradução:


*Recupere seu fôlego
Acerte a parede
Grite bem alto
Enquanto você começa a rastejar

De volta a sua gaiola
O único lugar
Onde eles deixarão você sozinho

Porque os fracos
Procurarão os mais fracos até que eles quebrem
Você conseguiria voltar de novo?
Seria o mesmo?
Satisfação para a falta de força deles
As suas custas
Deixou você sem defesa,
Eles a destruíram


**Recuse-se a sentir
Qualquer coisa
Recuse-se a escorregar
Recuse-se a cair
Não pode ser fraco
Não pode ficar parado
Você se protege
Porque ninguém protegerá

Você não sabe por que eles foram tão longe
Trocaram seu valor por essas cicatrizes
Pois você é somente companhia
Não acredite nas mentiras que eles te contaram
Nenhuma palavra foi verdade
Você está certo, você está certo
Você está bem

*** Só pra esclarecer: Six relacioou o apelido novo da Isa, Bell, com sinos, por que bell, em inglês, quer dizer sinos.

Bem, eu vou indo nessa. Espero que vocês gostem do capítulo. E por favor, comentem!
Beijos, e até a próxima!

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