Demonstrações de amizade
A lua cheia chegou e passou, e assim foi com os dias do mês de fevereiro, que pareceram voar. Logo o mês já estava em sua metade, e uma data importante, pelo menos para alguns, e especialmente para as meninas, se aproximava.
- Ai, faltam poucos dias agora... – suspirava Alice.
- É, e vai ter passeio em Hogsmeade bem no dia. – disse Emmeline, animada – Roger já me chamou pra ir com ele.
- Frank disse que já comprou meu presente. – contou Alice – Eu já comprei o dele também. Só espero que ele goste.
- O pior é que eu não sei bem o que esperar do Tiago. – disse Lilian – A gente ainda não é... bem... namorados. Mesmo assim, eu comprei algo pra ele também.
Isabelle revirava os olhos, entediada, ouvindo a conversa das meninas sobre o Dia dos Namorados, assunto, aliás, que dominava a conversa nas rodinhas pela escola inteira.
- Ah, Lily! Tenho certeza de que ele vai comprar um presente pra você. – disse Alice, com convicção.
- Ai, será? – questionou a ruiva – Isa, onde você vai? – perguntou ela, ao ver Isabelle levantar e pegar um casaco.
- Não se preocupa, Lil. Eu só vou ali cortar meus pulsos e já volto. – respondeu a morena, num tom casual.
- Ai, credo, Isa! – disse Emmeline.
- Ah, desculpa, meninas, – pediu Isabelle – mas é que tá meio chato ficar aqui ouvindo os planos de vocês para o Dia dos Namorados, já que, bem, eu não tenho um.
- Por que não quer... – disse Alice, baixinho.
Isabelle ignorou o comentário da amiga.
- A Isa ta esperando o príncipe encantado no hipogrifo branco. – comentou Emmeline – Desculpa amiga, mas isso só existe nos contos.
- Ah, cala a boca, Line! – disse Isabelle – Eu vou dar uma volta. Vejo vocês depois.
- Tá bem, sua dramática. – disse Lilian – Até mais tarde.
Isabelle deixou as garotas, que voltaram a falar sobre os planos para o passeio, e passou pelo retrato, saindo da torre. Decidiu ir até os jardins, respirar um pouco de ar fresco, e durante algum tempo, ficou sentada à beira do lago, jogando pedrinhas na água. Por fim, cansou de ficar fazendo nada sozinha, e decidiu voltar à torre da Grifinória para encontrar com Lilian. Ela caminhava tranqüilamente em direção à entrada do castelo quando ouviu seu nome ser chamado.
- Charmant!
Ela parou de andar, e voltou-se na direção de onde vinha a voz, arrependendo-se imediatamente de tê-lo feito ao descobrir quem a estava chamando. Ela tornou a virar-se, decidida a ignorar o chamado e seguir seu caminho.
- Oi, Charmant! – chamou novamente o garoto louro, da Lufa-Lufa – Quero falar com você!
- O que é dessa vez, Smith? – perguntou ela, voltando a andar.
- Você vai comigo a Hogsmeade no fim de semana, não vai? – perguntou Smith, seguindo ao lado dela.
- Hmmm... – ela fingiu considerar a idéia – Não.
- Ah, qual é? – perguntou ele, parando diante dela, e impedindo-a de continuar andando – A Evans vai com o Potter, você vai ir sozinha?
- Eu já tenho companhia. – respondeu Isabelle, o que não era bem mentira, já que ela contava ir novamente com os Marotos.
- Seja lá quem for, – disse Smith, segurando o braço dela, quando a garota voltava-se para ir embora – o que quer que ele faça, eu faço melhor.
- Solta já o meu braço... – disse Isabelle, ameaçadora.
- Ah, vai, Charmant! Você bem que ia gostar... – disse ele, aproximando-se de forma perigosa.
- Vai pro inferno, garoto! – gritou ela, tentando inutilmente se soltar – Me solta!
- Algum problema, Isabelle? – perguntou Sirius, aproximando-se dos dois. Isabelle franziu o cenho ao ouvi-lo chamá-la pelo nome.
- Nada que seja da sua conta, Black. – disse Smith, que, no entanto, soltou rapidamente o braço da garota – O assunto é com a Charmant.
Isabelle abriu a boca para protestar, mas Sirius falou primeiro.
- Aí é que tá, Smith. – disse ele, abraçando a garota pelas costas – Tudo que envolve ela É da minha conta.
- Ele... é ele quem vai com você a Hogsmeade? – gaguejou o lufo, empalidecendo.
Sirius não pensou duas vezes. Inclinou Isabelle para trás e lascou um beijo na boca da garota, que, surpresa, correspondeu ao beijo por puro instinto, corando intensamente ao desligar-se dos lábios do amigo.
- Isso responde à sua pergunta, idiota? – perguntou ele, fitando Smith.
Na frente dos dois, o garoto parecia simplesmente ter perdido a fala, e fitava Isabelle com ar de total espanto.
- Linda, – disse Sirius perto do ouvido de Isabelle, que se arrepiou – vamos?
Isabelle, incapaz de pronunciar qualquer palavra, simplesmente assentiu com a cabeça, e os dois saíram abraçados em direção à entrada do castelo, sob o olhar incrédulo de Smith e dos outros alunos, sobretudo as alunas, que estavam nos jardins. Logo que os dois passaram pela porta, a garota desvencilhou-se do abraço do amigo, que tinha uma expressão divertida no rosto.
- Ficou maluco? – ela perguntou – O que foi aquilo?
- O quê? – ele ainda sorria – Você queria se livrar dele, não queria?
- É, mas... fazer aquilo na frente de todo mundo...
- O que é que tem? – perguntou ele – Ah, vai, Charmant! Meu beijo não é assim tão ruim...
- Pára! – Isabelle deu um tapa leve no braço dele – Acho que agora todas as garotas da escola me odeiam... – comentou ela, rindo um pouco.
- E quem se importa? – perguntou Sirius, displicente – Vem comigo até a cozinha? Eu tô morrendo de fome.
- Não, eu vou subir pra torre. – disse Isabelle – Disse pra Lily que encontrava com ela lá. Obrigada, Sirius.
- Ainda não é noite, e tem um monte de gente aqui. – comentou ele.
- E daí? Você me chamou pelo nome lá nos jardins. – retrucou Isabelle – Além do mais, agora todo mundo já sabe que nós somos... – ela hesitou.
- Nós somos? – incentivou ele.
- Amigos? – arriscou ela.
- Amigos? Nós somos amigos? – perguntou ele, brincalhão.
- Acho que sim. – respondeu ela, meio tímida – E você?
- É, também acho. – concordou Sirius – Mas eles acham que nós somos mais do que isso.
Isabelle fez uma careta.
- Escuta, aquele cara é um babaca. – disse Sirius – Se ele vir perturbar de novo, me chama, tá?
- Tá. – concordou Isabelle.
Os dois foram então caminhando para dentro do castelo. Sirius olhava para Isabelle, parecendo querer dizer algo.
- Quer me dizer alguma coisa, Sirius? – perguntou a garota.
- Bom... agora que nós somos amigos, – disse Sirius, fazendo uma cara inocente – eu... posso fazer uma pergunta pessoal?
- Hmm... você pode fazer a pergunta, – disse Isabelle, ao ver a expressão no rosto do amigo – eu só não garanto que vou responder.
- Ok. Bom, é só que... eu nunca vi você com ninguém, assim... sem ser como amigo. – comentou ele.
- Só porque você não viu, não quer necessariamente dizer que não aconteceu, Sirius. – disse Isabelle, calmamente.
- Quer dizer que você já saiu com algum cara da escola? – perguntou o garoto, surpreso.
- Já.
- Como é que eu nunca fiquei sabendo? – ele quis saber.
- Não tinha por que ficar. – respondeu Isabelle, simplesmente – Além disso, você tava muito ocupado com seus próprios encontros pra me ver.
- Vocês foram a Hogsmeade? – ele a fitava embasbacado.
- Claro, né? – perguntou a garota, meio rindo – Onde mais teríamos ido?
- E quem foi o cara? – perguntou Sirius, curioso.
- Eu não vou contar isso pra você, Sirius.
- Por que não? – perguntou ele.
- Porque não, ora! – respondeu Isabelle – Garotas não são como garotos que saem contando pra todo mundo com quem ficaram.
- Mas não é pra todo mundo, é só pra mim! – insistiu Sirius.
- Aham. Contar pra você é o mesmo que contar pros Marotos. – retrucou Isabelle – Ou vai me dizer que não ia contar pra eles?
- Bom, eu... – começou ele, mas nem terminou a frase.
- Viu? – perguntou Isabelle, sorrindo satisfeita.
- Ah, conta, Charmant! – pediu Sirius.
- Não!
- Eu conheço? – insistiu ele.
- Eu não vou responder. – disse Isabelle, fitando um casal que passava ao seu lado ao seu lado.
- Eu conheço. – concluiu Sirius – Ele é da Grifinória? É do nosso ano?
- Aaai! Não, ele não é da Grifinória, e não, não é do nosso ano. – respondeu Isabelle, tentando livrar-se do interrogatório – Ele já até saiu da escola.
- Já saiu? – perguntou Sirius, franzindo o cenho.
- Já.
- Quem é? – ele não desistia.
- Chega, Sirius, eu não vou dizer mais nada. – disse Isabelle, apertando os lábios.
- Por favoooor! – Sirius parecia uma criança pedindo um doce.
- Não! – respondeu Isabelle.
- Conta!
- Não! Mas que coisa!
- Vou ficar chateando você até me contar quem foi. – avisou Sirius – Conta!
- Nããão! – disse Isabelle.
- Siiiim! – imitou Sirius.
- Ah, tá bom! – rendeu-se a garota – Foi o Amos Diggory.
- Amos-aluno-do-ano-Diggory? – perguntou Sirius, surpreso.
- É, ele mesmo. – confirmou Isabelle – Satisfeito?
- Muito. – disse Sirius, sorridente.
- Então agora chega desse assunto. – retrucou a garota, um pouco mal-humorada – A gente se vê depois.
- Ta bom. – disse ele – Até depois.
Isabelle pegou o caminho mais longo e mais vazio para a torre da Grifinória, e andou bem devagar até chegar lá. Ela mal havia sentado na poltrona, quando Lilian irrompeu no salão comunal, junto com Tiago.
- Charmant, hein? Toda quietinha e dando uns beijos no Almofadinhas sem ninguém saber. – provocou Tiago.
- O quê? – perguntou ela, corando – Eu não...
- O que tá acontecendo por aqui? – perguntou Remo, descendo a escada do dormitório masculino, ao ver o rosto mais do que vermelho de Isabelle, que fitava Lilian, sem dizer palavra. A garota estava impressionada com a velocidade com que as fofocas se espalhavam pela escola.
- Ainda não tá sabendo, Aluado? – perguntou Tiago ao amigo – A Charmant e o Almofadinhas estão de rolo. A escola toda tá comentando!
Remo olhou, incrédulo, para Isabelle. A morena apenas olhava para Tiago, parecendo incapaz de dizer o que quer que fosse.
- Pára, Tiago! – repreendeu Lilian – Você não ia tomar banho?
- Acho que isso foi uma forma sutil de dizer “Dá o fora daqui, imediatamente!” – disse o garoto, rindo – Já vou indo, meu amor. Me espera aqui?
- Aham. – respondeu a ruiva, recebendo um selinho do namorado, que foi logo em direção à escada do dormitório masculino.
- Eu... vou subir também. – disse Remo, que parecia ao mesmo tempo confuso e incomodado – Tenho que... que ver umas coisas com o Pontas.
- Tá. – responderam as duas garotas.
Depois que Remo subiu para o dormitório, Lilian sentou-se no sofá grande, fitando Isabelle.
- Isabelle Marie Charmant, eu ainda acredito na sua sanidade mental. – disse a ruiva – Por favor, me diz que é mentira.
- É mentira. – respondeu Isabelle, prontamente – Mas o que exatamente é mentira, Lil?
- Que você caiu na lábia do Sirius.
- Eu? Você ficou maluca, Lily? – perguntou Isabelle, meio ofendida, meio rindo – É claro que é mentira.
- Você ouviu o Tiago, Isa. – disse Lilian – A escola inteira tá comentando.
- E você levou isso a sério? Ah, por Merlin, Lily!
- Tá circulando por aí que vocês estavam juntos, abraçados, lá nos jardins e que ele beijou você.
- Ahn... bom, essa parte é meio verdade. – disse Isabelle, corando levemente.
- O quê? – Lilian arregalou os olhos – Você beijou o Sirius?
- Não foi bem assim. Na verdade ele é que me beijou. – disse a morena, o que não melhorou em nada a cara de Lilian – Ah, deixa eu explicar...
E Isabelle começou então a explicar à amiga o que realmente havia acontecido. Enquanto isso, no dormitório masculino, Remo tentava assimilar tudo o que Tiago havia dito no salão comunal. Quando parou de ouvir o barulho do chuveiro, não se agüentou, e chamou pelo amigo.
- Pontas! – chamou ele – Pontas!
- O quê? – respondeu Tiago, de dentro do banheiro.
- É mesmo sério essa história... do Almofadinhas e da Isa?
- Hã? – gritou Tiago – Fala mais alto!
- Essa história... da Isa e do Sirius! – disse Remo, aumentando o tom de voz – É mesmo verdade?
- Não sei! – respondeu o outro – Mas é o que tá todo mundo comentando!
No salão comunal, Isabelle terminava de contar a Lilian o ocorrido nos jardins. A ruiva fitava a amiga com expressão de puro espanto.
- O Sirius fez mesmo isso? – perguntou ela, incrédula – Na frente de todo mundo?
- Aham. – confirmou Isabelle – Eu fiquei sem saber o que fazer, então decidi deixar rolar. – disse ela, dando de ombros – Só assim me livrava de vez do chato do Smith.
- Nossa! Nunca pensei que o Sirius fosse capaz de fazer algo assim por alguém que não fossem os Marotos. – disse a ruiva, ainda espantada.
- É, eu também pensava assim, – confessou Isabelle – mas já tem um tempo que eu percebi que estava enganada em relação a ele.
- Ele quem, amor? – disse Sirius, chegando ao salão comunal, e fazendo as duas garotas pularem das cadeiras – De quem você tá falando? Olha que eu fico com ciúme...
- Ai, Sirius, que susto! – exclamou Isabelle – E pára de me chamar de amor.
- Tava só brincando! – disse Sirius, erguendo as mãos em rendição, e dando um beijo no topo da cabeça da morena – E aí, Lily, já tá sabendo da novidade? Eu e a sua amiga estamos tendo um rolo...
- Sirius! – exclamou Isabelle.
- É, eu fiquei sabendo. – disse Lilian, meio rindo – Legal da sua parte, Sirius.
- Obrigado. Eu sei que sou o máximo. – retrucou o garoto, fazendo pose.
- Tá vendo? – disse Isabelle – Não dá pra elogiar que ele já fica todo convencido.
- Ah, qual é, Charmant? – perguntou o rapaz, levantando-se – Você fala mal de mim, mas eu sei que você me ama.
- Ah, é claro que eu amo... – disse a garota, rindo – afinal, nós temos um rolo, não é, amor? – perguntou ela, arrancando risadas dos dois amigos. Os três ainda riam, quando viram Pedro entrar correndo no salão comunal, passar batido por eles, e ir direto para o dormitório masculino.
- O que será que houve? – perguntou Lilian, fitando Sirius.
- Sei lá. – respondeu o garoto, dando de ombros – Mas eu vou descobrir já, já. – disse ele, indo atrás do outro Maroto.
No dormitório masculino, Pedro, ofegante pela corrida, olhava para os dois Marotos que lá estavam com uma expressão ansiosa.
- Vocês já ouviram o boato que tá correndo por aí? – perguntou ele, olhando de um amigo para o outro – Sobre o Almofadinhas e a Charmant?
- Já. – disse Remo, simplesmente.
- E é verdade? – perguntou Pettigrew.
- Ainda não sabemos, Rabicho. Não vimos o Sirius ainda. – disse Tiago.
- Mas tá todo mundo comentando...
- O que tá todo mundo comentando, Rabicho? – perguntou Sirius, chegando ao dormitório.
- Como se você não soubesse. – disse Remo, ácido.
- Ei! – perguntou Sirius – Que bicho mordeu você, Aluado?
- O bicho do ciúme. – comentou Tiago, parado à porta do banheiro.
- Hã? – perguntou Black, sem entender.
- Você sabe que eu gosto da Isa, e mesmo assim tá ficando com ela! – disse Lupin, furioso, levantando-se da cama.
- É, Almofadinhas... trairagem sua. – disse Tiago, indo em direção à cômoda, somente com a toalha enrolada na cintura.
- Trairagem por quê? Só por que eu vou com ela a Hogsmeade?
- Você vai o quê? – perguntou Remo
- Ops! Essa parte a gente ainda não tava sabendo. – disse Tiago, pegando uma camiseta e uma calça na cômoda, e fechando a gaveta.
- Vou com ela a Hogsmeade. Qual o problema, Aluado? – perguntou Sirius, já nervoso – Eu não posso ser amigo dela?
- Não parece ser amizade o que você quer com ela... – comentou Remo, em tom desagradável.
- Qual é, Aluado? Eu sou seu amigo há sete anos, e é essa a confiança que você tem em mim? – perguntou Sirius, indignado – Eu não tô, nem nunca estive ficando com a Charmant.
Remo não respondeu, apenas fitava o amigo, ainda com ar de desconfiança.
- Eu ainda não tô entendendo o porquê de tanto escândalo. – disse Sirius, sentando na beira de sua cama.
- Talvez porque você tenha beijado ela na frente da escola inteira? – perguntou Lupin, nervoso.
- Não foi bem um beijo. – disse Sirius.
- Ah, é? – perguntou Remo – E como a sua língua foi parar dentro da boca dela?
- Você não entendeu, Aluado, foi um beijo, mas não foi de verdade. – disse Sirius, pacientemente.
- Ah, não? – duvidou Lupin.
- Não. O Smith tava chateando ela de novo por causa do passeio. – explicou Sirius – Daí eu fingi que nós estávamos juntos pra ele dar o fora.
- E precisava beijar? – perguntou Remo, que parecia aos poucos mais calmo.
- Eu não pensei na hora, Aluado. – justificou Sirius – Foi a primeira coisa que me ocorreu. Eu não tenho por que mentir pra você, Remo.
- Nisso ele tem razão, Aluado. – concordou Tiago.
- Eu nunca faria isso com você, Aluado, você sabe disso. – continuou Sirius – Mas você tem que admitir, tá marcando bobeira. Ela é uma garota legal, é bonita, e caso você não tenha notado ainda, tem um monte de marmanjo rondando. – disse ele, tornando a levantar-se – Logo, logo alguém vai levar ela. Só que esse alguém não vou ser eu. – concluiu o Maroto, já à porta, saindo em seguida.
O resto daquela semana se passou tranquilamente. Bem... quase. Devido ao incidente nos jardins, Isabelle foi um tanto hostilizada por muitas garotas da escola, que, apesar de nada terem dito ou feito a ela diretamente, lhe lançavam olhares que, se matassem, a teriam feito cair fulminada no chão dos corredores. Por sorte, a garota era demasiado calma para dar ouvidos aos burburinhos, e simplesmente ignorava quando ouvia seu nome ser “cochichado”, em tom alto o suficiente para que ela escutasse, em alguma das rodinhas de meninas enquanto andava pelo castelo.
Entre os Marotos as coisas também não iam exatamente bem. Apesar de nada mais ter sido dito sobre o assunto, ainda reinava um certo clima de desconfiança e hostilidade entre Sirius e Remo, depois do episódio do beijo do moreno em Isabelle, e da discussão dos dois no dormitório dividido por eles. Não é que Remo não acreditasse em Sirius, sobretudo depois de ter ficado sabendo da história completa. Porém o incomodava muito saber, além de ser lembrado a todo instante pelos burburinhos e fofocas que circulavam por todo o castelo, que o amigo beijara Isabelle diante da escola inteira, e como se isso não bastasse, ainda havia o que Sirius lhe dissera naquele dia, que simplesmente não saía de seus pensamentos.
O acontecido nos jardins teve, no entanto, ao menos uma conseqüência positiva. Agora que todos já sabiam, apesar de acharem que havia algo mais, da amizade entre Sirius e Isabelle, os dois não precisavam mais fingir serem indiferentes um em relação ao outro, e por isso mesmo, puderam ser vistos andando untos e conversando por diversas vezes durante aquela semana.
- Merlin! Eu acho que estou delirando! – exclamou Tiago ao chegar ao salão comunal da Grifinória, e encontrar Sirius em um dos sofás, com dois cadernos e parecendo muito concentrado – Almofadinhas, você ta doente?
- Cala a boca, Pontas! – retrucou Black, fitando brevemente o amigo, e depois voltando a ler as páginas de um dos cadernos.
- Você não pode estar bem, cara. – continuou Tiago – Você tá... estudando! – disse ele, fingindo ter sentido um calafrio.
- Eu não tô estudando, seu idiota. – disse Sirius, sem tirar os olhos dos cadernos.
- E está fazendo o quê então, imbecil? – perguntou Tiago, sentando em uma das poltronas.
- Copiando a tarefa sobre os Inferi, que o McGregor passou na última aula, – explicou Black – e que eu tenho certeza que você também não fez.
- Put... eu tinha esquecido dessa porcaria! – resmungou Tiago, batendo na testa.
- Me conta uma novidade. – zombou Sirius – Eu só lembrei por que a Charmant comentou sobre isso hoje mais cedo, então peguei o caderno do Aluado emprestado, pra copiar os resumos dele.
- Eu também quero o caderno! – disse Tiago, prontamente.
- Entra na fila. O próximo é o Rabicho. – avisou Sirius – Além disso, não vai dar tempo e você copiar, o Aluado já deve estar quase saindo da reunião dos monitores.
- E daí? – perguntou Tiago – Você não disse que ele emprestou o caderno?
- E emprestou. – respondeu Sirius, escrevendo em seu caderno, e então erguendo os olhos para fitar o amigo – Só que ele não sabe disso.
Tiago riu, e então olhou para o relógio.
- Melhor você correr com isso. A reunião acaba em dez minutos. – avisou ele.
- Ainda bem que eu já tô acabando. – comentou o outro, começando a escrever mais rápido.
- Bom, eu vou nessa, tenho que encontrar com a Lily pra estudarmos Poções. – disse Tiago, levantando-se – Como amanhã tem a visita a Hogsmeade, ela resolveu antecipar a nossa aula. Tchau, nerd! – zombou ele.
- Ah, dá logo o fora daqui! – retrucou Sirius, zangado.
Ele ergueu o caderno de Remo, para virar a página, porém ao fazê-lo, um pedaço de pergaminho escorregou do meio das folhas, caindo no chão.
- O que será que é isso? – perguntou ele a si mesmo, enquanto recolhia o pergaminho do chão, e começava a ler o que estava escrito – Ah. Meu. Merlin! – disse o moreno, abrindo um sorriso enquanto lia o que Remo havia escrito.
Concentrado na leitura do pergaminho escrito pelo amigo, Sirius não percebeu o retrato se abrindo e dando passagem a Isabelle, que entrou distraída e por pouco não passa batida por ele.
- Sirius? – perguntou ela, ao vê-lo, e aos dois cadernos, no sofá – O que você tá fazendo aí?
- Hã? – fez Black, tirando os olhos do pergaminho e olhando na direção de onde viera a voz da garota. Ao ver quem, era, enfiou rapidamente o pedaço de pergaminho no meio de seu caderno – Ahn... nada.
- Nada? – ecoou Isabelle, fitando-o, desconfiada – E o que foi isso que você escondeu aí?
- Eu escondi? – perguntou Sirius, tentando fingir inocência – Não, eu... – ela o pegara de surpresa, e ele não conseguia pensar em nenhuma resposta para dar à acusação da garota.
- Você escondeu um pergaminho no meio do caderno. – disse a morena – Eu vi.
- Eu? Imagina, Charmant! – disse ele, abrindo o caderno de Remo e folheando-o para que ela visse – Viu? Nada.
- Ah, é? Então o que é isso? Accio! – disse ela, apontando a varinha para o outro caderno, que estava fechado, e fazendo o pergaminho ir voando para em sua mão.
- Merlin! Me devolve isso!
- Não tinha escondido nada, hein? – perguntou ela, zombeteira, fitando o pergaminho dobrado – O que é isso então, e por que eu não posso ver?
- Não é que você não possa ver... – começou Sirius, nervoso – é só que...
- Então eu posso ler? – perguntou a garota, achando graça no nervosismo do amigo, e fingindo que iria abrir o pergaminho.
- Não! – gritou Sirius, no mesmo instante.
- Você tá me deixando ainda mais curiosa, Sirius... – comentou a morena. Ela não pretendia realmente ler o pergaminho, mas estava de fato curiosa sobre o que poderia estar escrito ali para deixar Sirius tão nervoso.
- Vai, me devolve isso. – disse Sirius, aproximando-se.
- Sirius, pára! – disse Isabelle, fugindo do alcance do garoto – Eu vou devolver já, só quero ver uma coisa.
- Não! – ele adiantou-se para alcançá-la, mas a garota escapou novamente – Volta já aqui com esse pergaminho, Charmant!
- Ih... o que você tá escondendo aqui? – perguntou Isabelle, dando a volta no sofá – Vou só espiar, aaai! Você tá em cima de mim! – gritou ela quando Sirius deu um salto por cima do sofá e a derrubou sobre o móvel.
- Só vou te soltar quando você me devolver isso. – disse Sirius tentando pegar o pergaminho que ela escondera às costas.
- Eu prometo que vou guardar o seu segredo. – provocou Isabelle.
- É sério, Charmant! Isso é do Aluado! – disse Sirius, nervoso – Se ele sonhar que eu li isso, eu já sou um cachorro morto, imagina então se você ler? – perguntou ele – Aí ao invés de uma morte rápida e indolor com um simples Avada, ele vai me matar com requintes de crueldade, sabe, tortura física e psicológica...
- Ai, que drama, Sirius! – riu Isabelle.
- É sério, por Merlin... Charmant!!! – gritou ele, quando ela quase escapou.
- Pára, Sirius, não pode ser tão sério assim! – insistiu Isabelle, rindo.
- Mas é! Você está me forçando a tomar medidas drásticas. – ameaçou ele – Eu vou ter que obrigar você a me devolver...
- Sem varinha? – perguntou Isabelle, debochada – Ha, ha! Sirius... o que você tá fazendo... aaaaaaaaai!!!
- Eu avisei! – disse Sirius, enquanto começava a encher a garota de cócegas.
- Não! Pára! Cócegas, não! – pediu Isabelle – Ha, ha, ha! Pára, Sirius!
- Me devolve! – insisitiu ele.
- Não! Pára, eu... ha, ha, ha... – apesar de estar morrendo de rir, ela não se rendia – não consigo... ha, ha, respirar! Ai! Eu... ha, há vou gritar... – ameaçou ela.
- Você não tem fôlego pra isso. – retrucou Sirius, sem parar de fazer cócegas nela – Não vou parar de fazer cócegas enquanto você não me devolver.
- Ai! Ha, ha, ha! Pára... so...coorroooo! – Isabelle tentou gritar, mas a voz não saía.
- Não tem ninguém pra te ouvir, Charmant, renda-se. – disse Sirius, que com a brincadeira toda, já havia quase esquecido do pergaminho.
- Ha, ha, ha! Ai... nunca! – disse Isabelle.
- Mas o que é que tá acontecendo aqui?
Lilian havia entrado no salão comunal e encontrado Sirius e Isabelle embolados em um dos sofás, morrendo de rir.
- Ha, ha, ha! Socorro, Lil! – disse Isabelle – Ai! Eu tô morrendo!
- Hã? – fez Sirius, virando-se para a entrada do salão comunal, e dando chance para Isabelle escapar.
- Ai!! Ha, ha, valeu, Lily! – disse a morena, depois de desvencilhar-se do amigo – Ai... fico devendo essa pro resto da vida.
- Mas o que tá acontecendo? – perguntou Lilian, confusa.
- Depois eu explico... aaaai!!! – disse Isabelle, fugindo quando Sirius tentou pegá-la novamente – Tchau, Black! Ha, ha, ha!
- Sirius, o que tá... – tentou Lilian novamente, mas foi logo interrompida.
- Agora não, Lily, eu tenho que pegar a Charmant, – disse o garoto – minha vida depende disso.
Isabelle saiu correndo pelo castelo afora, tentando descobrir um lugar onde pudesse esconder-se de Sirius, mas não encontrou. Para piorar, o garoto estava quase a alcançando.
- Socorro, Remo! Ele quer me matar! – gritou ela, ao encontrar Lupin em um dos corredores.
- O que é isso? – perguntou o garoto, confuso.
- Segura ela, Aluado! – gritou Sirius, mais atrás no corredor.
- Não, por favor, Remo, me ajuda! – pediu Isabelle – Não deixa ele me pegar!
- Mas porquê toda essa correria? – perguntou Remo.
- Vamos, Charmant, sai de trás do Aluado e me devolve o pergaminho. – disse Sirius, nervoso. Se Remo descobrisse o que era aquele pergaminho na mão de Isabelle, ele estava perdido.
- Não. – disse a morena – Você vai me azarar.
- Eu prometo que não vou. – disse Sirius.
- Hmm... – ela fingiu pensar – não! Eu não acredito em palavra de Maroto.
- Ei! E eu? – perguntou Remo, indignado.
- Tá, desculpa, Remo. – disse Isabelle – Na sua sim, mas no Sirius... nunca! – disse ela, largando Remo e voltando a correr.
- Ah, mas que droga... Charmant! – gritou Sirius, começando a correr atrás dela.
- Mas o que... – começou Remo, mas Sirius já passava correndo por ele, indo no rastro de Isabelle.
O moreno percebeu para onde ela estava indo, em direção a uma das saídas da escola, e, pensando rapidamente, enfiou-se em uma passagem secreta que faria com que chegasse à porta mais próxima antes dela.
Isabelle continuava correndo, sem olhar para trás. Quando decidiu espiar a distância entre ela e Sirius, não viu o garoto, e sorriu, pensando tê-lo despistado. Levou um grande susto quando estando a apenas a alguns passos da porta, foi interceptada pelo moreno.
- Aaaaai!
- Peguei você! – disse ele, apanhando ao mesmo tempo o pergaminho e o pulso da garota.
- Mas como... – começou Isabelle.
- Eu tenho meus truques. – respondeu Sirius – Agora... como eu vou me vingar de você?
- Você prometeu que não ia me azarar! – disse ela, tentando escapar.
- Eu disse que não ia azarar você, não falei nada sobre cócegas. – retrucou Sirius, com um sorriso levemente malvado.
- Sério, Sirius, eu já devolvi o pergaminho, e nem mesmo li o que tava aí. – disse Isabelle.
- É, mas acho que ainda vou fazer mais umas cócegas, como punição. – respondeu o Maroto.
- Não, por favor, Siriusinho lindo... – pediu Isabelle.
- Hmm... você promete que nunca mais faz isso? – perguntou Sirius.
- Prometo, juro! – respondeu a garota, muito rápido.
- Tá bom. Então tá livre. – disse ele, soltando o braço dela.
N/A: ai, ai... mais uma semana, nenhum comentário... aff! Não vou falar mais nada. Beijos!!!
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