Volta não tão tranqüila
No dia seguinte, Lilian e Isabelle foram as primeiras a acordar. Prepararam o café, colocaram a mesa e ficaram conversando enquanto esperavam os meninos descerem.
- Isa, eu tava pensando agora... o que vamos fazer com a comida que sobrou? – perguntou Lilian.
- Eu também pensei nisso. – respondeu a morena – Tem um orfanato, a uns dois quarteirões daqui. Podíamos mandar pra lá, o que acha?
- Perfeito.
Isabelle percebeu que havia algo de estranho no comportamento de Lilian, enquanto ela ia até a janela apanhar seu jornal da pata da coruja que bicava o vidro. Parecia-lhe que a ruiva queria dizer algo, mas estava se contendo.
- Lily? Tem alguma coisa que você queira me dizer? – perguntou ela.
- Ahn... ah, desculpa, Isa, mas é que eu não tô me agüentando! – disse a ruiva, voltando a sentar-se – Ontem , com toda aquela confusão, nós nem conversamos, e... tem alguma coisa que eu deva saber? Sobre você e o Sirius?
- Sobre... o Black e eu? – perguntou Isabelle, corando um pouco.
- É... sabe... eu fiquei meio confusa sobre o que aconteceu ontem. – explicou Lilian – Eu quero dizer... Sirius, sabendo do estúdio? E falando com você daquele jeito? Eu perdi alguma coisa?
- Ah, bom, mais ou menos. – confessou a morena, que parecia muito interessada no pote de geléia à sua frente – Digamos que eu e ele estamos... um pouco mais próximos, sei lá.
- Mais próximos? Como assim? – perguntou a ruiva, confusa – Desde quando?
- Espera, uma pergunta de cada vez. – pediu Isabelle – Começando pela mais fácil... desde quando? Ah, sei lá, acho que... desde a nossa primeira noite aqui.
- Peraí! Desde a primeira noite e eu não tô sabendo de nada? – perguntou Lilian, indignada – Começa a falar, Srta. Charmant.
- Olha, não foi nada que eu não contei pra você, tá? – justificou Isabelle – Foi só... ah, eu não sei o que foi. Depois que você saiu do meu quarto naquele dia, eu ainda não consegui dormir. Então desci e fui até o estúdio.
- Tá, mas e onde entra o Sirius nessa história? – perguntou Lilian, sem entender.
- Calma! É que... ele também tava acordado, e ouviu barulho aqui em baixo, – explicou a morena – daí desceu pra ver o que era, e me encontrou dentro do estúdio. Daí nós fomos pra sala, e ficamos conversando um pouco, depois fomos dormir.
- Tá, e só por isso ele já se deu o direito de fazer aquilo ontem? – perguntou Lilian.
- Ahn... bom, é que... a gente fez isso mais umas duas ou três noites, de novo. – disse Isabelle, votando a corar.
- Você e o Sirius, conversando no meio da noite? – perguntou Lilian, fitando-a, surpresa.
- E comendo brigadeiro. – acrescentou a morena.
- Hã?
- A gente descia, e eu fiz brigadeiro algumas das vezes, e a gente ficava de papo até o sono vir. – explicou Isabelle.
- Ok. Acho que entendi. – disse Lilian – Mas... por que eu só tô sabendo disso agora?
- Não queria que se preocupasse comigo. – disse a morena – E também... sei lá, eu mesma tava achando tão estranho essa história de “conversas noturnas com Sirius Black” que resolvi deixar como tava. Eu não disse nada, ele também não, e ficou por isso mesmo.
- Uau! – fez a ruiva – Que coisa!
- Bom dia, meninas! – cumprimentou Remo, chegando à cozinha, acompanhado de Tiago – Perdemos algum assunto interessante?
- Ahn... não, não perderam nada não. – disse Isabelle, nervosa.
- Bom dia, Remo. – disse Lilian.
- Hmm... que cheiro bom... – disse Tiago, se aproximando de Lilian – Bom dia, minha linda. Bom dia, Charmant.
- Bom dia, Tiago. – disse a ruiva, depois de receber um beijo do namorado.
- Bom dia. – respondeu Isabelle – E o Black?
- Ainda não levantou, eu acho. – respondeu Lupin.
- Vamos ir tomando café? – perguntou Lilian – Ainda tenho algumas coisas pra arrumar.
- É, vamos sim. – concordou Isabelle – Também tenho algumas coisas pra fazer ainda.
- Isa, você viu aqui sobre os ataques de ontem? – perguntou Remo, com o Profeta Diário nas mãos.
- Não, não li o jornal ainda. – disse a morena.
- Não disse que aquilo era magia?
- Foi o tal Voldemort, de novo? – perguntou Tiago, e Remo assentiu – Esse cara é maluco!
- O pior é que tem gente ainda mais maluca disposta a seguí-lo. – disse Lilian.
- Quando é que o Ministério vai fazer alguma coisa?
- Bom dia... – cumprimentou Sirius, entrando na cozinha – Ei! Iam tomar café sem mim?
- Você tava demorando... – disse Lupin.
- Bom, agora sim, vamos ao café. – disse Isabelle.
Eles tomaram café, e em seguida se dispersaram. Os meninos foram terminar de arrumar os malões, e as meninas, após organizar tudo na cozinha, também subiram, para terminar de se arrumar.
- Ai, malão pronto, quarto em ordem. – disse Isabelle, para si mesma, olhando ao redor.
- Isa! – chamou Lilian, entrando no quarto – Tá pronta?
- Aham. – respondeu a morena, dando uma espiada rápida no espelho – E você?
- Também. – respondeu a ruiva, dando também uma última conferida no visual.
- Charmant? – chamou Sirius, chegando à porta – Quer que leve o seu malão lá pra baixo? Pontas tá levando o seu, Lily.
- Ah, quero sim, obrigada. – disse Isabelle, ao que o garoto pegou o malão e saiu em direção à escada.
- Vamos, então? – perguntou Lilian.
- Vamos.
Após verificar se estava tudo em ordem, pegar suas coisas, e fechar toda a casa, os cinco saíram. Checaram se não havia ninguém na rua, e então aparataram para King's Cross, aparecendo bem diante de Alice e seu namorado, Frank Longbotton, que quase colidiram com eles.
- Ei, vocês! Cuidado onde aparecem! – disse Frank, rindo.
- Foi mal, Frank. – disse Tiago.
- De onde vocês vêm, todos juntos assim? – perguntou Alice.
- Da minha casa. – respondeu Isabelle, simplesmente.
- Vocês passaram os feriados... juntos? – perguntou Alice, arregalando os olhos ao ver as mãos unidas de Tiago e Lilian.
- Aham. – confirmou Tiago.
Frank e Alice se entreolharam, espantados. Alice ia falar algo, mas Frank apertou sua mão de leve, então ela desistiu.
- Bom, a conversa tá ótima, mas é melhor entrarmos logo, ou não achamos uma cabine legal. – disse Sirius.
- A gente leva os malões e vocês procuram uma cabine, pode ser? – perguntou Remo para Isabelle e Lilian, que concordaram.
Enquanto os garotos levavam os malões para o vagão de bagagens, Lilian e Isabelle entraram no trem para procurar uma cabine.
- Aqui, Lil, essa tá vazia.
- Ótimo. Vamos entrar logo, antes que venha alguém e se instale aí. – disse a ruiva, já entrando na cabine.
Após deixarem os malões no vagão de bagagens, Sirius, Tiago e Remo foram procurar as meninas. Conversavam distraídos, quando uma voz conhecida, vinda de dentro de uma cabine próxima, chamou sua atenção.
- Poder, é isso que ele representa. – dizia Snape – E é o que dará aos que lhe forem leais.
- E... vocês já têm a Marca? – perguntou o outro, ansioso.
- Não. Ele não achou prudente marcar quatro alunos de Hogwarts. É esperto. – disse Snape, com visível admiração – Iremos receber a Marca assim que acabarmos a escola e provarmos nossa lealdade.
- Quem mais, além de você?
- Mulciber, Avery e Nott. – enumerou Snape – Mas há ex-alunos de Hogwarts que já receberam a Marca.
- Quem? – perguntou o outro garoto, curioso.
- Isso é segredo.
Alguns alunos da Sonserina entraram no vagão, e os Marotos então tiveram que disfarçar e afastar-se da cabine onde estava Snape. Como não conseguiriam ouvir mais nada, foram na direção do vagão em que as meninas haviam ido procurar uma cabine.
- Ele não pode estar falando sério! – disse Sirius.
- Não me parece que esteja mentindo. – discordou Tiago – Além disso, nós conhecemos as tendências do Ranhoso, ele é bem ligado às Artes das Trevas, assim como os amiguinhos que ele citou. – lembrou ele.
- Tá, Pontas, mas uma coisa é ser um cretino filho da mãe dentro da escola. – disse Remo – Outra coisa é ser um dos seguidores daquele psicopata cara de cobra.
- Mas e se for verdade? – perguntou Tiago – Há... aspirantes a Comensais dentro de Hogwarts! Acho que devíamos falar com algum professor, ou até mesmo com Dumbledore. – disse ele.
- Não temos provas, Pontas. – disse Remo, sensatamente – Olha, as meninas estão ali. A gente conversa sobre isso depois.
Eles então pararam de falar sobre o assunto, e se dirigiram até a cabine onde as meninas estavam conversando distraídas.
... e ela tava se segurando pra não falar nada. – dizia Isabelle.
- É, eu percebi. – concordou Lilian.
- Chegamos! – anunciou Tiago, entrando na cabine.
- Nossa, que demora! – disse Lilian – Pensamos que haviam sido seqüestrados no caminho.
- É que tava uma confusão no vagão de bagagens. – justificou Remo.
- É, e nós ainda tivemos um contratempo no caminho... – disse Tiago, e Remo fitou-o, alarmado.
- Que contratempo? – perguntou Lilian.
- Nada, ruivinha, nada. – respondeu Tiago, vendo a expressão quase assassina no rosto de Lupin – Sentiu minha falta? – perguntou, para desviar a atenção da ruiva.
- Quase morri de saudade. – respondeu ela, divertida, sem perceber a intenção do namorado.
- Aposto que encontraram o Snape. E provavelmente o azararam. – disse Isabelle.
- Infelizmente não tivemos oportunidade. – respondeu Sirius.
- Deviam parar com isso. – censurou Lilian.
- Ah, qual é, Lily?! – reclamou Tiago – Ele também não perde uma chance de nos atacar.
- Não justifica, Tiago. – disse a ruiva, muito séria.
- Ih... tá cheio...
Todos se viraram para a entrada da cabine. Emmeline e Marlene estavam paradas à porta.
- Oi, meninas. – cumprimentou Lilian
- Oi. – respondeu Emmeline – A Lene disse que tinha visto só vocês duas aqui, e nós íamos pedir pra dividir a cabine. Ai!
- Ih, desculpa, Vance. – disse Pedro, se esgueirando para dentro da cabine.
- Educado, você, hein? – disse Emmeline, zangada.
- Rabicho! Pensei que não vinha mais! – disse Tiago.
- É... eu me atrasei um pouco. – disse o outro, dando de ombros.
- Bom, acho que nós realmente não cabemos aqui. – comentou Marlene, encarando Sirius.
- É, estamos com a lotação esgotada. – concordou o moreno.
- Oi, oi, oi! O que é isso, reunião? – perguntou Alice, surgindo no corredor.
- Estávamos procurando uma cabine. – explicou Marlene.
- E eu, procurando vocês. – disse Alice – Achei uma cabine vazia.
- Bom, então vamos nessa. – disse Emmeline – Nos vemos na escola, gente!
- Até mais! – responderam os ocupantes da cabine.
Foi com total estupefação que os alunos de Hogwarts viram os seis amigos chegarem, devido ao fato de Lilian, depois de muita discussão a respeito, ter entrado no Grande Salão de mãos dadas com um Tiago extremamente sorridente. Ouviam-se cochichos vindos das mesas das quatro casas, e a ruiva recebia olhares assassinos de muitas garotas.
- Ora, ora, ora. O Quarteto Fantástico ganhou reforços. – disse Snape, que fitava as mãos unidas de Lilian e Tiago com puro ódio.
- A sangue-ruim e a traidora. – disse um garoto moreno, ao lado do sonserino.
- Cala a boca, Regulus! – ordenou Sirius – Não fale do que não é capaz de compreender.
- Como se atreve a falar comigo, traidor? – retrucou o Black mais jovem – Ao contrário de você, eu honro o sobrenome que carrego, e não me misturo com esse tipo de escória.
- Cala já essa sua boca, Black! – disse Isabelle, furiosa. Ela percebeu que Sirius fora duramente atingido pelas palavras de seu irmão. Havia, definitivamente, perdido Regulus. Sem que ninguém percebesse, segurou a mão de Sirius, e apertou-a de leve. Ele a fitou de esguelha e devolveu o gesto, agradecido.
- Não se meta onde não é chamada, Charmant! – disse Regulus – Sabe, traidores estão logo abaixo dos sangues-ruins na minha lista.
- Vamos embora, gente. – disse Lilian, segurando o braço de Tiago – Não vale a pena ficar aqui discutindo.
- Até que enfim falou algo certo, Sangue-Ruim.
- Cala a boca, Black! – rosnou Tiago, furioso, já empunhando a varinha.
- Chega! A Lily tá certa. – disse Isabelle, ao ver Sirius, Regulus, Snape e Remo puxarem também as varinhas – Vamos embora.
Eles desviaram dos dois sonserinos e começaram a andar em direção à mesa da Grifinória, onde se acomodaram em seus lugares habituais. Enquanto Lilian acalmava Tiago, Remo conversava com Isabelle e Sirius, a quem a garota, na frente dos demais, continuava a chamar pelo sobrenome. Sensatamente, tanto ela quanto Remo evitaram tocar no assunto Regulus durante o jantar. Os demais fizeram a mesma coisa.
- Acho que agora a Lily vai precisar ser escoltada quando andar por aí. – dizia Lupin – Metade das garotas da escola vai querer a pele dela.
- É, mas eu acho que ela sabe se defender muito bem. – retrucou Sirius – Lembra de tudo o que ela já fez com o Pontas nas vezes que ele tentou beijar ela? – os três riram ao lembrar disso – Além disso, ela tem uma amiga nervosinha de prontidão pra defendê-la.
- É, Black, ela tem sim. – concordou Isabelle – Embora eu também não ache que ela vá precisar muito, não.
Após o jantar, os alunos foram para seus respectivos salões comunais. Todos estavam ansiosos por contar sobre o que haviam feito durante os feriados, e a conversa rolava solta. Sirius, no entanto, não foi diretamente para o salão comunal. Ficou esperando à porta do Grande Salão, espiando para a mesa da Sonserina, e encurralou Regulus, quando o garoto saiu do Salão.
- Regulus! – chamou Sirius.
- Vai embora! Não ouse falar comigo, eu já disse. – respondeu Regulus, tentando desviar do irmão.
- Ah, você vai me ouvir! – disse Sirius, pegando o irmão pelo braço, e o levando para fora do campo de visão dos alunos que deixavam o Grande Salão – O que pensa que está fazendo, andando com Snape?
- Me solta! – disse Regulus, furioso, tentando se desvencilhar – Isso não é da sua conta. Minha vida é problema meu!
- Você é meu irmão! – disse Sirius, exasperado.
- Mesmo? – perguntou o outro, irônico – Você não pensou nisso quando saiu de casa.
- Regulus...
- É Black pra você. – cortou o Black mais jovem – Porque eu honro meu sobrenome, enquanto você é só um amante de trouxas. E eu vou fazer muito mais, – continuou ele – mamãe vai esquecer do desgosto que você causou. Porque eu vou fazê-la tão orgulhosa quanto a Tia Druella tá da Bella, e então você vai ser só uma lembrança ruim do passado.
- Vai fazê-la orgulhosa? – perguntou Sirius, relaxando o aperto no braço do outro – Como?
- Você vai ver. – disse Regulus, aproveitando a distração do irmão para se soltar e se afastar rapidamente.
- Regulus!
No salão comunal da Grifinória, Tiago recebia os cumprimentos dos amigos por ter, finalmente, conseguido conquistar Lilian. Subindo as escadas, no dormitório feminino, o assunto era o mesmo.
- Ah, Lily, desculpa, – dizia Alice – mas eu sempre achei que isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde.
- Alice! – exclamou a ruiva, indignada.
- Mas é verdade, Lily! – concordou Emmeline – Você deixou de detestar o Tiago há muito tempo, só não queria admitir.
- Até você, Emmeline?! – disse a ruiva, colocando as mãos na cintura.
- Lice, que cara é essa? – perguntou Isabelle, vendo a expressão no rosto da amiga.
- Ai, meninas, eu... eu tenho uma coisa pra contar pra vocês... – disse a garota, começando a ficar vermelha.
- O que é? – perguntou Lilian – Fala, Lice!
- Eu tô... eu tô com vergonha... – disse a outra, escondendo o rosto nas mãos.
- Vergonha da gente, Lice? – perguntou Emmeline, imitando Lilian, com as mãos na cintura.
- É que... eu e Frank, nós...
- Vocês o quê? – perguntou Emmeline, arregalando os olhos.
- Ah, meninas, vocês sabem! Nós...
- Ah, espera! – disse Isabelle – Acho que já sei.
- É, acho que eu também. – disse Lilian – Caramba, Lice!
- Eu sei!
- É o que eu acho que é? – perguntou Emmeline, e Alice assentiu – Merlin, Lice!
- E como foi? – perguntou Isabelle.
- Ah, honestamente? – perguntou Alice – Foi muito estranho, mas... – ela hesitou, corando mais ainda – foi muito bom. Ele foi tão fofo!
- Desculpa a pergunta, amiga, mas essa é uma dúvida crucial. – disse Lilian – Doeu?
- Ah, um pouco. No início.
- Tá, mas agora conta, como foi que aconteceu?
- Bom, eu... nós passamos um dia inteiro juntos, sabe? – explicou Alice – Saímos pra passear, depois ficamos em casa, assistindo uns filmes até tarde da noite. Daí, como estava mesmo bem tarde, ele me convidou pra ficar na casa dele, e como meus pais iam mesmo sair, eu aceitei. Nós jantamos, e ficamos lá, deitados, assistindo filme e namorando um pouco. Daí as coisas foram rolando, rolando e... rolou!
- Uau! – fez Emmeline.
- Ahn... e tem mais uma coisa... – disse Alice, corando novamente.
- Mais? – perguntou Lilian, surpresa.
- Frank... me pediu em casamento! – disse a garota, exibindo, orgulhosa, a aliança dourada na mão direita.
- Nossa, Lice! Que feriado você teve, hein? – brincou Isabelle, e todas riram.
- Parabéns, Lice! – disse Lilian, sorrindo.
- Obrigada. – respondeu Alice, aos poucos voltando à sua cor normal – Mas agora me expliquem essa história de vocês e os Marotos juntos nos feriados.
- É, eu também tô me roendo pra saber dessa história. – disse Emmeline.
- É que eu ia passar os feriados sozinha, – explicou Isabelle – daí o pessoal resolveu ir lá pra casa, me fazer companhia.
- Nossa, que legal! – disse Alice.
- Legal? – perguntou Emmeline – Era tudo o que eu queria, uma semana com Sirius Black na minha casa.
- Emmeline! – disse Lilian.
- Mas é verdade! – retrucou Emmeline – Seria tudo de bom.
- E você, Isa? – perguntou Alice – Não aproveitou a oportunidade?
- Ah, não, obrigada. – respondeu Isabelle – Sirius é gatinho e tudo, mas...
- Sirius? – perguntou Lilian – Pensei que fosse Black...
- ... é o tipo de garoto que é melhor manter à distância. – continuou Isabelle, ignorando a interrupção da amiga – É só pra olhar. – disse ela, encarando Lilian.
- Eu ainda acredito que vai aparecer alguém pra domar o Sirius. – comentou a ruiva, para quebrar o clima que ficara.
- Como você fez com o Tiago? – perguntou Alice.
Lilian corou levemente.
- É, mais ou menos isso. – disse ela.
- Essa eu pago pra ver. – disse Alice, cética.
- Ai, quisera eu ser esse alguém... – disse Emmeline, sonhadora.
- Até você, Line? – perguntou Isabelle, espantada.
- Ah, qual é, meninas? – retrucou Emmeline – Sonhar não custa nada... – disse ela, fazendo todas caírem na risada.
Elas continuaram conversando durante um bom tempo, mas depois, cansadas da viagem, resolveram ir dormir. Depois que as meninas já haviam adormecido, Isabelle tornou a levantar-se. Ela havia se revirado na cama durante algum tempo, tentando dormir, mas por fim acabou por desistir de forçar o sono. Pegou um pedaço de pergaminho e uma pena, e foi sentar-se perto da janela, para aproveitar a luz da lua.
“Imagino que ainda esteja acordado. Como você está?
Sei que as palavras de Regulus machucaram você mais do que quis demonstrar.
Quer conversar sobre isso?
C.”
Ela dobrou o pergaminho em forma de aviãozinho, e depois apontou a varinha para ele.
- Sirius Black.
O pequeno avião levantou vôo, deixando rapidamente o quarto por uma fresta na porta que Marlene não fechara direito ao entrar no dormitório.
Sirius realmente ainda estava acordado. Ele estava deitado em sua cama, de barriga para cima, fitando a porta entreaberta. Franziu o cenho ao ver o aviãozinho de papel entrar voando no quarto e pousar em seu peito. Pegou o pergaminho, desfez as dobraduras e leu o pequeno recado. Não pôde deixar de sorrir. Levantou-se, apanhou um pedaço de pergaminho e uma pena, e escreveu uma resposta.
“Imaginou certo. Não consigo dormir, as palavras dele ficam ecoando na minha cabeça.
E você nem sabe de tudo o que aconteceu. Mas não quero falar sobre isso, não agora.
Também não quero que se preocupe, eu tô ok. Mesmo assim, obrigado pela oferta.
B.”
Isabelle ainda estava à janela quando a resposta de seu bilhete entrou voando no quarto, na forma de um passarinho de papel, e pousou em seu colo. Ela desfez as complicadas dobraduras e leu o que ele havia escrito. Suspirou, sacudindo a cabeça negativamente. O que esperava? Era Sirius. Pegou outro pedaço de pergaminho e escreveu mais um bilhete.
“Tudo bem. Mas se mudar de idéia, eu estou aqui, está bem?
Boa noite.
P.S.: precisa me ensinar a fazer o passarinho de papel.
C.”
Apesar de seu estado geral de ânimo, Sirius riu ao ler o post script do segundo aviãozinho. Sentia-se de alguma forma reconfortado com a preocupação dela, e por isso, escreveu uma resposta.
“Mais uma vez, obrigado. E boa noite pra você também.
P.S.: o passarinho é fácil. Ensino pra você amanhã.
B.”
Foi a vez de Isabelle sorrir com o bilhete recebido. Bem, havia tentado, agora podia deitar-se e ir dormir com a consciência tranqüila. Porém, após um certo tempo deitada, ainda estava acordada. E foi por isso que viu um novo passarinho de papel entrar voando no quarto.
“Ainda está acordada?
Se estiver, e não estiver com sono, quer me fazer companhia? Estou no salão comunal.
B.”
Isabelle vestiu um casaco grosso por cima do pijama, saiu devagar do quarto e desceu. Sirius estava sentado no sofá maior. Ela dirigiu-se ao sofá e sentou-se ao lado dele, sem nada dizer. Mesmo sem saber porquê, segurou a mão do garoto, entrelaçando seus dedos nos dele, e os dois ficaram ali, sentados lado a lado, sem olhar um para o outro e em silêncio, por alguns instantes.
- Se eu tivesse ficado, talvez pudesse tê-lo salvo. – disse ele, de repente – Mas eu não agüentava mais, precisava sair daquele inferno.
Ela continuou calada. Sabia que tudo o que ele precisava agora, era de alguém que o escutasse sem interromper.
- Agi como um verdadeiro Black, pensei somente em mim mesmo. – continuou Sirius, ainda sem encarar Isabelle – E agora me arrependo disso, porque é tarde demais.
- Não é sua culpa, Sirius. – disse ela, sem conseguir se conter. Ele então voltou o olhar para a própria mão, unida à da garota.
- Regulus sempre foi mais fraco, mais moldável. Eu devia tê-lo protegido.
- Olha pra mim. – disse ela, virando o rosto dele, e forçando-o a encará-la – Não é sua culpa.
Ele baixou o olhar e assentiu com a cabeça.
- Ele disse... disse que ia deixar minha mãe orgulhosa, como a Bella fez com a Tia Druella. – disse ele, hesitante – Mas como?
- Eu não faço idéia, Sirius. – disse Isabelle, desanimada.
- Eu penso, penso, mas não consigo imaginar o que ele quis dizer com aquilo. – disse o garoto, frustrado.
- Nem eu, mas não fica assim, vai?! – pediu a garota.
- Como eu não vou ficar? É meu irmão, droga! – disse Sirius, correndo a mão pelos cabelos – E eu acho que ele vai fazer uma grande besteira.
- Eu sei que é seu irmão, Sirius, e não quis dizer que você não se preocupasse, por que sei que é impossível. – disse Isabelle.
- Desculpa. Mas é que... eu tô com medo por ele. – justificou Sirius.
- Talvez o Regulus esteja se metendo numa encrenca, mas não há nada que se possa fazer agora, não sem saber o que exatamente ele quis dizer com aquilo. – retrucou Isabelle, sensatamente.
- É, você tá certa. Pra variar.
- Não fala besteira. – disse a garota, corando levemente – Agora que tal irmos dormir? Amanhã cedinho temos que estar de pé.
- É, vamos sim. – concordou Sirius.
- Ótimo. Mas hoje o cavalheirismo vai pro espaço. – disse ela, levantando-se – Eu é que vou levar você até a beira da escada.
Sirius abriu um sorriso, e os dois se encaminharam lentamente até a escada do dormitório masculino.
- Prontinho. Agora, direto pra cama. – recomendou ela – E vê se dorme.
- Sim, senhora. – disse Sirius, meio rindo.
- Senhora, não. – corrigiu Isabelle, rindo também – Senhorita.
- Ok, senhorita. Obrigado por ter descido. – agradeceu ele.
- Não foi nada. Agora vai, boa noite.
- Boa noite.
Isabelle ainda ficou observando enquanto o garoto subia a escada rumo ao dormitório masculino, e quando ele desapareceu na escuridão, dirigiu-se, bocejando, à escada do próprio dormitório.
N/A: ai, ai... não tenho o que dizer. Ninguém comenta, então... até semana que vem!
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