Em casa
Isabelle aproximou-se da porta e parou diante dela. Colocou sua mão espalmada na superfície de madeira escura, e falou em voz alta e clara:
- Isabelle Marie Charmant.
Os jovens ouviram o barulho de trancas se movendo, e por fim um último estalido abafado. Isabelle então girou a maçaneta e abriu a porta. Eles entraram para um pequeno e escuro hall. Depois de fechar a porta novamente, a morena tateou a parede em busca do interruptor, e as luzes se acenderam.
- Bom, galera, bem vindos à minha casa. – disse ela. Ainda sentia a mão pequena e delicada de Lilian segurando a sua, e surpreendeu-se ao perceber que era Sirius, e não Remo como teria imaginado, quem segurava sua outra mão com força.
Um pouco mais confiante, ela disse para os amigos que deixassem os malões no hall, e os guiou até uma sala de estar. Os móveis estavam todos cobertos com panos brancos, e tudo estava bastante empoeirado.
- É... parece que temos muito trabalho pela frente. – comentou Lilian.
- Ainda dá tempo de desistir, gente. – disse Isabelle, encarando os amigos – Vocês não precisam...
- Ah, Charmant, nem começa! – interrompeu Sirius – Todo mundo tá aqui por que quer. Vai, mostra a casa pra gente.
A morena assentiu com a cabeça. Eles percorreram todo o andar térreo, as salas de estar e jantar, a vasta biblioteca, a cozinha e os demais cômodos do andar de baixo.
- E essa porta, Charmant? – perguntou Tiago, parando diante de uma porta dupla, no corredor que levava à escada. Lilian fitou a amiga, ansiosa.
- Ahn... essa porta não se abre. – disse Isabelle, hesitante. Viu Sirius erguer uma sobrancelha – Vamos subir?
No andar de cima, haviam os quartos, que foram visitados um a um.
- Bom, gente, excluindo o meu quarto, e o antigo quarto dos meus pais, tem exatamente um quarto para cada um. – disse Isabelle – Vocês podem escolher o quarto que quiserem.
- Sejamos cavalheiros. – disse Remo – A Lily escolhe primeiro.
- Obrigada, Remo. – disse a ruiva – Eu vou ficar no quarto de sempre, Isa, na frente do seu.
- Eu quero ficar no quarto ao lado do da Lily! – disse Tiago, prontamente. Sirius e Remo reviraram os olhos.
- Evans, Potter. – corrigiu Lilian.
- Ei, agora que vocês falaram é que eu percebi. – disse Sirius – Você não mostrou o seu quarto, Charmant.
- Não tem nada pra você ver lá, Black. – respondeu a morena, calmamente.
- O que você tá escondendo lá, hein? – perguntou ele, sorrindo – Acho que vou só... opa! O que é isso?
Uma espécie de barreira invisível impedia os garotos de se aproximar da porta do quarto.
- Lamento, mas você não vai conseguir entrar. – disse Isabelle, com um leve sorriso – Há um feitiço protegendo meu quarto de... curiosos, como você.
- E só você pode entrar? – perguntou Tiago, mas não precisou de uma resposta, pois dando apenas alguns passos, Lilian atravessou a barreira, como se ela não estivesse ali.
- Acho que eu entendi. – disse Remo – Funciona mais ou menos como a barreira do quarto de vocês lá em Hogwarts.
- É, só que com um pouco menos de escândalo. – disse Isabelle, lembrando dos gritos da escada do dormitório feminino, quando um garoto tentava subir sem autorização.
Depois que todos já haviam escolhido seus quartos, e levado seus malões para o andar de cima, os cinco foram até a cozinha.
- Só tem um probleminha... não temos comida! – disse Lilian, apontando os armários vazios.
- Tá tarde para comprarmos as coisas e ainda preparar o jantar. – disse Remo – Que tal pedirmos algumas pizzas?
- Ótima idéia. – disse Isabelle, e todos os demais concordaram – Mas vou ter que ir até o telefone da esquina. Os daqui não devem estar funcionando. Acho que umas quatro pizzas são o bastante para nós todos, não é? – perguntou ela.
- Acho que sim. – disse Lilian – Que sabores vai pedir? Pede uma quatro queijos? – pediu a ruiva.
- Duas! – disse Tiago.
- Ok. Duas quatro queijos. – concordou Isabelle – E as outras? Pode ser uma margherita e uma calabresa?
Todos concordaram. Remo então se levantou.
- Deixa que eu vou lá, Isa. – disse ele – Você é a única que sabe onde encontrar as coisas por aqui.
Enquanto Remo ia pedir a pizza, Lilian e Isabelle limparam pratos, copos e talheres, e arrumaram a mesa. Sirius e Tiago foram até a sala de estar e ligaram o rádio, que começou a tocar uma música animada.
You are fine, you are sweet
But I'm still a bit naive with my heart
When you're close I don't breathe
I can't find the words to speak
I feel sparks
But I don't wanna be into you
If you´re not looking for true love
No, I don´t wanna start seeing you
If I can't be your only one
So tell me*
- Como você tá, Isa? – perguntou Lilian à amiga, quando estavam a sós na cozinha.
- Eu tô bem, Lil. – disse Isabelle, fitando Lilian carinhosamente – Foi ótimo vocês terem vindo. Mas... e você?
- Eu... não sei. – disse a ruiva, alisando a toalha da mesa – Foi legal os meninos terem vindo, mas...
- Tiago? – sugeriu Isabelle.
- Eu tô tão confusa, Isa... – disse Lilian, correndo a mão pelos cabelos – Foi tudo muito rápido. Num momento ele era só o arrogante insuportável que eu detestava, e no outro...
- No outro?
- No outro... – Lilian suspirou – no outro ele é o cara por quem eu estou perdida e irremediavelmente apaixonada. – disse ela de uma só vez.
- Como é? – perguntou Isabelle.
- Você sabe que nem que eu quisesse conseguiria dizer isso de novo. – respondeu a ruiva.
But I don't wanna be into you
If you don't treat me the right way
See I can only start seeing you
If you can make my heart feel safe (feel safe!)**
Remo voltou, e dentro de vinte minutos, as pizzas chegaram.
- Putz! – disse Tiago, que fora abrir a porta – Eu não tenho dinheiro trouxa! – gritou ele. O entregador franziu o cenho, confuso.
- Eu tenho! – gritou Lilian – Já vou levar!
Eles foram para a cozinha, e se deliciaram com as pizzas, rindo muito das palhaçadas de Tiago e Sirius. Depois de comerem, as meninas lavaram a louça, e organizaram a cozinha. Lilian sugeriu que fossem dormir, pois teriam muito o que fazer no dia seguinte.
- É, acho uma boa mesmo. – concordou Remo – Tá me batendo um sono...
- Então tá. Boa noite, meninos. – despediu-se Lilian, deixando a cozinha logo em seguida.
- Boa noite, meninos. – disse Isabelle, também levantando-se.
- Boa noite. – disseram os Marotos, ao mesmo tempo.
Porém, Lilian não foi para o próprio quarto, e sim para o de Isabelle. Quando a morena chegou em seu quarto, encontrou a amiga de pé, diante da escrivaninha.
- Não acredito que ainda é a mesma foto. – disse Lilian.
- Nós não tiramos muitas. – disse Isabelle – E eu adoro essa.
- Eu também.
Lilian segurava uma fotografia, tirada numa tarde de outono, há cerca de dois anos. Nela estavam as duas amigas, deitadas no chão coalhado de folhas, em sentidos opostos, os rostos sorridentes lado-a-lado.
- Tá tudo exatamente como da última vez em que estive aqui. – disse ela, recolocando a fotografia na escrivaninha, ao lado de uma outra, que mostrava Isabelle abraçada à mãe.
- Aham... mas eu tenho certeza que não foi por isso que você veio até aqui.
- Ai, amiga... eu não sei o que pensar, o que fazer... – reclamou Lilian, chorosa.
- Mas que coisa, Lily! Pára de ir contra o seu coração, caramba!
- Mas é que eu não consigo, Isa! – disse a ruiva, sentando-se diante da amiga – Simplesmente não consigo acreditar que Tiago Potter tenha mudado tanto assim, do nada.
- Mas não foi do nada, Lil. – retrucou Isabelle, em tom carinhoso – Foi por você.
- Esse sentimento me assusta um pouco, sabe? – disse Lilian – Acho... acho que me acostumei a detestá-lo...
- E agora não sabe bem como amá-lo. – completou Isabelle, e a ruiva assentiu.
As duas continuaram conversando por mais um tempo, até que Lilian foi finalmente vencida pelo cansaço e foi para seu quarto, apagando quase imediatamente. No entanto, mesmo depois da saída da ruiva, Isabelle não conseguiu dormir. Após ficar um longo tempo à janela, observando a neve que começava a cair, ela saiu do quarto e, sem fazer barulho, desceu as escadas para o andar de baixo.
Parou diante de um grande aparador de madeira escura, para o qual apontou a varinha.
- Specialis revelio.
Uma gaveta a mais surgiu no aparador; abrindo-a, Isabelle encontrou duas chaves, e pegou a maior delas. Depois, dirigiu-se até a porta dupla sobre a qual Tiago havia perguntado mais cedo, e abriu-a com a chave que pegara. Entrou em uma espécie de estúdio, onde haviam duas estantes abarrotadas de livros, um divã, e uma mesinha com duas poltronas. Próximo à enorme janela, havia um belo piano. Diferentemente do restante da casa, o estúdio estava imaculadamente limpo. Ela andou por todo o cômodo, tocando cada móvel, absorvendo cada memória; depois, sentou-se no banquinho do piano, e apanhou a partitura que estava sobre o instrumento.
- Apassionata... – murmurou ela, sentindo os olhos marejarem.
- Pensei que a porta não abrisse...
Isabelle voltou-se para a porta. Sirius a observava calmamente, a varinha em punho.
- Não sem a chave. – disse ela, desviando o olhar – O que faz acordado?
- Não consegui dormir, acho que estranhei o lugar. – explicou ele – Ouvi o barulho da porta se abrindo e vim ver o que era. De quem é o piano?
- Meu.
- Não sabia que você tocava. – disse Sirius, se aproximando do instrumento.
- Não toco mais. – disse Isabelle – E ele está trancado.
- Como a porta? – perguntou ele, erguendo a sobrancelha.
Isabelle o encarou; ele sustentou o olhar. Ela então levantou-se, e foi na direção da porta.
- Se importa? – perguntou, apontando para fora do estúdio.
Sirius deu de ombros e saiu. A garota voltou a trancar a porta do estúdio; depois foi até o aparador e devolveu a chave à gaveta.
- Evanesco.
A gaveta sumiu.
- Por que não toca mais? – perguntou Sirius.
- Perdi o interesse. – respondeu Isabelle, sem encará-lo.
- Não foi o que me pareceu. – comentou ele. Isabelle nada disse.
Os dois se dirigiram em silêncio à sala de estar. Lá, descobriram o sofá e as poltronas.
- Como você está? – perguntou Sirius, sentando-se, no que foi imitado por Isabelle.
- Bem, eu acho. – respondeu ela – É só estranho voltar aqui sozinha.
- Você não está sozinha. – comentou ele.
- Você entendeu. – retrucou ela, secamente. Não queria demonstrar fraqueza diante dele novamente.
- Sente muita falta dela, não é? – perguntou ele, seguindo o olhar dela até uma fotografia sobre a estante. Na fotografia estavam uma mulher morena, brincando com uma menininha risonha de longas tranças e olhos muito azuis.
- Pretendendo virar psicólogo, Black? – perguntou Isabelle, desviando o olhar da fotografia.
Sirius riu.
- Não. Mal consigo lidar com os meus problemas. – disse ele – Mas sei como se sente. Não precisa ser forte o tempo todo, não é vergonha chorar...
- Nunca vi você chorar. – comentou Isabelle.
- Só porque você não viu, não quer dizer que não tenha acontecido. – disse ele, encarando-a. Seu tom, porém, não era ríspido – Você também não sabe muito sobre mim, Isabelle.
A garota surpreendeu-se com aquelas palavras. Sirius nunca expunha seus sentimentos daquela maneira; nesse ponto ele era, de fato, um Black. Aquela noite estava sendo estranha.
- Não. – disse ela, um tanto envergonhada, sustentando o olhar dele – Eu não sei.
Os dois ficaram durante alguns instantes em silêncio, então Sirius levantou-se da poltrona.
- Bem, já que era apenas você, acho que já posso ir dormir. – disse ele – Boa noite.
- Boa noite. – respondeu Isabelle – E... Sirius?
- Sim?
- Agradeceria se não comentasse nada com os outros... – disse ela – sobre o estúdio e tudo o mais.
Sirius sorriu de forma compreensiva.
- Claro. Boa noite.
- Boa noite.
Apesar de ter ido dormir bastante tarde, Isabelle foi a primeira a acordar na manhã seguinte. Levantou-se, tomou um banho rápido, vestiu-se e aparatou para o Beco Diagonal. Foi diretamente ao Gringotes, onde discutiu com os duendes algumas coisas a respeito do conteúdo de seu cofre, fez uma retirada e trocou o valor por dinheiro trouxa. Na hora de voltar, aparatou em um beco, a cerca de três quarteirões de casa. Passou no mercado que havia ali perto e comprou algumas coisas para o café da manhã. Os amigos ainda estavam dormindo quando ela chegou, até mesmo Lilian, o que não era muito comum. Ela desfez as sacolas e preparou uma farta mesa para o café. Quando os outros acordaram, todos quase ao mesmo tempo, ela já estava acomodada à mesa, tomando seu café, bem forte, e lendo o jornal.
- Bom dia, Lily! – cumprimentou ela – Bom dia meninos.
- Bom dia, Isa. – respondeu Lilian.
- Bom dia. – murmuraram os garotos, sonolentos.
- Dormiram bem? – perguntou Isabelle e todos assentiram.
- E você, dormiu bem? – perguntou Lilian.
- Aham. Aqui seu jornal. – disse a morena, entregando o jornal à amiga – Mas não lê agora, não. Vai estragar seu apetite.
- Por quê? – perguntou a ruiva – Mais ataques?
Isabelle concordou com a cabeça.
- Estão cada vez mais freqüentes.
- Vamos mudar de assunto? – sugeriu Remo.
- É, melhor. – concordou Lilian – Vamos comer.
Todos começaram a se servir, e enquanto tomavam seu café, decidiam o que iriam fazer durante o dia.
- Bom, eu acho que agora de manhã a gente podia pegar os quartos. – sugeriu Lilian – Cada um limpa e organiza o seu quarto, daí depois nos dividimos pra limpar o resto da casa.
- É, essa é uma boa idéia. – concordou Sirius.
- Olha, vocês têm carta branca, gente. – avisou Isabelle – Podem mudar a cor das paredes, trocar os móveis de lugar... tá liberado.
- Oba! – disse Tiago, empolgado.
- É, mas vê lá o que vai fazer, né, Tiago? – disse a morena, voltando-se depois para Lilian – Lil, eu já troquei meu dinheiro. Temos que ir às compras.
- Aham. – concordou a ruiva – A gente faz uma lista com tudo o que precisamos comprar, e depois vamos lá.
- Tá.
Depois do café, as meninas fizeram a lista com o que estava faltando na casa, resumindo: tudo, e foram até o mercado, o mesmo em que Isabelle estivera mais cedo, comprando as coisas para o café.
- E vocês, meninos, comportem-se na nossa ausência. – disse Lilian.
- Sim, mamãe. – responderam os três garotos, e todos caíram na risada.
- Juízo, hein? – recomendou Isabelle.
As duas saíram e os garotos começaram a arrumação dos seus quartos ao som de música muito alta, vinda do rádio que eles ligaram tão logo Lilian e Isabelle deixaram a casa.
- Ainda bem que podemos usar magia. – comentou Tiago.
- Nem me fala! – concordou Sirius.
As meninas demoraram cerca de uma hora fora de casa, e quando voltaram, os meninos já haviam acabado a limpeza dos quartos, e estavam limpando os outros cômodos do andar de cima.
- Acho melhor nós deixarmos a limpeza dos nossos quartos pra depois, – disse Isabelle – e irmos limpando a cozinha primeiro, pra podermos guardar as compras e agilizar o almoço.
- É, melhor mesmo. – concordou Lilian.
As duas se puseram a limpar as coisas na cozinha, e como podiam usar magia, rapidamente organizaram tudo. Em pouco mais de meia hora a cozinha estava limpa e as compras guardadas, e elas começaram a preparar o almoço.
- O que vamos fazer pro almoço? – perguntou Lilian.
- Que tal uma macarronada? – sugeriu Isabelle – É gostoso e bem fácil de preparar.
- Ótimo. – disse Lilian, já abrindo o armário – E podemos fazer uma salada pra acompanhar.
Elas prepararam um enorme prato de macarronada, com molho de tomate, orégano e muito queijo, e uma salada de legumes bastante colorida.
- Meninos! – chamou Lilian – O almoço está pronto.
Meio minuto depois, três garotos famintos já estavam sentados à mesa, prontos para atacar o almoço, que estava com uma aparência muito boa.
- Nossa! Que fome, hein? – brincou Lilian.
- Se eu não soubesse que é impossível, diria que vocês tinham aparatado. – disse Isabelle.
- Ah, qual é?! Fazer faxina dá fome, sabia? – disse Tiago.
- Ha! Até parece que vocês tiveram mesmo muito trabalho, só brandindo a varinha pra lá e pra cá. – disse Lilian.
- Mas isso cansa! – retrucou Tiago, fingindo uma cara de indignado, e todos caíram na risada.
- Tá bom, vai?! – disse Isabelle – Vamos comer.
Todos então se serviram e começaram a almoçar, enquanto os garotos contavam suas peripécias como donos de casa.
- Hmm... isso tá gostoso. – disse Sirius.
- Vocês são boas cozinheiras, sabia? – disse Remo.
- Obrigada. – responderam as duas meninas.
Depois de almoçarem, os meninos tiraram a mesa e, enquanto as meninas terminavam de arrumar a cozinha, foram para a sala, onde ficaram jogando algumas partidas de Snap Explosivo.
À tarde eles se dividiram para continuar a limpeza da casa. Cada um era responsável por um cômodo, e como podiam utilizar magia, a tarefa se tornou bem mais fácil e rápida. Isabelle ligou o rádio, que passou a tocar músicas bastante animadas, tornando mais divertido o dia e a limpeza. Eles cantavam e dançavam enquanto organizavam os cômodos que haviam sido destinados a cada um.
No meio da tarde, Sirius surpreendeu Remo à porta da biblioteca, observando Isabelle. Ela já tirara o pó das várias estantes de livros, e agora trocava as fotografias dos porta-retratos. A garota cantava, mas, a despeito da animada música que vinha da sala, sua música era lenta e triste.
“Who will be there for you
Comfort and care for you
Learn to be lonely
Learn to be your one companion
Ever dreamed, out in the world
There are arms to hold you?
You've always known
Your heart was on it's own”
- Que raio de música é essa? – perguntou Sirius, num sussurro.
- Shhh! Fica quieto, Sirius! – repreendeu Remo – Eu também não sei. Vem, vamos deixar ela.
- Mas era você que tava espiando. – acusou Black.
- Vamos, Sirius! – retrucou o outro, arrastando o amigo para longe da biblioteca.
No fim do dia todos estavam cansados, porém a casa estava totalmente limpa e organizada.
- Gente, eu tava pensando uma coisa... – disse Lilian quando eles acabavam o jantar.
- O quê? – perguntou Remo.
- Depois de amanhã já é Natal, e nós não temos uma árvore.
- Nossa, é verdade! – disse Isabelle – Eu nem tinha pensado nisso, afinal, ia passar o Natal sozinha.
- É, mas agora não vai mais. – disse Sirius – Amanhã nós homens fortes e destemidos – as garotas reviraram os olhos – vamos procurar uma árvore para montarmos.
- Vou ter que procurar os enfeites lá no sótão. – disse Isabelle – Faz tanto tempo que não se monta uma árvore de Natal aqui... – ela pareceu ficar chateada.
- É, mas nesse ano vai ter. – disse Lilian.
- Bom, já que tá tudo decidido, eu vou cair na cama. – disse Tiago – Tô morto!
- Só você? – perguntou Sirius – Tá todo mundo quebrado.
- Eu... nem sei como agradecer vocês, galera... – disse Isabelle.
- Não precisa agradecer, Isa. A gente trabalha, mas se diverte também. – disse Remo.
- É, e amanhã vai ser ainda mais divertido. – arrematou Lilian – Vamos dar jeito nessa cozinha, Isa?
Com apenas alguns acenos de varinha, a louça foi para a pia e começou a ser lavada sozinha, enquanto a toalha da mesa se auto-dobrava. Em poucos minutos a cozinha estava em perfeita ordem.
- Bom, eu também tô cansada. Boa noite gente. – despediu-se Lilian, levantando-se.
- Boa noite. – disseram os demais.
- Pois é, também vou nessa. – disse Tiago – Boa noite.
- Vamos todos. – respondeu Sirius, bocejando.
Todos se dirigiram ao andar de cima, e após mais desejos de boa noite, foram cada um para o seu quarto. Isabelle, porém, não conseguiu dormir novamente. Como na noite anterior, vestiu um robe sobre o pijama e voltou para o andar de baixo.
Ela foi até a cozinha, e pegou uma panela limpa e alguns ingredientes de dentro dos armários. Misturou tudo dentro da panela e colocou no fogo.
- Acordada de novo?
Ela virou-se. Sirius estava parado à porta, fitando-a com um leve sorriso.
- Devolvo a pergunta. – respondeu ela, voltando a prestar atenção à tarefa de mexer o conteúdo da panela.
- Sede. – disse ele, simplesmente – O que tá fazendo? Tem cheiro bom...
- Brigadeiro. – disse ela, tirando a panela do fogo e indo até a gaveta dos talheres – Quer?
- Achei que não ia perguntar. – respondeu ele, sorrindo.
Os dois se dirigiram à mesma sala onde estiveram na noite anterior, e sentaram juntos no sofá maior, com a panela no meio.
- Não vai me analisar de novo, vai? – perguntou Isabelle.
- Não. – respondeu Sirius, tirando uma colherada de brigadeiro da panela – Adoro brigadeiro.
Isabelle riu, e tirou também uma colherada do doce.
- Eu ouvi você cantando hoje, na biblioteca. – Isabelle sentiu as bochechas queimarem.
- É feio espiar as pessoas pelas frestas das portas, sabia? – disse ela, tentando disfarçar seu embaraço.
- Você tem uma voz bonita. – disse Sirius, ignorando a repreensão dela.
Isabelle corou ainda mais. Por sorte, estava muito escuro para que ele percebesse.
- Obrigada.
- Que música era aquela? – perguntou Sirius.
- É um trecho de um musical. – respondeu a garota – Era o nosso preferido, meu e da mamãe.
- Era triste. – comentou ele – A música, eu quero dizer.
- É, um pouco. – concordou Isabelle.
- Você estava triste?
- Não. Com vocês todos aqui, eu não tive oportunidade de ficar triste. – disse ela, com sinceridade – Fico feliz por terem vindo. Mas acho que você disse que não ia me analisar. – provocou.
- Não estou analisando. – defendeu-se Sirius – Apenas comentando alguns fatos.
- Hmm...
Depois disso, os dois continuaram a comer em silêncio, apenas comentando ocasionalmente algo sobre o dia de faxina. Quando acabaram, Sirius levou a panela e as colheres para a cozinha e limpou-as, e depois os dois foram dormir.
Aí tá a tradução da música que tava tocando enquanto as meninas conversavam na cozinha:
*Você é legal
Você é doce
Mas eu ainda sou um pouco ingênua com meu coração
Quando você está perto eu não respiro
Eu não consigo encontrar as palavras pra falar
Eu sinto faíscas
**Mas eu não quero ficar a fim de você
Se você não me tratar da maneira certa
Sabe, eu só posso começar a ver você
Se você puder fazer o meu coração sentir-se seguro (sentir seguro)
A música é "Say ok", Vanessa Hudgens
E essa é a música que a Isa tava cantando na biblioteca
"Quem estará lá pra você?
Pra confortar
e cuidar de você.
Aprenda a ser solitário.
Aprenda a ser
sua própria companhia.
Nunca sonhou
em conhecer o mundo.
Existem braços para
envolvê-lo?
Você sempre soube
Que o seu
Coração estava sozinho"
O nome da música é "Learn to be lonely", do Andrew Lloyd Weber, e é muito linda. Faz parte da trilha do filme "O Fantasma da Ópera"
Bjs e rewiews!!!
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