Eleven





”Hey, I wanna crawl out of my skin
Apologize for all my sins
All the things I should have said to you
Hey, I can't make it go away
Over and over in my brain again
All the things I should have said to you”


”Hey, eu quero rastejar para for a da minha pele
Me desculpar por todos os meus pecados
Todas as coisas que eu deveria ter dito á você
Hey, eu não consigo fazer isto ir embora
De novo e de novo no meu cérebro de novo
Todas as coisas que eu deveria ter dito á você”


Sugarcult - Memories

-Dá pra me soltar? – Lily perguntou irritada, socando as costas de James. O que ele tomava como se não fosse nada. Ela odiou se sentir tão impotente.

-Não. Porque se você resolver me atacar, pelo menos eu já te tenho cativa – Quando ele disse isso ela suspirou e parou de se mover, ainda birrenta. James deixou-a na enfermaria e chamou a enfermeira, que foi atendê-la. Saiu do lugar silenciosamente, pensando no que poderia estar acontecendo com Lílian. Será que ela estava sob Imperius ou algo assim? Não, não poderia ser. Pouca gente conhecia a maldição Imperius. Seus pais eram aurores, por isso conhecia, mas era uma maldição muito rara criada durante a revolução dos duendes por algum maluco, e abafada logo depois. Não, não deveria ser aquilo.

-James – Uma voz chamou-o e ele parou no corredor, olhando para trás. Ninguém. Olhou em volta e não viu ninguém.

-James – A voz tornou a chamá-lo e ele sacudiu a cabeça. Será que estava ficando maluco?

-Quem é? – Perguntou firmemente. Poderia ser alguma brincadeira dos Marotos.

-Lílian vai fazer uma besteira. Ajude – A voz disse e, instintivamente, seguiu de volta para a enfermaria correndo. Segurou a mão dela antes que a adaga que tinha jogado no meio do corredor atingisse Madame Pomfrey, caída desmaiada no chão.

-EU NÃO AGUENTO MAIS! NÃO CONSIGO AGUENTAR! – Ela gritou como se sentisse dor. Como se sentisse medo. Ela estava aterrorizada, era óbvio. – Por favor James acabe logo com isso! PRO FAVOR! – Ela fez com que a varinha dele apontasse para si mesma. – ACABE COM ISSO! EU NÃO CONSIGO SUPORTAR! ESTÁ ME CORROENDO – Ela puxou a blusa afastando o tecido do corpo para frente, como se estivesse agoniada. – Está me queimando, está me consumindo, por favor acabe com isso – Lílian insistiu, apontando a varinha dele, que estava na mão dele, para o próprio peito.

Aquilo estava doendo, estava machucando-a. Estava queimando, sentia como se algo a arranhasse por dentro, fizesse arder e queimar. Doía. E só ele conseguiria fazer parar.

Ela deu um grito e abriu a blusa de botões com um puxão, fazendo-os voar por todos os lados. Ele viu que havia algo no peito dela. Algo por baixo da pele dela.

Se movendo.

-Lílian, eu sei que dói, mas fique calma – A garota gritou e se controlou segurando com força os lençóis – Eu v-vou tirar isso daí – Ele sabia que aquilo era arriscado. Mas de algum modo tinha de tentar.

-AH! – Antes que ele pudesse fazer algo, a coisa abriu espaço através de um corte reto no peito dela na área do colo e saiu. Algo negro, estranho e pegajoso, que gritou e caiu no chão. Como um bebê malformado. Ficou se debatendo ali, fazendo James oscilar entre a pena e o asco.

-Incubus. Isso é o filho de um demônio, Potter. Saia já daí – Madame Pomfrey se levantava vagarosamente do chão, ainda tonta. – Devemos chamar Dumbledor. Essa menina deveria estar sofrendo muito para um monstro desses conseguir se aproveitar dela. – Madame Pomfrey correu para chamar o diretor, enquanto James se aproximou de Lílian, agora pálida, ainda arfando de dor.

-Lily, tudo bem com você? – Ele perguntou e ela olhou para ele, tossindo pela mudança de posição.

-Melhor agora – Ela sorriu como se algo muito bom tivesse acontecido, e ele sentiu-se aliviado apesar da estranheza. Ela deveria estar sentindo muita dor com aquele corte no peito.

-Deixa eu fechar isso – Ele disse e ela parou-o com uma mão.

-Esse não é o único, Potter. Era só o mais forte. Deixa isso aberto, tem mais pra sair – Ela pareceu consciente então do que sentia.

-Dói? – Ele perguntou infantilmente. Lílian riu malignamente.

-Nada comparado á ficar com eles dentro, eu garanto – Ela disse e se arqueou na cama, segurando a mão de James automaticamente. Ele por algum motivo sentiu-se feliz com aquilo, e ficou ali com ela, vendo-a se contorcendo de dor até que mais três ou quatro daquelas criaturas saíssem de dentro dela. De onde, era impossível dizer. Lílian pareceu simplesmente murcha depois que tudo acabou.

-Céus! – Minerva adentrou a enfermaria e vendo a bagunça ficou apavorada. – Céus, céus, céus, o que é isso? – Ela se aproximou dos montinhos de carne negros que se espalhavam pelo chão ao lado da maca de Lílian, banhados em sangue e em uma algo viscoso estranho.

-Acabou. Eu tenho certeza. Potter, por favor... – Lílian olhou para ele ignorando a professora, e ele assentiu com a cabeça.

“Voltei a ser Potter” foi o que ele pensou desanimado, fechando o corte de Lílian com um feitiço. Ela sorria, parecendo inumanamente aliviada. Claro. Não era difícil entender o por quê

-O que aconteceu com ela? – McGonagal então perguntou diretamente á James, que ia para o estoque de poções da Madame Pomfrey, pegar duas que usava praticamente todo mês: a cicatrizante e a que tomava para ganhar energia depois das noites de lua cheia. Acabava sempre engordando depois de tomar aquilo, devia servir para Lílian.

-Madame Pomfrey disse que foi Incubbus. Eu não pude fazer nada além de ajudá-la, professora. Me desculpe não chamá-la – Ela percebeu que ele agia um tanto mecanicamente demais, e então percebeu a tremedeira em suas mãos. Ele deveria estar apavorado.

-Mesmo os fortes caem de vez em quando, Potter. E não há problema algum nisso – A professora disse e rapidamente passos foram ouvidos no corredor. Saltos.

-James! – Sarah Potter, mãe de James, adentrava a enfermaria com olhos úmidos. – Eu sabia que tinha acontecido algo ruim, sabia. Seu pai ficou me dizendo que não, mas eu tinha certeza. Tive uma das minhas intuições – Ela finalmente viu algo além do filho, e percebeu a cena de Lílian arfando na maca, os monstrinhos no chão se contorcendo eventualmente, o sangue. Ela então se recompôs em segundos. Entendeu tudo. Ela que precisava ser forte naquele momento. Não era brincadeira, ele não sofrera um cortezinho como nas outras vezes.

Finalmente suas suspeitas tinham fundamento, ao contrário de antes. Seu filho estava quebrado.

-É ela? Ela é... Lílian? – Lily se alarmou quando a mulher distinta, que deveria ser a senhora Potter, disse o seu nome. Então prestou atenção na cena. As mãos de James começaram a tremer violentamente, Minerva tomou os frascos com as poções das mãos dele e ele se aninhou ao peito da mãe, convulsionando em soluços. Ela abraçou-o e fitou a ruiva, que agora a encarava. Ficaram assim por alguns instantes até que Lílian desviasse o olhar e McGonagal colocasse as poções em um copo para que a ruiva tomasse. Potter não arriscaria a vida de Lílian, então as poções deveriam estar corretas.

-Eu... eu achei que ela fosse morrer – Lílian se dividia entre o nojo de um ser tão fraco quanto James e o quanto aquilo tocou o seu coração. Aquilo poderia ser meio patético, um cara daquele tamanho aninhado contra o peito da mãe, soluçando. E ao mesmo tempo, a cena deveria ser algo muito forte para fazê-lo ficar daquele jeito. James era forte, e ela sabia disso.

-Eu... eu tenho que... Lily, ta tudo bem? – Ele se desvencilhou dos braços da mãe e foi até o lado dela. Lílian agora estava séria. Ela assentiu com a cabeça.

-Eu estou bem Potter. Sério. – Disse normalmente.

-E... o que você ta sentindo? – Ele perguntou mais uma vez, secando o rosto com as mãos, tentando não parecer patético na frente dela. Não podia.

-Pode chorar, se quiser – Ela disse se sentindo estranha. Era como se todo o seu ódio tivesse passado. Estava aliviada. Muito aliviada. Estava em um estado sublime entre a euforia e a morte. Sombrio, aconchegante e alegre. Ele riu, mais algumas lágrimas despencando dos olhos.

-Tem certeza? Eu devo estar... patético – Ele comentou enquanto a mãe o abraçava pelos ombros, ficando ao lado dele.

-Não, nem um pouc... ok, talvez um pouquinho. – Os dois riram e finalmente Madame Pomfrey apareceu com Dumbledor.

O homem não deu oi á ninguém. Colocou os filhotes de Incubbus dentro de um saco estranho com o auxílio da varinha e fechou-os rapidamente, dirigindo-se á Lílian.

-Você se lembra de ter algum sonho estranho, Lílian? – Perguntou em tom grave, mas ela somente sacudiu a cabeça.

-Não senhor.

-E andou triste demais, irritadiça ou estressada por esses dias? O emocional pode ser um fator de alarme para a vítima mostrar – mesmo que inconscientemente – que está sendo atacada. – Voltou a perguntar, se aproximando e observando a menina com cuidado, como um médico a examinando de algo grave.

-Na realidade, fazem alguns meses já que eu me sinto mal, eu acho – Ele tocou a cicatriz pequena no colo que ficara graças ao feitiço bem-executado de James.

-A senhorita foi visitada e pelo jeito premiada por um Incubbus, Srta, e teve filhos dele. Sabe o que isso significa? – Ele voltou a ser o professor, calmo, ainda assim preocupado.

-Tem algo á ver com um demônio, não tem? – Ela perguntou repentinamente sentindo a cabeça doer.

-Um demônio que mantém relações com humanas. Por isso perguntei se a senhora não se lembra de nenhum sonho. É estranho até mesmo que a senhorita esteja viva. Ele costuma matar suas vítimas. O demônio tinha alguma outra intenção com a Srta. E a senhorita deveria estar drenando forças de mais alguém para ficar assim. – Lílian imediatamente olhou para James. Ele era a resposta para as duas suposições do professor. Os olhos dele cintilaram.

-A senhorita tem certeza? A ligação entre vocês teria de ser algo muito forte para o Incubus considerá-lo um rival. Incubus só não matam as vítimas quando têm rivais. E mesmo com uma ligação tão forte, teria de ser muito mais intensa para a senhorita conseguir drenar as forças de Potter. Algo quase... como destino – O professor finalmente entendeu o que a garota dizia. – A caixa de Hera previu isso? Inteligente... – Nada daquilo fazia sentido para James, e até mesmo sua mãe parecia estar entendendo.

-Vocês tem alguma missão juntos, meu amor. Ela não foi posta na sua vida por nada. Ela não adquiriu magia no sangue por nada. Vocês tem algo á fazer – Ela explicou cuidadosamente ao filho, e então seguiu Dumbledor, que saía com o saco dos Incubus nas mãos, sem dar explicação alguma.

-Eu não entendi quase nada. – Ele disse finalmente, de repente se vendo sozinho com a ruiva na sala. Ela sorriu.

-Acho que é bom não entendermos muita coisa mesmo. É mais fácil assim – Ela suspirou e sua mão se moveu lentamente, tocando a dele. Lílian passou a fitar as mãos juntas.

-Sabia que isso é estranho? Você tinha demônios dentro de você – Ele disse ainda tremendo um pouco, ela podia ver. Resolveu retrucar:

-Sabia que isso é estranho? Quem me salvou foi você – Disse e fitou-o nos olhos novamente. De algum modo tudo se encaixava. – Eu não me assusto tanto com o fato dos demônios, porque apesar de grave, sei que é algo que já aconteceu. Mas essa... coisa que une a gente, que faz tudo parecer certo quando agente ta junto, isso sim me assusta. É algo maior que sentimentos. É como destino mesmo, como a sua mãe falou. Natural como o fluxo de um rio – Ela disse brincando com a mão dele, que observava os movimentos da rua.

-E por mais que eu queira te odiar, não dá certo – Ela completou e ele assentiu com a cabeça. – Talvez, por mais que eu não consiga esquecer o meu ressentimento, agente devesse mesmo ficar junto. – Ela declarou derrotada, deixando a mão pender na maca. Vazia.

-O destino do homem é feito pelo homem, Lily. Se você não quiser, não tem que ficar comigo – Ela sentiu o peso daquelas palavras nos ombros de James. Ele faria qualquer coisa por ela. Qualquer coisa...

Algo, como uma luz, se acendeu nela. O ódio foi deixado de lado. Lílian Evans observou o rosto triste de James e sentiu-se livre do peso da raiva. Conseguiu realmente sentir algo além de raiva, os seus sentimentos reais, por trás de toda aquela loucura em seu coração. E sentiu algo diferente, uma sensação como se além do amor, realmente devesse ficar com James. E não era por porcaria nenhuma de destino. Era porque queria.

-E o meu destino eu vou fazer. O mais perto de você o possível. Eu tenho que começar devagar, você terá que me perdoar, mas eu quero ficar com você, mesmo que seja pra não fazer o que quer que seja que temos que fazer. – Ela declarou e ele assentiu com a cabeça. James aproximou o rosto bem lentamente do dela. Lílian não disse nada, se sentindo um pouco desconfortável, como se algo em seu ser se rebelasse contra o garoto, mas ainda assim sentindo o quanto aquilo era natural. Como se ela já tivesse feito aquilo antes, Eras atrás.

-NÃO! – A voz de Sarah Potter gritou vendo um clarão estranho na enfermaria. Correu até alcançar a saleta, e tudo que encontrou foi uma janela aberta e uma Lílian chorosa, encolhida contra a parede.

-O que houve com James? O QUE HOUVE COM O MEU FILHO?! – Ela gritou para a garota, tentando ver algo pela janela. Nada. –RESPONDA!

-O Incubus. O incubus levou ele. Eu não pude fazer nada, ele levou James, ele levou... – Sarah viu a garota dar um grito e temeu por sua sanidade mental. Era muita coisa pra uma garota tão nova agüentar. Segurou as lágrimas e abraçou a ruiva que berrava assustadoramente, tentando ser coerente.

“Um incubus não fará mal á James. Não pode fazer. É somente uma isca. Uma isca para...”

-Eu já esperava por isso, senhora...

-Ele quer á Lílian. Ele quer a garota, Dumbledor. O que vamos fazer? – Sarah perguntou ao homem, apavorada. Muitas coisas ao mesmo tempo. Muito rápido.

-Eu não sei, Sarah... eu sinceramente não sei. Mas garanto que serão tempos difíceis para essa menina... – Dumbledor acariciou de leve o rosto de Lílian que se debatia enlouquecidamente. – Ela terá de ser levada ao Saint-Mungus.

Sarah Potter só soltou Lílian na manhã seguinte, quando os medi-bruxos vieram buscar a garota, levando-a para a ala psiquiátrica onde ficaria presa em alguma sala branca coberta por almofadas. Ela se debatia e gritava o tempo inteiro, e já tinha tentando machucar á Dumbledor e á ela mesma.

A senhora Potter fitou a carruagem branca ser levada pelos ares na propriedade, e sentiu o abraço protetor do marido em sua cintura.

-Ele levou James – Não pôde conter algumas lágrimas, que o homem secou. Ele também sofria, mas deu um pequeno sorriso.

-Sabemos que ele não poderá machucar James – Disse numa voz tranqüilizadora e beijou a testa da mulher.

Dumbledor, em seu gabinete de diretor, acariciava as penas de seu mais novo artefato. Uma fênix. Renascida das cinzas. Observou a ave em sua plenitude e suspirou. Alguém bateu em sua porta.

-Entre, Minerva – A mulher entrou em passos hesitantes na sala.

-O que devo dizer aos alunos? – Ela perguntou movendo as mãos ansiosamente.

-Não diga nada, minha cara. Chame somente os amigos deles aqui para que eu lhes explique a história. Ou, ao menos, o que eu entendi dela – Disse e a diretora curvou a cabeça levemente, saindo de novo da sala.

-O que pretende fazer com essa confusão toda, alvo? – Um de seus quatros questionou-lhe, e ele, sem conseguir identificá-lo, suspirou fundo, olhando para o céu cinza pela cúpula de vidro de sua sala. Era como se o céu soubesse o que acontecia, e se compadecesse por aquelas crianças.

-Eu sinceramente não sei. E ainda assim, sinto que perdi algo nessa história. De um momento para o outro garotas boas se tornaram más, e voltaram á ser boas. Eu as acompanhei, mas perdi algo com Lílian – Ele falou consigo mesmo e suspirou. – Acho que tenho de tentar de novo – Levantou-se e pegou uma caixa de madeira em um armário. Tirou a poeira de cima e leu suas inscrições com atenção.

“Pandora’s Box”

O velho sorriu e seus olhos cintilaram por alguns instantes.

-Estamos aqui, Dumbledor – A voz de Black foi ouvida no outro lado da porta. O diretor então olhou naquela direção e escondeu a caixa rapidamente.

-Podem entrar – Disse e observou Marlene e Sirius entrarem primeiro na sala, seguidos pelo resto do grupo.

-A professora disse que queria falar conosco. Do que se trata, professor? É sobre Lílian? – Ela perguntou e o diretor somente fez sinal para que se sentassem.

-Queria sim. Eu quero contar uma história para vocês. Uma história muito muito longa. Ela envolve cinco garotas gentis, uma caixa e um Incubus...

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Prévia da continuação chamada ’Savin’ you’

Lílian se debateu naquelas paredes brancas, sem conseguir nada. Estavam tirando-a para louca. Ela não estava louca. Aliás, sentia-se mais consciente do que antes. Ninguém queria acreditar nela. Então aproveitava para tentar se livrar da sua raiva, da sua dor, se debatendo naquelas paredes. Não entendia como aquilo pudera acontecer justo quando ela decidira se acertar com James. Como ele deveria estar? Será que ele estava bem?

Lílian se lembrava vagamente de algo a ver com um demônio, mas não tinha certeza. Por algum motivo as suas memórias estavam embaçadas. Ela olhou em volta, irritada, e se debateu mais uma vez. Inferno. Não podia ficar parada enquanto não sabia como James estava.

-Chegou carta para você – Um homem vestido de branco entrou na sala e avisou-a, um tanto temeroso pela ira da ruiva. – É da sua mãe. Lembra-se dela? – Perguntou hesitante, e a ruiva assentiu firmemente com a cabeça, no rosto uma expressão de tédio. – Quer que eu leia?

-Vocês podem me achar louca, meu senhor, mas eu ainda sei ler, obrigada – Ela disse e tomou a carta das mãos dele, voltando para um canto e se sentando para ler. Ele saiu da sala, resmungando algo como “esses malucos” e ela rasgou logo o envelope, tentando absorver algo da carta da sua mãe. Ela deveria saber de tudo.

Olá meu amor
Tudo bom com você? Sério, responda para a mamãe. Eles estão de tratando bem aí? Porque o seu diretor disse que eu não posso te tirar daí e te trazer pra casa. Isso é tipo um manicômio, não é? Mas eu tenho certeza de que você não está louca. Você é forte, Lily. Sempre vai ser.

Essa história com o seu namorado é verdade? Ele foi levado por um demônio? E esse mesmo demônio se aproveitou de você? Oh meu Deus, sabe que eu não agüento isso. Um demônio filha! Será que não seria conveniente que eu leve o Padre Williams para te ajudar? Acho que a ala psiquiátrica de um hospital não é o lugar ideal para se curar de um demônio que ataca mocinhas indefesas.

Sinto muito pelo seu namorado. Eu nem sabia que você tinha um, mas a mãe dele, uma moça distinta, veio aqui em casa me contar essa história. Eu fiquei preocupada e chocada, mas ela me garantiu que ficará tudo bem. E de algum jeito eu acredito nela. Sabe como é, intuição de mãe.

Bom, meu amor, eu prometo que vou te buscar assim que eles me deixarem ir, ta bem? Me conte tudo que eles fazem de errado com você – além de, é claro, esse terrível equívoco que cometeram acreditando que você perdeu sua sanidade – e eu irei aí reclamar de tudo, tudo bem?

Com todo amor do mundo,

Mamãe
.

Lílian acabou de ler e sentiu uma pontada no peito. Algo estranho, como se houvesse algo tentando sair. Demonio que se aproveita de garotas? Namorado levado por um demônio? Mas ela não se lembrava de ter um namorado. E nem de nenhuma mãe distinta que tivesse conhecido. Pra dizer a verdade, não se lembrava nem do por que de terem-na levado á ala psiquiátrica do Saint-Mungus. Era ultrajante, pra dizer o mínimo.

De repente a pontada no peito se tornou mais forte, e algo em seu peito se rasgou, com um som e uma dor lancinantes. Lílian se contorceu e caiu no chão, perdendo os sentidos por alguns instantes. Quando acordou seu peito estava com uma fina linha sobre ele, como uma cicatriz, e havia algo do seu lado.

Ela se aproximou do montinho de carne negro e meio asqueroso que se contorcia ao seu lado. Será que aquilo tinha saído de dentro dela?

Ela tocou naquilo com um dedo, sujando-o de uma gosma estranha. Mas um sentimento estranho se apossou dela. Algo quase... maternal. Virou a coisinha para cima com dois dedos e pôde observar olhos levemente amarelados, quase cor de mel, observando-a um tanto... inocentes. Como os de um bebê.

-O que você é? – A coisinha respondeu á sua pergunta se contorcendo, mostrando patinhas minúsculas e asas malformadas. Ainda assim aquele sentimento de que devia proteger a tal coisinha não saía de seu peito.

Pegou-a nos braços, limpando-a com as toalhas deixadas ao canto da sala, e aninhou-a contra o peito. Embalou-a levemente até que os olhinhos fechassem, como se os de um bebe se fechariam. Sorriu.

-Agora você vai ser meu. Meu Atila – Ela observou mais uma vez a pele negra da coisinha e, hesitante, beijou-a. Então suspirou e adormeceu, sonhando mais uma vez com James. O que teria acontecido com ele?

Acordou alarmada. Tinha que achar o Potter. Tinha alguma coisa muito errada. Se deu conta de que a porta de sua sala estava aberta. E Atila já não estava mais em seu colo. Saiu andando calmamente da sala para não levantar suspeitas, até que achou Atila caminhando atrás de uma enfermeira, sem que ela visse. Pegou-o no colo rapidamente e correu, correu o mais que pôde por aquele hospital sem nem mesmo pensar em olhar para trás. Então, quando conseguiu sair lá de dentro, aparatou.

-Que diabos... onde estamos? – Ela olhou em volta e viu-se em uma sala de uma masmorra, sozinha. E havia mais alguém lá. James. Ele estava preso, e todo arranhado. Não estava nada bem. E não parecia perceber sua presença.

De repente algo entrou pela janela, molhado de chuva. Um monstro. Pele escura, grandes chifres curvados, asas monstruosas. Mas os olhos de algum modo lembravam-na de alguma coisa.

-Coma – A voz surreal da coisa falou ao Potter, que cuspiu.

-Nem morto. – O Potter respondeu bravamente, mas sua aparência não condizia com sua coragem.

-Então morra de fome. – O monstro jogou o prato contra a parede, e Potter de repente riu.

-Você não pode me deixar morrer. Não enquanto não tiver Lílian – Um rugido saiu pela garganta do bicho, que se segurou para não avançar em Potter.

-Isso mesmo. Mas eu posso te ver definhar, Potter. Posso te ver ficar sem água e sem comida durante muitos, muitos dias. E, talvez, você morra por acidente – O monstro ameaçou e Lílian se sentiu puxada para a vida real de um modo brutal.

Tivera uma visão.

Olhou para Atila, que estendia as mãozinhas para ela, e sentiu-se estranha. Como se fosse culpada pelo cativeiro do Potter. Como se precisasse salvá-lo.

Viu-se em um campo vazio, do interior da Inglaterra. Se sua mãe soubesse que havia fugido, os bruxos também saberiam. Então sentou-se embaixo de uma árvore e pôs-se a contemplar sua “cria” cuidadosamente, a imagem de James ainda martelando na cabeça.

-Eu ainda não sei bem como, ou do que, Atila... – Ela disse para a coisinha, que segurou o seu dedo com ambas as mãos. O vento frio cortou-lhe a face. – Mas eu sinto que tenho de salvar James. Eu tenho de salvá-lo.

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Me mandem emails dizendo se gostaram ou não. por favor, to confusa sobre deixar isso ou deletar tudo e fazer de novo, ok? tá muito viajado, acho. preciso de opiniões
passem tbm no meu blog, o link tá no meu perfil aqui da floreios mesmo (é livejournal).

beijos ;**

Doods Duck xD - 23 de abril de 2009.

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Comentários (1)

  • vruna

    Gostei Muito!!Só não entendi algumas coisas!Bjão e continue

    2011-09-30
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