De onde nunca deveria ter saíd

De onde nunca deveria ter saíd



No dia seguinte, Hermione acordou sem febre e sem dor. Mas, ao ver-se no espelho quase chorou: estava horrível, com olheiras, cortes finos ao longo do rosto, o cabelo todo espetado e atrapalhado. E o pior ainda estava por vir: não tinha roupas. Por isso, vestiu a mesma calça e a mesma blusa.

Ao chegar na sala de jantar foi logo dizendo:

_Preciso de roupas. Urgente.

Richard riu, mas cedeu aos pedidos da sobrinha. Como não poderia aparecer em público, ela teve que colocar uma peruca e óculos escuros para ir ao centro das cidades. Hermione não se importava com as marcas das roupas, mas gostava do conforto. Por isso, as compras não saíram tão caras para o tio. Depois, um cabeleireiro de confiança foi chamado. Já na casa do tio, as discussão sobre qual visual caia melhor à jovem foi intensa.

_Querida, você tem feições delicadas! _ dizia Marc, o cabeleireiro afMionenado. _ Um corte curto não iria valorizá-las!
_E quem disse que eu estou preocupada com isso? O importante é ninguém me reconhecer.
_Que tal se apenas mudássemos a cor? Um castanho chocolate...
_Ta louco? Quero um tom avermelhado...
Richard ria daquela situação. Ele concordava com a sobrinha, talvez com o cabelo curto ninguém a reconhecesse, pois em todas as fotos ela aparecia com o cabelo longo. No fim das contas, Marc cedeu à geniosa Hermione: o cabelo curto, na altura do queixo, repicado, em um tom avermelhado e mexas chocolate.

Durante a noite, os dois ficaram combinando tudo para a ida dela à Ordem da Fênix no dia seguinte. Quando foi se deitar, Hermione sentiu um aperto no peito. Estava começando uma vida nova, agora não precisava mentir para esconder seus sentimentos. O que o futuro lhe reservava era um mistério, mas ela não tinha medo. A única coisa que sabia era que iria encontrar repressão na Ordem da Fênix, muitos não iriam apoiá-la, entre eles Harry Potter. Tudo, por que há 10 meses, ele e seus companheiros tentaram uma invasão no batalhão A. Nesse dia, ele e Hermione tiveram um confronto direto que ela não esquecia e tinha orgulho de lembrar:

"Todos os soldados estavam em estado de alerta máximo. A invasão já estava confirmada, só faltava achar os invasores. Como Hermione era a líder de sua equipe, ficou encarregada de liderar uma busca por todo pavilhão D. Por medidas de segurança, todos os alarmes foram ligado no nível máximo, além de sensores. Por um descuido, ela se desviou do grupo e foi parar na sala de controle do pavilhão. Estava tudo escuro, apenas algumas máquinas estavam ligadas. Como conhecia bem a sala e sabia que todo o chão era coberto com feitiços, Hermione caminhou seguindo as normas aprendidas. Mas isso não impediu que o adorável invasor lhe atacasse pelas costas, fazendo-a cair e acionando o alarme. Ela tentou lhe dar um contragolpe, mas como estava tudo escuro com certeza ele já tinha se escondido. O barulho do alarme ficou insuportável. Hermione ergueu a varinha e, após ter errado o feitiço três vezes, finalmente acertou e o barulho cessou. Imediatamente, ela se colocou em posição de ataque, observando cada canto da sala, agora iluminada. Sentia que não estava sozinha.

_Se eu fosse você, apareceria logo. _ ela disse.

_Se assim o deseja. _ disse uma voz masculina de um canto que ela imediatamente soube decifrar.

Por isso, quando aquele rapaz lhe atacou novamente, saltando sobre ela, foi de encontro ao chão. Hermione riu da situação, mas tratou logo de imobilizá-lo sentando-se em cima dele e segurando seus braços. Antes falar qualquer coisa, o observou. Era um jovem muito bonito, de feições sérias, cabelos muito negros e atrapalhados, olhos sombrios e lábios perfeitos.

_Você deve aprender duas coisas. _ ela disse sorrindo maldosamente. _ Primeiro: nunca faça barulho antes de atacar, qualquer um poderia decifrar de onde você viria. Segundo: atacando menininhas indefesas pelas costas? Isso é muito feio.

Dessa vez, foi Harry quem soltou um belo sorriso irônico e disse:

_O dia que você for uma menina indefesa, elefantes rosa passarão a voar por aí.

Hermione sorriu encabulada, ele estava certo ela não era nada indefesa. Os dois ficaram um tempo se encarando sem reação. Talvez, ambos pensassem no que fariam a seguir. De repente, aquele cansaço foi substituído por uma atração irresistível de ambos. O olhar dele foi dos olhos para a boca dela, e ela não resistiu à tentação de beijá-lo. Foi um beijo que começou tímido, mas ficou ardente. Hermione não sentiu quando ele libertou seus braços, mas sentiu quando os mesmos a enlaçaram pela cintura. Harry ergueu-se um pouco o que fez com que seus corpos se unissem ainda mais.

Mas, a magia daquele beijo durou pouco. De repente ele prendeu os braços dela e a jogou no chão, dessa vez ele a dominava.

_Já pensou em fazer um regime?_ ela disse sufocada com o peso dele.
_Ah, eu não preciso. Como você mesma pode comprovar, meu poder de sedução é o mesmo. Aliás, senhorita “eu sei de tudo”, devia saber que nunca deve deixar-se levar por um simples beijo.
_Simples mesmo. _ ela disse sarcasticamente. _ Já vi melhores. Bem melhores.
Hermione riu maldosamente, o que fez Harry roer-se por dentro de raiva.
_Duvido que seja tão experiente. Aliás, não foi isso que o seu beijo me mostrou.
_Realmente, é que eu guardo minha experiência para quem merece.

Dizendo isso, ela lhe deu uma joelhada nas costas, o que o fez cair, lhe dando oportunidade de levantar-se. Imediatamente ele fez o mesmo e ficou frente à frente com ela. Ambos tinham a respiração rápida. Ela foi a primeira a atacar, mas não pode concluir o golpe, pois ele a segurou. Seu braço a mobilizava pelo pescoço, enquanto o outro segurava seus braços. A respiração dele em seu ouvido era sedutora, mas ela não tinha tempo para pensar nisso. Pensando rápido, ela pisou no pé dele com toda força e deu o golpe fatal: rapidamente tirou um canivete que levava sempre no bolso e atacou sem saber direito aonde. Quando viu, cortou o pulso do rapaz, que agora estava agachado no chão tentando estancar o sangue que praticamente jorrava de seu pulso.

Ele a olhou com ódio nos olhos e disse com uma voz irreconhecível:
_Eu te mato Granger. Nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida, eu te mato.
Hermione ainda pensou em ajudá-lo, mas seu orgulho foi maior e, antes de sair, ela cuspiu no chão e disse:
_Isso, foi pelo beijo horrível."

Deitada na cama, ela sorriu ao se lembrar disso. No fundo, estava com medo de reencontrá-lo, mas queria que isso acontecesse logo. Na verdade, ela e Harry já foram amigos, os melhores, quando estudavam em Hogwarts. Mas, quando ela voltou para casa após o último ano na escola e encontrou seus pais mortos e sua casa aos pedaços, a raiva a dominou e a vontade de se vingar se tornou tremenda. Ninguém entendeu quando viu, um dia, na primeira página do Profeta Diário, Hermione Granger eleita a chefe do principal grupo de combate da Alfa. A decepção fez da amizade que Harry sentia por ela, tornar-se ódio profundo. Quanto à ele? Ela havia ficado sabendo que a Ordem da Fênix havia crescido bastante e Harry era, claro, o principal combatente.

No dia seguinte, Hermione acordou mais bem disposta que os dias anteriores. Às dez da manhã, Richard pediu que seu motorista a levasse até a Ordem da Fênix. Durante a viagem, ela foi pensando o que diria à Lupin. Com certeza ele devia estar odiando-a, assim como os outros.

Chegaram no local umas onze da manhã. Hermione fechou os vidros do carro para que não a vissem. O motorista falou algo ao segurança que permitiu sua entrada. O Centro Ordem da Fênix era enorme e levava qualquer um a duvidar que ali funcionasse um dos maiores esquadrões contra o governo. Era dividido em vários pavilhões, grandes e pequenos, e contava com uma infra-estrutura de matar qualquer um de
inveja. O carro parou no que parecia ser a porta de entrada.

_Senhorita, chegamos.
Hermione agradeceu, colocou os óculos escuros e desceu do carro. O lado de fora estava vazio, apenas os seguranças faziam a patrulha. Decidida, ela subiu as escadas e entrou em uma recepção. Lá, outras duas pessoas aguardavam sentadas, enquanto uma mocinha loira, muito branca,ditava algo à sua pena de repetição.

_Com licença. _ disse Hermione, fazendo a mocinha olhá-la com certo desprezo, mas isso não a intimidou, duvidava que aquela garota soubesse quem era. _ Eu tenho hora marcada com o Sr. Lupin...

_Isso aqui não é um consultório médico para as pessoas marcarem hora. _ a moça respondeu rispidamente.

_Ah é? Bom, então por que será que o Sr. Maxuel disse para eu estar às 11h e 10 min, que ele iria me atender?

A recepcionista olhou Hermione com mais desprezo ainda e conferiu algo em um quadrinho. Depois de alguns minutos, ela olhou para Hermione e disse:

_Sinto muito, mas não tem nada aqui confirmando o que você está dizendo.

Hermione queria arrancar ela dali e olhar bem aquele quadro, mas se segurou. Continuou parada no mesmo lugar, até que outra jovem surgiu de uma porta atrás da recepcionista e disse:

_Você deve ser a Hermione? Venha comigo, por favor.

A recepcionista ficou espantada com aquela informação, pelo visto nunca havia sido contrariada. Com desgosto, ela apontou a varinha para a porta que a separava do mundo esperto, e esta se abriu. Hermione sorriu com sarcasmo e seguiu a outra moça que a esperava.

Após atravessarem a porta de onde a jovem havia surgido, elas caminharam durante um longo corredor branco, com portas brancas por todos os lados. No final dele, uma porta branca de madeira se destacava. A jovem pediu que Hermione esperasse um pouco e entrou na sala através da porta. Depois, surgiu novamente e disse:
_Entre.

Hermione entrou naquela sala um pouco grande, com uma mesa de vidro fumê em um canto estratégico. Sentado em uma poltrona atrás desta, estava um homem de cabelos grisalhos, usando uma camisa social branca. Não aparentava ter mais de 40 anos. Quando percebeu que Hermione estava presente, ergueu os olhos dos papéis que estava lendo e lhe sorriu.

_ Sente-se, por favor. Gina, por favor, nos dê licença.
Gina lançou um olhar desconfiado à Hermione e saiu da sala. Esta, por sua vez, começou a ficar um pouco nervosa. Lupin quebrou o silêncio:

_Fiquei surpreso quando seu tio me disse que você queria entrar na Ordem da Fênix. Posso saber o motivo?

_Bom... Não sei se você sabe, mas agora sou uma fugitiva e isso tem um motivo sério, e este motivo talvez explique por que eu quero v ir para a Ordem da Fênix.

Ela começou a mexer no bolso do casaco preto procurando o pergaminho. Quando o encontrou, colocou-o em cima da mesa. Lupin não o pegou de imediato, antes o analisou com os olhos, desconfiado. Somente depois de muita análise, o pegou e seus olhos brilharam.

_Esse é o...

_Pergaminho Maximun. Sim senhor, eu o roubei do esquadrão e por isso estou sendo procurada. Desde que entrei no esquadrão, busquei uma forma de derrubá-los em seu ponto mais fraco. Durante anos, eles guardaram todas suas informações mais importantes neste Pergaminho. Quando percebi que já havia informações suficientes, o roubei. Aí dentro você vai encontrar informações sobre todos os tenentes, as fraquezas do esquadrão e do Centro 1, além do Pentágono. Feitiços mais usados e principalmente informações sobre o paradeiro de Voldemort.

Nesse momento, Lupin e se levantou e, ainda com o pergaminho nas mãos, começou a andar de um lado para o outro da sala.

_ E por que, quando seus pais morreram, você não veio para a Ordem da Fênix?

_Primeiro porque a Ordem da Fênix ainda estava em formação. E depois, meu tio sempre disse que para uma vingança perfeita...
_Deve-se conhecer o inimigo de perto.


Ao completar a frase, Lupin parou de andar pela sala e olhou para a jovem à sua frente. Após pensar bem, sentou-se novamente e disse:
_Eu te admiro muito, Srta. Granger. Sua história de vida é impressionante, fiquei mais admirado ainda quando você quase matou um dos meus principais soldados.

_Foi uma atitude impensada... _ ela disse sorrindo, mas foi interrompida.

_Ora, seja sincera. Na hora da raiva você não hesitou em fazer o que achava certo: salvar sua vida. Admiro quem tem essa coragem. Mas, você sabe que aqui o único que tem esse pensamento sou eu. Harry, por ser caladão, na dele e boa pinta é o queridinho das garotas da Ordem da Fênix, por isso vai ser difícil você fazer amiguinhas. E, por ter um instinto de companheirismo aguçado, é defendido pelos rapazes, por isso, não se iluda com namoradinhos. E para piorar, você, melhor do que ninguém, sabe que ele é o menino-que-sobreviveu.

_ Em primeiro lugar, eu nunca fui de ter “amiguinhas”, por tanto não me farão falta alguma. E quanto aos “namoradinhos”, não cabem nos meus planos no momento.

Essa resposta tirou todas as dúvidas de Lupin. Hermione era sim uma garota determinada e destMioneda, como o tio havia descrito. Ele sorriu com sinceridade e disse finalmente:

_Seja bem vinda à Ordem da Fênix.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.