Capítulo 5



(N/A: Primeiramente eu gostaria de pedir desculpas por não ter postado o cap ontem! =/ Passar um bom tempo tentendo posta-lo admito que foi frustrante! Tudo pq a F&B estava com o servidor ocupado! ¬¬' Mas para recompensar my lovely readers.. hoje eu postarei 2 caps.. isso mesmo, um bônus como um humilde pedido de deslcupas! ;) espero que gostem e me perdoem por deixar vcs esperando! Agora sim bora ler o cap buddies! ;**)


Draco só estava conseguindo dormir por alguns breves cochilos. E estes eram invadidos por sonhos, sempre envolvendo Hermione de alguma maneira. Via-se em lugares estreitos e era sempre como se ela o houvesse levado até ali. Então ela se aproximava e o sonho se tornava perigosamente erótico, fazendo-o acordar excitado e furioso ao mesmo tempo.

Também não estava conseguindo comer. Era como se nada o satisfizesse, como se nada parecesse tão saboroso como a refeição que os dois haviam compartilhado noites antes. Passara a se sustentar de café, até sentir seus nervos à flor da pele e o estômago queimando em protesto.

Mas estava conseguindo trabalhar. Quando suas emoções ficavam tumultuadas, seus surtos de criatividade se tornavam mais intensos. Era quase doloroso ter de arrancar aqueles sentimentos de seu próprio coração, transferindo-os para as atitudes de seus personagens, mas era assim que ele trabalhava. Sempre fora. Arrancando seus próprios sentimentos e fazendo-os dar vida e personalidade àquelas pessoas, por meio das palavras. Em sua mente, era como se já visse a peça sendo encenada no palco, com toda aquela avalanche de emoções sendo trocada entre os atores e o público.

A certa altura, Draco lembrou-se do que Hermione havia lhe dito antes de fechar a porta. Que ele devia usar todas as emoções no trabalho, esquecendo-se de aplicá-las à própria vida.

Ela tinha razão, e talvez fosse melhor assim. Para ele, havia muito poucas pessoas nas quais poderia confiar. Seus pais, sua irmã... Ainda que sua necessidade de atender às expectativas deles agisse em sua vida como uma faca de dois gumes.

Havia também Delta e André, amigos leais que não esperavam dele mais do que poderia oferecer. Luna, que sempre lhe chamava a atenção nos momentos certos e que o ouvia quando ele precisava de alguém para desabafar.

Não precisava de mais ninguém. Muito menos de uma mulher que, de um momento para outro, poderia decepcioná-lo. Não passaria novamente por isso. Aprendera a lição da primeira vez e ainda mantinha muito vívidas na lembrança todas as conseqüências que as atitudes de Pansy haviam provocado em sua vida.

Com todas suas mentiras, decepções e traições, ela meio que o deixara imunizado quanto àquele tipo de armadilha sentimental. Uma lição dura como aquela, aprendida aos vinte e cinco anos, não era algo fácil de se esquecer na vida de um homem. Desde que percebera a tolice que era acreditar no amor, nunca mais perdera tempo procurando por ele.

Ainda assim, não conseguia parar de pensar em Hermione.

Tinha ouvido ela sair várias vezes naqueles últimos três dias. E também flagrara-se distraído com o som de risos, vozes e música vindos do apartamento dela. Hermione não estava sofrendo, disse a si mesmo. Então por que ele estava?

Sentimento de culpa, concluiu. Havia magoado uma pessoa especial, ainda que sua atitude não houvesse sido necessária ou intencional. Havia-se deixado levar pelo charme de Hermione, mesmo relutantemente. Não tivera intenção de magoá-la ou de fazê-la se sentir a pior das criaturas. As lágrimas de uma mulher ainda surtiam um forte apelo em seu ser, por mais que ele soubesse quanto elas podiam ser sinal de falsidade e de manipulação.

No entanto, as lágrimas de Hermione não haviam lhe parecido falsas ou manipuladoras. Muito pelo contrário.

Por fim, convenceu-se de que não resolveria seu problema, enquanto não esclarecesse aquilo tudo de uma vez. Não havia se desculpado devidamente. Sim, iria pedir desculpas mais uma vez, agora que Hermione havia tido algum tempo para refletir sobre o que havia acontecido.

Não havia motivo para os dois se tornarem inimigos, claro que não. Afinal, ela era neta de um homem que ele admirava e respeitava muito. Além disso, duvidava que Gregory McDeal ficasse satisfeito se soubesse que ele havia feito sua querida neta chorar. E a opinião de Gregory McDeal importava muito para ele. Sempre importara.

Sabia que ela estava fora, pois a tinha ouvido fechar a porta algum tempo antes. Talvez fosse melhor ficar esperando-a, para não perder a chance de falar com ela enquanto ainda estava movido por aquela onda de determinação.

Porém, provavelmente teria desistido se visse a expressão furiosa de Hermione meia hora depois, quando ela entrou no elevador, vindo do mercado. Estava aborrecida com o simples fato de ter de passar diante da porta de Draco. Detestava o fato de ter de se lembrar dele ao passar por ali, de como agira feito uma idiota, e pior: de quanto ele a fizera sentir-se uma idiota.

Equilibrando os dois pacotes que trazia nos braços, tentou encontrar logo a chave na bolsa, para não correr o risco de passar muito tempo no corredor. O elevador fez o característico ruído indiscreto ao parar em seu andar, mas ela continuou procurando a chave depois de sair dele.

Então enrijeceu o maxilar e estreitou o olhar ao notar a presença de Draco no final do corredor.

- Oi, Hermione. - Draco nunca vira um olhar tão gélido a ponto de deixá-lo desconcertado. - Ah, deixe-me ajudá-la com isso.

- Não preciso de sua ajuda, obrigada - replicou ela, rezando para encontrar logo a maldita chave.

- Precisa sim, se vai mesmo ficar aí vasculhando a bolsa.

Draco tentou sorrir, antes de começar uma espécie de cabo-de-guerra por causa de um dos pacotes. Por fim, conseguiu tirá-lo de Hermione.

- Escute aqui, já disse que sinto muito. Quantas vezes terei de dizer isso até que você se convença de que estou sendo sincero?


- Vá para o inferno! - bradou ela. - Quantas vezes terei de dizer isso até que você comece a sentir o calor das chamas?

Hermione finalmente encontrou a chave e colocou-a na fechadura.

- Agora me dê meu pacote.

- Eu o levarei para você.

- Já disse para me dar maldito pacote - mandou ela, por entre os dentes. Os dois voltaram a "brincar" de cabo-de-guerra, até ela deixar escapar um suspiro resignado.

- Então, fique com ele!

Ela abriu a porta com um movimento abrupto, mas antes que pudesse fechá-la, Draco a segurou e entrou sem maiores dificuldades. Os dois se entreolharam, estreitaram os olhos e Draco teve a impressão de ver um brilho de vingança nos olhos dela.

- Nem pense nisso - avisou ele. - Não estou usando cueca de ferro.

Ainda assim, Hermione pensou na possibilidade de causar algum dano. Mas desistiu ao concluir que isso só o faria sentir-se mais importante do que ela estava determinada a fazê-lo se sentir. Então, limitou-se a girar sobre os calcanhares e tirar os tênis cor-de-rosa, como costumava fazer ao chegar em casa. Em seguida foi até a mesa e colocou sobre ela o pacote que estava carregando. Quando Draco fez o mesmo, ela assentiu.

- Obrigada. Quer uma gorjeta?

- Muito engraçado. Primeiro vamos acertar isso. - Draco pegou a carteira no bolso, tirou dela uma nota de cem dólares e a entregou a Hermione.

- Aqui está.

- Não vou aceitar o dinheiro de volta. Você fez por merecê-lo.

- Não vou aceitar seu dinheiro por aquilo que acabou se tornando uma piada de mau gosto.

- Piada de mau gosto?! - A sombra de frieza nos olhos dela se transformou em chamas.

- Então foi isso para você? Bem, mas não estou surpresa. Já que tocou no assunto, acho que ainda estou lhe devendo cinqüenta dólares, não?

Draco enrijeceu o maxilar quando ela abriu a bolsa e começou a procurar o dinheiro. Aquilo já estava indo longe demais.

- Não me provoque, Hermione. Pegue o dinheiro de volta de uma vez.

- Não.

- Eu disse para pegar esse maldito dinheiro de volta. - Dizendo isso, ele lhe segurou o pulso e colocou o dinheiro na palma da mão dela.

- Agora... - interrompeu-se, atônito, quando a viu rasgar a nota de cem dólares em pedacinhos e jogá-los no ar.

- Pronto! Problema resolvido.

- Essa foi uma atitude muito idiota - Draco a censurou.

- Idiota? Bem, para que quebrar a regra, não é mesmo? Pode ir embora agora.

A voz dela estava tão estridente e furiosa que Draco teve de se conter para não pestanejar.

- Muito bom, muito eficaz - disse ele. - A dama da voz supersônica finalmente apareceu.

Quando ela voltou a falar, em um tom ainda mais abrupto, conseguiu sobressaltá-lo.

- Muito eficiente mesmo - ironizou Draco.

Furiosa demais para continuar o combate verbal, Hermione simplesmente foi até a mesa e começou a esvaziar os pacotes. Se insultos e gritos não estavam funcionando, talvez ignorá-lo desse algum resultado.

De fato, talvez até houvesse funcionado se Draco não tivesse visto suas mãos trêmulas, quando ela colocou uma caixa sobre a mesa. Ver aquilo, levou-o a sentir mais uma vez aquela onda de culpa que vinha experimentando nos últimos dias.

- Hermione, sinto muito. - Ele a viu hesitar, então pegar uma latinha de sopa e colocá-la sobre a mesa. - A situação me escapou do controle e eu não fiz nada para corrigir meu erro. Eu deveria ter feito alguma coisa.

- Não precisava ter mentido para mim. Eu teria deixado você em paz.

- Eu não menti, pelo menos não comecei. Mas deixei que você, continuasse pensando algo que não era verdade. Quero minha privacidade. Preciso dela.

- Pois agora a tem. Afinal, não fui eu quem acabou de passar pela porta do apartamento de outra pessoa.

- Não, não foi você. - Draco enfiou as mãos nos bolsos, então tirou-as novamente e apoiou-as sobre a mesa. - Eu magoei você, e não queria ter feito isso. Sinto muito pelo que aconteceu.

Hermione fechou os olhos, sentindo que o muro que havia levantado para se proteger começara a ruir.

- Por que mentiu?

- Porque pensei que isso a manteria em seu próprio lugar. Porque senti que sua proximidade era um pouco perigosa demais para mim. E porque, no íntimo, parte de mim desejava que você continuasse querendo me ajudar a encontrar um emprego. - Draco hesitou ao vê-la encolher os ombros. - Hermione, eu não quis ofendê-la. Mas como poderia não me divertir vendo-a me oferecer cem dólares para jantar com você? E tudo isso para não magoar uma velhinha de setenta anos e poder, ao mesmo tempo, oferecer uma boa refeição a um saxofonista desempregado. Aquilo foi muito... doce de sua parte. E isso não é algo muito comum de eu dizer, pode acreditar.

- É humilhante - resmungou ela, pegando o outro pacote e se encaminhando para a cozinha.

- Não deixe que seja. - Draco deu a volta pelo balcão, de modo que os dois ficaram na cozinha. - A situação só teve aquele efeito desastroso porque deixei que a coisa fosse longe demais. Assumo a culpa por isso. Se eu tivesse lhe contado a verdade durante o jantar, como deveria ter feito, aposto que você teria rido muito de tudo. Mas, em vez disso, eu a fiz chorar e não consigo me perdoar por isso.

Hermione permaneceu onde estava, diante da geladeira. Não imaginara que Draco fosse se importar tanto com aquilo, e que se desculpar houvesse se tornado uma questão tão essencial para ele. Mas, pelo visto, enganara-se. E ela simplesmente não conseguia resistir à completa sinceridade de alguém.

Respirando fundo, disse a si mesma que talvez valesse a pena tentar fazer as pazes com ele.

- Quer uma cerveja?

Draco relaxou os ombros no mesmo instante.

- Claro que quero.

- Foi o que eu imaginei. - Hermione pegou uma garrafa, colocou-a sobre a pia e começou a procurar um copo para ele.

- Deve estar com sede. Eu nunca tinha ouvido você falar tanto de uma só vez desde que nos conhecemos.

Quando se virou para ele com o copo de cerveja, Draco estava com um brilho de divertimento no olhar.

- Obrigado - agradeceu ele, aceitando o copo.

- Mas estou sem biscoitos.

- Ainda há tempo de fazer alguns.

- Talvez. - Hermione começou a examinar as compras. - Para ser sincera, eu estava pensando em preparar uma torta. - Arriscando um olhar por sobre o ombro, arqueou uma sobrancelha.

- Nunca comemos torta juntos.

- É verdade.

A visão foi sensual demais para sua paz de espírito, pensou Draco. Hermione estava vestida com um camisão branco de algodão e com uma calça justa de um bonito tom de azul-claro. Porém, o detalhe mais provocante era o fato de ela estar descalça. A visão dos pés delicados, com as unhas pintadas de cor-de-rosa, provocou-lhe uma onda de excitação. As preferências exóticas de Hermione, como aquela de usar dois brincos de argola em uma mesma orelha e uma simples pedrinha de brilhante na outra, deixavam-no quase sempre encantado. Hermione era uma surpresa constante. Deliciosamente inesperada.

Quando ela se virou para continuar esvaziando o pacote de compras, Draco lhe segurou o pulso com a mão que se encontrava livre.

- Estamos de bem novamente?

- Parece que sim.

- Então há algo mais que preciso lhe dizer. - Ele colocou a garrafa de cerveja sobre a pia.

- Sonhei com você.

Foi a vez de Hermione sentir a boca secar.

- O quê?

- Sonhei com você - repetiu Draco, aproximando-se dela o suficiente para que Hermione se encostasse contra a parede.

Pelo menos dessa vez era ela que estava contra a parede, não ele, pensou Draco.

- Sonhei que estava tocando você. - Sem desviar os olhos dos dela, ele roçou a ponta dos dedos sobre os seios dela. - E acordei sentindo o sabor dos seus lábios.

- Ah, meu Deus.

- Você disse que sentiu algo quando a beijei, e que achou que eu também havia sentido.
- Enquanto falava, foi deslizando as mãos devagar até os quadris dela. - Você estava certa.

Hermione engoliu em seco, sentindo as pernas trêmulas.

- Estava?

- Sim. E quero sentir aquilo novamente.

Ela se endireitou junto à parede quando ele se aproximou mais.

- Espere!

Draco parou os lábios a centímetros dos dela.

- Por quê?

Hermione não soube ao certo o que dizer.

- Eu não sei.

Os lábios dele se curvaram em um de seus raros sorrisos.

- Mande que eu pare quando achar que deve - sugeriu ele, antes de tomá-la nos braços.

Foi a mesma coisa de antes. Hermione não tinha certeza de que voltaria a sentir todas aquelas sensações maravilhosas se Draco voltasse a beijá-la, mas foi exatamente isso o que aconteceu. No entanto, era como se todo seu ser estivesse preparado e esperando por aquele turbilhão de sensações. Gina tinha razão, pensou ela. Draco havia arrasado sua vida. Nunca mais ela conseguiria exigir menos do que aquilo.

Linda, receptiva, doce, carinhosa... Hermione era tudo isso. Tudo aquilo que ele havia esquecido de que tanto precisava estava bem ali, em seus braços, concluiu Draco. Queria tê-la para si. E com uma urgência que nem mesmo ele esperava sentir.

- Quero beijá-la, Hermione - disse, com voz rouca. Roçando os lábios sobre a curva sensível do pescoço delicado, acrescentou: - Aqui, bem aqui...

Hermione fechou os olhos.

- Não.

Aquela era a última coisa que ela esperava ouvir sair de seus próprios lábios, com as mãos de Draco passeando por seu corpo e levando-a a desejar ir além, muito mais além. Ainda assim, porém, ouviu-se repetir:

- Não. Espere.

Draco levantou a cabeça, fitando-a com os olhos enevoados de desejo.

- Por quê?

- Porque eu... - Hermione se interrompeu com um gemido, quando Draco pousou a mão em concha sobre um de seus seios.

- Eu te quero, Hermione - sussurrou ele, junto ao ouvido dela. - E sei que você me quer.

- Sim, mas... - Ela abriu e fechou as mãos sobre os ombros dele, lutando contra a onda de desejo que a estava invadindo.

- Há certas coisas que não me permito fazer por impulso. Sinto muito, mas essa é uma delas.

Hermione exalou um suspiro trêmulo. Draco estava muito perto, pensou, observando os detalhes daquele rosto bonito. Perto demais.

- Não se trata de um jogo, Draco.

Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso por ela haver sido tão perspicaz em deduzir seus pensamentos.

- Não? Não - afirmou em seguida, entendendo o que ela quisera dizer. - Você não aceitaria esse tipo de jogo, não é?

Alguém aceitara antes dela. E provavelmente magoara Draco por isso, deduziu ela, lamentando por ele.

- Não sei. Nunca agi assim antes.

Ele deu um passo atrás e se afastou, parecendo recobrar o controle enquanto ela ainda continuava trêmula.

- Preciso de um tempo antes de me sentir suficientemente segura para compartilhar minha intimidade com outra pessoa. Fazer amor é uma espécie de presente que não deve ser banalizado. Pelo menos na minha opinião.

As palavras de Hermione o tocaram de alguma maneira e, por motivos que nem ele mesmo conseguiu entender, levaram-no a se acalmar.

- E ouvir isso de você significa que devo recuar? - perguntou Draco, enfiando as mãos nos bolsos, para conter a vontade de voltar a tocá-la.

- Significa que eu quero que você entenda por que estou dizendo "não", mesmo estando morrendo de vontade de dizer "sim", sendo que ambos sabemos que você poderia facilmente me levar a dizer "sim".

A chama de desejo se reacendeu nos olhos dele.

- Sua sinceridade chega a ser perigosa, sabia? - - disse a ela.

- Você precisa que eu lhe diga a verdade. - Hermione nunca conhecera alguém que precisasse tanto ouvir a verdade. - E não minto para alguém com quem eu esteja pensando em compartilhar minha intimidade.

Draco fitou-a nos olhos, parecendo surpreso com o que ouvira. Tinha noção de que poderia seduzir Hermione, mas usar esse artifício só serviria para arruinar algo que nem ele mesmo ainda estava seguro de que existia.

- Você precisa de tempo - Draco afirmou. - Tem idéia de quanto?

Ela exalou outro suspiro trêmulo, mas acabou curvando os lábios em um sorriso incerto.

- Não posso dizer com certeza. Mas garanto que você será o primeiro a saber quando eu estiver pronta.

- Então, por enquanto, vamos ficar apenas com isso...

Hermione se surpreendeu quando ele se aproximou e roçou os lábios nos dela. Ela manteve os olhos abertos, esforçando-se para não se render às sensações. Porém, foi impossível ignorar a onda de calor que invadiu seu corpo.

- Hum... Sim, acho que, provavelmente, isso vá funcionar - respondeu.

- Vamos esperar uma semana - sugeriu Draco, aprofundando o beijo ao ponto de levar Hermione a se afastar subitamente. Ao fazê-lo, ela levou a mão ao peito dele.

- Duas semanas - disse a ele.

A última coisa que Draco esperava fazer em um momento de desejo tão intenso era começar a rir.

- Não sei se agüentarei, mas poderei tentar - respondeu.

- Otimo.

Enquanto Hermione se esforçava para recuperar o fôlego, ele pegou novamente a cerveja.

- Bem, com toda essa... - Ela gesticulou, esforçando-se para encontrar as palavras certas.

- Não sei se preparo alguma...

- Comida? - sugeriu Draco, lisonjeado pela maneira como seu beijo a afetara.

- Comida, isso mesmo. Bem, pensei em preparar...

Draco ficou esperando que Hermione terminasse a frase, mas Hermione se limitou a levar as mãos às têmporas e olhar para o fogão.

- O jantar?

- Isso. Isso mesmo, o jantar. Engraçado como as palavras nos escapam de vez em quando, não? Vou preparar o jantar. - Virou-se para a pia, mas logo em seguida voltou a se dirigir a ele.

- Quer ficar para o jantar?

Draco tomou um gole de cerveja e encostou o quadril na pia.

- Posso vê-la cozinhar?

- Claro. Pode se sentar ali e até me ajudar a picar alguns legumes, se quiser.

- Está bem. - Pensando na visão interessante que teria, Draco deu a volta pelo balcão e sentou-se em um banquinho, diante dela.

- Você cozinha muito?

- Sim, acho que sim. Gosto de cozinhar. Para mim, cozinhar é um processo inesperado, com todos aqueles ingredientes envolvidos, o calor e o tempo corretos, a mistura de aromas, texturas e sabores...

- Alguma vez já cozinhou nua?

Hermione estava inspirando o aroma de um maço de manjericão, mas parou de repente.

- Draco, isso foi uma piada? Se foi, não imagina quanto estou orgulhosa de você. Nunca o vi fazer uma piada.

- Não, não foi piada. Estou falando sério.

Ela riu, surpreendendo-o ao se inclinar e dar-lhe um beijo estalado nos lábios. Aquela imprevisibilidade de Hermione era o que mais o enfeitiçava. Tanto que o levou a sorrir.

- E então? Costuma fazer isso?

- Nunca quando estou dourando pedaços de frango, que é o que pretendo fazer.

- Tudo bem. Tenho uma ótima imaginação. - Ela riu novamente. Mas limpou a garganta ao notar o brilho de sedução nos olhos de Draco.

- Acho que quero um pouco de vinho. Você quer? - Ao vê-lo levantar o copo de cerveja, murmurou:

- Oh, claro.

Em silêncio, tirou a garrafa de vinho da geladeira e voltou-se para ele, rindo.

- Terá de parar com isso.

- Parar o quê?

- De me fazer sentir como se eu estivesse nua. Vá pôr uma música no aparelho de som, para ouvirmos - sugeriu, indicando a sala com um gesto. - Oh, e também abra uma janela, porque está meio quente aqui. Depois me dê algum tempo para voltar a pensar direito e poder pensar em algo para dizer.

- Você nunca teve problemas para falar.

- Sei que quer fazer isso soar como um insulto para mim, mas não é. Considero-me uma perita na arte da conversação.

- Ah, então é assim que passaram a chamar os tagarelas agora?

- Ora, está mesmo muito engraçadinho esta noite, não?

E nada poderia tê-la deixado mais satisfeita, concluiu Hermione, em pensamento.

- Deve ser a companhia - respondeu Draco, indo até a sala. Então arqueou uma sobrancelha, enquanto examinava os CDs.

- Tem um ótimo gosto para música.

- Não esperava isso?

- Na verdade, não esperava encontrar Aretha Franklin, Fats Waller e B.B. King. Se bem que também há muita "tralha" aqui.

- E o que você considera como "tralha"? - indagou ela,

Em resposta, ele apareceu no corredor e mostrou um CD intitulado Greatest Hits da Família Partridge.

Hermione conteve a vontade de rir.

- Tudo bem, reconheço que não é nenhum clássico, mas esse CD me foi dado por um amigo muito querido.

- Com um amigo desse, quem precisa de inimigos? - Draco resmungou em resposta.

Com um sorriso, Hermione recomeçou a picar os legumes que seriam servidos com o frango.

- Durante um período da adolescência, até fiz parte de uma banda, sabia? - disse a ele.

- É mesmo? - Draco se surpreendeu, enquanto colocava B.B. King para tocar.

- Hum-hum. Eu fazia o vocal principal e tocava guitarra. - Ela sorriu para ele, que voltou a se sentar junto ao balcão da cozinha.

- Você tocava guitarra? - Draco riu. Hermione era mesmo uma constante surpresa.

- Sim. Uma Fender vermelha, linda de morrer. Minha mãe ainda a guarda no lugar que antes era meu quarto, junto com sapatinhos da época em que eu ainda era bebê, meu kit de química, os desenhos que eu fazia quando costumava dizer que ia ser designer de moda e também os livros sobre animais que eu colecionava antes de descobrir que, para me tornar veterinária, teria de fazer experiências de laboratório com os bichinhos.- Começando a cortar cenouras, acrescentou:

- Tudo isso fez parte da minha busca.

Draco estava encantado. Hermione era mesmo fascinante.

- Guitarras vermelhas e kits de química fizeram parte de sua busca?

- Eu não conseguia decidir o que ia ser. Tudo que eu começava a fazer parecia muito divertido no início, mas logo eu me cansava daquilo. Sabe cortar cenouras em cubinhos?

- Não. Nunca pensou que acabaria fazendo o que faz hoje em dia?

Hermione suspirou, começando a cortar a cenoura em cubinhos.

- Não - admitiu ela. - Mas gosto muito do que faço, embora eu tenha muito trabalho. De qualquer maneira, é muito divertido. Você não gosta de escrever?

- Não completamente.

Hermione olhou para ele, surpresa.

- Então por que faz isso?

- Porque não consigo me imaginar fazendo nenhuma outra coisa. Essa é minha única busca - respondeu Draco.

Ela assentiu com um sorriso. Entendia-o muito bem.

- Também é assim com minha mãe – disse a ele. - Ela nunca pensou em fazer outra coisa, exceto pintar. Às vezes, quando fico olhando ela trabalhar, noto quanto é doloroso para ela ter uma visão e ter de se esforçar ao máximo para conseguir retratar na tela aquilo que ela quer comunicar. Mas quando ela termina um trabalho, quando este se mostra suficientemente bom, ela se realiza. A satisfação, ou talvez o choque de ver o que ela é capaz de fazer, é que surte esse efeito nela. Deve ser assim com você também.

Hermione levantou a vista, então notou que Draco a estava observando com um olhar perscrutador.

- Sempre se surpreende quando demonstro saber algo a respeito de um assunto que você não esperava, não é?

Dizendo isso, colocou a tigela com os legumes picados sobre o balcão. Draco segurou-lhe o pulso, antes que ela pudesse de virar.

- Se isso ainda acontece, é porque sou eu quem não consegue entendê-la, Hermione. E é provável que eu continue a magoá-la por isso.

- Mas é ridiculamente fácil me entender!

Draco riu.
- Era isso que eu pensava antes, mas estava enganado. Você é um labirinto, Hermione. Com dezenas de caminhos e curvas inesperadas.

Um belo sorriso se insinuou nos lábios dela.

- Esta é a coisa mais bonita que você já me disse.

- Não sou do tipo que vive se derramando em gentilezas. Teria sido melhor me manter fora de sua vida, deixando que eu continuasse trancado no meu apartamento.

- Acho que até eu mesma já me convenci disso - admitiu ela. - Porém... - Pousou a mão no rosto dele, com gentileza. - Você parece haver se tornado minha nova busca.

- Até ela deixar de ser divertida e você deixá-la de lado?

A expressão de Draco se mostrou muito séria. Ele parecia preparado demais para acreditar no pior.

- Draco, você está falando demais e trabalhando de menos. Sabe cortar batatas em formato de palitos?

- Não tenho a mínima idéia de como fazer isso.

- Então olhe e aprenda, meu caro. Da próxima vez, quero que você prepare o jantar. - Hermione pegou uma batata descascada e cortou-a com destreza, formando palitos. Então arriscou um olhar para ele. - Ainda estou nua?

- Você quer estar?

Ela riu e tomou um gole do vinho que deixara ao lado.

Levava muito tempo para preparar um simples jantar quando se era distraída por uma conversa agradável, por olhares provocantes e toques sedutores.

Levava muito tempo para comer uma simples refeição quando o perigo de se apaixonar e a vontade de fazer amor com o homem sentado à sua frente se tornavam cada vez mais evidentes.

Hermione reconheceu os sinais: as batidas aceleradas de seu coração, o insistente calor pelo corpo acumulando-se deliciosamente entre suas pernas... Tudo isso aliado a sorrisos irresistíveis e a suspiros incontidos era um forte indício de que seria muito fácil se entregar ao amor.

Imaginou como seria se deixar levar. Provavelmente maravilhoso.

Levava muito tempo para se despedir quando se era arrebatada por longos beijos provocantes à porta de seu apartamento. E mais tempo ainda para conseguir pegar no sono quando seu corpo ardia de desejo e sua mente se encontrava repleta de imagens eróticas.

De fato, só conseguiu dormir quando o som do sax vindo do outro apartamento finalmente cessou. Somente então se entregou ao sono. E com um sorriso nos lábios.

~~~ // ~~~

Bora pro próximo cap gente! :D


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.