Capítulo 6



Com os cabelos ainda molhados do banho da manhã, Draco entrou na cozinha e sentou-se no banquinho que Hermione havia feito questão de lhe emprestar. Enquanto comia cereais com banana, também mandados por Hermione, depois que ela vira que seus armários se encontravam vazios, começou a ler distraidamente o que estava escrito na caixa de cereais.

Segundo ela, até mesmo um ignorante em questões de cozinha, aparentemente ele próprio, seria capaz de preparar uma tigela de cereais com banana.

Draco havia decidido não tomar aquilo como ofensa, mesmo não se considerando tão ignorante assim em matéria de cozinha. Afinal, havia conseguido preparar uma salada na noite anterior, não havia? Tudo bem que Hermione fizera maravilhas com aqueles legumes e os pedaços de frango, mas isso era um mero detalhe.

De fato, ela cozinhava muito bem. Do jeito que as coisas estavam indo, ele acabaria deixando de lado os sanduíches rápidos que estava acostumado a preparar para si mesmo.

Pensativo, olhou na direção da sala e franziu o cenho ao avistar o esquisito sapo de bronze segurando uma lâmpada de néon de formato triangular. Ainda não estava muito certo de como Hermione o convencera a comprar aquilo, e nem de como ela o levara a pagar à sra. Figg uma boa quantia por uma cadeira reclinável de segunda mão, da qual a mulher estava querendo se livrar. E com razão. Afinal, quem diabos iria querer ter na sala de casa uma cadeira reclinável com detalhes em verde e roxo?

No entanto, lá estava a cadeira em sua sala. Felizmente, apesar da horrível aparência, ela era bastante confortável.

Mas quando se possuía uma cadeira e um abajur, claro que também precisava de uma mesa. A sua era um modelo Chippendale, e estava precisando desesperadamente de uma reforma. Mas, como Hermione salientara, por isso mesmo é que seu preço havia sido uma barganha. Por acaso, ela tinha um amigo que restaurava móveis por hobby, e que poderia resolver aquele problema.

Também por acaso, tinha uma amiga que era florista, o que explicava a presença daquele vaso com belas margaridas sobre o balcão da cozinha.

Um outro amigo, pelo visto ela tinha uma legião deles, pintava cenas das ruas de Nova York e as vendia em uma calçada. Não seria interessante colorir um pouco as paredes do apartamento com algo assim? Sugerira Hermione.

Ele respondera que não queria colorir nada, ,mas, mesmo assim, lá estavam três aquarelas originais "colorindo" sua sala. E Hermione já havia começado a falar em tapetes.

Não entendia direito como ela conseguia aquilo, pensou, voltando a se concentrar no desjejum. Simplesmente, ficava falando sem parar, até convencê-lo a tirar a carteira do bolso e comprar alguma quinquilharia.

Mas ambos estavam conseguindo se manter em seus próprios espaços. Se bem que no sábado ela havia "invadido" seu apartamento com baldes, esfregões, vassouras e só Deus sabia mais o quê. Se ele ia mesmo morar ali, dissera ela, o lugar deveria ao menos ser limpo. Por isso, ele terminara passando três horas de uma tarde chuvosa limpando o chão e as janelas, quando deveria estar escrevendo.

Naquele dia, Hermione quase fora parar em sua cama. Por muito pouco, ele não a deitara na cama e a seduzira, quando ela ficara boquiaberta com o estado em que se encontrava o quarto. Hermione era desejável até mesmo quando ficava brava.

Ao ver toda aquela bagunça, ela começara a lhe dar um verdadeiro sermão a respeito de como ele deveria zelar mais por seu local de trabalho que, pelo visto, também era o lugar onde ele dormia.

Por que diabos mantinha as cortinas fechadas daquela maneira? Por acaso gostava de cavernas? Tinha alguma objeção religiosa quanto a ajeitar lençóis de cama?

Em meio ao discurso inflamado de Hermione, ele a abraçara de surpresa e a fizera se calar com o mais prazeroso dos métodos. E se, a caminho da cama, eles não houvessem tropeçado em uma verdadeira montanha de roupas usadas, duvidava que eles houvessem terminado a tarde indo à lavanderia.

Apesar das inconveniências, a atitude de Hermione tinha lá suas vantagens, admitiu ele. Gostava de se verem um lugar limpo e arejado, embora quase nunca notasse quando este se tornava bagunçado. Gostava de se deitar em uma cama forrada com lençóis limpos e perfumados, embora a idéia lhe parecesse ainda melhor diante da possibilidade de compartilhá-la com Hermione. Além disso, era realmente difícil encontrar motivo para reclamar ao abrir os armários da cozinha e vê-los repletos de mantimentos.

Tomou um gole de café, lembrando-se de que deveria perguntar a Hermione por que o seu sempre ficava com aquele sabor esquisito, como se faltasse alguma coisa. Então pegou o jornal, e foi direto à seção de tiras cômicas, para ver o que ela havia feito dessa vez.

Leu por alto, franziu o cenho, então recomeçou a ler a tira com mais atenção.

Hermione já estava trabalhando. Deixara a janela do estúdio aberta, já que, aparentemente, a primavera havia decidido deixar a cidade com uma temperatura mais amena. Uma brisa deliciosa estava entrando no ambiente, juntamente com o inevitável ruído vindo da rua.

Depois de desenhar as medidas dos quadrinhos no papel, deixou a régua de lado, passando a se concentrar no que iria desenhar no primeiro deles. Inclinando ligeiramente a cabeça, olhou para o quadrinho com ar pensativo. Ele tinha o dobro do tamanho daquele que iria aparecer no jornal, dali a alguns dias. Já tinha mais ou menos em mente o que iria desenhar. O cenário, a situação e o tema que iriam preencher aqueles cinco quadrinhos e dar ao leitor do jornal a oportunidade de rir um pouco durante o desjejum.

O esquivo sr. Misterioso, agora conhecido como Quinn, encontrava-se em sua caverna, escrevendo um grande roteiro para o teatro americano. Com seu jeito irresistivelmente másculo e sexy, Quinn se encontrava tão concentrado em seu próprio mundo que estava alheio ao fato de Emily se encontrar escondida na saída de incêndio, utilizando um binóculo para tentar ler o que ele estava escrevendo.

Riu consigo, pois, à sua maneira, sabia que suas perguntas e indiretas sobre como estava indo a última peça de Draco eram uma versão mais civilizada do voyeurismo de sua contraparte. Aos poucos, começou a esboçar os primeiros traços de sua interpretação profissional de Draco.

Por uma questão de estilo, tinha de exagerar certos detalhes na aparência e nas atitudes dele. O porte alto, o corpo atlético, o rosto atraente e o olhar penetrante, tudo servia de base para seu trabalho. O lado bem-humorado das tiras vinha quase sempre do detalhe de ele não saber o que fazer com as coisas que Emily "aprontava".

Quando a campainha tocou, Hermione pôs o lápis atrás da orelha, em um gesto automático, imaginando que Gina se esquecera de pegar a chave.

Ao se levantar, tomou um último gole de café, antes de se encaminhar para o andar de baixo.

- Já estou indo - falou, ao se aproximar da porta.

Ao abri-la, sentiu o coração acelerar e teve de se esforçar para conter um suspiro. Draco estava com os cabelos úmidos do banho e sem camisa. "Ah, meu Deus, veja só esse peito...", pensou ela, mal resistindo ao impulso de passar a língua pelos lábios.

Ele estava trajando um jeans desbotado e se encontrava descalço. O rosto... Ah, aquela seriedade sempre a encantava, embora parecesse intimidadora.

- Oi - cumprimentou-o, com um sorriso. - Ficou sem sabonete para o banho? Quer um emprestado?

- O quê? - Draco franziu o cenho. - Não, não é isso. - Ele se esquecera de que estava apenas parcialmente vestido.

- Quero lhe fazer algumas perguntas a respeito disso - declarou, mostrando o jornal.

- Claro. Entre. - Seria mais seguro, pensou Hermione. Gina chegaria a qualquer momento, e pelo menos a impediria de "atacar" Draco, em algum momento de fraqueza.

- Por que não se serve de uma xícara de café e sobe até meu estúdio? Estou trabalhando e o andamento dos quadrinhos está indo muito bem.

- Não quero atrapalhar, mas...

- Não vai atrapalhar - falou ela, por sobre o ombro, já começando a subir a escada. - Há canela em pau em um potinho ao lado da cafeteira, se quiser pôr um em seu café.

- Eu...

"Oh, droga", pensou Draco, indo se servir do café e decidindo pôr um pedacinho de canela na xícara.

Nunca havia subido aquela escada antes, pois nunca fora até ali enquanto Hermione estava trabalhando. Ao passar pela porta do quarto dela, rendeu-se à curiosidade de parar um instante e olhar para a grande cama forrada com um lençol cor de marfim e cheia de almofadas brancas. Abaixo dos ferros trabalhados da cabeceira foi onde ele se imaginou segurando as mãos dela, enquanto finalmente fazia tudo que desejava fazer com ela.

O perfume feminino que vinha do quarto o fez respirar mais fundo. Um perfume adocicado e sedutor, próprio de ambientes femininos. Ela mantinha pétalas de rosas secas em uma tigela transparente, um livro sobre a mesinha-de-cabeceira e algumas violetas no peitoril da janela.

- Encontrou tudo?

Draco se sobressaltou.

- S-sim. Ouça, Hermione... - Ele entrou no estúdio. - Meu Deus, como consegue trabalhar com todo esse barulho?

Ela mal levantou a vista do papel.

- Que barulho? Ah, esse. - Pegou outro lápis e continuou desenhando, como que esquecida daquele que se encontrava atrás de sua orelha.

- Gosto de ouvir música enquanto trabalho, mas passo a maior parte do tempo sem ouvir nada.

O aposento tinha uma aparência eficiente e criativa, com suas diversas prateleiras repletas de instrumentos para desenho e pintura. Draco reconheceu uma aquarela do amigo de Hermione pendurada em uma das paredes, e a elegância estilística da mãe dela em dois outros trabalhos pendurados na parede oposta.

Em um dos cantos, via-se uma escultura de metal de formato complexo, algumas violetas no pei¬toril da janela e um confortável divã cheio de almofadas próximo a ela.

O modo como Hermione ocupava a sala, porém, não transmitia um aspecto de eficiência. Sentada à mesa de desenho, com as pernas cruzadas sob o corpo, exibindo parte dos pés com as unhas pintadas de cor-de-rosa, o lápis atrás de uma orelha e duas argolas de tamanhos diferentes na outra, ela era a própria imagem do inusitado. Perigosamente sexy, pensou Draco.

Curioso, aproximou-se por trás de Hermione e espiou o que ela estava fazendo. Uma atitude que o deixaria furioso se fosse ele quem estivesse trabalhando.

- Para que servem todas essas linhas azuis? - perguntou a ela.

- Para marcar a escala e a perspectiva. Fazer isso requer alguns cálculos, antes de se começar o trabalho propriamente dito. Trabalho com tiras de cinco quadrinhos - explicou ela, sem parar de fazer os esboços. - Costumo colocá-los no papel dessa maneira, trabalhar o tema da piada e desenvolvê-lo de modo que ele tenha começo, meio e fim dentro dos cinco quadrinhos.

Draco continuou observando em silêncio. Satisfeita com o resultado do primeiro quadrinho, Hermione passou para o seguinte e continuou a falar:

- Primeiro faço esse tipo de esboço para ver se a idéia vai dar certo. É uma espécie de ensaio, para que eu tenha realmente certeza de que o tema poderá ser desenvolvido nos cinco quadrinhos. Feito isso, começo a desenhar mais detalhes, antes de fazer o contorno final e de pintá-los.

Draco franziu o cenho, observando o primeiro esboço com mais atenção.

- Por acaso, este sou eu?

- Hum... Por que não se senta? Está bloqueando a luz.

- O que ela está fazendo ali? - Ignorando a sugestão, ele apontou o segundo quadrinho. - Está me espionando? Você está me espionando?

- Não diga tolices. Nem há uma saída de incêndio em seu quarto.

Ela olhou para o espelho e fez várias expressões faciais, antes de recomeçar a desenhar.

- E quanto a isso? - perguntou Draco, mostrando o jornal a ela.

- Isso o quê? Puxa, seu perfume é maravilhoso - disse Hermione, voltando-se para ele e inalando seu perfume.

- Que sabonete é esse?

- Vai pôr esse sujeito tomando banho nos próximos quadrinhos? - Quando Hermione apertou os lábios, como que considerando a questão, Draco balançou a cabeça negativamente.

- Nem pensar. Achei até divertido quando você começou essa paródia a meu respeito, mas...

Ele se interrompeu ao ouvir a porta da sala se abrir e fechar, no andar de baixo.

- Quem é? - perguntou a Hermione.

- Provavelmente Gina e Tiago. Então se reconheceu nos quadrinhos? - Hermione parou de desenhar e olhou para ele, com um sorriso. - Algumas pessoas nem se reconhecem neles, sabia? Talvez por não terem autoconsciência suficiente. Mas tive a impressão de que você se reconheceria assim que visse os desenhos. Oh, olá, Gina! E aí está Tiago.

- O-oi - balbuciou Gina.

Deparar-se com um belo homem com o peito nu não era uma questão fácil nem mesmo para uma mulher casada e feliz no casamento.

- Hum, oi - repetiu ela. - Estamos atrapalhando alguma coisa?

- Não. Draco veio apenas me fazer algumas perguntas a respeito dos quadrinhos.

- Oh, adorei esse novo personagem - afirmou Gina. - Ele deixou Emily maluquinha! Mal posso esperar para ver o que vai acontecer em seguida.

Ela começou a rir quando Tiago soltou um sonoro "Pa!" e estendeu os bracinhos na direção de Draco.

- Ele chama todo homem de "Pa". Harry não gosta muito quando o vê fazer isso, mas Tiago nem se importa com as reprimendas do pai. Já está demonstrando que vai ter personalidade forte - acrescentou ela, com um sorriso de mãe orgulhosa.

- Entendi. - Distraidamente, Draco passou a mão pelos cabelos do bebê.

- Vim apenas esclarecer algumas coisas a respeito do que está acontecendo nos quadrinhos - explicou ele, voltando-se novamente para Hermione.

- Pa! - Tiago repetiu, estendendo os bracinhos mais uma vez para Draco, com um sorriso sonolento.

- Quão próximo da realidade é o seu trabalho? - indagou Draco, pegando o bebê no colo, em um gesto automático.

Hermione se comoveu com a cena.

- Você gosta de crianças.

- Não. Costumo jogá-las pela janela do terceiro andar sempre que tenho uma chance - respondeu ele, com impaciência. Então começou a rir quando Gina lhe lançou um olhar apavorado.

- Relaxe, ele está seguro. Meu interesse é saber o que significa isso aqui - acrescentou, apontando o jornal e ajeitando Tiago no colo.

- Oh, o detalhe da "escala" - respondeu Hermione. - Bem, essa é realmente a primeira parte. As duas conversarão sobre a segunda parte amanhã. Acho que vai ficar bom.

- Eu e Harry caímos na gargalhada quando lemos isso essa manhã - comentou Gina, mais relaxada ao ver Draco acariciando o bebê já adormecido em seus braços.

- Você desenhou essas duas mulheres...

- Emily e Cari - disse Hermione.

- Agora sei quem elas são - respondeu Draco, estreitando o olhar para ela e Gina. - Elas estão falando... Não - corrigiu-se. - Estão classificando a maneira como Quinn beijou Emily alguns dias antes! - bradou, indignado.

- Hum-hum - confirmou Hermione. - Então Harry se divertiu? - perguntou ela à amiga.

-Fiquei pensando se os homens também iriam entender ou se essa seqüência seria mais compreendida apenas pelas mulheres.

- Oh, sim, ele morreu de rir.

- Com licença. - Com o que lhe restava de paciência, Draco levantou a mão.
- Eu só gostaria de saber se vocês duas ficam comentando seus encontros íntimos e classificando-os com notas de um a dez, antes de oferecer isso para o público americano se divertir durante o desjejum.

- Classificando? - Hermione arregalou os olhos para ele, com ar inocente. - Pelo amor de Deus, Draco, isso é apenas uma tira cômica de jornal. Está levando esse assunto a sério demais.

- Então essa história de "não existir escala" é apenas uma piada?

- O que mais poderia ser?

Ele a observou por um instante.

- Não quero correr o risco de, quando finalmente fizer amor com você, ter de passar depois pela situação desagradável de ver meu desempenho ser avaliado nas tiras cômicas do jornal pela manhã.

- Oh-oh. Oh, bem. - Gina levou a mão ao peito, parecendo embaraçada. - Acho que vou levar Tiago para tirar uma soneca no sofá lá de baixo.

Dizendo isso, tirou o bebê com cuidado dos braços de Draco e se retirou em seguida.

- Francamente, Draco - disse Hermione, rindo e tamborilando o lápis sobre a mesa. - Esse evento seria digno de ir parar no caderno especial do jornal de domingo.

- Isso é uma ameaça ou uma brincadeira? - Quando ela apenas riu, ele se aproximou perigosamente e beijou-a nos lábios.

- Mande sua amiga embora e descobriremos logo, logo.

- Não. Não quero que ela vá embora. Foi pensando que ela poderia aparecer a qualquer momento que não o beijei assim que você chegou.

Draco estreitou o olhar.

- Está querendo me provocar?

- Não exatamente - respondeu ela, sentindo a pulsação acelerada. - Precisa ir agora. Depois de tanto tempo de trabalho, encontrei uma distração com a qual não consigo lidar, e essa distração é você.

Sem dar ouvidos ao pedido, Draco se inclinou mais uma vez e beijou-a nos lábios.

- Quando falar disso... - Ele capturou o lábio inferior de Hermione delicadamente entre os dentes e provocou-a com sensualidade.

- Espero que sua descrição seja precisa.

Dizendo isso, dirigiu-se à porta e virou-se uma última vez para ela, fitando-a por sobre o ombro.

- Sem escala? - perguntou ele, dando-se conta de que até gostara da brincadeira.

Ver seu beijo ser considerado em uma escala acima de dez não deixava de ser lisonjeador. Ao ver Hermione reagir apenas com um impotente gesto de mãos, começou a rir. E ainda estava rindo quando desceu a escada em direção à porta da sala.

- Posso entrar agora? - sussurrou Gina, colocando a cabeça no vão da porta entreaberta do estúdio de Hermione.

- Ah, meu Deus, Gina. O que vou fazer aqui? - Aturdida, Hermione colocou um segundo lápis atrás da orelha, derrubando o primeiro sem nem parecer se dar conta disso. - Pensei que não iria haver nenhuma conseqüência. Quer dizer, o que há de mal em se deixar levar pelo encantamento de um homem bonito, atraente e irresistível?

- Deixe-me pensar... - Gina sentou-se diante da mesa de trabalho da amiga.

- Nenhum mal! Absolutamente nenhum mal.

- E se você acabar se apaixonando um pouquinho por ele, isso fará parte do jogo, certo?

- Absolutamente certo.

- Mas o que fazer quando você vai um pouco além do limite?

Gina franziu o cenho, preocupada.

- Você foi além do limite?

- Acabei de fazer isso - Hermione respondeu.

- Oh, querida. - Em um gesto carinhoso, Gina deu a volta pela mesa e abraçou a amiga. – Tudo bem. Acabaria acontecendo, mais cedo ou mais tarde.

- Eu sei, mas sempre pensei que aconteceria mais tarde.

- Todos nós pensamos isso.

- Draco não vai gostar de saber que eu me apaixonei por ele. Vai ficar aborrecido com isso. - Apoiando a cabeça no ombro da amiga, Hermione exalou um suspiro trêmulo.

- Também não estou muito contente com isso, mas acabarei me acostumando.

- Claro que sim. Coitado do Frank. - Com um suspiro, Gina afagou o ombro da amiga e se afastou um pouco. - Ele nunca a interessou de verdade, não é mesmo?

Hermione balançou a cabeça negativamente.

- Sinto muito.

- Ora. - Gina dispensou seu primo preferido com um gesto de mão. - O que vai fazer?

- Ainda não sei. Para ser sincera, estou pensando em sair correndo e me esconder em algum lugar - confessou, forçando um sorriso.

- Isso é para covardes.

- Tem razão. Seria uma atitude covarde. E que tal dar tempo ao tempo e ver se isso passa?

Gina balançou a cabeça, rindo da ingenuidade da amiga.

- Sua boba. Quando se é atingido pela flecha de cupido, meu bem, a cura não vem assim, tão facilmente.

Hermione respirou fundo.

- Então, que tal irmos fazer compras?

- Agora, sim, começou a falar com sensatez. - Com um breve gesto de comemoração, Gina se encaminhou para a porta. - Vou ver se a sra. Figg pode ficar com Tiago, então enfrentaremos esse problema como mulheres de verdade.

Hermione comprou um vestido novo. Um modelo preto, básico e discretamente colado ao corpo que fez Gina revirar os olhos e dizer:

- Ele está perdido.

Hermione também comprou um bonito par de sapatos pretos com saltos altos, finos e transparentes. Ah, e lingerie também, claro. Do tipo que uma mulher usa quando espera ser admirada por um homem e que o faça sentir vontade de tirá-la. De fato, sentiu um arrepio pelo corpo, ao imaginar Draco deslizando aquelas mãos firmes sobre seu corpo, retirando-lhe a lingerie com vagarosa sensualidade. Escolheu um conjunto de lingerie branca para usar sob o vestido preto. Era excitante a idéia de surpreendê-lo.

Depois escolheu flores, velas para o candelabro e um ótimo vinho. Ingredientes delicados para despertar um outro tipo de apetite. Um apetite primitivamente voraz.

Quando chegou em casa, estava mais esperançosa e bem mais calma. Havia algo a ser feito, e pelo menos isso incutiu um foco a seus pensamentos. Sim, queria passar o restante do dia preparando cada detalhe, porque a noite teria de ser perfeita.

Escreveu um bilhete para Draco é enfiou-o por baixo da porta do apartamento dele. Depois trancou-se em seu próprio apartamento e respirou fundo, antes de deixar alguns itens na cozinha e levar os outros para seu quarto.

Arrumou as flores nos vasos e os distribuiu por lugares estratégicos. Depois ajeitou as velas no candelabro e o colocou sobre a mesa, junto ao vasinho com flores frescas. Em um outro canto da sala, acendeu uma vela perfumada, para ir perfumando o ambiente com um aroma agradável, enquanto ela terminava de preparar a mesa.

Desembrulhou dois elegantes cálices de vinho e colocou-os junto aos pratos, lembrando-se de que precisava pôr o vinho para gelar.

Ao chegar ao quarto e olhar para a cama, hesitou. sitou. Puxar os lençóis até o pé da cama pareceria uma sugestão muito evidente? Pensando nisso, riu consigo. Havia sentido ter pudores daquele tipo àquela altura dos acontecimentos?

Quando terminou os preparativos, parou um instante para admirar o resultado. De fato, tudo estava no lugar onde ela gostaria que estivesse. Satisfeita, providenciou os últimos detalhes para o jantar.

Manteve os ouvidos apurados, na esperança de ouvi-lo começar a tocar. Sempre que ouvia Draco tocar o sax, era como se parte dele estivesse ali com ela. No entanto, o apartamento em frente continuou silencioso.

Com cuidado, escolheu alguns CDs estratégicos e os deixou ao lado do aparelho de som. Em seguida, foi para o quarto e, com um arrepio de expectativa, estendeu o vestido novo sobre a cama juntamente com a lingerie provocante, imaginando como seria usá-los. Com certeza, o efeito seria poderosamente sedutor.

Com outro arrepio de expectativa, dessa vez seguido por um calor inesperado em seu âmago feminino, foi tomar um banho relaxante.

Antes de entrar na banheira, acendeu outra vela perfumada e serviu-se do vinho que costumava deixar ali, para quando estivesse relaxando na banheira. Ao sentir a água quente sobre o corpo, fechou os olhos com um suspiro. Então imaginou as mãos de Draco sobre sua pele, em vez da água cheia de espuma.

Quase uma hora depois, espalhou pelo corpo uma leve camada de creme hidratante perfumado, até sua pele se tornar acetinada e agradavelmente perfumada.

Enquanto ela fazia isso, Draco lia o bilhete encontrado à porta de seu apartamento: "Preston, tenho planos. Depois nos veremos. Hermione"

Planos? Hermione tinha planos sendo que ele passara o dia inteiro em meio a um verdadeiro turbilhão emocional por causa dela?

Leu o bilhete mais uma vez, furioso consigo mesmo por haver passado o dia inteiro pensando em quanto seria prazeroso passar outra noite ao lado de Hermione. Deus, comprara até flores para ela! E não se lembrava de comprar flores para uma mulher desde...

Droga, como ela pudera fazer isso?, pensou, amassando o bilhete quase sem perceber. Por outro lado, o que mais ele poderia esperar? As mulheres sempre determinavam o curso de um relacionamento segundo seus próprios interesses. Ele sabia disso, aceitara isso e se, em algum momento, esquecera-se de que em relação a Hermione, não tinha ninguém mais para culpar a não ser ele mesmo.

Pelo visto, ela decidira entrar em outro jogo. Mas ele não era obrigado a morrer de angústia por isso. Afinal, sabia muito bem quanto as mulheres eram perigosas em questões de jogos sentimentais.

Com um suspiro, foi até a cozinha e deixou o buquê de lilases sobre a pia. Não entendera direito o motivo, mas aquelas flores o haviam feito se lembrar de Hermione. Ao voltar para a sala, pegou seu sax e saiu, determinado a amenizar sua ira tocando no Delta's.

Exatamente às sete e meia da noite, Hermione tirou do forno o assado que havia preparado. A mesa estava arrumada para dois, com mais velas e mais flores precisamente arrumadas. Uma salada de colorido exótico, feita com abacate e tomates gelava juntamente com o vinho.

Assim que eles degustassem a entrada, pretendia surpreendê-lo com crepe de marisco. E se tudo saísse de acordo com o planejado, terminariam a refeição com champanhe gelado acompanhando framboesas frescas com creme. Na cama.

- Muito bem, Hermione.

Dizendo isso, tirou o avental e foi até o espelho para checar seu visual. Então calçou os sapatos novos, aplicou algumas gotas de perfume em pontos estratégicos e sorriu para seu próprio reflexo.

- Vamos capturá-lo.

Atravessou o corredor, tocou a campainha do apartamento de Draco e ficou esperando, com o coração acelerado. Segundos depois, tocou mais uma vez.

- Como tem coragem de não estar em casa? - protestou em voz alta. - Como ousa? Não leu meu bilhete? Claro que deve ter lido. Eu não deixei bem claro que iríamos nos encontrar depois?

Com um resmungo, bateu a mão fechada contra a porta. Em seguida, respirou fundo e endireitou as costas.

- Eu disse que tinha planos. Ah, meu Deus, você não entendeu, não é, seu cabeça-dura? Planos para nós dois! Oh, droga.

Sem hesitar, trancou a porta de seu apartamento e, na falta de uma bolsa para guardar a chave, colocou-a dentro do sutiã. Então começou a descer a escada com passos firmes, em direção à saída do prédio.

- Está com algum problema afetivo, querido?

Draco olhou para Delta, parando um instante para tomar um gole de água.

- Não estou com nenhum problema, muito menos afetivo.

- Ei, está falando com Delta, lembra-se? Sua velha amiga. - Ao longo dessa semana, em todas as noites em que o vi tocar, percebi que você estava tocando como se estivesse pensando em uma mulher. Hoje apareceu mais cedo, e está tocando como um homem que teve problemas com uma mulher. Por acaso discutiu com aquela garota?

- Não. Ambos temos mais o que fazer do que ficar discutindo.

- Ela ainda o está tirando do sério, não é? - Delta riu. - Algumas mulheres exigem um pouco mais de romance do que outras.

- Isso não tem nada a ver com romance.

- Talvez seja justamente esse o seu problema. - Delta circundou o braço sobre os ombros dele, afagando-o com carinho. - Já comprou flores para ela? Disse que ela tem olhos lindos?

- Não. - Droga, já havia comprado flores para Hermione. Mas o receio de se desapontar o levara a se conter. - O que sentimos um pelo outro é apenas atração física. Não tem nada de romântico - completou.

- Oh, meu querido. Se quiser realmente conquistar uma mulher como Hermione, terá de ser romântico, por mais que deteste a idéia.

- Por isso mesmo é que quero ficar bem longe dela. Quero continuar com minha vida simples. - Posicionando o sax, arqueou uma sobrancelha. - Agora vai me deixar tocar, ou quer me dar mais algum conselho a respeito da minha vida amorosa?

Delta balançou a cabeça negativamente, dando um passo atrás.

- Quando você realmente tiver uma vida amorosa, meu caro, pensarei em lhe dar conselhos.

Draco recomeçou a tocar, enquanto ouvia a música em sua mente. Em seu sangue. No ritmo de sua pulsação. Como sempre, tocou a música com todo seu sentimento, mas não conseguiu impedir-se de continuar pensando em Hermione. Talvez acabasse se acostumando com isso, pensou. Com aquela constante fixação em querer saber o que Hermione estaria fazendo e pensando.

A música continuou a sair do sax feito o lamento de um homem desesperado.

Então ela passou pela porta. Seus olhos, cheios de segredos, encontraram os dele através da neblina do ambiente. O modo como ela lhe sorriu ao se sentar à mesa, fez as mãos de Draco começarem a suar. Ela umedeceu os lábios e deslizou o dedo indicador sobre a frente do vestido, em um gesto sensual.

Draco ficou olhando, hipnotizado, enquanto, com movimentos provocantes, ela cruzava as pernas esguias cobertas por sensuais meias de seda fumê. Depois, a maneira como ela deslizou a mão do joelho até o quadril era designada justamente a fazer o olhar de um homem acompanhar o movimento. E foi o que ele fez, com a respiração alterada.

Ela continuou ouvindo a música e mantendo aquele brilho provocante no olhar. Quando as últimas notas ecoaram no ambiente, ela passou a língua sobre os lábios cobertos por um intenso batom vermelho.

Então Hermione se levantou e, sem desviar os olhos dos dele, passou a mão pelo quadril, girou sobre aqueles saltos arrasadores e se encaminhou para a saída. Antes de passar pela porta, porém, virou-se uma última vez para ele e lançou-lhe um convite silencioso com um mero arquear de sobrancelha.

O murmúrio que escapou dos lábios de Draco, quando ele afastou o sax, foi de absoluta reverência.

- Não vai fazer nada, meu amigo?

Draco começou a guardar o instrumento na maleta.

- Por acaso pareço idiota, André?

- Não. - O marido de Delta riu e continuou tocando o piano. - Definitivamente não.

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Oh my God!!! que cap perfeitoso né! *-*
Aeee finalmente eles fizeram as pazes! uhuuul! \o/
aii, o Draco até que não entendeu sobre as escalas e ainda achou meio ruim?
homens não entendem isso! *revira os olhos*
Como a Dealta é esperta demais! :D
E nossa, a Mione seduzindo o Draco!? ‘Oo
Hahaha.. esperta a garota hein! :P
Mas que casal mais cute!! :D
*olhos brilhando*
Girls, quem quer um Draco desse levanta a mão! \o/ \o/ \o/ \o/ \o/
hausahsuahsuahsua
Aiai, esperamos então pra ver onde está história ira nos levar, right? ;)

Respostas

Cαяσℓiиα: Cap postadinho honey! o/ aii que bom que vc curtiu o cap... *-* Mas esse cap tbm saiu perfect né? :D

Lily Black. ♥ x)~: Aeee mais uma vez cap perfeitoso hein! o/ bom, espero que tenha curtido mais esse cap flor! ;) bjão pra ti ;**

Manu Malfoy: Cap postadinho flor! o/ Nossa realmente né, que cena de tirar o folego *olhar sonhador* a Luna se saiu mto bem como empresaria do Draco né! :D aii pois é, o Draco ser mesmo cabeça-dura, até senti pena da Mione.. snif.. maaas ainda bem que agora ta tudo certo de novo! aee! o/ cap sensacional né? :P bjoo ;**

Rhaissa.Black: Cap postado! o/ Pois é hein,, eles brigaram feio e deu tanta pena da Mione.. :,( Maaas felizmente está tudo ok entre eles de novo..o/ Viu só acho q tu é vidente ... eles tão bem outra vez!!! :D hausahsuahsuahsa ¬¬' anyways.... 'Oo essa idéia do elevador é mesmo BOA.. se o vovozinho da Mione não usar..EU uso.. *risada maléfica* hahaha ta ok.. definitivamente a Luna ser nota 10 né.. como ela ser inteligente e 100% cool! \o/ Espero que tenha curtido o cap hein! ;) bjos ;** P.S: passei lá na suas fics e ameeei... mto, mto boas.. mesmoooo! *-*

Mione03: Nossa, mto obrigada honey! *-* estou feliz com seu comment! :D Viu só o vovozinho da Mione nem ser tão discreto assim... quase todo mundo sabe do plano dele.. haha mas que homem esperto né...tinha tudo planejado! :P È, o encontro deles foi mesmo inesperadamente agradavel... e wow que beijo que eles trocaram.. hoho ^^ Pois é, coitada da Mione com as melhores das intenções e de repente TUDO isso acontece.. snif.. bom, mas parece q o Draco já experimentou da tão esperada 'solidão' e parece não ter gostado nadinha né... mas até que enfim e finalmente eles fizeram as pazes! uhuul! o/ parece tbm que foi meio dificil da Mione ignora-lo hein! :P aii mas que honra.. mais agradavel! *-* clarooo que eu fico feliz com readers novos... e fico mais feliz ainda com os comments q me deixam triiiii happy *olhos brilhando* Espero que tenha gostado desse cap tbm! :D bjão ;**

Teresa: Welcome back!! \o/ \o/ \o/ sabe eu reparei sim na ausencia dos seus comments.. e devo admitir fico feliz q tenha voltado! *-* haha éé, difinitivamente um encontro maravilhoso né.. *suspira* aaah, é verdade a Mione descrevendo o beijo e a Gina com calor.. vc sabe q isso só pode acabar em tira de jonal né.. afinal a Mione tem talento pro 'absurdo' ¬¬' hahaha Ooh sei do q vc está falando *abaixa a voz* então é nosso segredo hein.. :p nossa, essa história promete né! :D Siim, definitivamente o Draco ser uma 'mala' que eu gostaria de ter.. hoho ^^' aii admito q tbm fiquei com pena da Mione! :,( maaas melhor ainda agora que o Draco pediu desculpa pra ela né.. e ela por ter um coração mole, aceitou... mas tbm.. quem não aceitaria quando se trata de Draco o iresistivel! *-* haha siim, um Draco amargurado e mal-humorado + uma Mione tagarela e bem-humorada = combinação PERFEITA! :D hahaha.. Aee esse cap foi show né.. a Mione e o Draco já se gostam e nem perceberam... vamos esperar então o empurrãozinho do vovô! o/ haha.. bjoo ;**

*** Sarinhaaa *** : Eiii, cap postadinho honey! huhu o/


Comments respondidos with love! ♥ ♥

Um beijooo enermee para todos!

Obrigada mesmo pelos comments amores! *-*

Soon, estarei postando uma fic nova... bom, espero que vcs gostem, e que a idéia lhe agradem! :D I'll try my best! ;)


Comments?!

Até a próxima att buddies! ^^

xoxo - Lay ~


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