Capitulo 6
CAPÍTULO VI
Hermione colocou o pequeno Sortudo ao lado da mãe, e sentou-se contra o muro do estábulo. Estar perto de Glinda e seus filhotes a fazia sentir-se segura, sob controle.
À mesa, sentia-se fora de controle, ainda que maravilhosa, como se estivesse na presença de algo... mágico.
E ainda havia o príncipe, com olhos de esmeralda e uma boca que a deixava louca, com palavras e beijos, e que a fazia sentir muito uma mulher completa e desejável.
Mesmo assim, havia saído. Disse ao mordomo que precisava ver os filhotes e fugiu daqueles sentimentos gloriosos.
— Você perdeu a sobremesa.
Sua cabeça virou-se rapidamente.
— Não estou com fome.
— Algo errado com Dennis?
As sobrancelhas dela se arquearam.
— Agora você o chama de Dennis?
— Bem, se ele está no hospital ou preso em uma ilha deserta, faminto e quase louco, não quero parecer impiedoso.
Um sorriso surgiu nos lábios dela.
— Isto é muito generoso de sua parte, Harry.
— Gostaria de me contar o que há de errado?
— Não, na verdade não.
Ele riu, pegou uma cadeira e sentou-se à sua frente.
— Desabafe, doutora.
Ela deveria realmente dividir sua intimidade com ele? Ela evitou o seu olhar, e murmurou:
— Não sei, Harry.
— Vamos lá.
— Não quero falar.
— Sou um ótimo ouvinte. — Ele acenou na direção da cesta. — Pergunte a Glinda.
O olhar dela se dirigiu a Glinda. A cadela desviou os olhos de Hermione para Harry, e de volta para ela. Hermione riu.
— Ouviu seus relatos sobre as costas doloridas e pés inchados durante a gravidez dela?
— Claro. — Um sorriso nunca caiu tão bem num homem. — Então, o que há de errado?
Ela respirou profundamente.
— Dennis não é só um... amigo e...
— Bom homem.
— Isto.
— Ele é seu namorado.
— Sim. E...
— E? — ele instigou.
Ela lhe lançou seu melhor olhar zombeteiro.
— Vai ouvir ou não?
Ele ergueu as mãos em rendição.
— Me desculpe. Continue.
— Certo. É o seguinte. Antes de vir para Llandaron, Dennis me pediu em casamento.
Harry calou-se. Seu estômago se contraiu, enquanto cada palavra que ela pronunciara revolvia sua mente. Blasfêmias chegaram à ponta de sua língua. Quando seu olhar encontrou o dela, havia constrangimento.
— E você aceitou?
— Disse a ele que precisava pensar.
— Então foi por isso que ele ligou? Para receber uma resposta?
Após um suspiro pesado, ela assentiu.
— Ele diz que não quer mais esperar.
— Como as coisas ficaram?
— Indefinidas. Ele recebeu um chamado de emergência e teve de ir para a clínica. — Ela baixou o olhar, suavizou seu tom de voz. — Disse a ele que ligaria amanhã à noite.
— Com uma resposta.
— Sim.
Sentaram em silêncio, sem querer encarar as muitas perguntas e respostas importantes.
Na verdade, Harry tinha um grande interesse em Hermione Encantada, um forte desejo. Mas o que era aquilo? Nada duradouro. Ele tomou a mão dela, colocou-a de pé.
— Venha.
— Aonde?
— Para minha casa.
— Não. — Ela recusou, mas não largou a mão dele. — E o último lugar a que eu iria esta noite, Harry.
— Não confia em si mesma quando está ao meu lado, doutora?
— É claro que sim.
— Então, qual é o problema? — Ele olhou para Glinda e os filhotes. — Todos estão dormindo.
— Não há uma festa à sua espera?
— Não. Meu pai tem tudo sob controle. — Ele notou sua expressão desconfiada. — Pedi ao mordomo que trouxesse nossa sobremesa para o farol. Quero lhe mostrar algo.
Olhos arregalados, rosto ruborizado, ela gaguejou:
— Eu realmente não devia sair...
— Há um outro ditado americano que julgo um tanto útil.
— Ah, é? Qual é?
Com um sorriso, ele a levou para fora do escritório.
Muito trabalho e pouca diversão, doutora...
Hermione contemplava o cenário que a saudava à frente. Ao lado do fogo brando, na magnífica sala de estar do farol, havia duas confortáveis poltronas de couro. E entre elas estava a mais bela mesa de xadrez que já tinha visto.
— Isto é inacreditável — ela falou, passando a mão pela superfície lisa.
— Esta mesa era do meu tataravô. — Ele puxou um estojo de mogno com alças de latão, abriu-o e começou a posicionar as peças de xadrez no tabuleiro. Meu pai não era um grande jogador, mas eu sou viciado desde o segundo grau. Achei que podia ensiná-la e poderíamos jogar uma partida.
— Me ensinar? — Hermione travou a boca para reprimir um sorriso. Puro machismo! Ensiná-la?
Por xadrez ser um jogo predominantemente masculino, Harry supôs que ela não soubesse jogar. Na realidade, o pai dela havia lhe ensinado quando criança. Hoje, ela jogava pela Internet com pessoas de todo o mundo, e derrotava um monte deles.
— Vamos tentar. Sei um pouco, suficiente para jogar uma partida. — Um pouco, visto que jogava desde que era garotinha.
— Tem certeza?
— Positivo. — Ela tocou um bispo e perguntou vagamente: — Isto é um peão, certo?
— Não, isto é um... — Ele a olhou, franzindo os olhos. — Não vai puxar o meu tapete, vai?
Ela riu gentilmente.
— Talvez, um pouco. E, por falar nisso, "puxar o meu tapete"? Onde descobriu esta pérola?
— Milwaukee. — Ele abriu uma das gavetas e pegou um bloco de papel e um lápis. — Tive uma semana de reuniões lá no ano passado. Cerveja, esportes, piadas obscenas. Foi divertido. Um povo muito pitoresco.
— Tenho certeza de que se alegrariam em ouvir que o príncipe de Llandaron os considera pitorescos — disse ela com um sorriso. — Gosta mesmo dos Estados Unidos, hein?
— Sim. Passei um longo tempo lá até... até alguns anos atrás.
Hermione observou seu ar brincalhão se desvanecer. No entanto, ele não parecia absolutamente disposto a falar do passado, e Hermione queria desesperadamente trazer de volta o clima alegre de alguns momentos atrás.
Ela sorriu para ele:
— Então, vai jogar ou não?
— Estamos jogando. — Com uma sobrancelha erguida e um leve sorriso, ele moveu um peão branco.
— Apenas uma casa. Interessante
— Sou cheio de surpresas, doutora.
— Bem, fique atento, porque eu também sou.
Seu olhar praticamente se incendiou em sua direção.
— E estou ansioso para descobrir cada uma delas.
Com a garganta seca, os dedos dela hesitaram sobre seu peão. Ele estava de volta ao seu velho comportamento, com uma vingança.
— Pare de me deixar nervosa.
— É isto o que estou fazendo?
Com um lampejo de entusiasmo, moveu sua rainha.
— Audaciosa, doutora.
— Melhor, confiante, Alteza.
Toda vez que a derrubava, Hermione se recuperava, deixando-o na defensiva. Ele era um ótimo jogador, seguro, exigente.
O fogo crepitava baixo quando a torre dele perfeitamente posicionada pôs seu rei em xeque. Harry avançou, jogada a jogada. E em menos de dez segundos pôs o rei dela em xeque-mate.
— Mais uma partida — ela pediu.
Ele inclinou a cabeça, com o olhar autoconfiante.
— Tem certeza de que pode aguentar outra derrota?
Um calor surgiu em sua face.
— Vamos apostar?
— O quê?
— Sua sobremesa?
— Pode ficar com a minha sobremesa, Hermione. Vamos apostar algo mais difícil de dividir.
— Desconfio que você tenha uma ideia.
— O que acha de tempo?
Ele franziu a sobrancelha.
— Tempo?
Com o queixo pousado sobre as mãos e os olhos nela, ele explicou:
— Caso eu ganhe, você fica em Llandaron por mais duas semanas. — Ele sorriu. — Para cuidar de Glinda e dos filhotes, é claro.
Seu peito se apertou. Mais duas semanas com aquele homem.
— E se eu ganhar?
— Vai para casa, como havia planejado. De volta a Los Angeles, à clínica e para...
— Certo, certo.
Ela entendera. De volta para Los Angeles, de volta para Dennis. A única coisa que lhe parecia atraente naquele momento era aquele homem sentado à sua frente.
— Tudo bem, Alteza. Prepare-se. Vou derrubá-lo. - Pela segunda vez, naquela noite, ela corou. — Quis dizer que vai perder.
O sorriso dele era afetuoso, intenso.
— Sempre se empolga assim quando joga?
— Faça sua jogada, Harry.
— Não me tente, Hermione.
Num acesso de raiva, ela se esticou, pegou seu peão e moveu-o uma casa.
— Trapaceira — ele a acusou, gargalhando.
— Ah, por favor, é a sua jogada padrão. — Para fazê-lo compreender, ela moveu seu cavalo. — Pronto. Quites?
— Sim. Diria que estamos quites.
Hermione nunca havia jogado uma partida tão difícil em toda a sua vida.
— Xeque-mate.
Sem baixar o olhar firme, Harry derrubou seu rei com o dedo indicador.
— Você venceu, doutora.
Hermione não disse nada. Porque, com toda honestidade, não tinha certeza de que havia vencido.
Eram apenas onze horas em Llandaron, e seu pensamento estava nela. Queria que ficasse com ele mais que tudo. Porém não levaria a idéia adiante, até que ela desse uma resposta a Dagwood.
— Harry? — O suave chamado foi seguido por uma batida ainda mais leve na porta de seu quarto.
Em um segundo, ele estava fora da cama, com o lençol enrolado em sua cintura. Abriu a porta para uma tímida Hermione.
— Sinto muito. — Sua face enrubesceu sob a luz fraca. Harry estendeu a mão livre, e conduziu-a ao quarto.
— Você está bem?
— Não. — Guiada por ele, sentou-se na beira da cama, observando-o.
— O que houve?
— Precisava falar com você. — A luz do saguão iluminava seu rosto, seus olhos. — Sei que ganhei a aposta, mas...
— Mas?
— Não quero ir. Ainda não.
Sentiu um aperto no coração.
— Então não vá, Hermione.
Ela não disse nada, permaneceu em silêncio por uns momentos. Então Hermione tocou-lhe o peito. Ao toque daqueles dedos, Harry respirou fundo, sentindo seu membro se enrijecer. Ele sabia que Hermione notara, mas ela não corou.
— Diga de novo que não há princesa cara-de-cavalo.
— Não há ninguém. — Ninguém a não ser a mulher sentada em sua cama.
— Bom. — Ela continuou acariciando sua pele, passando suas unhas nele.
Cada centímetro dele pulsava por ela. Ele pousou a mão sobre as dela.
— Fique comigo esta noite.
Levou um tempo para que, ela respondesse.
— Não posso.
— Sim, pode.
— Preciso voltar ao castelo. Disse ao guarda que retornaria, disse que tinha deixado minha carteira aqui.
— Esqueça o guarda. Eu cuido dele.
— Não, Harry. Por favor. — Ela levantou-se, afastou a mão de sua pele firme. — Não quero que as pessoas falem. — O olhar dela fez sua determinação desaparecer. — E, além disso, eu tenho um telefonema que não pode esperar.
— Amanhã à noite vou levá-la para sair. — Sua intenção era fazer um convite, mas as palavras soaram como uma ordem enérgica.
— Como um encontro.
— Exatamente como um encontro.
Ela sorriu.
— Mal posso esperar.
Nem ele. Mas precisava.
Ele a levou à saída. Parando na porta, disse:
— Não posso deixá-la ir até saber o porquê.
— Por que o quê?
— Por que você decidiu esquecer as condições da aposta?
Com um sorriso tímido, ela se aproximou e lhe deu um beijo suave, entorpecedor.
— Por isso, Alteza.
Harry puxou-a contra ele. Sua mão livre correu para as costas dela, fazendo amor com sua boca. O calor encontrava a umidade, a língua dela encontrou a sua enquanto se beijavam, cada vez mais excitados.
— O que quer que esteja acontecendo aqui, entre nós, é algo que não posso negar ou controlar. E se for realizar-se em duas horas, duas noites ou duas semanas, tenho de ver onde...
— Eu sei, Hermione, eu sei. — Ele cobriu sua boca mais uma vez, com o corpo rígido, preparado. E ela seguiu seus movimentos, comprimindo os quadris contra ele, contra sua ereção. O desejo o envolvia a ponto de doer, ainda assim ele relutou e soltou-a.
Ela acenou, com o rosto corado, os lábios inchados e vermelhos.
— Vá, Hermione. — Ele se virou, encarou a parede. — Juro por Deus, não serei um cavalheiro por muito tempo.
Com os sentidos aguçados, Harry a ouviu fechar a porta. Então, ele jogou o lençol de seda e encaminhou-se para um maldito banho frio.
Hermione desligou o telefone, apagou a luz e deitou-se na cama, sentindo alívio, precipitação, culpa e tristeza.
Virando de lado, ela abraçou com força seu travesseiro. Ela não havia mentido para ele, ainda que não pudesse falar a verdade: que a racional, prática e inteligente Dra. Encantada apaixonara-se pelo príncipe de Llandaron.
Obs:Oiiii pessoal!!!!Capitulo postado como prometido!!!!Espero que tenham curtido!!!!Desejo a todos um ótimo feriado e uma Feliz Páscoa!!!Espero que ganhem muuuuuuuuito chocolate!!!!!hehehehe....Na semana que vem tem mais atualização!!!!!Bjux!!!!Adoro vocês!!!!!
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