Capitulo 2
CAPÍTULO II
Harry observou os olhos da linda americana mudarem para um castanho profundo, e mais uma vez amaldiçoou o pacto que havia feito com seu pai, quase um ano antes. Por que diabos ele iria se casar com alguma sem graça de sangue azul quando havia mulheres como essa, que eram uma tentação?
Nunca havia encontrado uma mulher tão perspicaz em toda sua vida.
Deixou seu olhar passear por ela. Os cabelos castanhos emolduravam seu delicado rosto. Ela era esguia, mas bem torneada nos lugares certos. E quando passou por ele ao entrar no escritório minutos antes, sentiu um desejo que o atingiu por inteiro, sem mencionar um ponto mais baixo.
— Alteza?
O tom irritado da pergunta o retirou de seu devaneio.
— Sim, doutora?
— Você me enganou. Ele acenou.
— Sim.
— Não gosto de ser enganada — disse ela áspera. — Já sofri o suficiente com isso, — Um rápido rubor tomou-lhe a face, mas ela continuou. — E não quero mais ser enganada. Por um príncipe ou um cavalariço...
Harry olhou-a, absolutamente entretido. Ele nunca havia sido tratado daquela maneira.
— Me desculpe.
Ela hesitou por um momento, e ele se perguntou se ela recusaria as desculpas.
— Você estava carregando palha.
Ele deu os ombros.
— Gosto desse passatempo.
— De quê? Deste lugar perfeito em que vive?
— Nenhum lugar é perfeito, doutora.
— Então, o que devo fazer agora?
— Acho que eu não entendi a pergunta.
— Se acha que vou me levantar e reverenciá-lo depois do que aprontou...
— Não lhe pedi isso. — Ele sorriu, pondo-se de pé. — Bem, não agora.
— Nunca! — Ela pôs-se de pé, sem esperar que ele lhe oferecesse a mão.
— Talvez, perante a corte e a meu pai, você pudesse pelo menos abaixar a cabeça?
Ela ponderou, e então disse:
— Veremos.
O sorriso dele se abriu.
— Obrigado.
Eles se encararam. Hermione era alta. Uma altura perfeita para um homem curvar-se e...
— Preciso saber — ela falou, dobrando os braços sobre os lindos seios. — Por que não me disse quem era? Estava brincando comigo como com qualquer passatempo?
— Sinceramente, queria saber como se sente um anônimo.
— E como é?
— Estimulante.
— Bem, fico feliz em ajudar — retrucou com voz forçada.
— Tem certeza de que não vai me tratar de outro modo agora que sabe a verdade?
— Minha consciência sofreria um grande abalo se eu o tratasse como algo além do travesso que você demonstrou ser.
— E nós não iríamos querer isso. — Encarando Hermione, disse: - Prazer em conhecê-la, doutora. Estou certo de que nos veremos novamente.
Ela sorriu.
— E quem você será da próxima vez?
Ele levantou a sobrancelha.
— Sempre tive vontade de me aventurar na carpintaria.
— Parece perfeito.
— Pensando bem — falou ele abrindo um sorriso —, parece muito distante da estrebaria para o meu gosto. — Ele curvou a cabeça, então se virou para sair.
— Ainda não acabei, Alteza.
Harry parou, e olhou para trás.
— Um título tão solene não parece apropriado após o papo que tivemos.
— Príncipe Harry James, então? — ela testou.
— O que acha de apenas Harry James?
Ela sorriu.
— Que tal Harry?
— Acho que não. — O sorriso dela o hipnotizava, enquanto sua boca agitava seu sangue. Ele sabia que era melhor que partisse o quanto antes. — Até logo, Hermione.
Ela fez uma reverência engraçada:
— Até logo, Harry.
Pela primeira vez em muito tempo Harry ria de fato. E assim permaneceu, por muito tempo após deixar a sala.
Hermione ficou de pé na frente do espelho em seu imponente quarto. A vergonha que ela sentia não era por causa do exuberante vestido cor de chocolate e das botas que vestia, ou de seu penteado, mas sim da expectativa para ver um certo príncipe, de novo.
Mesmo que ela esquecesse por um momento que Harry era da realeza, e vivia na ilha da fantasia, por que não pensava em Dennis? Claro, não havia compromisso entre eles ainda. Mas antes de sua viagem ele a havia pedido em casamento — e ela lhe dissera que ia pensar.
Ela e Dennis não eram românticos. Suas carreiras e opiniões em comum eram o motivo de terem se tornado tão bons amigos.
E então ela teve que ir até ali e encontrar um príncipe encantado de verdade!
A imagem de Harry instalou-se em sua mente. Aqueles olhos, aquele toque, aqueles lábios...
Seria casado? O pensamento foi seguido por um tremor, e ela afastou-se do espelho. O estado civil de sua alteza não era da sua conta. Glinda e seus filhotes eram o motivo de estar ali.
Lembrando-se da hora, Mione verificou o relógio. Cinco para as seis.
Ela havia se encontrado com o rei há mais de uma hora. Um senhor barbado e bem-disposto, com olhos verdes perspicazes, tais como os do filho. Após receber um relatório completo sobre a saúde de Glinda, disse a Mione que o jantar com ele seria às seis horas, e que não se atrasasse. "Meu Deus", ela pensou ao deixar o quarto e disparar pela longa escada, ela não esperava que fosse jantar com o rei de Llandaron. Ela imaginava que fosse jantar em uma bandeja em seu quarto todas as noites, ou na cozinha, com o restante dos empregados.
Abaixo dela, uma sombra surgiu no saguão amplo e imponente.
— Boa noite, Hermione.
Ignorando o calor que lhe tomava o estômago, ela começou com:
— Boa noite, Ha... — Mas a saudação morreu em seus lábios ao avistar o lindo príncipe que a esperava no centro do corredor de mármore. Ela segurou a beira do corrimão para se equilibrar. Lindo não era suficiente para descrevê-lo. Ele vestia uma camisa branca pregueada, blazer preto e calças com um corte tão perfeito que fariam um alfaiate londrino suspirar.
Hermione suspirou, sua mente voando com pensamentos do tipo: "Isto é o que quero para jantar."
— Está linda, doutora — disse Harry, com os olhos vagando por seus cabelos. — Gostaria de um acompanhante?
Por um momento, ela se viu ao lado dele, deslizando a mão por seu braço.
— Obrigada, mas posso me virar.
Ele levantou a sobrancelha.
— É só comigo ou você tem problemas com todo homem que lhe trata com cavalheirismo?
— Não, só com você. — A resposta veio rápida e sem pensar, e ela imaginou se o havia ofendido.
Mas Harry apenas sorriu, diante de sua imprudência.
— Venha comigo — falou, dirigindo-se à porta.
Hermione olhou primeiro para a porta aberta, depois para Harry.
— Ir aonde com você?
— Lá fora.
— Mas o rei me convidou...
— Meu pai está ao telefone com o presidente da Lituânia. Ele pediu desculpas e para que eu a distraísse.
— Ele fez isso? — Por trás de sua aparente calma seu coração batia violentamente. — Distraísse como?
— Pare de ser tão desconfiada. Prometi que não faria mais brincadeiras.
— Certo — ela respondeu, caminhando em direção a ele. — Estou faminta.
Ele riu:
— Me sinto lisonjeado!
— Aonde estamos indo? Para a cidade talvez? - Ela havia lido sobre vários restaurantes maravilhosos e sorveterias, e até uma loja de doces. Mas será que a realeza ia à cidade para jantar?
— Estamos indo ao farol — respondeu ele enquanto a conduzia até a porta.
Hermione parou, com a atenção voltada para a paisagem ao redor.
— O que aconteceu aqui? — ela perguntou com uma risada, permanecendo bem no meio da névoa.
— Neblina.
— Neblina? Mas o sol estava tão brilhante hoje, sem nuvens no céu. Quando isto começou? Mal consigo enxergar a dois metros de distância.
Harry segurou sua mão.
— Você vai se acostumar.
— Vou? — perguntou, trôpega, com todos os sentidos voltados para a mão grande e quente de Harry. Ela esqueceu a capa, a carteira, todas as coisas práticas e segurou nele, deixando que a conduzisse pelo gramado para fora do castelo.
— Quando meus ancestrais chegaram a esta ilha — ele começou —, os mais velhos das famílias reais dos Potter e dos Evans queriam que seus primogênitos se casassem. Mas a filha mais velha dos Potter, Sana, apaixonou-se perdidamente por um outro homem, um pobre marinheiro, e seu pai a proibiu terminantemente de vê-lo. No dia anterior ao casamento, Sana suicidou-se. — A mão de Harry apertou a de Hermione. — Esta noite foi a primeira em que a neblina apareceu.
— É uma lenda? — Mione perguntou, com um certo temor na voz.
— Não. Um fato. História. — Harry guiou-a em volta de uma pedra enorme. — De lá para cá, a neblina cai às seis todas as noites e desaparece às sete. Muitos dizem que esta hora de névoa é um presente de Sana para os amores impossíveis. Durante este tempo, eles podem se encontrar sem serem descobertos.
O assombro tomou Hermione, e não pôde deixar de perguntar:
— Já encontrou alguém na neblina?
Ele sorriu e respondeu:
— Não até hoje — enquanto a conduzia por entre as nuvens espessas.
— Pensei que tivesse dito que não ia mais aprontar.
— Isto não é brincadeira, Hermione.
— O que estamos fazendo aqui, então?
— Eu moro aqui.
Mal percebidos por entre a neblina estavam os dois primeiros andares de um farol. Uma luz aconchegante espalhava-se pelas janelas, convidando-os a.entrar.
Sem uma palavra, Harry a guiou a um lance de escadas de rocha, e entraram no farol.
— Você mora aqui? — ela perguntou, sem esconder a admiração em sua voz. — E não no palácio?
— Prefiro morar sozinho — ele respondeu, soltando sua mão. De certo modo ela se sentia aliviada por não sentir mais sua força, seu calor. Mas, por outro lado, sentia-se perdida.
Mione o seguiu pela adorável escada em espiral. Tapetes persas cobriam o chão encerado de tábua corrida e havia confortáveis sofás de cor vinho, fora um baú de mogno entre eles. Uma lareira de mármore ocupava a maior parte de uma parede, e a outra, uma série de janelas do tamanho de monitores de computador. Enquanto uma outra parede abrigava portas duplas e envidraçadas, que permaneciam abertas, deixando que á brisa do oceano penetrasse na sala. Para completar este cenário havia uma mesa elegantemente posta para dois.
— Isto é magnífico — disse Hermione. — Você fez um ótimo trabalho neste lugar.
— Obrigado. Sempre cobicei o farol quando era criança, fugia para cá sempre que tinha chance. E quando ele não era mais útil a Llandaron, transformei-o em minha casa. — Ele caminhou em volta da mesa e puxou uma cadeira para ela. — Posso? — Ele sorriu maliciosamente. — Prometo que não vou puxá-la quando você sentar.
Ela não pôde reprimir o sorriso que surgiu em seus lábios.
— Eu agradeço. — Todo aquele cenário era surreal, a mesa posta com vista para o mar, e Mione precisou advertir-se, lembrando-se quem ela era e de onde vinha, e, mais importante, que um príncipe de verdade estava sentado à sua frente.
Em segundos, uma mulher de cabelos grisalhos e um sorriso agradável colocou pratos com um cheiro maravilhoso na frente deles. Após agradecer à mulher, Hermione virou-se para Harry e murmurou:
— Cheeseburguers, batatas fritas e cerveja?
Ele pegou uma batata e piscou:
— Uma refeição tipicamente americana para sua primeira noite longe de casa. Tenho soda se você preferir não beber álcool — disse Harry.
— Não, está ótimo.
Mesmo depois que Harry atacou a refeição, ela, por um momento, observou o príncipe de Llandaron enquanto ele pegava seu cheeseburguer e o devorava como qualquer plebeu americano. Mas não se tratava de um plebeu qualquer, ele tinha sangue azul. E sua atração por ele precisava ser controlada.
— Algo errado, Hermione? Ela despertou:
— Como?
— Você não está comendo, e parece ter algo a dizer.
Ela optou por uma conversa casual.
— Já esteve na América, Alteza?
— Muitas vezes. Possuo muitas empresas lá.
— É mesmo? — perguntou surpresa.
— Eu trabalho de verdade, Hermione. — Ele sorriu. — Não como um rei, mas como um cidadão comum. Minhas empresas fabricam sistemas de purificação de ar e água para escritórios e hotéis. Imagino que sua necessidade de cuidar de animais também surgiu quando você era bem jovem.
Hermione tomou um gole de cerveja e assentiu.
— Quando vi pela primeira vez um filhote de esquilo com suas pernas presas em uma armadilha, fui fisgada. — Ela beliscou uma batata. — É curioso, mas depois que ajudei o esquilo, mais animais apareceram no meu quintal.
— Sua atitude se espalhou pelo reino animal.
Ela concordou.
— Acredito que eles sabiam que eu realmente estava comprometida em ajudá-los.
— É claro que sim. — Harry disse estas palavras com tal convicção que paralisou Hermione. Geralmente, quando ela falava algo do tipo, as pessoas riam e pensavam que ela estava ficando louca.
Harry tomou um gole de sua cerveja.
— Você fez faculdade de veterinária, e então...
— Então Dennis e eu abrimos nosso consultório.
— Dennis?
— Meu.., bem, ele é um grande amigo, um ótimo homem, de verdade. — Ela parecia uma imbecil. Por que não lhe contou que Dennis era praticamente seu noivo? — Dennis é... bem, eficiente, e é ótimo com animais.
—Parece chato.
Ela sacudiu a cabeça.
— Ele não é chato. Ele é...
— Eu sei — disse ele sorrindo. — Eficiente.
Ela o olhou de relance:
— Os homens não precisam ser ricos, bonitos e da realeza para serem atraentes para uma mulher, Alteza.
Aqueles olhos verdes a analisaram:
— Você me acha bonito?
Ela queria desviar o olhar, mas ele a encarou. Ela precisava se desvencilhar dele, daquela magia sensual que o cercava.
— O que acho é que... estou satisfeita. — Levantou-se e jogou seu guardanapo na mesa. — Estou realmente cansada. Foi um longo vôo, um longo dia, e não pretendo tornar uma longa noite, então... — Parou de falar, dando-se conta do que havia falado.
Harry sorriu.
— Levarei você de volta.
— Acho que sei o caminho. — Ela olhou pela janela. Devia passar das sete. — A neblina cessara.
Mas o homem era um príncipe, um cavalheiro, e a levou de volta. Não à porta de seu quarto, graças a Deus, porque pela primeira vez Hermione sentiu algo classificado por ela como um surto de loucura.
— Vai se casar com ela?
Harry havia acabado de se despedir de Hermione. Ele estava excitado, desejando algo que não deveria nem ao menos considerar, e sem paciência para conversar com seu pai.
— Casar com quem?
— Com a duquesa de Claymore.
— Não. — Uma noite com aquela mulher já havia sido mais que suficiente.
O rei suspirou e inclinou-se em sua cadeira.
— Terei de lembrá-lo de nosso acordo?
A boca de Harry se contraiu.
— Não...
— Onze meses atrás nos sentamos aqui e falamos da importância de ter meus dois filhos casados. Dei um ano para que você encontrasse uma noiva, e me lembro bem de sua concordância. — O rei tirou seus óculos de leitura e observou o filho. — Ainda resta um mês, Harry. Se não encontrar uma mulher apropriada para se casar neste tempo, juro que escolherei por você.
— Não encontrei ninguém com quem pensasse em me casar, pai — disse tranquilo. — Sugiro que a conversa pare antes que percamos a calma.
— Não vou parar. Seu irmão está casado há cinco anos e ainda não teve um herdeiro. Isto é nossa obrigação, Harry.
Uma ira controlada tomou Harry enquanto ele observava seu pai o homem que amava e respeitava, e teve a sorte de apaixonar-se pela mulher que se tornaria sua rainha. Como poderia esperar que seu filho desejasse menos que isso?
Llandaron era um país pequeno, sempre em risco de ser tomado por algum de seus poderosos vizinhos. Precisava de autonomia. Seus cidadãos acreditavam na estabilidade da família real.
Mas que droga, ele não se casaria com uma mulher que não amasse. E considerando o fato de que ele nunca esteve perto de sentir-se assim, em seus trinta e cinco anos de existência, não esperava que fosse encontrá-la de uma hora para outra.
O rei sacudiu a cabeça e suspirou:
— Não entendo você. Há centenas de belas mulheres no reino para escolher.
As palavras de uma linda veterinária americana soaram em seus ouvidos: “Só temos uma chance nesta vida. E dar o controle dela aos outros é um desperdício”. Ela insistia para que as pessoas fizessem suas escolhas. Pessoas comuns tinham escolhas, mas e um príncipe? Um homem que amava seu país? Ele deveria sacrificar suas necessidades pessoais?
— Não duvide, Harry — disse o rei com firmeza. — Em pouco mais de três semanas, na noite do Baile de Máscaras, você anunciará o nome de sua noiva, ou eu o farei.
Apropriada. A palavra ressoou em sua mente. Será que seu pai voltaria atrás se a mulher fosse inadequada? Harry levantou o olhar.
— Você acatará minha escolha, pai? — perguntou com astúcia.
O rei assentiu:
— É claro.
Harry lhe desejou boa noite e deixou o aposento. A Dra. Hermione Encantada o havia atraído desde a primeira vez em que a viu.
Ter Hermione em sua cama e ao mesmo tempo deixar de uma vez por todas a questão do casamento de lado — era a melhor solução.
Obs:Oiiii pessoal!!!!Capitulo postado!!!!Espero que tenham curtido!!!!Ainda essa semana tem mais!!!!Bjux!!!Adoro vocês!!!!
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