O Espião e seu mestre



O vento rugia forte, batendo insistente nas janelas fechadas das casas refinadas e balançando todas as árvores que estavam em sua trajetória. Era tão potente e violento que uma das janelas de uma casa em particulpar não resistiu e se abriu. O pedaço de madeira que fora transpassado em horizontal do lado de dentro para trancá-la se quebrara em vários pedaços e um quarto dos vidros delicadamente trabalhados não resistiu e se estilhaçou, chamando a atenção de dois homens que se encontravam do lado de dentro do cômodo.

Um deles se sobressaltou e um arrepio subiu-lhe espinha a cima. O outro, o mais velho, apenas moveu o pescoço lentamente na direção do barulho, mas não deixou sua atenção se desviar.

- Continue! - ordenou, olhando outra vez para a figura, trêmula, de pé, a sua frente.

- É... É apenas isso, senhor. Foi tudo o que eu ouvi.

O homem que estava sentado se levantou. Seus traços que há muito já não eram belos e nem jovens, tornavam o seu rosto irreconhecível. Suas vestes gastas e a perna dura que mais se arrastava do que se movia era uma prova do que ele tinha passado nos últimos anos.

Ainda ignorando o vento que zunia e continuava a bater a janela na parede, irritando o outro homem, ele murmurava:

- Grande áurea de poder natural... Aquele que possue um coração repleto de um desejo de vingança pelas perdas... Você tem idéia de como isso é fantástico, Sleve?¹

Aparentemente incomodado com o apelido humilhante, o tal de Sleve se pronunciou:

- Desculpe, senhor, mas eu pensei que teria outra reação ao saber sobre tudo. Não consigo compreender o que há de tão fantástico na informação que lhe dei.

Ele terminou a frase com um olhar irritado na direção da janela, que ainda batia insistente por causa do vento.

Arrastando a perna outra vez, o homem voltou para sua poltrona.

- Eu imaginei que não entenderia. Você não é muito sagaz, Sleve.

O desagrado do rapaz foi claramente visível.

- Gostaria que não me chamasse assim. Quando o procurei deixei bem claro que não seria seu servo. Seria como...

- Um sócio? - ele riu. - Tudo bem, tudo bem, não fique se martirizando. Você está sendo útil, apesar de algumas idéias dignas de sua idade ainda me atrapalharem muito. Mas eu sinto muito, o apelido não vai mudar, já me adaptei.

Lógico que Sleve não ficou muito contente, mas não era uma boa desafiar o homem a sua frente.

- Quanto à informação... O que há de magnífico é que eu simplesmente estou enxergando longe. Essa criança, assim como é para você e sem dúvida seria para o Lorde uma ameaça, para mim, eu vejo como um auxílio. Um grande auxílio. Você, Sleve, por algum momento pensou no quanto seríamos beneficiados com essa criança ao nosso lado?

Ao silêncio do outro, o mais velho sorriu e continuou:

- Claro que será difícil... Encontrar essa criança... Mas seríamos invencíveis! Julho, você disse? Tem certeza de que ouviu direito?

- Eu não estava muito perto, senhor. E um barulho na cozinha me impediu de ouvir direito. Se não for Julho, é Junho. Mas eu estava lá. Eu ouvi.

- Ótimo... O problema é descobrir quem é a criança... Foram muitos os que foram caçados pelo Lorde...

O rapaz empertigou-se, antes de dizer, hesitante:

- Tenho suspeitas, senhor.

Uma sobrancelha foi erguida.

- E só me diz isso agora?

- Só que são problemas, senhor. Para esta data estão previstas três crianças. um filho de Potter, um Weasley e um Malfoy.

A expressão do homem ao ouvir o último nome foi assutadora, como se alguma lembrança muito ruim e muito amarga viesse à tona. Porém ele foi rápido em desfarçá-la.

- Um Malfoy? Hum, isso vai ser interessante... Mas aparentemente o nosso problema é maior... É mais fácil um cruzamente entre um pelúcio e um Hipogrifo do que trazer um filho de Potter para o nossa lado... No dia em que um Weasley traidor de sangue querer eliminar trouxas o lorde das trevas vai reencarnar como uma fênix. Já um Malfoy, considerando o passado...

- Pelo que ouvi a criança Malfoy está fora de cogitação, senhor. Parece que está prevista apenas para agosto.

Os olhos do homem brilharam. ele se lenvatou outra vez...

- Isso é ruim... Não, isso é péssimo... Não, não... Esqueça o plano... Essa criança não pode nascer. Definitivamente. Temos que impedir que nasça, Sleve, você entende?

Pela primeira vez o homem pareceu se irritar com o barulho da janela. A um aceno de sua varinha, os 3/4 que sobraram de vidro nas portas grudaram na parece. E lá, paradas, permaneceram.

- Mas o que vamos fazer se não sabemos quem é a criança, senhor?

O Bruxo olhou-o por um segundo antes de enfiar o polegar na boca e mordê-lo, denunciando a lucidez que em parte já o abandonara.

- Espere, há um jeito... - Seu rosto se iluminou. - Sim... Há uma maldição à distância... Tem que funcionar... Vai funcionar!

Aos poucos ele pareceu ir voltando ao normal. A frieza tão comum voltou ao seu rosto. Ele voltou a se sentar.

- Isso não será um problema - informou ao rapaz que o observava. - Não será. Não se preocupe. Pode ir agora. Volte se tiver novidades.

Sem se atrever a argumentar e feliz por ser dispensado, Sleve deu as costas e já abrira a porta quando uma pergunta chegou aos seus ouvidos:

- Você o viu?

- Vi. - respondeu. Era óbvio de quem se tratava a pergunta.

- E como ele está?

- Mais forte. Mais feliz. Coisa que não era vista na época da guerra.

Houve um silêncio.

- Vá! - A voz soou, mais fria e seca do que nunca. Sleve se apressou em obedecer, mais do que satisfeito por isso.

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*¹Sleve, ou Slave, não me recordo direito, significa "Servo" em Inglês. ;D

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