Uma busca quase sem fim
Harry devia estar distraído, porque assim que Gina terminou de dizer sua última frase, ele retrucou quase que imediatamente:
-Mas para onde ele levou a espada? - e ele perguntou isso, na maior naturalidade.
Rony puxou a manga de seu moletom sem entender o amigo.
-Harry! Você ouviu bem o que ela disse?
Rony tinhas os olhos arregalados, e Hermione, parecia mais pensativa que o normal.
-O que mesmo você disse, Gina? - perguntou, Harry, pois na primeira vez devia ter ouvido errado.
Gina falou pausadamente:
-Seu... Filho... Está... Com a... Espada!
-O QUÊE?
-Harry? Você traiu minha irmã?
A pergunta de Rony foi tão idiota naquele momento sério, que um barulho quase surdo de uma mão batendo na cabeça de alguém fez eco no silêncio.
-Cala a boca, Rony! Deixa de ser idiota!
-Aiiiii, Mione! E vê se deixa de me bater!
Rony ficou massageando a própria cabeça.
-Calma! Eu explico - disse Gina.
-É melhor mesmo, porque eu não estou entendendo nada - falou Harry, atônito.
-Bem, um garoto chegou para mim, antes de ontem, pela manhã, e me chamou de mãe... - Gina ficou corada, e Hermione sorriu para a amiga. Harry e Rony, porém, nada, ainda, entendiam.
-Continue, Gina - pediu Hermione.
-Eu não acreditei nele, e pedi para ele se afastar, pois eu estava tentando ouvir a rádio bruxa, que estava dizendo que Harry estava doente. No período da tarde, eu vi Luna ir conversar com esse garoto de não mais de onze anos. Uma criança. E me pareceu que se tornaram bons amigos. Porém, hoje de manhã, Neville me disse que Luna sumiu, e como ele é monitor, ele me falou que nunca viu aquele garotinho antes na escola, na Grifinória. Nós dois acabamos deduzindo que os dois fugiram juntos, e os professores estavam dizendo que a espada de Gryffindor sumiu. Neville acha que os dois levaram.
Harry, ainda boquiaberto, tentou raciocinar.
-Por que você acha que ele é meu filho? Isso quer dizer que vou viver? Que vamos... Nos casar?
Gina abaixou a cabeça, e levantou, sorrindo.
-Acho que sim, Harry. Ele é parecido com você.
-Mas isso é ótimo! - Harry ergueu-se da cama e puxou Gina, para abraçá-la.
-Não quero estragar a alegria de vocês dois, mas acho que, tanto eu quanto Mione, estamos pensando a mesma coisa.
-Rony tem razão... - começou Hermione, mas foi interrompida por Rony.
-Eu finalmente tenho razão em alguma coisa? Que ótimo!
Hermione riu, e continuou:
-Vocês não vão se casar, se o bebê não voltar para o tempo dele. E se esse tal filho, não voltar para o futuro, vocês vão sofrer.
Harry e Gina, que estavam de mãos dadas, e em pé, olharam para Rony e Mione, que estavam sentados na cama.
-Ela tem razão - disse Gina. - Eu fui burra, quando não acreditei no menino.
-Mas Gina? Ele não disse nada que pudesse nos ajudar numa possível busca do Vira Tempo que o trouxe?
-Não - respondeu ela, com decepção, encostando sua cabeça no ombro de Harry.
-E agora? - perguntou Rony, preocupado. Todos se entreolharam. Era uma boa pergunta, e agora?
Doente daquele jeito, Harry não poderia viajar. Por mais que soubessem do paradeiro do filho dele, a sua falta de ar estava praticamente insuportável, e ninguém ousaria carregá-lo para lá e para cá, ainda mais com um bebê nos braços. McGonagall foi logo avisada por Gina, que imediatamente levou a enfermeira da ala hospitalar à sala comunal da Grifinória, para que ninguém soubesse que Harry estava ali. Após examinado, todos no quarto, antes vazio, e agora habitado pelo pequeno grupo, ficaram ansiosos pelo diagnóstico.
-Olha... Harry Potter, está com os batimentos cardíacos fracos - disse a enfermeira. Nessa hora, Gina e Hermione, levaram suas mãos à boca. - Mas só um medibruxo vai poder dizer o que ele tem.
-Vai ser arriscado - começou McGonagall. - Mas traremos um doutor aqui. Você não morrerá, e nós vamos comunicar a Ordem que você está aqui, e procuraremos até achar, o ira Tempo que trouxe esse bebê, e o mandaremos de volta, o quanto antes.
Depois de dizer isso, ela saiu às pressas.
Gina se aproximou de Harry, e o abraçou confortavelmente. Era bom estar nos braços dela, pensou ele. Se morresse ali, não haveria o menor problema. Mas em seguida ele voltou a realidade, e pensou em como poderia morrer e deixar Voldemort matar as pessoas que ele tanto amava?
Rony e Hermione pareciam dois namorados, num canto do quarto conversando, pertinho um do outro, com as mãos unidas. Harry sabia que era a preocupação com ele, que os estava deixando assim.
-Não se preocupem, eu e o bebê vamos ficar bem. E mais cedo, ou mais tarde, uma solução vai aparecer.
Foi como se as palavras de Harry fossem mágicas. De repente, um barulho na janela se fez ouvir. Hermione foi ver o que era.
-Harry! Harry! Harry! É uma carta pra você! A Edwiges trouxe!
Harry deixou Gina, e se levantou correndo, apesar da dor, a curiosidade se fez mais forte.
-De quem é Hermione?
-Veja você mesmo! - exclamou ela, feliz.
Quando Harry pegou a carta, quase não acreditou.
Estava escrito no envelope:
"Dos seus pais que te amam muito".
-Leia! - pediu Rony.
Harry abriu a carta correndo. Quase extasiado com a surpresa.
Ele leu em voz alta:
"Estimado filho,
Seu pai e eu, não sabíamos como lhe escrever. Mas foi como um ato de sorte inusitado, uma coruja branca e bonita, nos apareceu, quando ainda estávamos perto da Toca. Agora estamos longe, e não podemos dizer aonde, porque não podemos ser vistos por ninguém, do contrário não poderemos voltar ao nosso tempo e espaço. O bebê era nosso único meio de comunicação. Mas através de uma rádio bruxa, ficamos sabendo que você está doente, Dumbledore disse que isso poderia acontecer. Mas enviamos no envelope a receita de uma poção que acabará com o problema, ela fará o bebê permanecer no mesmo tamanho por dois meses. Então você poderá viajar tranquilamente em busca de umas tais horcruxes. Dumbledore disse que vocês precisam acabar com elas em menos de sete meses, porque é o máximo de tempo que podemos ficar, e porque Voldemort está pronto para uma guerra. Lembre-se que já passou um mês.
Vocês terão que deixar o bebê em Godric's Hollow, sozinho, daqui seis meses, ele poderá tomar apenas uma dose a cada dois meses da poção, e o máximo de vezes que é permitida tomar essa poção rara, é três vezes. O que nas minhas contas está certo. Sinto saudades do bebê, e sinto muito em não poder ver você crescer, meu filho. Dumbledore disse que não posso nem ver uma foto sua, que isso pode prejudicar minha mente, quando eu retornar. Mas acho que não há problema em te ver de longe em algum momento. Seu pai e eu te amamos muito. Ele diz que quando tudo isso acabar, você deve ser muito feliz, e tentar esquecer tudo que te fez sofrer.
Muitos beijos, muitos felizes aniversários, muitos abraços, meu e de seu pai, em todos esses anos de ausência fisíca, mas de presença eterna em seu coração.
Te amamos."
Harry chorava, Gina e Mione também. Rony estava cuidando do bebê, que acabara de acordar, mas também parecia emocionado.
-Como eu queria os ver!
-Mas não pode Harry - disse Mione, suavemente, abraçando o amigo.
Ela então pegou o envelope da mão dele, retirou um segundo papel, e leu a receita para si mesma, e disse:
-É mais fácil do que imaginei. Agora podemos viajar, à procura de seu filho, da espada e das horcruxes restantes, sem nos preocupar com a saúde sua e do bebê.
Antes que a professora Minerva voltasse, Hermione com ajuda de Gina, que buscou os ingredientes na sala de herbologia e na cozinha da escola, fez a poção. Em seguida colocou na mamadeira e fez com que o bebê tomasse.
-Ainda bem que vai leite, é mais fácil para o bebê digerir - comentou Hermione, enquanto o bebê sorvia do liquido branco.
-Vamos, antes que Minerva volte! - pediu Harry, agora melhor, já que tomara uma poção fortificante que Gina encontrara nas coisas de Neville. Era estranho, mas o mais dedicado aluno da Armada de Dumbledore não estava no quarto.
-Onde será que foi Neville? - perguntou Rony, estranhamente curioso.
-Deve estar perambulando o castelo atrás de alguma pista da Luna - respondeu Gina. - Acho que ele tem uma queda por ela - comentou, sorrindo.
-Eu sempre pensei que ele tivesse uma queda por você! - protestou Rony, como se tivesse perdido uma parte do jogo de quadribol, e agora estivesse sendo corrigido pela irmã mais nova.
-Por que ele se interessaria por Gina, se sabe que eu e ela somos namorados?
-Harry, que eu saiba vocês tinham acabado nas férias!
-Mas Rony, as coisas estão um pouco diferentes agora. Quero ir com vocês, quero ver meu filho e pedir desculpas por não ter acreditado nele.
Dessa vez não foi so Rony que arregalou os olhos e protestou.
-Você ficou maluca, Gina? - perguntou, Harry, incrédulo.
-Você me ouviu muito bem! Se Luna e Hermione podem correr esse risco com Voldemort, eu também vou correr, e não me venha com ladainha, Potter! - esbravejou ela, antes que saísse algum som da boca semi aberta de Harry.
O quarto ficou em silêncio. Apenas o bebê fazia barulho com a mamadeira vazia que chaqualhava em suas mãos. hermione não parecia ousar encarar, nem Harry e muito menos Rony, era como se quizesse ajudar a amiga, sem se comprometer.
-Bem... Vamos? - perguntou Gina, depois de alguns segundos, em tom definitivo.
-Se não há outra alternativa... - disse, Harry, preocupado com a segurança dela.
-Deixa mamãe saber disso, Gina! Ela vai te matar! - falou um Rony brabo.
Gina pegou o bebê no colo.
-Vocês não tinham levado Bicuço? - perguntou ela, o bebê parecia gostar muito de seus cabelos vermelhos.
-Parece que você é gamado na minha irmã, desde pequeno. Olha como ele mexe nos cabelos dela! - apontou Rony.
De repente, sem nem se dar conta do que dizia, Harry respondeu ao amigo.
-É claro! Ela tem o cabelo igual ao da minha mãe, o bebê talvez acha que ela seja minha mãe de fato.
Hermione ficou pensativa.
-Faz sentido, Harry.
Harry sentiu seu rosto corar, quando Gina o olhou admirada e intrigada ao mesmo tempo.
-Respondendo sua pergunta, Gina, levamos sim, mas deixamos ele na cabana de Hagrid, novamente, acho que será melhor assim. Poderemos só aparatar. Você terá que ir como acompanhante de um de nós.
-Ok, Mione.
Ouviram-se batidas na porta. Estava na hora de ir embora. Saíram por uma abertura feita no fundo do quarto, que dava direto a sala da Grifinória.
Depois disso, saíram pelo retrato da mulher gorda. Desceram as escadas correndo, e saíram do castelo, sem serem vistos, pelo menos assim pensavam. Quando estavam quase no portão de Hogwarts, Gina que já tinha o bebê bem enrolado embaixo de sua capa, lilás e azul escura, gritou.
Com o susto todos frearam a corrida.
Harry pensou:
"Droga! Faltava tão pouco para atravessar o portão e aparatar!"
Mas ao virar-se com a varinha em punho, sorriu em alívio.
Neville sorria, com sua habitual cara rechonchuda.
-Olá, pessoal!
-Que susto! - ralhou, Gina, com ele.
-Foi mal. Onde estão indo? Atrás da Luna? - perguntou, ele, esperançoso.
-Sim. Mas, shiiiii! - pediu Hermione apreensiva.
-Posso ir com vocês?
Harry olhou para Rony, que revirou os olhos para cima, mas assentiu que sim com a cabeça.
-Vamos, então! - chamou, Harry.
Os cinco amigos e mais o bebê transpassaram o portão de Hogwarts. Em seguida aparataram todos para o mesmo lugar: o oeste da Inglaterra.
Alvo teve que tirar seu moletom, porque no sul da Inglaterra era mais quente do que em Hogwarts. Foi um dia inteiro de buscas pelo seu pai. mas não econtraram sinais dele. Luna parecia feliz, e Alvo não entendeu aquele ar de quem acaba de ganhar um maravilhoso prêmio. A noite já tinha caído e ele queria saber onde poderiam dormir, em segurança.
-Luna? Onde iremos dormir?
-Temos que voltar para Hogwarts.
-O QUEEÊ? Mas acabamos de sair de lá! - protestou ele.
-Eu sei. Mas o Zonzóbulo me disse que eles foram para lá - disse ela em tom de seriedade.
-O Zonzo... o quê?
-O Zonzóbulo. Vamos montar nos nossos testrálios, temos que voltar!
Os dois então montaram. Alvo de má vontade, que subiu no seu animal invísivel. Tudo que queria era achar seu pai, mas se contentou com a possibilidade de tentar convencer Gina, mais uma vez, de que ela era sua mãe.
E enquanto eles sobrevoavam, um ser encapuzado se marterializou ali, e os observou voar e sumir na imensidão do céu azul escuro. Sua imagem estava oculta nas sombras. Seus planos estavam saindo como o esperado. Todos estavam se desencontrando, e era assim que tinha que ser. A guerra, aos poucos, estava ganha.
Sorriu, e, num estalo, sumiu.
Harry e Gina estavam de mãos dadas, e o bebê no colo dela. Hermione e Rony vinham logo atrás, conversando com Neville, que parecia animado com a possibilidade de encarar Voldemort de frente, se assim acontecesse, e então ser o orgulho de sua avó. Harry e Hermione olhavam a todo instante suas bússolas de bolso, e sabiam que estavam numa pequena cidade do oeste, depois de muito andar pelas matas e florestas daquela região. Todos precisavam descansar. Alugaram então dois quartos numa pensão pequena. Gina, Hermione e o bebê ficariam no quarto 17, e Harry, Rony e Neville no quarto 19, ao lado.
Como se chumbo tivesse caído em sua cabeça, Harry adormeceu rapidamente, ele ficara com a cama perto da porta. Teve sonhos estranhos, onde um Harry de onze anos corria contente no castelo, feliz por ser um bruxo, mas de repente um outro Harry, de quase dois anos, que chorava muito, quase sufocado pelo próprio choro, estava no colo de Voldemort. E havia ainda um Harry adulto, preocupado, extremamente aflito, com um menino parecido com ele ao seu lado, parecendo lhe explicar coisas, que ele, o dono do sonho, distinguia como palavras sem nexos.
Acordou todo suado, já era de manhã, e as outras duas camas de solteiro, ao lado, estavam vazias. Desceu as escadas e encontrou todos os amigos reunidos, Gina parecia aflita.
-O que houve?
-Harry...
Hermione silenciou a amiga, e falou no lugar dela:
-Voldemort já sabe do bebê.
-O QUÊ? MAS COMO?
-Calma! O bebê está seguro - disse ela, apontando o carrinho ao lado de Rony, onde ele dormia trânquilamente. - Mas a rádio bruxa acabou de dizer que Voldemort está matando todos os bebês trouxas de onze meses a um ano e meio de idade. Ah! Harry! Ele está sendo perverso demais. E a rádio disse que pode ter ligação com o boato de terem visto você andando com um bebê.
-E, Harry, quando invadiram a casa da mamãe, um dos comensais era Lúcio, e ele alegou para mamãe que viu, Potter, você, desaparecendo com um bebê.
Harry olhou para Gina, e ela sustentou sua voz, ao encará-lo, e continuou:
-Tentaram fazer mamãe e papai falar, mas como você já sabe, eles não puderam fazer nenhum feitiço, devido a proteção, que eles quebraram apenas parcialmente.
-Sim, eu sei. Mas Hermione, você acha que ele suspeita de alguma coisa?
-Para estar matando, no minímo, ele acha que esse bebê é seu filho.
-Quê? Mas como poderia pensar nisso?
-Não sei, Harry. Se ao menos soubéssemos onde está os dois Vira Tempo... Então eu poderia afirmar que ele não sabe de nada dessas histórias do passado e do futuro...
-Mas segundo a carta, minha mãe tem um dos dois Vira Tempo com ela, pois sua segurança em voltar para seu tempo estava clara em suas palavras.
-É, Harry, mas e se Voldemort os encontrou, ou se eles perderam o Vira Tempo? E para o seu filho, e de Gina, sair atrás de você, talvez seja porque não sabe como voltar, sinal de que perdeu o Vira Tempo, que não era nem mais para existir no futuro.
Rony a olhou intrigado.
-Mas Hermione, no futuro eles podem ter criado outros - disse, astutamente.
-É, eu sei - falou ela, não muito segura disso.
Harry sentou-se no sofá, profundamente abalado, não queria pensar que seus pais não estavam seguros. Ficou olhando preocupado para o bebê. Tinha que achar seu filho do futuro, e quem sabe alguma coisa pudesse fazer pelo menos ao filho, ajudá-lo a voltar e de quebra conseguir a espada, e exterminar o medalhão. Ele precisava destruir Voldemort, antes que ele resolvesse matar mais algum bebê, apenas por ser trouxa.
...
Chegaram em Hogwarts pouco tempo depois. Estavam com fome e frio. Luna seguiu na frente, para levar os testrálios na orla da floresta. Alvo ficou esperando ela, perto da cabana de Hagrid. Ouviu latidos vindo dela e ficou imaginando se eram do cachorro do qual o meio gigante sentia tantas saudades, que morrera há anos, mas sempre estava presente nas histórias do velho, alto e barbudo, Hagrid.
Era muito estranho imaginar, que pessoas no seu presente, naquele presente ali, podiam estar vivas. Seu tio Fred ainda estava vivo, pensou ele com agitação. O gêmeo do seu tio favorito, o Jorge, se bem que tio Rony também era muito legal.
Com esses pensamentos, foi despertado com a voz doce de Luna. Ia fazer questão de conhecê-la, em seu futuro. Ela podia ser maluca, mas era legal.
-Vamos comer alguma coisa, daí você me conta melhor como chegou aqui! – disse ela, alegremente.
-Mas temos que procurar meu pai!
-Sim, claro! Mas, antes, temos que nos alimentar para a próxima viagem...
-O QUÊ? Viajar de novo?
-Você não reparou que o castelo está muito silencioso? Harry Potter passou por aqui, mas saiu de novo, e levou sua mãe, a Gina, e ainda por cima, o Neville. Assim ficou difícil para a gente achá-los.
Os dois caminharam até o castelo, e era verdade, ele ouviu a enfermeira falar que Potter havia ido embora, sem nem ser examinado pelo medibruxo.
-Como você sabia? – perguntou num sussurro a Luna.
-Intuição, eu acho.
Os dois se serviram do café da manhã. Comeram um bocado. Luna mandou ele esconder comida nas vestes para que eles pudessem agüentar mais um dia viajando. Pouco tempo depois, os dois sobrevoavam um vilarejo conhecido aos olhos dele, era onde seus avós estavam enterrados. Mas Luna disse que seu pai não estava lá. E eles voaram para longe dali.
Como já se sentia muito bem, revigorado, Harry fazia questão de carregar o bebê por toda a parte, não deixava nem mesmo Gina pegá-lo, nem quando o bebê pedia o colo dela.
-Para de querer ficar com a Gina, bebê! – pediu Harry, implorando que o bebê o entendesse, mas a criança desatava a chorar, e quando via que a técnica não funcionava, ficava manhoso no colo dele, com um beiço de dar dó.
-Daqui ele, Harry!
-Não, Gina! Ele tem que ficar comigo!
-Quando tivermos nosso filho, não vou deixar você pegá-lo também, só para você ver o que é bom pra tosse! – exclamou ela, indignada, cruzando os braços com um ar de superioridade, que ele adorava.
Rony parecia muito descontraído, tanto que, enquanto caminhavam, todos, por uma trilha rodeada de árvores, ele pegou na mão de Hermione e ficou andando com ela, apontando o formato da neve nas folhas.
-Àquela ali parece um coração... – disse ele, e suas orelhas ficaram vermelha, Hermione riu. Será que finalmente os dois iriam ficar juntos? Mas Harry pensou em Neville que parecia deslocado, e, em seguida, Hermione pareceu pensar nisso também, porque soltou a mão de Rony sem motivo aparente e andou, passando os dedos nas árvores.
Rony ficou sem entender. Emburrou a cara, e caminhou na frente. Hermione desanimou.
-Esses dois não têm jeito mesmo.
-De quem ta falando, Harry?
-Do Rony e da Mione.
-Ah! Bem... Uma hora eles acabam se entendendo, como nós.
Harry não resistiu, e com o bebê firme no braço esquerdo, ele puxou Gina, com o braço direito, retirou seus cabelos cor de fogo do seu rosto, e a beijou, sem se importar com Neville, Rony, nem Hermione.
Os dois se beijaram até ouvirem tossidas, que coincidentemente vinham dos três amigos.
-Todos resolveram ficar doente na mesma hora? – perguntou ele aborrecido, com o braço direito em volta da nuca de Gina, que havia corado um pouco, mesmo isso não sendo do feitio dela.
Os três amigos se entreolharam, envergonhados, e o bebê olhava curioso para todos, com um ar risonho.
Vamos acampar então! – Disse, Gina, se desprendendo de Harry, e tirando da mochila uma barraca.
-Mas você acha seguro ficar ao ar livre durante a noite? – perguntou Neville.
-Há encantamentos de proteção – disse Hermione. – E, além do mais, caso Luna esteja usando testrálios, Harry poderá visualizá-los.
Assim montaram acampamento. Com a esperança de que o dia passasse rápido, e que a noite trouxesse Luna e o filho de Harry Potter até eles.
Harry deixara o bebê dormindo na barraca, junto de Hermione e Gina, na cama. Neville e Rony já dormiam no chão. Por que ele não conseguia dormir? A inquietação era notável. O frio era congelante. Mas ele queria tomar um ar. Saiu. Caminhou até onde a proteção acabava. Não era certo dar mais nenhum passo. Alguém poderia vê-lo. Se bem que o céu estava cheio de nuvens. Tudo numa escuridão total. E Luna jamais o veria.
Atravessou o encantamento. Um medo diferente percorreu-lhe a espinha. Ouviu passos nas folhas caídas das árvores, na neve maciça. Girou nas pontas dos pés e ficou atento: nada. Total escuridão. Caminhou mais, se afastando do acampamento. Não era seguro! Exclamava uma vozinha dentro de seu ser. Mas ele precisava ir. Ele já estava indo.
Outros passos. E se fossem comensais? Lúcio? Snape? Bellatrix Lestrange?
Acabou nem perguntando a Gina, se Draco Malfoy voltara para escola. Depois de quase matar Dumbledore, passear pelos terrenos do castelo como se nada tivesse acontecido, era bem do feitio dele.
Agora eram passos mais próximos. E Harry distinguiu como passos de animais. Olhou para trás e nada. Escuro demais.
-Ei!
-Psiu, Alvo!
-Luna, alguma coisa pisou no meu pé, e eu não vejo nada!
A vozinha fina de um garoto de mais ou menos onze anos, sondou os ouvidos de Harry. E ele escutara o nome de Luna! Uma felicidade irrompeu de seu peito. Agora ele podia ver quatro olhos negros, dos animais que ouvira antes. Eram os testrálios, camuflados pela escuridão.
Correu até eles.
-Hermione estava certa! Vocês nos acharam! Mas como?
-Quem está ai? – perguntou o menino. – Tem a voz do meu pai... – disse, meio confuso.
-Harry Potter! – exclamou Luna, feliz, como se o tivesse encontrado numa festa. – como vai? Não consigo te ver.
-Como nos achou, Luna?
-Os testrálios sentem cheiros muito bem, eu dei a eles pedaços de sua meia velha, aquela que você jogou numa estátua...
-Sim, Sim, sem comentários, já entendi... Mas vamos para a claridade, lá na barraca.
-Vamos Alvo! Alvo? Alvo?
Mas o garoto não estava mais lá.
Os dois começaram a procurá-lo por toda à parte. Mas nada encontraram.
Harry se sentiu desolado. Luna achou melhor eles irem até a barraca, antes de continuarem a procurar.
Traspassaram o encantamento, havia a luz da barraca iluminando o círculo mágico, então Harry viu:
Um menino, baixo, que estava sentado num pedaço de madeira, com cabelos muito negros, um pouco gordinho, uma miniatura do Harry, que era ele. Sua afeição pelo menino foi tão grande, que o alívio de achá-lo só se dissipou ao conseguir abraçá-lo fortemente.
-Ai! Parece o Hagrid me abraçando, pai!
-Pai... – Harry ficou boquiaberto, agachou-se, e ficou na mesma altura que o menino, que se tornou a sentar.
-Posso te chamar assim, não?
-Pode sim – respondeu, um Harry maravilhado. Não percebera nem mesmo que Luna adentrara a barraca.
-Por que você saiu de perto da gente?
-O testrálio deve ter sentido o cheiro da comida de vocês...
-Você jantou? Temos carne assada. Quer?
-Quero sim, mas antes quero perguntar se você sabe como volto para o futuro?
-Você não está com o Vira Tempo que o trouxe?
-Não.
-Isso é um problema, mas daremos um jeito, e...
-Eu sei quem está com ele.
-Quem?
-Malfoy.
-O Draco?
-Ele parece o Scorpion.
-Quem?
-Acho que é filho desse aí que você falou.
-Seu nome é Alvo, né? – perguntou Harry admirado com o elogio que fizera ao diretor.
-Alvo Severo Weasley Potter! – exclamou o menino com muito orgulho.
Harry não entendeu.
-Como assim, Severo?
-Claro né pai! Você me disse que ele foi o bruxo mais corajoso que você já conheceu... Quero dizer, você me disse isso no futuro...
-O Severo Snape? O homem que matou Alvo Dumbledore?
-Eu não sabia disso.
Alvo ficou absorto em pensamentos.
Harry levantou-se, caminhou um pouco e pensou... Aquilo tudo tinha um motivo... Mas qual? Será que, se ele tentasse descobrir mais coisas com o menino, ia interferir no futuro? Resolveu perguntar isso a Hermione, quando ela acordasse.
-Vamos entrar, está frio.
O menino obedeceu rapidamente, quase como se tivesse sido treinado para isso.
Mas parecia muito feliz.
-Posso dizer uma coisa para você?
-Claro.
-Você é muito mais bonito sem barba, pai!
Harry riu. Usaria barba grande, no futuro? Mas ele nem gostava de barba...
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