O Dia Que o Sol Nascer Negro

O Dia Que o Sol Nascer Negro



Lily acordou muito animada. Finalmente era sábado depois de uma semana inteira de provas. NOMs, provavelmente a segunda coisa mais importante que fariam na escola. Lily tomou um banho bem demorado no banheiro dos monitores antes de descer para a biblioteca encontrar com Severus.
-Oi, Sev! - disse a garota animada e sorridente.
-Oi, Li.
Eles se cumprimentaram com um com um selinho e começaram a estudar, faltavam apenas dois NOMs, eles começaram estudando defesa contra as artes das trevas que seria primeiro.
Eles ficaram estudando durante algum tempo, até que quatro meninos entrar fazendo bagunça, levando uma bronca da Madame Pomfrey e chamando a atenção de todos. Mas aparentemente não chamando a atenção de Lily, que fechou os olhos, repirou fundo e abriu novamente os olhos sorrindo e fingindo que não vira o quarteto mais popular de Hogwarts.
-Falando em diabretes, Lily...
-Ignora eles, Sev, aqui eles não podem fazer nada, a Madame Pince já quer a caveira deles sem que eles prescisem causar.
-Vamos sentar aqui, marotos? - perguntou James Potter se sentando em frente Lily.
-Ah, claro, Pontas! Perfeito - respondeu Sirius Black rindo acompanhado de Peter Pettigrew e Remus Lupin.
-Podemos sentar aqui, não é mesmo, ruivinha?
-Podem sim, Potter, já terminamos mesmo, não é, Sev?
-Terminamos - concordou Severus olhando feio pra James.
-Então até mais, marotos - despediu-se Lily dando efeito à palavra "marotos" levantando com os livros - Ah, e antes que eu me esqueça: para o senhor, Potter, meu nome é Srtª Evans. Vamos, Sev.
Os dois sairam inexpressivos deixando James entristecido na mesa da biblioteca.
-Você viu o jeito que ele te olhou, Lily? - perguntou Severus quando se afastaram da biblioteca.
-Vi, o que você quer que eu faça? Proibir ele de me olhar?
-Acho que elçe gosta de você...
A garota suspirou bem alto e olhou cansada para Severus.
-Novamente com essa história de que o Potter gosta de mim? E daí? Se ele gosta de mim o problema é dele, você sabe muito bem que eu acho ele um palerma arrogante e metido.
-Eu sei, mas eu não gosto dele.
-Grande novidade, ninguém tinha reparado isso ainda - Lily começara a rir, novamente animada.
-Tá de bom humor hoje, heim? Que aconteceu?
-Ai, você não gosta de me ver feliz?
-Não, eu gosto, mas geralmente é só começar a falar no Potter e você já sai gritando com meio mundo e cuspindo fogo em qualquer um que falae com você.
-Ah, é que hoje é sábado e, apesar de ter que estudar, a gente pode passar o dia inteiro juntos - argumentou Lily muito sorridente, dando um beijo estalado na bochecha de Snape.
-Entendo que a minha presença te alegra, mas suspeito que não seja o motivo de toda essa alegria.
-Ai, como é metido! Mas não é, você tem razão... Na verdade eu nem sei, só sei que acordei feliz.
-Que bom, porque é assim que eu gosto de te ver.
-Ah, eu amo você, pimpolho do meu coração!
Lily deu uma olhada de esgüela para ver se havia conseguido o que queria e, ao ver que Severus corara, mordeu o lábio inferior para sufocar o riso.
-Sabia que você é cruel?
-Eeeu? Por quê você diz isso, Sevinho querido?
Severus sorriu descrente.
-Eu percebo quando você me faz corar e fica dando risadinhas, sabe?
-Você está me acusando injustamente de uma coisa muito grave!
-Mas eu devo ter realmente cara de idiota.
-Não fala isso, Sev, você é lindo, maravilhoso e sexy, e as únicas pilssoas que se encaixam nessas categorias e tem cara de idiota são os top models americanos.

James fitava meio triste, meio irritado a mesa de madeira enquanto os amigos cochichavam e riam.
-Quem diria - disse Sirius em voz alta - James Potter apaixonado!
Os amigos riram e James levantou a cabeça muito nervoso.
-Eu não tô nem aí pra namorada do Ranhoso, eu só gosto de encher os dois. Vocês sabem disso.
-Aham, sabemos - riu Sirius, que foi imediatamente repreendido por Remus.
-Rabicho, vem cá um minuto - falou de repente James se levantando e indo para um estante mais distante da mesa - E vocês dois pulguentos fiquem aí.
-Nossa, magoei, seu melhor amigo, Pontas!
-Eu magoei mais ainda, me comparou com esse cachorro!
-Parem de tosquices, eu e o Rabicho já voltamos...
Peter acompanhou James até uma estante bem longe da mesa onde estavam, na seção de magia para iniciantes.
-Pra que você quer um livro de magia pra iniciantes, Pontas?
-Não seja burro, Rabicho, eu te trouxe aqui pra ficar longe daqueles orelhudos!
-Ahh...
-Então, eu presciso de um favor, você pode fazer pra mim?
-Sempre a postos, Pontas. O que é que você prescisa?
-É o seguinte, e eu presciso que você se empenhe...

Lily e Severus seguiram até a orla da floresta, e se sentaram entre as abóboras da plantação de Hagrid e ficaram alí conversando e esperando o tempo passar. Até que a conversa chegou no...
-...Potter de novo? Que coisa, já disse que mesmo que ele me ame, idolatre, morra por mim, ressucite, dance vestido de macaco e dê estrelinhas pelo castelo eu não ligo a mínima!
-Não disse que você liga pra ele, só disse que ele custuma atrapalhar esses momentos felizes que a gente fica junto.
-E agora não foi diferente!
-Como assim? Ele não tá atrapalhando!
-Não fisicamente, mas a gente já tá falando sobre ele de novo!
-Ah, é que eu tenho uma raiva dele, sempre azarando as pessoas pelo corredor.
-Pelo menos ele não usa magia negra, não é mesmo?
-Mas de novo com essa história de implicar com meus amigos?
-Pois é, Severus, olha como as coisas são: de novo o Potter, de novo seus falsos amigos...
-Falsos?
-Exatamente, falsos, só são seus amigos porque você é inteligente e inventa uns feiticinhos interessantes...
-Ah, agora os "feitiços geniais" são "feiticinhos interessantes"?
-Os "feitiços geniais" são alguns como o abaffiato, os "feiticinhos interessantes" são aqueles como o levicorpus...
-Nem me fale desse!
-...E tem os "feitiços horríveis" também, que são as magias negras, como o sectusempra, não é mesmo?
-É incrível, já começou de novo...
-exatamente, começou de novo. De novo o Potter, de novo seus amigos falsos, de novo as coisas que eu tento justificar pra mim mesma pra não brigar com você por causa dos outros, mas você sempre consegue meter esses "outros" no meio da ossa vida, Severus - a menina tentava impedir as lágrimas ódio que se formavam em seus olhos apertados de raiva. Os dois estavam sentados um de frente para o outro, Lily havia acabado de sair bruscamente dos braços de Severus, que a observava com visivel tristeza e pesar, mesclados com ódio, um ódio que tinha nome. James Potter
-Sabe, Lily, as vezes parece que você gosta do Potter. Sempre protegendo ele.
-Gostar do Potter? Vira essa boca pra lá, credo! - disse Lily fazendo uma careta - Eu só acho que antes fazer o que o Potter faz, mesmo que eu desaprove totalmente o que ele faz do que fazer o que seu "amiguinhos" fazem!
-E quem te garante que o Potter não faz artes das trevas com as pessoas também?
-Ele não faz, eu conheço ele bem o suficiente pra saber que ele não se envolve com esse tipo de coisa...
-Você andou tendo conversinhas com o Potter sobre a vida dele? - debochou Snape, mas Lily fingiu que não ouvira o comentário, apesar de ter se ofendido muito.
-... E, espero eu, que ele nunca se envolva.
-Além de de conversar sobre a vida dele você também se preocupa com o futuro comensal dele?
Tentando se controlar, Lily se esforçava para ignorar os comentários de Severus, mas até ela tinha um limite. Ela se pós de pé num salto e foi alguns passos para trás olhando com os olhos verdes marejados para Severus.
-Você sabe muito bem que eu não quero nem que o Potter nem que ninguém use magia negra, eu... - ela fez uma pausa para segurar o choro - Eu não gosto nem um pouco do Potter, você sabe muito bem que eu gosto é de você... Eu gosto muito de você...
-Eu também, Lily, eu também te a... adoro...
-É, eu adoro você, eu amo você e já deixei isso bem claro, só que se for pra brigar todo dia por causa dos outros... Me desculpe se você pensa diferente, mas se for pra ser assim eu quero dar um tempo.
O silêncio constrangedor que aconteceu durante os mais longos dez segundos da vida deles parecia doer.
-Tudo bem, então... se você acha melhor...
-Eu te amo, Sev, só que eu cansei de justificar certas coisas, me desculpe.
-Eu também te amo, Lily, eu vou te amar até o dia da minha morte.
-Então eu vou te amar até o dia que o Sol nascer negro.
Ela deu um sorriso fraco e desviou o olhar quando Severus retribuiu um sorriso ainda mais fraco. Lily virou e foi indo em direção ao castelo fitando o chão.
Quando Lily ficou longe da vista de Severus ela correu para o castelo e se trancou em uma sala de aula vazia. A última coisa que viu antes de bater a porta foi um ratinho cinza que ia correndo em direção a biblioteca, depois disso, Lily caiu no choro encostada na porta fechada magicamente.

Severus assistiu Lily se afastar se concentrando febrilmente nas palavras "seja forte", naquele minuto em que ela demorou para sair de vista, Severus sentia um aperto no coração que doia mais do que ele nunca experimentara, até aquele momento. Finalmente Lily não era mais visivel na bela paisagem dos terrenos de Hogwarts, Severus abaixou o olhar para um ratinho que corria muito rápido em direção ao castelo. Ele não sabia o porquê, mas o rato lhe incomodava, mas logo o rato saiu de seus pensamentos enquanto Severus levantava tristemente e ia caminhando em passos lentos em uma direção qualquer. Pensava em tudo e em nada, mil idéias passavam em sua cabeça, nenhuma recebia atenção qualquer. O som que faziam os alunos de várias idades brincandoe falando alto ao seu redor pareciam distantes a abafadas. Vozes horrivelmente conhecidas despertaram Severus de seu transe.
-E então, Rabicho, me conta tudo antes que aqueles dois pulguentos apareçam por aqui.
-Eu ainda não entendi porque o Aluado e o Almofadinhas não podem saber...
-Porque não podem, muito simples. Agora conta tudo que você ouviu.
-Bem, eles estavam conversando sobre... er...
-Não me diga que esqueceu?
Potter e Petigrew, o garoto sentiu o estômago congelar. Seria medo?
"Eu não tenho medo do Potter...Mas tem medo do que ele te faz... Eu não sinto medo, sinto ódio... O ódio e o medo são por vezes confundidos quando se é orgulhoso demais... Eu não sinto medo de nada... Faz segundos atrás que você estava com medo de perde-la... Eu não tenho medo de perde-la... Nem para o Potter?
-... E então ela disse que era melhor darem um tempo e eles ficaram falando que iam se amar até sei lá quando...
Você disse o que? Eles deram um tempo?
-É. Depois a Evans foi corredno pra sala de...
-Há! Maravilha! Valeu, Rabicho, isso fica só entre nós dois, certo?
-Er... Tá...
-Palavra de Maroto?
-Palavra de... de Maroto...
-Rabicho, por quê tá me olhando com essa cara?
-Sei lá, você tá estranho...
-Eu estou feliz, amigo, feliz... Vamos, antes que o Almofadinhas e o Aluado surtem.
Severus se escondeu atrás de uma gárgula quando James e Peter sairam de uma sala, James parecia realmente muito feliz.

-Lily, você não sabe o que eu ouvi ontem.
-Me diga, o que você ouviu ontem?
-Eu estava andando, logo depois que você saiu, daí eu ouvi o Potter e o Pettigrew...
-Não!
-O que?
-A gente não se vê dês de ontem de manhã e você me fala do Potter?
-Mas Lily, você não ouv...
-Eu não sei e não quero saber o que o Potter conversou com o Pettigrew, seja lá o que for, não é do nosso interesse.
-Mas o pior é que é!
Lily parou de andar, Severus também havia parado. A garota encarava o amigo com severidade e desaprovação.
-O que quer que seja, fale rápido, vou estudar com as meninas.
-O Potter pediu pro Pettigrew escutar a nossa conversa... não, é sério... - Lily revirou os olhos de impaciencia - Lily! É sério!
-Você não acha que a gente teria reparado se o Pettigrew tivesse por perto? Eu digo, ele é meio...
-Gordo?
-Não fale assim dele!
-Viu? Você tá protegendo os Marotos!
-Não tô protegendo ele, só acho feio xingar os outros pelas costas!
-Você xinga o Potter pelas costas.
-Mas é diferente!
-Ah, é?
-É, porque eu xingo o Potter pelas costas das mesmas coisas que eu xingo na cara dele.
-Ah, tanto faz. Mas, então, Lily, o Petigrew...
-Chega de botar a culpa de tudo que acontece na sua vida nos outros, Severus, isso é coisa de criancinha.
-Quê? Botar a culpa de tudo que acontece na minha vida nos outros? Foi isso que eu ouvi?
-Exatamente, o Potter isso, é o Potter aquilo, os Marotos, Dumbledore, você-sabe-quem, seu pai... Chega, eu não sou obrigada a ouvir seus lamentos.
Depois de muito estudo (apesar de saber que mesmo sem estudar se sairia muito bem) Lily estava fazendo o NOM de Defesa Contra as Artes das Trevas. Todos os alunos do quinto ano estavam sentados nas fileiras e mais fileiras de carteiras organizadas no Salão Principal, o único som que se ouvia era das penas arranhando os pergaminhos. Lily terminara a prova faziam alguns minutos, uma das únicas pessoas que o haviam feito. A garota estava distraida olhando pela janela com a cabeça apoiada nas mãos quando o professor Flitwick deu a ordem:
-Descansem as penas, por favor! Você também, Stebbins! Por favor, continuem sentados enquanto recolho os pergaminhos. Accio!
Lily levou os olhos até o professor a tempo de vê-lo cair com o peso dos cento e poucos pergaminhos que voaram para seus braços. Alguns alunos mais próximos ajudaram-no a ficar em pé enquanto a maioria ria.
-Obrigado... Obrigado... - ofegou ele - Muito bem, todos podem sair!
Depois de liberados, os quinto-anistas começaram a levantar e sair todos ao mesmo tempo. Lily levantou lentamente e se espriguissou, logo apareceram duas garotas vem correndo animadas para falar com ela.
-Vai logo, vai ficar aqui esperando a próxima prova? - perguntou Ana Cecília, pulando de animação.
-Nossa, pula mais alto, Merlin ainda não te viu - brincou Mary - Qual é o motivo de tanta animação, ser pupulante?
-Ele me mandou uma carta!
-Ah, o corvinal esquisito que fica perguntando sobre os abafadores de chifre enrugado nas aulas de Trato com Criaturas Mágicas?
-É bufadores de chifre enrugado! - censurou Ana - Mas, é ele sim.
-Tá, tanto faz, vamos sair logo daqui, eu estou morrendo de calor.
As meninas foram conversando até o lago, onde refrescaram os pés cansados enquanto Ana tagarelava sobre o namorado.
Lily estava feliz e sossegada com as amigas, já havia até tirado outros problemas dos pensamentos quando uma agitação começou a acontecer logo às suas costas.
Mary foi a primeira a notar o que era, avisar Ana sem que Lily percebesse, mas Lily ouviu:
-Espere pra ver o que? Que é que você vai fazer, Ranhoso, limpar seu nariz em nós?
Num salto, Lily se levantou, as amigas se entreolhearam receosas, definitivamente não havia nada para acalmar a ruiva naquele momento. Enquanto Snape falava variados palavrões e azarações para Black e Potter, Lily dizia as amigas que desta vez ela queria ir lá sozinha.
-Lave sua boca! - disse a voz fria de James - Limpar!
Lily andou até James exaltada de raiva, Severus estava se engasgando e sufocando no chão com a boca cheia de espuma.
-Deixem ele em PAZ!
Jamese Sirius se viraram para ver Lily, James bagunçou os cabelos novamente.
-Tudo bem, Evans? - disse James, sua voz mudara imediatamente para um tom mais maduro, Lily porém ignorou a pergunta.
-Deixem ele em paz! - o nojo e raiva eram visiveis em sua face e em sua voz - O que foi que ele lhe fez?
-Bom - explicou James, parecendo pesar a pergunta - , é mais pelo fato de existir, se você me entende...
A maioria que assistia a cena riu, Lily porém fico ainda mais horrorizada e irritada.
-Você se acha engraçado, mas você não passa de um cafajeste, tirano arrogante, Potter. DEIXE ELE EM PAZ!
-Deixo se você quiser sair comigo, Evans - apesar do modo displicente que James usou, Lily notou um tom leve de desespero na voz dele - Anda... sai comigo e eu nunca mais encostarei uma varinha no Ranhoso...
-Eu não sairia com você nem que tivesse que escolher entre você e a lula-gigante! - respondeu a garota com nojo.
-Mau jeito, Pontas - disse Sirius animado - Oi!
Severus se livrou da azaração que o segurava e apontou a varinha para James, um lampejo e James ganhou um corte na fundo na face. Um lampejo depois e Severus estava pendurado no ar de cabeça para baixo.
As pessoas em volta aplaudiram, Lily por um segundo achou graça na cena, mas antes que o sorriso se formasse em seu rosto ela gritou novamente:
-DEIXEM ELE EM PAZ!
-Perfeitamente! - James fez um movimento displicente com a varinha e Severus caiu embolado no chão.
Mas antes que Severus fizesse qualquer coisa, Sirius disse:
-Petrificus Totalus! - e o garoto caiu no chão novamente.
Para Lily, aquilo já era demais, ela sacou a varinha e avançou para perto de James e Sirius.
-DEIXEM ELE EM PAZ!
-Ah, Evans, não me obrigue a azarar você - pediu James sério.
-Então desfaça o feitiço nele!
James suspirou fundo e desfez o feitiço.
-Pronto! Você tem sorte que a Evans esteja aqui, Ranhoso...
-Não presciso da ajuda de uma Sangue-Ruim imunda como ela!
Demorou um longo segundo para Lily entender o que havia acabado de ouvir, pestanejou e repirou fundo. "Ah, então é assim?" pensou "Ótimo, que seja!"
-Ótimo - disse calmamente - No futuro, não me incomodarei - "Se é assim que ele me agradece, é assim que eu responderei" - E eu lavaria as cuecas se fosse você, Ranhoso.
-PEÇA DESCULPAS À EVANS! - berrou James para Severus, apontando a varinha ameaçadoramente.
-NÃO QUERO QUE VOCÊ O OBRIGUE A SE DESCULPAR, VOCÊ É TÃO RUIM QUANTO ELE!
-QUÊ? EU NUNCA CHAMARIA VOCÊ DE... VOCÊ SABE O QUE!
-Despenteando os cabelos só porque acha legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores e azarando qualquer um que o aborreça só porque é capaz... até surpreende que a vassoura consiga sair do chão com o peso dessa cabeça cheia de titica. Você me dá NÁUSEAS!
Lily virou e saiu andando apressada e ignorando os chamados de James. Severus continuava quieto, refletindo e desacreditando sobre o que acabara de dizer. Os três sabiam bem que uma noite em claro os esperava. Uma noite com lágrimas silenciosas e dor no coração.

11:26
dormitório feminino da Grifinória

AAAHHH, eu vou morrer... Eu não devia ter brigado com o Sev, agora ele nunca mais vai querer olhar na minha cara. Eu nem acredito que ele me chamou de sangue-ruim! Agora eu fico me matando de chorar aqui com as meninas... Sabe do que mais? Ele que se exploda! Eu não fiz nada de tão horrível assim para ele querer me xingar quando eu estou protegendo ele! Aposto também que ele vai querer colocar a culpa no Potter...
AAAAH, É TUDO CULPA DO POTTER!
-Calma, Li, não chora... Não vale a pena chorar por causa do Se... ahn... Snape. Eu sei que você deve tar querendo morrer e matar ele junto, mas a vida continua, você vai esquecer ele, ou vocês vão reatar, ou não sei, mas você não vai perder seu tempo chorando por alguém que te xingou, vai? - é a Loira que falou isso, a Ana é tão compreensiva... Se fosse a Mary já virava e falava alguma coisa tipo...
-Ai, que drama! Não chora tão alto que alguém vai pensar que a gente tá te matando! - é, tipo isso aí que ela falou. Tenho culpa se eu estou me esgoelando de chorar e soluçar? Ela estaria muito pior se fosse com ela. Mas tudo bem, eu vou continuar a me afundar no pijama escocês da Ana, a Ana vai continuar me abraçando e me consolando e a Mary vai continuar fria e incompreensiva com a minha dor... - Ok, Li, não fica assim! Aposto que ele deve tar tão ruim se não pior[N/A: bota pior nisso *cryyy*][N/Mary: não interrompe >=(] que você, fofa. Além do mais, o motivo da briga é o mesmo de sempre, você devia saber que isso ia acontecer um dia.
Como ela sabe me animar, agora eu estou soluçando muito, minha cara está parecendo uma piscina ambulante. Nossa, isso porque eu devia estar pensando no meu pobre coração, e invés disso eu estou fazendo piada de mim mesma. ¬¬'
AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH QUE VONTADE DE... DE... DE... comer chocolate -.-'
-Eu quero... - soluçando que nem uma problemática - quero... chocolate... - a Ana agora está em meio um ataque de risos. Ah, chocolate é a resolução de todos os problemas da feminilidade! Pega uma garota de TPM e dê um chocolate para ela para ver como ela acalma imediatamente e pára de tentar te matar. Falando em TPM, eu estou passando por esse pequeno problema agora... Talves seja por isso que eu estou berrando e soluçando que nem uma psicótica invés de chorar normalmente. Alguém bem que podia buscar um chocolate para a minha pilsoa, não podia?
-Olha, eu vou lá na cozinha buscar um chocolate...
-Como você vai na cozinha essas horas, Dona Mary?
-Meu ficante tem um amigo que tem uma... capa... da invisibilidade... - ela está com a cara de culpada mais culpada de todos os tempos. Pera aí...
-ME DIZ.. QUE VOCÊ NÃO TÁ SAINDO COM UM MAR... MAROTO! - eu estou em pé na cama, provavelmente em cima da Ana e gritando apontando ameaçadoramente para a Mary. Pela cara dela...
-Bem... O Remus não é tão Marot...
-SUA TRAIDORA SEM CORAÇÃO! - aaah, eu vou enforcar ela com minha correntinha de brinde de ovo de páscoa!

12:07
dormitório masculino da Grifinória:

Eu fiquei muito preocupado com o que eu fiz hoje. Tudo bem que eu faço isso sempre com o Ranhoso, mas apesar de ter conseguido fazer a Lily brigar com o Snape, ela também está com uma raiva mortal de mim. Eu jamais esquecerei o modo que ela me olhou: despreso, nojo, ódio... Era como se eu nunca mais fosse ser feliz, como se aquelas esmeraldas perfurassem meu coração. Droga! Se ao menos o acéfalo insensível do Ranhoso não houvesse chamado minha Lily de sangue-ruim... Ela nunca teria explodiria comigo se não fosse o Snape. Se não fosse esse ser abominável, meu doce anjo ruivo seria somente meu. Por quê tens que fazer tudo mais complicado, meu anjo?
-Pontas? Ainda tá acordado, cara? Tenta dormir um pouco, é o melhor que você pode fazer agora.
-Valeu, Aluado, mas acho que dormir hoje tá totalmente impossível...
Remus é o único que tem bom senso, nessas horas é bom ter um amigo mais sério, que respeita minha dor e não acha graça em amar. Amar desesperadamente a menina mais linda, inteligente, maravilhosa, incrível, simpática, bondosa, carinhosa e anjelical do universo... Que, apesar de tudo, cultiva por mim um ódio inimaginável.
Tudo por causa daquela criatura abominável que é o Ranhoso. Por quê ele tem que existir e fazer tudo mais difícil? Por quê aquelas duas jóias verdes olham com tanto carinho e admiração para ele e com tanto ódio e despreso para mim? Como ela pôde de apaixonar por alguém tão despresível? Como ela pode odiar a pessoa que mais a ama no universo?
O que há de errado comigo que repele tanto o meu anjo ruivo? O que eu faço de tão errado que incomoda tanto minha presciosa pequena?
Mas isso ainda vai mudar... Ah, vai... Eu vou consguir minha jóia antes de terminar a escola. Eu vou morrer ao lado dela ou não me chamo James Potter...
Ah, algum ser malvado está atrapalhando meu momento dramatico batendo na porta... O Aluado foi atender... É a chonga da ficante dele. Bem, ela não é chonga, mas ela é amiga da minha Lily e não me arranja com ela, portanto ela vira automaticamente uma chonga. Ahaha, tudo bem que eu vou emprestar minha capa para a chonga buscar... Ah, por quê ela não falou antes que era para buscar chocolate para meu anjo? Está bem eu empresto minha presciosa capa pelo bem de meu prescioso anjo.
-Pode pegar. Tá no meu malão, Aluado.
-Onde tá? - dãhr, no meu malão!
-No fundão, em baixo da caixa da Zonko's.
-Ah, já achei - se não achasse ia ser muito tosco.
-Obrigada, Potter - nossa, a Lily deve estar muito mal, até a amiga dela me odeia.
-Sempre que prescisar - ou ao menos sempre que minha Lily prescisar...

12:49
dormitório feminino da Grifinória:

Pronto, a Mary trouxe meu chocolate. Bem melhor. Eu continuo morrendo afogada nas minhas lágrimas e agora eu também estou engasgando com o chocolate. Poxa vida, por quê o Sev... Snape falou isso para mim? Ah, a Mary tem razão, eu devia saber que isso aconteceria uma hora ou outra. Ele sempre andando com os amiguinhos comensais dele... E os comensais fazendo a cabeça dele sobre essas coisas de sangue... Ele vai ser um comennsal também, eu não vou ficar com um comensal, não é isso que eu quero para o meu futuro... Eu pensei que ele iria prefirir a mim do que a aqueles garotos da Sonserina que tentaram machucar minha amiga. Como eu pude ser tão burra?
-Nhããhaaan - ok, entre um soluço e outro eu soltei uma gemido muito estranho... Acho que eu estou ouvindo a Mary segurando o riso, aquela chonga... Por quê eu tenho a impressão que eu não devia chamar minha amiga de chonga? Por quê eu sinto que isso tem alguma coisa a haver com o Potter? Se eu descubro que o Potter chama a minha amiga de chonga eu juro pela minha correntinha de ovo de páscoa que eu quase estourei tentando matar a Mary que eu mato ele!
-Poxa, Li, não chora assim! Eu sei que você ama o Snape, mas não adianta passar a noite inteira chorando! Só vai piorar as coisas se você passar a noite se lamentando.
-É, fofa, se você não dormir vai ser horrível, você vai se sentir duas vezes pior amanhã! Tenta dormir um pouquinho - ai, que tudo, eu estou encolhida chorando no colo da Ana e agora a Mary está me abraçando também! Eu amo minhas amigas perfeitosas e compreensivas que me amam!

1:24
dormitório masculino da Sonserina

Cadê a droga do relógio? Ah, aqui. Já é uma e meia da manhã, ainda não sinto nenhum vestígio de sono. E como poderia sentir sono? Não. Eu nunca mais vou conseguir dormir. Nunca mais vou ter uma noite tranquila de sono. Eu conseguí. Destruí tudo o que eu construí durante seis anos. Destruí a minha vida. Em segudos. Isso, destruí, em uma questão de segundos, tudo o que prescisava para viver, que eu havia construído durante mais de seis anos.
Será que você seria capaz de me perdoar, Lily? Minha doce ruiva, será que um dia você poderá me perdoar? Eu faria qualquer coisa pelo seu perdão, princesa, qualquer coisa...
Amar você é uma doença, Lily, é uma doença que se agrava a cada segundo. A cada hora. A cada dia. A cada ano. Você é o único remédio, Lily. O único.
Eu sinto dor. Uma dor insuportável no peito. Uma dor excruciante que parece que nunca mais vai deixar meu coração. Seria um sintoma da minha doença? Sim. Eu vou acabar morrendo desta doença. Eu vou morrer de amor. Mas eu lhe juro, princesa, eu lhe juro que a última coisa que eu farei na minha vida será olhar em seus olhos. Eu prometo que meu último ato, no leito de morte, será olhar dentro de suas duas jóias. Essas esmeraldas, que me encantam e me dominam como a um boneco.
Ah, esses seus olhos de esmeraldas, eles têm vida própria! Neles se guarda toda a alegria do mundo, doce ruiva. Suas esmeraldas não só me controlam como também me machucam. Nunca me machucaram tanto quanto a poucas horas atrás. Minha doce alma, suas jóias, por hora gentis, nesse tarde se cravaram no peito, cortaram meu coração acinzentado em mil farrapos.
Me mataste com os olhos, alma minha, e ainda me pisoteaste com palavras, como foi cruel, doce ruiva, agravou minha doença sem dó ou piedade deste corpo, agora sem vida, cujo o único pecado foi amar-te sem cuidado.
E só de pensar que fui o culpado de toda essa desgraça, tenho vontade de morrer.
Mate-me, alma, mate-me com o fogo de seus cabelos. Queime meu corpo sem vida e poupe-me de mais dor.
Ah, seus cabelos ruivos. Cabelos de fogo. Fogo que me queima tanto e tão profundamente. Fogo que me deixa com tanto calor. Mas não são só essas doces e crueis chamas que me encantam em seus finos e delicados fios. Seus cabelos são também macios como nada desse mundo. Nada. Estou aqui, agonizando e contorcendo nessa cama e nesses cobertores tão quentes e aconchegantes, não faria diferença se fosse gelo, pois não são sequer um décimo de seus cachos flamejantes.
Será que queimar por dentro é um sintoma de que minha doença se agravou ainda mais nesses minutos que pensei em tí? Provavelmente.
Que doença fatal. Não tem cura e nem tão pouco é transmitível de maneira alguma. É só minha. E sempre será. Quais mais serão as torturas que essa doença me trará?
Potter... Tantas coisas, acusações, chingamentos me passam pela cabeça nesse momento... Mas não quero ficar mais estressado e perturbado do que já me encontro, portanto, me controlo, com muito esforço, e me limito a concluir que se não fosse por ele, nada disto estaria acontecendo e que eu o odeio com todas as minhas forças. Não. Minhas forças se concentram em amar minha doce alma e superar minha doença. O Potter não é digno de minhas atenções e muito menos de minhas forças.

-Lily, por favor, me escuta... - implorava Severus pelo que parecia aos dois ser a milésima vez - Não foi de propósito, você sabe que eu nunca chamaria você daquele jeito...
-Será, Severus? Você chama os outros iguais a mim assim, por quê comigo seria diferente? - debateu a garota com um quê de suplica na voz.
-Lily, eu não penso igual a eles. Eu estava alterado naquele momento, eu simplesmente explodi sem querer... Você sabe, eles ficam botando pilha na minha cabeça, e o Potter...
Pronto, mais uma vez o assunto havia chegado em James Potter. As razões para aquela conversa específica comprometer aquele nome eram mais óbvias, mas para Lily toda aquela história já ultrapassava os limites. Ela se calou sem querer ou conseguir falar, ela continuava ouvindo as palavras de perdão de Severus enquanto sentia seu coração perder o ritmo lentamente.

I'm holding on your rope, got me ten feet off the ground
And I'm hearing what you say, but I just can't make a sound
You tell me that you need me then you go and cut me down, but wait
You tell me that you're sorry, didn't think I'd turn around, and say...
Eu estou segurando em sua corda, a dez pés acima do solo
E eu escuto o que você diz mas eu não consigo produzir um som
Você diz que prescisa de mim, e então vai e me derruba, mas espere
Você diz que sente muito, nunca achou que eu fosse virar, e dizer...

-... eu faria qualquer coisa pra você me perdoar, Lily, você não sabe o quanto eu me despreso por ter lhe chamado daquele jeito. A garota sentia pena. Pena de sí mesma. Tantos anos imaginando uma mudança, se iludindo que ele preferiria ela do que os comensais. Talvés, no futuro, ele mudasse, mas Lily não podia esperar. Até lá, ela já estaria seguindo a vida dela. Ela superaria. Lily respirou fundo e deu a melhor resposta que podia dar.

That it's too late to apologize, it's too late
I said it's too late to apologize, it's too late
Que é tarde demais para perdoar, é tarde demais
Eu digo é tarde demais para perdoar, é tarde demais

-Você é o que você é, eu não posso esperar que você mude seu jeito por mim e nem tenho tempo para isso. Severus, eu já te dei várias chances, inventei desculpas e contornava seus erros, mas agora já é tarde demais.

I'd take another chance, take a fall, take a shot for you
And I need you like a heart needs a beat, but it's nothing new
I loved you with a fire red, now it's turning blue, and you say...
"I'm sorry" like an angel, Heaven let me think was you, but I'm afraid...
Eu daria outra chance, levaria culpa, levaria um tiro por você
E eu presciso de você como um coração prescisa de uma batida, mas não é novidade
Eu te amei com um fogo vermelho, agora está ficando azul, e você diz...
"Me deculpe" como um anjo, o céu me fez pensar que fosse, mas eu receio...

Uma lágrima fria e solitária percorreu o rosto de Lily, ela mantinha a expressão o mais vazia o possível, não queria trasparecer a absurda vontade que tinha de simplesmente perdoa-lo novamente e se atirar em seus braços. Mas não valia o preço, ela já pagara por aquilo muitas vezes e não ia cometer o mesmo erro pela décima ou vigésima vez em pouco mais que seis anos. Secou a lágrima com indiferênça e, tomando folego novamente, se virou e começou a caminhar calmamente em direção a torre da Grifinória.
-Até mais, Severus.
Sem palavras, sem fôlego e sem vontade de viver, Severus ficou observando os longos cabelos vermelhos esvoaçarem levemente à brisa que entrava pelas janelas abertas do extenso correndor, as pernas torneadas e brancas como papel rebolando devagar ao som dos pássaros e das folhas que se misturava com os murmurios distantes formando uma música lenta, suave e triste, o corpo, perfeitamente esculpido, o deixando para sempre e mostrando total indiferença para com a sua dor.

It's too late to apologize, it's too late
I said it's too late to apologize, it's too late
I said it's too late to apologize, yeah
I said it's too late to apologize, yeah
I'm holding on your rope, got me ten feet off... the ground
É tarde de mais para perdoar, é tarde de mais
Eu digo que é tarde demais para perdoar, tarde de mais
Eu digo que é tarde demais para perdoar, yeah
Eu digo que é tarde demais para perdoar, yeah
Eu segurando na sua corda, a dez pés acima do chão *

*música de OneRepublic: Apologize

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