O Pequeno Surto de Lily
-Lily, eu não quero ser chata e insensível a sua dor, mas é a quarta noite que você passa sem dormir.
-Amiga, você só tá se prejudicando assim. Tenta dormir um pouco, vai.
-Não, eu não vou conseguir dormir. Mas podem dormir, eu vou ficar legal.
-De jeito nenhum, a gente vai ficar com você! Olha, se você quizer passar a noite inteira acordada, dois dias, CINCO dias sem dormir a gente vai ficar com você... Tá, pelo olhar da Mary eu acho que a gente pode tirar ela dessa conta, mas... Eu vou ficar com você até você superar!
-Valeu, Loira, eu adoro você... Você também, Mary, vocês são tudo que eu podia querer na vida.
As três garotas se abraçaram, Lily continuava sem sono, olhos marejados, coração partido. Mary e Ana sentaram uma de cada lado da amiga, passados alguns minutos, as duas cairam no sono, Lily porém continuou acordada, observando a janela através do vidro embaçado da chuva que caira mais cedo. Era quatro e pouco da manhã, uma luz forte começava a destacar-se sobre as nuvens escuras, uma luz diferente. De início Lily pensou que fosse apenas o Sol nascendo, mas depois de um tempo, a luz chamou a atenção da garota. Lily se desvenciliou das amigas desacordadas e foi até a janela ver a estranha luz.
Lily olhou pela janela com as pernas um pouco dormentes e o corpo tremendo ligeiramente, mas o que ela viu a fez ficar muito pior. O Sol realmente estava nascendo, mas estava acontecendo um eclipse, e então o Sol estava nascendo negro. Lily desabou no chão, se incolheu com as mãos na boca, chorando desesperada. Os soluços a gritos abafados de Lily acordaram as amigas, que logo foram até ela consolala de alguma coisa que não sabiam ao certo o que. Encolhida nos braços das amigas, Lily chorou mais ainda, chorou como nunca chorara e provavelmente nunca choraria...
-AAAH!
-Lily! Querida, você acordou! Ah, ainda bem!
-Madame Pomfrey... - a garota tinha uma espressão perdida e assustada no rosto, se encontrava na ala hospitalar e não se lembrava muito bem do que acontecera - Quanto tempo eu fiquei desmaiada?
-Dois dias, querida. Oh, graças a Deus você acordou!
-Que?Tanto faz... - Lily pulou da cama, ainda um pouco atordoada e confusa - Presciso ir, tia, volto mais tarde.
-O quê? Não! Você acabou de acordar do coma!
-É, isso me lembra que eu presciso comer alguma coisa... Depois eu como, agora eu tô com pressa. Tchau! - muito apressada, a ruiva saiu correndo pela porta da enfermaria e foi atravessando o castelo o mais rápido que podia. Reparou que ainda se encontrava com o uniforme e se lembrou que desmaiara na aula de história da magia, e então foi tomada por um medo: o pergaminho! E se alguém lera? Jay... Ela sorriu timidamente ao se lembrar que dera nome ao pergaminho de "Jay".
-Lily!
O grito fez com que a garota quase caisse no chão de susto. Travou, virou para trás e sentiu um imenso alívio em ver Paola correndo em sua direção.
-Menina, o que te aconteceu? Eu guardei seu material, não se preocupe, eu não li o que você escreveu naquele papel. Você tá bem?
-Tô. Que horas são?
-Três e meia, acho, por quê?
-Agora eu tô com pressa, tenho que correr... - dizendo isso, Lily voltou a correr se despedindo da amiga com um aceno de mão, Paola porém a seguiu.
-O quê? Onde você vai? Ah, por quê eu ainda pergunto? - com cara de quem não gostou muito da história, Paola começou a correr atrás de Lily até que a alcançou quando a ruiva chegou nas...
-Masmorras, Lily? Ai, você e essa história de reencarnar!
-Mas é verdade, poxa!
-Eu acredito.. acho... Mas, Lil, você não pode entrar aí agora, o Snape ta dando aula pro segundo ano!
Lily parou de repente e olhou curiosa para amiga.
-Grifinória?
-E Sonserina... Ah, não mesmo, Lil, você não pode estar fazendo isso!
Lily se abaixou e foi de joelhos com cuidado até a porta da sala, sentia que prescisava fazer aquilo... Uma sensação engraçada...
-Você vai ficar espionando ele mesmo?
-Cala a boca! - cochichou Lily de costas para Paola com o ouvido colado a porta.
-Então você estava distribuindo autógrafos? Que heróico! - Lily sufocava o riso enquanto Paola engatinhava para perto dela e se juntava a ela para ouvir atrás da porta - Não se ache demais, Potter, tudo o que é demais sobra, tudo o que sobra é resto e tudo o que é resto vai para o lixo.
Lily não sabia se devia rir ou ficar irritada, optou por arregalar os olhos verdes para Paola e por as mãos no rosto.
-Sabe, a vontade que eu tenho e de entrar lá e dar uma bronca nesse... - o sinal começou a tocar, Lily ficou de pé em um salto e correu para trás de um pilar, Paola a seguiu assustada, a porta abriu e a turma começou a sair, os sonserinos rindo, os grifinórios praticamente fugindo, todos aliviados que as aulas do dia finalmente acabaram. Lily sorriu e sentiu um aperto no coração ao ver Harry e seus amigos Rony e Hermione saindo injuriados da sala. Esperou ter certeza de que todos os alunos já haviam saido da sala para sair de trás do pilar e ir decidida em direção a porta.
-Lily! Lily, o quê você vai fazer?
-Não espere por mim, acho que eu vou demorar bastante pra me resolver com esse ser infeliz...
-Ai, por Merlin...
Lily escancarou a porta fazendo uma barulheira desnecessária e chamativa, que fez com que Snape olhasse para o causador de tanta balburdia e, no mesmo instante em que visse Lily andando irritada em sua direção, perdesse toda a cor que restava em seu rosto.
-Li... Ahm... Er... Você...
-Eu devia meter outro tapa na sua cara pelo o que eu acabei de ouvir. Eu devia estar querendo a sua caveira numa bandeja de prata depois de tudo o que aconteceu - Lily ia devagar para cima de Snape, que recuava com um pouco de medo, a garota estava a poucos centimetros dele, com quase metade de sua altura, mas firme e com um olhar intimidador e acusador e apontando ameaçadoramente para Snape - E sabe o que eu vou fazer depois de tudo o que você fez? Eu vou fazer isso...
Por um segundo, os dois tiveram a certeza de que Lily iria meter outro tapa na cara do Snape, mas quando apenas quando os dois abriram os olhos é que eles perceberam que estavam se beijando.
-Lily... o que foi isso?
-É, eu também não sei, não era o que eu planejava fazer... Não, acho que devia ser isso sim - dizendo isso, a garota puxou Severus para outro beijo.
-Lily! O que deu em você?
-Não sei, acho que eu surtei de vez... Tchau, eu tenho que ir antes que a Madame Pomfrey morra do coração...
A menina saiu correndo da sala sem mais nem menos deixando Snape dez vezes mais confuso do que antes. Quando ia em direção a ala hospitalar, Paola, que estava andando por perto preocupada, a viu e foi atrás dela.
-Ah, você tá aí! Lily, me espera!
-Não dá! Eu tenho que ir rápido!
-Calma aí, Lily, você não pode ficar correndo por aí desse jeito, você tá doente, lembra?
Lily de repente parou e olhou assustada para Paola.
-Você tem razão, é melhor eu não correr... Mas eu deixei Madame Pomfrey tendo um treco lá no hospital e eu não quero deixar ela muito preicupada.
-Bom, se você chegar lá com essa cara, ofegando e parecendo que acabou de sair de uma maratona ela vai ficar mais preocupada ainda, não?
-É, melhor eu ir andando...
-Então, você disse que podia demorar muito e não demorou nem dez minutos. O que aconteceu?
-É, eu não sei...
-Não sabe? Eu tenho medo de você, Lily.
-É, eu também tenho medo de mim.
Lily ia andando com o olhar perdido como se estivesse pensando em alguma coisa, Paola olhava para ela como se temesse que a amiga pudesse desmaiar a qualquer segundo, as duas foram caminhando lentamente em direção ao hospital, algumas vezes, Lily parava por alguns segundos e quando Lola virava para ver o que era, a ruiva voltava a andar como se nada houvesse acontecido. Enfim, as duas chegaram na ala hospitalar e foram recebidas por uma histérica Madame Pomfrey.
-Menina, onde você foi? Como você sai correndo daquele jeito no seu estado? Nunca mais faça isso comigo! Eu quase morri do coraç...
-Chega, tia, eu tô bem! Tchau, Lola, a gente se vê amanhã na aula... - dizendo isso, Lily desabou em sua cama e caiu em um sono profundo., sem mais nem menos. Paola e Madame Pomfrey ficaram observando a garota adormecida completamente perpléxas.
-Madame Pomfrey, essa doença dela causa distúrbios no cérebro?
-Não que eu saiba, mas acho que eu devo começar a avaliar essa hipótese.
-Oi Lola, oi Gina! – disse Lily animada ao chegar ao salão para o café da manhã.
-Oi, Lily.
-Tudo bem? Tá animada hoje.
-É me animei depois de três dias desmaiada...
-Dois dias – corrigiu Paola.
-Hoje não é quinta?
-É...
-Então, se eu desmaiei segunda e acordei hoje...
-Paola e Gina se entreolharam como se debatessem quem iria dar a má notícia. Durante os segundos que as três ficaram em silêncio, Lily mudou sua expressão alegre para uma expressão de pânico.
-Ai meu Merlin... O que eu fiz? O que aconteceu?
-Depois eu converso com você, Lily, aqui tem gente demais.
-Nossa, Lolita, assim você me assusta! Pelo jeito eu fiz alguma coisa muito cabulosa... Ai... Nem me diga que eu fui... lá!
Paola fez uma careta e, antes de qualquer coisa, Lily deu um gritinho e saiu correndo, deixando metade de um pedaço de bolo.
-O que ela tem? Ou melhor, onde é “lá”?
-Longa história, ruivinha, acho que a Lily me mataria se eu contasse...
-Certo...
-Tiaaaa? Droga, todo mundo desaparece quando eu presciso. TIA?
Lily entrou correndo na enfermaria e ao ver que não havia ninguém, voltou a sair, mal humorada e xingando baixinho em direção as masmorras.
Assim como no dia anterior, Lily abriu a porta da sala com um estrondo alto e desnecessário e ao ver que também estava vazia, correu até o escritório, e então foi irritada até uma porta no fundo do escritório, onde ela sabia ficar o quarto.
-Sev! – a garota gritou entrando no quarto – Sev!
-Lily, isso é invasão domiciliar!
-São sete e quarenta da manhã e às oito e cinco você dá aula pro sexto ano!
-Como você sabe disso? Eu sei de tudo... Dava pra no mínimo abrir os olhos pra falar comigo?
-Já vou levantar.
-Posso saber o que você ficou fazendo até tarde que ainda não tinha acordado?
-Corrigindo trabalhos.
-Bom mesmo.
- ¬¬’
Snape levantou e Lily puxou a cadeira da escrivaninha e se sentou.
-Licença, Lily, eu vou me trocar... Quê?
-Ah, eu tenho que te dar licença?
-Tanto faz...
- *-*
Enquanto Snape se trocava, Lily (para varia um pouco) teve um ataque de risos; [N/A: ¬¬’³]
-Sabia que eu odeio quando você ri?
-Ai, nossa, magoei! Por que você não gosta que eu ria?
-Porque você ri... de mim?
-Eu não tava rindo de você, tava rindo de mim!
-Ah, sério?
-Não me olha assim! É verdade!
-E então do que você estava rindo?
A garota ficou muito vermelha e abriu um sorriso que ia de orelha a orelha.
-Ah não, eu não vou falar!
-Sabia que era de mim!
-Não! É sério... E que...
-Então fala o que é!
-Ah... É que você é simplesmente perfeito, lindo, maravilhoso, sexy e minha consciência maligna virou e falou pra mim “Ah, eu vou pegar um balde pra você” e daí eu ri pra não chorar, entendeu?
Snape virou de costas para a ruiva para disfarçar que tinha corado. E Lily voltou a rir. [N/A: como se ela fizesse alguma coisa além de rir e chorar ¬¬’]
-E agora a graça é o que? – perguntou Severus irritado.
-Bom – começou a Lily rindo muito – dessa vez é, tecnicamente, de você... Ah, não, não me olha assim! É só tecnicamente!
-E existe outra razão?
-Bom, eu estou rindo porque você corou, porque eu disse que você é perfeito, lindo, maravilhoso e sexy, porque você realmente é, e porque eu te amo muito.
Silêncio.
A coisa mais significativa do mundo é o silêncio. Antes de adormecer, quando ficamos mergulhados nos nossos pensamentos, no silêncio de nosso quarto. Quando ficamos em silêncio depois de uma notícia ruim. Quando ficamos em silêncio após uma coisa muito boa acontecer. Quando ficamos em silêncio ao lado da pessoa amada. Nada mais significativo do que o silêncio. Silêncio pontilhado de variados pensamentos. Pensamentos que variam de silêncio para silêncio. Sempre que não se sabe o que dizer, não diga nada. Silêncio é a melhor solução. Por mais que sempre pareça constrangedor...
Passaram-se duas horas no profundo silêncio, ou ao menos pareceu assim, até que Lily respirou fundo e tornou a falar.
-Eu te amo muito.
-Eu também te amo muito.
-Sev, eu... Eu não lembro de nada do que eu fiz ontem!
A última frase da garota cortou o clima romântico e mudou repentinamente o curso de todos os pensamentos e parecia ter mudado o curso do ar.
-Nada?
-Nadinha de nada. Paola e Gina quem me contaram que eu tinha acordado ontem. Por mim eu tinha saído do coma agorinha!
-Nada?
-Ai pára! Fica todo mundo me assustando! Daqui a pouco eu vou chegar a conclusão de que eu matei alguém e causei uma revolução! Quanto drama pra me falar o que eu fiz!
-Quer mesmo saber?
-Prescisa responder?
-Certo: você ouviu a aula do segundo ano pela porta, quando terminou, você entrou aqui gritando comigo e, quando eu vi você já tinha pulado em cima de mim e tava me agarrando. Serve?
Mais silêncio.
Desta vez o silêncio foi, de certa forma, engraçado, de certa forma, constrangedor, de todas as formas, patético.
-Eu fiz... isso? Tem certeza?
-Não, eu também não lembro de nada.
-Pára de brincar! É que isso foi estranho... Estranho de mais, eu tipo... surtei...
-Sério?
-Te odeio!
-Você acabou de dizer que me ama!
-É, disse que te amava, não amo mais! To de mal pra todo sempre!
-Lily, pára de ser feliz de mais um pouco e tenta ser feliz normal?
-Ah, eu gosto de ser feliz, tá? Posso? Tenho o direito?
-Tá, faz o que você quiser, ruiva!
-Ai, que fofinho que você é, Sev! Te amo!
-Também te amo, Lily.
-Ahhhhhh!
-Que foi?
-Lembrando...
-Do que?
-Que você ridicularizou total o meu pobre filhinho inocente na frente de todo mundo e isso foi super antiético e politicamente incorreto e eu to de mal de novo pro resto da minha vidinha inocente!
-Ah, Lily, é mais forte do que eu!
-Aposto como não é mais forte do que eu...
-Nem vem com idéia, Lily, eu tenho muito medo das suas idéias!
-Ah, tem?
-É, tenho.
Lily abriu um sorriso que ia de orelha à orelha e seus olhos verdes brilharam intensamente.
-Lily, é sério, eu tenho medo das suas idéias...
-Oh, meu amor, não tema, eu não mordo.
-No que você ta pensando?
-Em nada, só queria te assustar – riu-se a menina, levantando da cadeira e abraçando Snape – Sabe o que é mais estranho?
-Você?
-Nossa, magoei! Não... Eu ia falar sobre a nossa briga “educada e amigável”.
-O que tem?
-Uma hora antes da briga a gente tava transando.
-Ah, sim, e depois de uma hora a enfermaria havia virado um campo de batalha.
A garota riu.
*capítulo mego super comprido em construção*
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