Segunda-feira, 11 de dezembro

Segunda-feira, 11 de dezembro



Cap.2 – Segunda-feira, 11 de dezembro

Hermione Granger sempre foi meu segundo alvo predileto. O primeiro era a irmã de um dos amigos dela: Ginevra Weasley. Estava tudo indo muito bem até o dia que ela intercedeu.


- Onde pensa que vai, Weasley? – coloquei-me entre a porta e a garota de quinze anos que tentava passar – Por aqui você não passa.

- Hoje não, Malfoy – respondeu sem me encarar – Deixe-me passar. Hoje não. Qualquer outro dia, mas hoje não.

- Ora, ora, Weasley você está chorando? – levantei seu rosto com força e não contive um sorriso – A Weasley pobretona está chorando! Diga-me... isso é pelo idiota do Potter novamente? Por Deus, você não se enxerga? Ele pode ter quem quiser dessa escola e acho muito pouco provável que lhe escolha. Preste atenção – apontei para o corredor, onde uma garota de longos cabelos pretos, descendência oriental caminhava conversando animadamente – Aquela é Cho Chang. Ela é o passaporte para qualquer um decidido a ser popular. É tipo um ‘test-drive’ sabe? Pois bem, Weasley, olhe para ela e depois para você. Sem chance querida!

- Você é desprezível, Draco Malfoy – assustei-me pela interferência e olhando para o outro lado do corredor, encontrei a dona de tais palavras – Venha Gina e não dê ouvido a esse monstro. O Harry não é assim...

- Granger certo? – pigarreei.

- Sim – respondeu ainda consolando a ruiva que chorava em seus ombros – Satisfeito? Olha o que você fez.

- Se isso é uma tentativa de me fazer sentir culpado, Granger, sinto dizer que não vai funcionar...

- Realmente acha que vou perder tempo com alguém como você? – sorriu irônica – Sinceramente, pensei que fosse mais esperto. Deve ser pela água oxigenada nos cabelos.

- Achei que fosse menos intrometida – retruquei – Pois fique sabendo que tudo o que falei para sua amiguinha é a mais pura verdade. Verdade essa que você nem ao menos se deu ao trabalho de contar.

- Não se atreva a falar como se me conhecesse – apontou o dedo para meu nariz – Você não sabe nada sobre mim, nem muito menos sobre o que penso. E, ao contrário do que dizem, você é bem pior do que imaginava.

- Está vendo isso? – apontei para meu próprio rosto. Ela franziu a testa – Essa é minha cara de preocupação com o que você pensa de mim. Mas cuidado, não olhe muito, pois pode desgastar minha beleza e, o pior de tudo, você pode se apaixonar.

- Nem em seus sonhos – o rosto dela estava púrpura. Imaginei que não fosse bom sinal – Ninguém em sã consciência pode se apaixonar por um garoto mimado igual a você. Uma pessoa, se é que é possível chamá-lo desse jeito, que não respeita os outros a sua volta; que faz questão de importunar aqueles que estão quietos, simplesmente por capricho. Apenas porque inveja as amizades. A nossa amizade. Mas eu entendo, Malfoy, deve ser deprimente estar rodeado de pessoas interesseiras, que só estão ao seu lado pelo dinheiro e popularidade.

- Vai se arrepender disso, Granger – cerrei os olhos enquanto sentia o sangue pulsando descontroladamente – Pode escrever, Weasley pobretona, sua amiga aqui arranjou um inimigo para a vida. Satisfeita, ruivinha? Levou sua mestra para o buraco com você.

- Mione, você não precisava – arriscou a garota.

- Precisava sim, Gina – gritou – Esse garoto precisava ouvir umas verdades. Chega! Estou cansada de vê-lo fazer isso não só contigo, mas com outras pessoas – e então ela me olhou – Simplesmente por se achar melhor que todos. Mas sinto-lhe informar, Malfoy, que você não passa de um patife!

- Você já era, Granger.

- Está vendo isso? – apontou para o próprio rosto – É a minha cara de preocupação com suas ameaças, Malfoy querido. Poupe-me de seus joguinhos infantis. Cresça!



Enquanto via as duas saírem pelos corredores rapidamente, senti que a partir daquele dia, tudo havia mudado. De repente, descontar minhas frustrações em Ginevra Weasley havia perdido a graça. Tinha outra pessoa em mente. Se bem que importunar a ruiva mais uma vez somente para ouvir a Granger a defendendo era altamente atraente. Ela ficava estranhamente bonita vermelha. Havia encontrado alguém mais insuportável do que eu mesmo e isso era interessante.


- Draco! Draco! Olha ali – Crabbe apontou para duas garotas que acabavam de sair pela piscina e caminhavam para a lanchonete.

- O que você quer dessa vez? – perguntei entediado enquanto tentava enxergar de quem se tratava – Só isso? Duas garotas?

- Não são apenas duas garotas – Zabini respondeu – É a garota. O que o tempo fez com Hermione Granger? Por Deus...

- Hermione o que? A Granger? – virei-me para olhar novamente, agora com mais atenção – Aquela ali é a Granger?

- Exatamente – Blaise retrucou com a voz embargada – Se não visse com os próprios olhos não acreditaria. Um pedaço dos deuses... e ainda é inteligente. A nora perfeita para mamãe.

- Ah! Por favor – zombei – Zabini, pare de babar pela Granger – senti um nó se formar na garganta – Se está tão encantado, vai lá e resolve isso logo. Aposto que ela não recusa.

- Engano seu – sentou na cadeira – Já tentei duas vezes, mas nada feito.

- Como assim você tentou duas vezes? – quando vi já estava em pé apontando à garota que, felizmente, estava a uma distancia razoável para enxergar o gesto – Você gosta da Granger?

- Gostar não – sorriu de lado – Só queria ver se os estudos interferiram em algo...

- Pela primeira vez sinto nojo de você, Zabini. Logo a Granger?

- E pela primeira vez estou estranhando você, Malfoy – aproximou-se de mim antes de abrir um sorriso – É impressão minha ou você está apaixonado por ela? – os outros riram.

- O quê? – gritei histérico – Como ousa dizer isso?

- Então é isso – balançou a cabeça negativamente – Mas sinto informar que acho mais fácil ela se render aos meus encantos do que aos seus.

- Cala a boca – disse tentando me recompor - Desde quando você tem encantos, Zabini?

- Desde que a Chang fez meu ‘test-drive’ – passou a mão pelos cabelos – Desculpem-me, mas acho que vou tomar um banho de piscina. Temos que aproveitar esse passeio da escola.

- Sei – respondi desconfiado. Acompanhei com o olhar até que o vi chegando a uma mesa em que estavam quatro pessoas as quais reconheci como sendo os irmãos Weasley, Potter e Granger. Achei que fosse ilusão criada por mim, mas não era. Blaise Zabini havia se ajoelhado à frente dela e a beijado no rosto – Desgraçado! – mentalizei.

- Parece que Blaise finalmente conseguiu o que queria – Goyle apontou para o ‘casal’ que caminhava para a piscina. Ele segurando com uma das mãos sua cintura.



Nunca na minha vida falei mal e amaldiçoei tanto uma pessoa quanto Blaise Zabini. E, o pior, como a maldita da Granger podia ter cedido a alguém como ele? Sempre que perguntava sobre o que havia acontecido, ele mudava de assunto. Era tudo que eu precisava para chegar às minhas conclusões.


- Tsc, tsc coisa feia Granger – sentei-me ao seu lado na biblioteca – O Vitinho não gostaria de saber que sua musa inspiradora, à qual ele dedicou tantas vitórias está traindo sua confiança.

- O que você quer dizer com ‘traindo sua confiança’? – fechou o livro com violência – E, além do mais, o que está fazendo na biblioteca? O nosso fatídico trabalho em dupla já passou.

- Ah! A respeito disso... – aproximei a cadeira da dela – Você foi brilhante. Nossa pesquisa não seria nada sem sua participação.

- Não adianta, Malfoy – revirou os olhos – Você não vai me passar para trás de novo. Sua cota de ‘brincar com a Granger’ já atingiu os limites – respirou fundo.

- Sinto destruir seus sonhos com um príncipe loiro como eu, mas não vim falar sobre isso – sorri enviesado – Hermione – ela sobressaltou-se ao me ouvir chamá-la pelo primeiro nome – O que realmente aconteceu entre você e Zabini?

- Ainda com essa história, Malfoy? Não lhe devo explicações, mas para me ver livre disso tudo – apontou para mim e depois para si própria – Não houve nada entre nós.

- Não acredito.

- Então por que insiste em me perguntar?

- Simplesmente porque acho melhor que o Vitinho saiba por um amigo de verdade, já que sua amada namorada pretende mentir para ele – cruzei os braços esperando a reação que não tardou.

- Quem você pensa que é? – pressionou o dedo sobre meu peito enquanto seus olhos estavam apertados ameaçadoramente. Numa situação normal eu pensaria duas vezes antes de prosseguir, mas se tratando dela, o conjunto era simplesmente cômico.

- Draco Malfoy, prazer – roubei-lhe um beijo – Hermione, entenda, não acho certo o que está fazendo com o Krum. Tudo bem que ele é meio burro, mas...

- Primeiro – limpou a boca com as costas da mão. Eu sorri – Não me chame de Hermione – pegou o livro e o colocou na mochila – Segundo, fale o que quiser ao Víktor – disfarcei a surpresa – Posso lhe garantir que a ele não vai fazer nenhuma diferença. Nós terminamos – e após dizer isso, se pôs a andar. Eu a segui.

- Posso fazer uma pergunta? – ela se virou e cruzou os braços – Somente três segundos.

- Você já a fez – tentou esconder um sorriso – Seu tempo acabou. Tchau!

- Espera! – puxei-a pelo braço – Por que vocês terminaram?

- Não interessa – abaixou a cabeça.

- Tudo bem – soltei-a.

- Quer mesmo saber? – hesitou. Eu assenti – Não entendo em que vai lhe servir – colocou uma mecha de cabelos para trás – Ele me traiu.

- Ele o que? – perguntei incrédulo.

- Você ouviu bem – suspirou – agora pode espalhar pelo colégio.

- Não tinha pensado nisso – retruquei ofendido – Mas agora que você deu a sugestão, até que é uma boa.

- Eu não sei por que ainda acreditei em você, Malfoy – seus olhos refletiam tristeza – Talvez por pensar que dentro de você, em algum lugar, houvesse um ser humano. Mas, advinha, engano meu! Continua sendo um monstro.

- Agora vamos nos ofender? – levantei a sobrancelha – Adjetivos para você não faltam, Granger.

- Então comece.

- Bem – fingi pensar – Uma garota frustrada, que só se preocupa em estudar, mal sai de casa – tomei fôlego – Se veste como se fosse a uma padaria. Não sabe pentear esse cabelo, é metida a sabe-tudo e filantrópica. Tem mania de ser a mocinha da história...

- Pelo menos eu sei ao menos o que é um adjetivo.

- E o pior – enchi-me de coragem – Beija qualquer um que seja rico... – foi tudo tão rápido que em uma fração de segundo a mão dela já havia depositado toda a raiva em meu rosto. Sentia seu contorno na pele.

- Fique longe de mim – se virou e saiu correndo.



Perdi as contas de todas as vezes que brigamos. Algumas eram feias, mas outras só por ego. Necessidade de valorização. Mas ela aprendeu a não mexer com um homem ciumento. Principalmente quando esse tem por sobrenome Malfoy.


- Boa noite, Sr. Malfoy – cumprimentou-me um homem negro alto, vestido com uma camisa de manga longa branca e calça social.

- Boa noite – respondi impaciente – Carmelo, você sabe se a Srta. Granger está aí dentro?

- Sim, senhor – falou enquanto conferia a lista de nomes – Pelos meus cálculos, a Srta. chegou por volta das oito horas e como já são dez e meia, ela está a exatamente...

- Sei contar – revirei os olhos – Com licença.

‘Funky Buddha’. Esse era o nome da boate que o Potter administrava com seu inseparável Weasley. Para mim era muito difícil assumir, mas o lugar era, no mínimo, aconchegante. Iluminado em tons alaranjados, a decoração era um misto de harém como os vários pubs londrinos.

O espaço, dividido em dois andares, tinha no segundo uma considerável pista de dança que refletia, vindo do chão, luzes arroxeadas. Vasculhei o bar à sua procura, mas em vão, ao invés disso encontrei a louca mulher do Weasley.

- Boa noite, Luna – tive que me concentrar para não rir do visual da loira. Não vou negar que Luna Lovegood havia melhorado bastante sua maneira excêntrica de se postar diante o mundo, mas ainda precisava de reparos.

- Boa noite, Malfoy – respondeu polidamente.

- Pode me chamar de Draco – arrisquei um sorriso – Já nos conhecemos há um bom tempo e acho que não há mais motivo para essas ‘hostilidades’.

- Pelo que me lembro, o principal causador dessas ‘hostilidades’ foi você, Draco – sorriu de volta – Procurando Hermione?

- Sim – respondi tentando esconder o rubor de vergonha pelo comentário. Era verdade, Di-Lua havia mudado bastante! Pelo menos o Weasley havia feito bem a alguém – Sabe onde posso encontrá-la?

- Se me lembro bem, a última vez que a vi foi... – e fez uma expressão que julguei ser sua forma de recordar-se de algo – Ah sim... ela estava lá em cima na pista.

- Agradecido – assenti – Gostei do visual, Weasley – sorri para o ruivo desconfiado, que se postou ao seu lado.

- Muito engraçado, Malfoy – respondeu – O que você queria com a Luna?

- Nada que interesse ao marido dela – alfinetei – Esse será nosso segredo, sim Lovegood? – falei antes de beijar-lhe a mão.

- Weasley! –gritou em resposta – O nome dela agora é Weasley!

- Poupe-me da sua proteção matrimonial, ruivo – sorri enquanto me afastava, mas não pude deixar de ouvir seu último comentário.

- O que aquele idiota queria com você? – cuspia as palavras.

- Assim você me ofende, Weasley – virei-me com as mãos no peito e colocando o tom mais dramático que tinha – Vou cogitar até a possibilidade de suicídio.

- O que não seria uma má idéia – disse entredentes.

- Rony, deixa de besteira – ouvi uma voz atrás de mim – E você, Draco, pare de provocar ele. Luna desculpe – e pôs a mão em meu ombro – Homens...

- Sem problema, Mione – a loira respondeu – Eu e o Rony já estamos de saída não é?

- Se você diz... – ainda me encarava – Mione, qualquer coisa é só chamar.

- Pode deixar – e virou-se para mim – Por que você tem que ser assim? – estava séria – E além do mais, está atrasado. Isso teria me incomodado se eu não estivesse me divertido...

- A qual tipo de diversão está se referindo?

- Não se atreva a desconfiar de mim – apontou o dedo para meu nariz – Mas, respondendo sua pergunta, encontrei alguns ex-colegas da faculdade e estávamos lá em cima relembrando os velhos tempos.

- Falando sobre o genoma humano? – alfinetei.

- Você realmente acha que era só isso que eu fazia? – notei que seu tom era provocador – Espera que vou lhe apresentar um deles – e então acenou para um homem moreno, alto e cabelos bem arrumados – Miguel, esse aqui é meu namorado, Draco Malfoy. Draco, esse é Miguel Córner, ex-colega da faculdade.

- Prazer – disse estendendo-me a mão. Pensei seriamente em recusar o cumprimento, mas, pelo olhar que Hermione me dirigia cheguei a conclusão de que o mais aconselhável era aceitar - E então, Mione, não vai mais dançar? – perguntou empolgado. Confesso que não me agradou vê-lo chamá-la pelo apelido – Lembre-se que está me devendo uma dança.

- Claro, Miguel – sorriu. Naquele momento, seu ego devia estar a beira da explosão – Sempre honro minhas promessas – e deu uma piscadela. Outro gesto que não me agradou – Daqui a pouco certo?

- Quando quiser – beijou-lhe a mão. Estava me controlando – Sabe, Draco, você é um homem de sorte – e suspirou – Uma mulher inteligente, responsável e além de tudo... – olhou-a de cima a baixo – Linda.

- Tenho plena consciência dos dotes de minha namorada, Sr. Córner – abracei-a pelos ombros enquanto encarava o sujeito.

- Miguel, pode nos dar licença? – ela disse ao homem, que concordou. Puxou-me pela mão até a uma das mesas perto do bar – Qual é o seu problema? Tem que ser tão insuportável assim com as pessoas?

- Somente quando outros homens flertam com a minha namorada – pedi ao garçom um copo de whisky – E essa ainda retribui os elogios. Deve ter sido ótimo para seu ego, não?

- Engraçado você falar isso porque, pelos meus cálculos, Draco Malfoy e a palavra ego andam de braços cruzados – sorriu - Só pelo fato de sermos namorados, você realmente acha que tem o direito de escolher minhas companhias?

- E, além do mais, olhe para sua roupa – tomei um gole – Mulher minha não se veste desse jeito...

- Que seria...

- Devasso – tomei um gole maior.

- Finalmente descobriu a definição de adjetivo, querido? – roubou meu copo e tomou o conteúdo de uma só vez - Acho que devo fazer jus a ele não? – levantou e buscou algo com os olhos. Sorriu para mim e foi em direção à escada que ligava os dois andares. Vi quando puxou o mesmo moreno e subiram os dois para o que julguei ser a pista de dança. Sabia que era tudo um joguinho, mas também tinha consciência que ela jogaria as fichas mais altas. Fiquei um tempo ainda sentado até que o sexto copo de whisky fez efeito.

Avistei o Potter conversando com algumas pessoas nos pufes dispostos ao redor da pista. Agradeci milhões de vezes – ou pelo menos acho – por ter passado despercebido. Uma nova conversa sobre como deveria tratar a amiga ‘indefesa’ era o que menos me excitava no momento.

Nunca fui uma pessoa que gostasse de dançar muito – apesar de ser muito bom nisso é claro! - foram poucos os que tiveram o deleite de me ver dançando. Procurei pelos dois ‘pombinhos’ até onde era possível. Foi aí que subi em um dos pufes e consegui visualizar uma juba de cabelos castanhos se espalhando pelo rosto. Uma fúria encheu meu coração quando percebi que aquele maldito a estava rodeando com seus passos patéticos. E ela sorria!

Aproximei-me do lugar onde estavam com muita dificuldade afinal, para uma pessoa que tomou seis copos de whisky de uma só vez – cinco, tirando o que ela fez no meu lugar – e ainda mais lutando contra a pouca dignidade de loiras e morenas atiradas era demais. Por que diabos eu tinha que ser fiel?

Com muita paciência cheguei aonde queria. Hermione ainda dançava jogando os braços para cima, o rosto tomado pelo suor, enquanto os cabelos iam de um lado para outro. A música mudou, mas eu não conseguia assimilar seu ritmo. Só via em câmera lenta Miguel Córner aproximar-se e segurar sua cintura enquanto descia até o chão e subia levantando-a pelo quadril. Minha mão se fechou instantaneamente e comecei a ficar zonzo.

Caminhei entre a multidão, não me importando se empurrava alguém com muita força. Só queria defender o que era meu. Estava próximo demais para ver o que aconteceu depois. Aproveitando que curtia a música de uma maneira quase frenética, ele segurou seu rosto e a beijou. Para mim era demais. Em apenas um passo, segurei-o pelo ombro e trouxe-o até mim.



Não lembro de muita coisa depois desse momento. Quando acordei, estava no hospital, com um curativo no supercílio e a boca inchada.


- Quando ele terá alta, Dr. Nazaski?

- Quando ele acordar, srta. Granger – respondeu sem paciência. Pelo que conheço dela, aquela não era a primeira vez que havia perguntado - O que pelo visto já aconteceu – dirigiu-se ao meu leito – Como se sente, Sr. Malfoy?

- Ótimo – minha voz saiu rouca.

- Vamos só fazer os últimos exames e o senhor poderá ir para casa – anotou algo na prancheta – O senhor tem muita sorte, Sr. Malfoy, essa garota passou a noite em claro preocupada com o seu estado.

- Não foi nada – respondeu timidamente. O médico sorriu para nós dois e saiu do quarto. Ficamos em silêncio por um bom tempo, sem nos encarar até que ela começou – Sua mãe está na recepção acertando os detalhes de sua alta.

- O que aconteceu? – perguntei alheio.

- Como assim o que aconteceu? – sua voz estava lívida de raiva, mas vendo que eu não respondi, assumiu um tom indiferente – Não se lembra de nada?

- A última coisa que lembro é daquele idiota beijando você – minha cabeça começou a doer – Depois disso, nada.

- Então, deixe-me fazer uma retrospectiva – cruzou os braços – Você puxou o Miguel pelo ombro e acertou um soco no meio do rosto dele. Depois eu tentei apartar a briga, mas você me empurrou. Gritei aos meninos lá de cima – tomou fôlego – O Harry já estava perto, mas mesmo assim você acertou um chute na barriga dele enquanto continuava socando o Miguel. Foram necessários os dois seguranças e Rony para te pararem.

- Nossa – senti um leve gosto de sangue na boca – Eu sou tão bom assim?

- Isso não é coisa para se orgulhar, Draco Malfoy – exasperou-se – Mas pelo menos isso serviu para ver que você não mudou nada – suspirou – E que não confia em mim.

- Eu só estava defendendo o que é meu.

- Preste atenção – apontou para mim – Eu não sou uma propriedade e muito menos você é meu dono – pegou a bolsa – Quando estiver melhor, vamos conversar – abriu a porta.

- Hermione, quer casar comigo? – o desespero falou mais alto e as palavras tomaram vida própria.

- Não – respondeu enquanto enxugava uma lágrima e saiu batendo a porta com violência.



Assumo que nem sempre fui uma pessoa correta. Mas, convenhamos, Hermione Granger também não é nenhuma noviça, nem muito menos uma santa prestes a ser canonizada. A mulher era teimosa igual a uma pedra.


- Já disse que está ótimo – balançava meus pés sem controle – Hermione, você já experimentou cinco vestidos. Quando chegarmos à festa, já vai ter acabado.

- Poupe-me, Draco! – gritou do andar superior – Até parece que sou eu quem usa quase um frasco de gel para deixar o cabelo assim...

- Claro! – encostei-me no corrimão e gritei em resposta – Se fosse no seu, gastaria muitos frascos e ainda não ajeitaria a juba – arrumei-me no espelho enquanto ainda esperava.

- Para seu governo – um par de saltos-altos surgiu na escada – A ‘juba’ já foi domada – e assim como os sapatos, as pernas, o tronco, colo, braços e, finalmente, rosto e cabelos lisos caindo pelas costas desceram as escadas. Ela sorria convencida – Vejo que gostou da roupa. Linda, não?

- Gostei? – perguntei olhando para as pernas à mostra e o decote do vestido verde – Onde pensa que vai assim?

- Pelo que me lembro vamos à festa do Harry – puxou o decote um pouco para cima, definindo a forma do colo. Tive que fechar os olhos e imaginar que íamos para uma festa e estávamos atrasados, mas ela estava muito convidativa. Linda demais para arrancar o vestido de uma vez só. Mas já tinha demorado bastante e não poderia haver mais nenhum ‘imprevisto’.

- Se está achando que vai com essa roupa – percorri todo o visual sem deixar escapar qualquer detalhe – Você está praticamente nua, Hermione.

- Não exagera, Malfoy – cruzou os braços – Estava tão apressado para sairmos e agora está nos atrasando.

- Já disse que eu não saio com você vestida desse jeito – cerrei os olhos – Coloca aquele vestido folgado vermelho. O primeiro que você experimentou – ela começou a rir – Qual a graça?

- Está com medo que algum homem deseje sua mulher? – balançou os cabelos.

- Não seja estúpida – dessa vez ela gargalhou – Ande, vá vestir outra roupa. Não saio com você assim.

- Se quer assim – revirou os olhos – Vou sozinha – estirou as mãos esperando a chave do carro.

- Mas não vai mesmo! – exasperei – Eu sou seu marido e minha função é te proteger de homens mal intencionados...

- Não acho que o parado à minha frente está bem intencionado olhando meu decote desse jeito – agitou a mão – As chaves, por favor.

- Não – tirei-as do bolso da calça e as sacudi – Daqui você não sai desse jeito.

- Já lhe disse que é insuportável? – dirigiu-se para a cozinha. Eu a segui.

- Já disse que você é teimosa demais? – acompanhava de cabeça baixa, lutando para não olhá-la de costas naquele vestido.

- Desde o dia em que começamos a namorar – encheu um copo de água – Mas... O que é aquilo na parede?

Esquecendo por um minuto com quem estava casado, olhei para a parede assustado. Foi apenas o momento para ouvir a porta dos fundos bater e uma cabeleira, agora lisa, balançar com o vento. Pensei em correr atrás dela, mas resolvi pegar o carro. Assim a alcançaria mais rápido. Foi o que fiz.

Virei na esquina e lá estava ela, andando pela calçada, os cabelos esvoaçados pelo vento. Aproximei o carro e baixei o vidro.

- Entra no carro, Hermione – disse impaciente.

- Não – retrucou – Quero distância do seu mal-humor. – continuou a andar.

- Entra agora – freei – Não estou brincando.

- Nem muito menos eu – apressou o passo – Não é porque casei que perdi meu livre-arbítrio. Se você não me acompanha, eu vou só.

Era o cúmulo! Saltei do carro e ao contrário de qualquer pessoa normal, que começaria a correr, ela se virou e cruzou os braços esperando minha reação.

- Vai fazer o que? – batia o pé direito no chão – Não adianta que não entrarei no carro.

- Não me lembro de ter perguntado nada, querida – avancei rapidamente e, em um só movimento, agarrei-a pelas costas e segurei suas pernas. Ela parecia gostar da atitude, pois em momento algum protestou.

Sentada no banco do passageiro, dei a partida no carro. O silêncio permaneceu por algum tempo até chegarmos a um semáforo fechado. Encaramo-nos por poucos minutos antes começarmos a rir.

- A propósito – tentei abafar o riso – Gostei do cabelo.

- Pensei que não fosse dizer – disse antes de me dar um rápido beijo.

- E eu tenho escolha? – recomeçamos a rir.



N/B:N/B: E aí? Não morreram do coração com esse capítulo novo? Ah, porque eu quase morri betando ele =__= Gente... espero que eu não tenha deixado passar nenhum erro sai correndo pra não apanhar da Rafa Era difícil corrigir, porque eu vivia babando pela forma como ela escreveu o Draco! Continuem lendo! Vocês não vão se arrepender! Nem eu!

N/A: Aewwww
E assim termina a parte do ódio!!! Bah.. esqueci de falar... opsss
Os dois primeiros capítulos mostram o motivo deles se odiarem e os dois seguintes mostrarão o porquê deles se gostarem.. xD
Gente, o Draco n é tudo de bom? *suspira*

Obrigada a tds que comentaram e continuem ok? ^^
Numa outra oportunidade eu comento separadamente pq a musa dessa fic está quase comendo meu fígado para que poste esse capítulo.. xDD

Beijãão!!!!!


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