Sexta-feira, 24 de Novembro

Sexta-feira, 24 de Novembro



N/A:*chega devagarzinho*
Gente... SOOOOO SORRY pela demora...
Bem, o mundo conspirou contra mim, fiquei um bom tempo sem pc e a minha beta teve alguns probleminhas... Mas finalmente o cap. 3 está aki... o 4 está sendo revisado e será postado o mais breve possível ok? Aproveitem^^

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Cap. 3 – Sexta-feira, 24 de Novembro

Fiquei na ponta do pé esperando encontrar o rosto conhecido entre o grupo de adulto e foi então que a vi , cabelos cacheados presos em uma trança. Sempre disseram que parecíamos muito. Corri a seu encontro e ela sorriu antes de me abraçar.

- Olá querida! – sapecou-me um beijo na bochecha – Como foi na aula hoje?

- Bem, mamãe. – respondi alheia enquanto procurava algo com os olhos – Hum... Mãe?

- Sim. – segurou minha mochila e a jogou dentro do carro. Eu, porém, continuava absorta olhando para frente - Aconteceu algo, filha?

- Lembra do que eu te disse ontem? - falei meio que envergonhada.

- Mas, querida, você fala tanto. - olhei-a com reprovação e ela não pode deixar de sorrir novamente - Você falou sobre como a professora poderia explicar mais detalhadamente os assuntos, sobre seus amigos...

- Não, mamãe. - estava dividida entre olhar minha mãe ou o carro preto parado à frente da escola - Estou falando sobre o... O garoto.

- Garoto? - pela primeira vez ela acompanhou meu olhar - Ah" Sim, sim... é aquele? - apontou para um garotinho loiro que tinha acabado de entrar mal-humorado no carro, até então estacionado.

- Não faça isso! - repreendi energicamente - O nome dele é Draco... Draco Malfoy.

- E você gosta dele, minha filha? - acariciou meus cabelos.

- Acho que sim. - podia sentir meu rosto queimar.

- Oh, Hermione! Sua primeira paixão?

- Ele é tão mal-humorado, mamãe. - disse enquanto acompanhava o sumir do carro ao virar a esquina - E tão sozinho...

- Por que você não vira amiga dele, querida? - retrucou como se aquilo fosse fácil.

- Porque ele disse que eu era pobre demais para ser amiga dele... - levantei o rosto e tive a certeza de que ela percebeu meus olhos marejados. Algumas lágrimas já desciam pelas maçãs do rosto.

- Ah! Querida... Não chore. - envolveu-me em um abraço apertado.

- Mamãe... - falei com a voz fraca - Será que ele vai gostar de mim um dia? - apertei-lhe a blusa com força. Ela sempre me passou segurança.

- Claro que sim, meu amor! - afastou-se fazendo com que nos encarássemos. Com o polegar, limpou as lágrimas que molhavam minhas bochechas - Quem não gostaria de uma menina encantadora como você?

Sorri e abracei minha mãe com força. Ainda havia esperança.



Eu sei que pode parecer bem apelativo eu lembrar disso. Mas creio que ninguém consegue esquecer o primeiro garoto que faz surgir aquelas borboletas na barriga, sabe? Muito mais o primeiro amor... Não que ele tenha sido meu primeiro amor. Ele nunca foi o melhor exemplo de pessoa para se apaixonar. Bem, tirem suas conclusões, mas não se esqueçam que estamos falando de mim. Qualquer coisa que ele chegue a falar a vocês... Bem, não acreditem em tudo.


Já era noite quando retornei à minha casa. O caminho da Mansão para o bairro de Bloomsbury era um tanto longo. Nem preciso dizer que estava me corroendo de ciúmes - sim, estava - devido à cena de uma morena que não apenas se oferecia para um certo loiro, mas que quase o engolia por inteiro. Nunca pensei que pudesse odiar tanto alguém na minha vida. Draco Malfoy... O que? Pensaram que eu iria falar sobre Pansy Parkinson? Absolutamente. Ela não merecia meu ódio. Muito menos o meu amor. Eu disse amor?

- Isso é simplesmente inacreditável... - rolei na cama por diversas vezes. Nem em meus sonhos aquele loiro aguado me deixava em paz - Respira, Hermione. Respira.

Fechei os olhos o mais forte que pude, mas não adiantou. Aquilo já estava passando dos limites. Toda vez que tentava dormir, a imagem de um loiro olhando-me de cima a baixo, sussurrando em meu ouvido, aquele sorriso alvo e algumas coisinhas que eu reparei quando ninguém estava prestando atenção... Tirando a pose de superior talvez, quem sabe, poderia haver algo de bom naquele Malfoy? Não, só podia estar ficando louca.

Rolei mais outras vezes na cama até que resolvi levantar e descer para comer algo. O relógio marcava uma e meia da manhã. Só eu sei o quanto agradeci por meus pais estarem dormindo ainda. Enquanto esquentava o leite e comia quase um pacote inteiro de biscoito, continuava a pensar no que poderia ser extraído dele. Eu não podia negar que se tratava de um garoto no mínimo apresentável. O cheiro de queimado invadiu minhas narinas e então atentei para o líquido espalhado pelo fogão. Onde estava com a cabeça?

- Eu só posso estar sofrendo de um distúrbio psicológico grave... - mentalizei - Sim, é isso. Eu, Hermione Jane Granger, estou ficando louca. E a culpa é toda do Malfoy. Maldito dia em que ele cruzou a minha vida. - um barulho me fez sobressaltar. Duas e quinze da manhã. Respirei fundo, afinal, eu estava no clima das alucinações, talvez essa fosse apenas mais uma.

Outro barulho, dessa vez mais forte. O que fazer? Pensei seriamente em correr para o quarto de meus pais e deixá-los resolver o problema. Mas então a fechadura da porta dos fundos começou a se mexer e eu entrei literalmente em pânico. Um maníaco tentando invadir minha casa. Peguei a primeira coisa que vi pela frente. Eu iria defender minha família. Com uma panela em mãos eu vi a pessoa que menos esperava entrar com neve nos cabelos por aquele lugar.

- Ma... Ma... Malfoy? - deixei o objeto cair de minhas mãos e tapei a boca, assustada. Agora sim meus pais acordariam e veriam a cena de uma garota, ainda de camisola, parada no meio da cozinha com um rapaz desconhecido por eles - infelizmente não por mim. Ele puxou-me pelo braço e em alguns passos estávamos na varanda - Que diabos você está fazendo aqui?

- Granger, eu não tenho tempo para explicações. Só vim aqui para fazer você parar de ser tão "dona-da-verdade". - falou impaciente enquanto apontava o dedo para o meu nariz. Até que reparou em meus trajes e eu vi um sorriso enviesado surgir - Isso tudo para mim, Granger?

- Ah! Claro, eu já tinha imaginado que um maníaco oxigenado iria tentar invadir a minha casa praticamente na madrugada. - cruzei os braços e o vi revirar os olhos - Ande, explique o que faz aqui. Malfoy, você tem idéia de que horas são?

- Granger, eu tenho relógio e sei muito bem ver as horas... - disse me encarando de um jeito até então desconhecido e por um momento eu pensei ter visto algo quente nas orbes acinzentadas - Eu vim aqui para falar-lhe que você não tinha o direito de sair da minha casa daquele jeito. Pelo que conheço de mamãe, ela não te deu motivos para que o fizesse... - gargalhei - Mas você, pelo contrário, me dá motivos suficientes para acreditar que é uma completa louca. Você tem idéia da velocidade com que dirigiu no caminho para o seu bairrinho pobre?

- Oh, querido Malfoy, desculpe-me por fazê-lo se preocupar tanto... - ele levantou uma sobrancelha - Eu assumo que tenho sido uma garota muito má. Só quero que me responda uma coisa, pode ser? - não recebi resposta, então, resolvi falar o mais alto que pudesse - O que, por Deus, você, Draco Malfoy está fazen...

Foi tudo tão rápido que a única coisa que senti foram os lábios dele pressionando os meus. E o mais incrível foi que ele não forçou passagem com a língua ou coisa do tipo. Apenas me segurou pela cintura e me beijou. Sim, Draco Malfoy me beijou.

- Como você se atreve? - disse entredentes.

- Só assim para você ficar quieta então, Granger? - soltou-me e virou de frente como se nada tivesse acontecido.

- Olha só, Malfoy, se você acha que eu sou mais uma daquelas meninas com quem você está acostumado a... bem... fazer coisas,. Pois fique sabendo que eu quero você fora da minha casa agora! - estava quase descontrolada. Como ele se atreveu?

E do mesmo jeito que os cabelos loiros vieram, eles deram meia-volta e partiram. Eu tinha os olhos arregalados e estava boquiaberta com toda aquela situação. Quem foi mesmo esse que saiu daqui?



Por que eu imagino a cara de todos vocês quando contei o que ele fez? Isso é óbvio! Porque fiquei do mesmo jeito a participar de tal loucura. Confesso que até hoje não entendi o verdadeiro motivo de ele ter saído de madrugada para ir à minhal casa. E ainda arrombar a porta. E depois vem me dizer que eu que sou louca. Coitado. Talvez eu tenha ficado tão surpresa porque fora a primeira atitude digna de coragem vinda de um Malfoy.


Entrei na sala indignada. Não queria vê-lo. Draco Malfoy era o exemplo vivo do que mais odiava em um homem.

- Bom dia, Mione. – desejou uma voz feminina. Eu, no entanto, estava longe demais para perceber que Suzana me chamava – Tudo bem, não precisa responder...

- Desculpe. – arrumava meu material na cadeira – Bom dia para você também, Suzana.

- É impressão minha ou hoje acordamos de mal-humor? – a morena estava sentada ao meu lado. Eu me encontrava em um estado tão deprimente, mas não deixaria ninguém perceber. Ele iria pagar. – Mas então, o que aconteceu?

- Creio que não seja difícil de imaginar... – meu olhar se deslocou do livro para a porta da sala – Meu grande problema acaba de entrar na sala.

Num grupo de cinco garotos, uma figura alta de cabelos loiros entrava rindo gostosamente. “Provavelmente mais uma brincadeira machista”, conclui. Para a minha infelicidade, ele sentou na cadeira de trás. Não pude deixar de soltar um suspiro de irritação. Como se não bastasse, de repente, percebi alguém sussurrar em meu ouvido.

- Granger, Granger... – sua voz saiu quase como uma música e eu tentei disfarçar com toda minha força um maldito arrepio – Já lhe disseram que está muito bonita hoje?

- Não acho que isso lhe diga respeito. – ainda virada para frente, tentava desesperadamente continuar lendo o livro, mas não consegui permanecer impassível quando recebi uma leve mordiscada na orelha – O que você pensa que está fazendo?

- Deixando você irritada... – ria debochando do rosto vermelho da garota – Confesso que fica muito mais bonita vermelha desse jeito. Mesmo que pareça um balão prestes a explodir.

- Você é a pessoa mais desprezível que eu conheço. – estava de pé apontando o dedo ao nariz dele. Irritou-me mais ainda quando vi que ele cruzou os braços e me olhava de cima a baixo. Aquele olhar... “Quer parar com isso, Hermione Granger? Não é hora para pensamentos desse tipo. São só olhos. Apenas olhos”, repeti querendo que as palavras ficassem cravadas em minha mente.

- É uma pena, Granger. – aproximou-se e eu dei um passo para trás. Não o bastante para evitar que agarrasse minha cintura – Lembro muito bem que não foi o que demonstrou há uns dias atrás. - disse no meu ouvido.

À medida que ele quebrava a distância entre nós, eu sentia que caminhava para um lago profundo. Nossos olhares continuavam fixos, ambos se desafiando. Eu tinha quase a certeza que ele sabia que minha reação não tardaria a acontecer.

Apertou mais a cintura e com a outra mão puxou minha nuca com segurança. Nossos lábios se encontraram. Lutei e creio que tenha percebido minha relutância em retribuir o beijo. Então, de um jeito totalmente peculiar, abriu espaço entre meus lábios com a língua., e eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse, no mínimo, estranha.

A euforia na sala de aula crescia assustadoramente. E eu estava desesperada. Não podia nem pensar em gostar daquilo. Malfoy tinha que pagar por brincar comigo.

Os gritos cessaram rapidamente quando ouviu-se um gemido de dor. Eu, provavelmente muito vermelha, mantinha os punhos cerrados ao lado do corpo enquanto ele tinha as mãos apoiadas entre as pernas.

- Isso é para você aprender a não tocar mais em mim. – em um só movimento peguei os livros de cima da cadeira sem me importar quando um caiu pesadamente no chão – Machista!

- Maluca! – a voz abafada pela dor.



Você deve estar se perguntando como começamos a nos gostar. Bem, nem eu sei ao certo. Para muitos, o fato de ter me apaixonado por ele era rotulado por impossível. Para outros era um mero jogo de interesse em que o dinheiro falava mais alto. Mas o que poucos sabem é que tudo sempre esteve guardado na fronteira entre amor e ódio.


- Olha só... eu vou ser bem direta e objetiva. - disse ao mesmo tempo em que o impedi de entrar no carro - Chega dessa brincadeira de me fazer de boba, seja lá para quem for. A partir de hoje eu faço questão que você me deixe em paz, não me dirija uma sequer palavra. Finja que eu morri, Malfoy. Entendeu?

- Falou comigo? - virou-se para mim com a cara mais cínica do mundo. Bem, aposto que não foi nenhum esforço para ele fazer aquilo - Desculpe, Granger, mas eu estava concentrado em coisas mais importantes, sabe?

- Poupe-me, Malfoy. - comecei a sentir meu rosto esquentar. Como ele podia me ignorar daquele jeito? - Eu já disse o que tinha que dizer e espero, sinceramente, que você respeite a minha opinião e fique, no mínimo, cinco quilômetros de distância de mim...

- Isso é o que você quer. - cruzou os braços.

- Ah! Esqueci que você não pode perder a chance de ter alguém para importunar. Antes era a Ginny e agora sou eu. Mas tudo bem, Malfoy, eu não ligo para suas provocações porque eu... - a última coisa que senti foi meu corpo sendo pressionado contra a porta do carro. Estava começando a achar que aquilo estava virando rotina. A língua dele explorava minha boca e suas mãos apertavam rudemente minha cintura. Isso tinha que parar - Malfoy, estou falando sério. Isso já está passando dos limites.

- Granger, Granger... você fala demais. - falou contornando minha boca com o dedo. Eu poderia até pensar que era algo verdadeiro, mas ele não me transmitia isso na época - Você devia curtir mais a vida... Os prazeres dela.

- Caso esteja propondo que eu curta os 'prazeres da vida' com você, pode ir esquecendo. - respondi lentamente e o empurrei para longe. Chega, Malfoy,. A brincadeira perdeu a graça...

- Sabe, eu detesto quando as pessoas falam por mim ou quando tiram suas próprias conclusões. E mais ainda quando fazem as duas coisas e se chamam Hermione Granger.

- Malfoy, você sabe o meu nome? - alfinetei e o vi bufar de raiva.

- Eu sei muita coisa sobre você. - disse como se fosse a coisa mais banal do mundo.

- Diga uma. - não, eu não iria perder a pose. Sinto de longe o cheiro de um blefe.

- Você está louca para me beijar nesse momento. - gargalhei. Mas como era pretensioso e convencido.

- Eu sou Granger, lembra? Somos como água e vinho. - revirou os olhos. Segundo sinal de um blefe. - Será que poderia me dizer o que te faz pensar que quero te beijar tão desesperadamente, como se você fosse a última gota de água do mundo?

- Talvez porque não para de olhar para minha boca. - gelei. Como eu estava olhando para os lábios dele e nem percebi? Mau sinal... - E, convenhamos, vinho e água fazem uma mistura um tanto...

- Estranha. - precipitei-me ao responder.

- Não. Intrigante. - abriu a porta do carro - Claro que eu sendo o vinho e você a água. - piscou e deu a partida no carro.

- Malfoy, você gosta de mim? - perguntei boquiaberta. E a única resposta que eu tive foi a buzina de um carro.



Sempre ouvi histórias sobre como é difícil manter um casamento, mas nunca imaginei o quanto essa frase era verdadeira. A rotina é o pior para um relacionamento. Por isso tentava inovar, mesmo que em uma fatídica noite meu plano para um jantar especial tenha acabado no hospital.


Tinha passado toda a tarde preparando a refeição. Entrada, prato principal e sobremesa. Era nosso aniversário de cinco anos de casados e seria a primeira vez que cozinharia nessa data. É claro que, durante os meses anteriores, havia devorado todos os livros possíveis tentando encontrar o cardápio perfeito.

Vestida com um tubinho laranja, desci para ver se tudo estava sob controle. A mesa posta para dois continha apenas um discreto vaso de lírios, meus preferidos. Acertei os talheres e taças de modo simétrico. Tudo tinha que ser perfeito. Já podia ouvir os elogios. “Você cozinha muito bem, Hermione!”, “Isso está simplesmente delicioso!”, “Desperdiçamos esses anos comendo fora enquanto a melhor chef estava dentro da minha própria casa!”. Naquele momento achei que era impossível desfazer meu sorriso. Abaixei a iluminação da sala quando o ouvi desligar o carro e me escondi no topo da escada.

- Hermione, já cheguei. – guardou o sobretudo e a maleta. Quando se virou, pude ver sua expressão de surpresa – Hermione?

- Sim? – desci as escadas devagar, com a cara mais inocente.

- Quando você preparou tudo isso? – puxou-me pela mão.

- Quê? Isso? – fiz cara de desdém, mas por dentro estava pulando. Draco Malfoy reparar em algo era um incrível avanço.

- Dessa vez você se superou. – e me beijou – Sei que vai ficar insuportável depois disso, mas tenho que admitir.

Sorri enquanto o levava à mesa. Tudo na mais perfeita ordem.

- Seria falta de educação perguntar do que se trata? – apontou com o garfo o prato.

- Seria. – fingi indignação - Sardela Romana.

- E isso quer dizer...

- Salada. – revirei os olhos – Com pimentões, tomates e outras coisas.

- Certo. – respondeu provando um pouco da comida. Conversamos sobre o dia num clima até ameno para o nosso histórico. Mas minha excitação não podia ser contida. Tinha chegado a hora do prato principal.

- Agora vamos ao que interessa. – troquei seu prato.

- Ao quarto? – perguntou com a sobrancelha levantada.

- Não seja bobo. – mal pude esconder a alegria. Meu grande projeto estava para ser experimentado. Pesquisas e mais pesquisas sobre combinações – Aqui está.

- Parece delicioso – sorriu – Mas eu ainda prefiro o quarto. Ou até mesmo a sala.

- Cala a boca e come. – cortei uma parte da carne e o fiz engolir – Antes que me arrependa desse jantar.

- Sim senhora. – fez uma continência. Ele sabia o quanto aquilo me irritava – Sem ofensas.

- Sei. – sentei e passei a degustar minha criação. Já estávamos no fim e ele parecia apreciar bastante o prato, pois não disse uma palavra durante esse tempo. Eu levava isso como uma coisa boa.

- Er... Hermione. – sua voz estava mais rouca que o normal – Será que pode me explicar o que era dessa vez?

- Deixa de ser mal-educado, Draco. – retruquei sem olhá-lo.

- Estou falando sério. – dessa vez encarei-o e o que vi não era uma expressão de saciedade. Ele afrouxava a gravata desesperadamente e sua pele adquiria um tom avermelhado – O que tinha nessa comida? – perguntou com uma perceptível dificuldade.

- Tender ao molho de romã e uvas verdes. – levantei e fui ao outro lado da mesa – Você está se sentindo bem?

- Será que preciso mesmo explicar? – a ironia continuava lá pelo menos. Mas a vermelhidão aumentava – Você disse romã?

- Disse. – agachei e levando a mão à sua testa, afastei os cabelos presos pelo suor.

- Além de meus pais... – abriu os primeiros botões da camisa – Somente você saberá disso. – quase rasgou os restantes – Eu tenho alergia a romã...

- Como assim alergia? – levantei em um pulo. Ele sorriu de lado, mas eu percebi que os lábios estavam um pouco maiores que o normal – E só agora você me conta isso?

- Deve ser porque eu não pensei que fosse fazer um jantar e ainda colocasse ‘isso’ nele. – suas pálpebras também estavam inchadas – Mas me diga, quantas foram usadas?

- Dez. – senti meu coração apertar. Eu mataria meu próprio marido no dia do nosso aniversário?

- O quê? – gritou esganiçado – Ele... – apontou para cima- Está me cobrando por tudo que eu fiz não é? – apalpou o rosto – E em troca quer tirar minha beleza...

- Vai ter que me ajudar. – fiz com que se apoiasse em meus ombros – Vamos ao hospital. Tudo vai ficar bem.

Caminhamos com dificuldade até a garagem. Coloquei-o no banco do passageiro e corri para o outro lado. No meio do caminho percebi que me olhava. Tive que controlar o riso, mas o grito foi inevitável.

- Não tem idéia do quanto me fez sentir bem agora. – vi o movimento do que julgava ainda ser a boca – Nunca fui uma pessoa religiosa, mas eu te peço, Deus... – levantou as mãos agora enormes – Não tire minha beleza! – gargalhei – Pode rir, Hermione.

- Desculpe. – abafei o riso – É muito surreal ver você desse jeito.

- Pois eu tenho um pequeno lembrete! – apontou para a aliança – Nós estamos casados e você, querida, ficará comigo na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença...

- Não existe nenhuma cláusula que diga ‘na beleza e na feiúra’. – gargalhei – Desculpe, mas é muito engraçado ver Draco Malfoy, o homem mais vaidoso que conheci na vida desse jeito.

- Sua esposa terrorista. Isso tudo é pelo dinheiro?

- Claro que não! – exasperei-me – Quero dizer... É para sustentar meu amante. – pisquei para ele – Planejamos sua morte para parecer um simples acidente doméstico.

- Vou te processar, sua louca.

- Ah! Cala a boca, Draco. – entrei no estacionamento do hospital – Ou seria o nariz?

- Ria enquanto pode. – se esforçava para abrir os olhos.

- Deixa de besteira. – tranquei o carro – Eu ainda te amo.

- E faz questão de frisar o ‘ainda’. – mexeu a boca no que eu acredito ter sido a tentativa de um sorriso – Prove então. Eu quero um beijo.

- Por que homens precisam de coisas assim para terem certeza de que os amamos? – caminhamos para a emergência – Outro dia pode me cobrar essa prova, mas hoje...

- Se eu morrer vou te amaldiçoar lá de cima, sua terrorista.

- Acho mais provável lá de baixo – sentei-o em uma das cadeiras e me aproximei da recepção – Por favor, meu marido teve uma crise alérgica e precisa de atendimento o mais rápido possível.

- A senhora precisa preencher esse formulário primeiro. – uma mulher baixa, loira e de óculos redondos - a qual li no crachá, se chamava Gertrude - entregou-me uma prancheta.

- Gertrude certo? – senti meu rosto começar a esquentar – Olhe bem para ele. – apontei – Se meu marido morrer na recepção desse hospital sabe quem eu vou processar além do mesmo? – ela arregalou os olhos – Você! Ele está em uma crise de alergia e você realmente quer que eu preencha esse formulário enquanto ele agoniza nessa sala?

- Por favor senhora, controle-se.

- Eu não estou nervosa. – gritei – Agora trate de chamar o médico logo ou não usarei só palavras.

- Essa é minha esposa. – disse – Mas não é porque estou doente que podem mexer com ela, estão ouvindo? – apontou para os homens na sala – Eu sou muito mais bonito que todos juntos.

- Mas não no momento, gorducho. – gritou um senhor sentado ao lado da porta.

- Ora seu... – tentou ir em sua direção, mas o impedi.

- Sr. Malfoy. – a mesma mulher o chamou – Acompanhe-me por favor. – e quando fiz menção de segui-lo ela me interrompeu – A senhora fica aqui.

- Boa sorte. – disse em seu ouvido – Meu gorducho.




Mesmo se tratando de uma situação preocupante, vê-lo completamente vermelho e inchado foi mais cômico do que qualquer coisa. Logo ele, tão vaidoso. Tudo bem que já esperava uma reação nada cordial, mas o que decidiu superou todas minhas expectativas.



- Eu não acredito que vai ficar sem falar comigo. – disse fechando o livro quando o vi sair do banheiro – Isso é infantilidade, Draco. – não houve resposta – Como eu poderia saber da sua alergia?

- Só vou falar dessa vez com você. – enxugava os cabelos – E quero que preste bastante atenção. – aproximou-se e sentou na cama – Porque só vou dizer uma vez. – segurou-me o rosto delineando meus lábios com os dedos – Entendeu? – assenti. Seus carinhos me deixavam sem ação e tinha certeza que esse detalhe não passava despercebido – Estou em greve.

- Como assim em greve? – estava desnorteada enquanto ele continuava me acariciando, provavelmente testando meu autocontrole.

- Ora, você nunca foi burra, Hermione. – aproximou a boca do meu pescoço – Estou em greve. – somente com a respiração percorreu o local e subiu pela orelha – Nada de sexo entre nós dois.

- Engenhoso esse plano. – entrei no jogo – Porém veremos quem sai vitorioso... – subi as mãos por suas costas - E até quando. – e desci pelo peitoral, arranhando de leve sua barriga – O que acha? – mordi o lóbulo da orelha esquerda e senti-o hesitar antes de se afastar.

- Acho ótimo. – puxou meu lábio inferior com os dentes e levantou.

- Aconselho um banho frio – sugeri enquanto ele entrava apressado no banheiro. Ouvi quando ligou o chuveiro e voltei à leitura – Isso será muito fácil.




Daquele dia em diante, dormi sozinha na cama, pois ele havia migrado para o sofá do quarto. Ao contrário do que havia pensado, houve bastante força de vontade da sua parte. Mas é claro que nenhum homem resiste aos três quesitos mais importantes: roupa, perfume e sensualidade.



A greve se prolongava por mais de dois meses. Se dependesse de mim, seria o pior período de sua vida. Nesse intervalo, até uma mesa de sinuca foi comprada. Era nítido sua inexperiência no esporte, mas era lá que passava a maior parte da noite – até eu dormir, ou julgar que dormia.

Exatamente às dez horas, saiu do banho vestido com uma cueca boxer mais justa que o normal. Levantei o livro à altura dos olhos. Mesmo sendo um truque tão clichê, a visão de um loiro com músculos adquiridos pelo tempo num quase short era muito atrativa. Enquanto pensava que estivesse ocupado escolhendo uma roupa, dei-me ao luxo de olhá-lo.

- Feche a boca, querida. – disse ainda de costas. Levantou a mão esquerda e percebi que segurava um espelho. Maldito! – Esse loiro maravilhoso aqui você não vai ter por um bom tempo. – vestiu uma calça jeans, camiseta e desceu provavelmente para mais uma ‘partida’ de sinuca, não sem antes sorrir à porta.

Era hora do meu plano. Fechei o livro e sorri ao ler seu título. ‘Jogos na arte da sedução’. Ele estava tão aturdido que mal havia notado que lia sobre aquilo que fingia jogar? Fui até o guarda roupa e puxei uma grande sacola. Desembrulhei uma camisola preta translúcida abaixo do busto e me tranquei no banheiro. Sempre planejei muito bem as coisas e não poderia ser vista antes que concluísse as etapas.

Primeiro, um banho bem caprichado e depois diminuir o volume dos cabelos. Segundo, me perfumar com afinco para deixá-lo embriagado. Mas para isso é muito importante a escolha da essência. Nada deve ser feito aos extremos e sim na medida que exija mais.

Terceiro, o mistério. Depois de vestida, coloquei um sobretudo para despertar a curiosidade. E a quarta e mais importante etapa, a entrega. Não ter medo de destilar sua sensualidade, pois essa está presente nos ínfimos gestos.

- Do jeito que ele está, até uma mordida na unha faz os pêlos da nuca se arrepiarem. – conclui enquanto olhava o resultado pelo espelho – Agora é só deixar a mulher fatal vir à tona, Hermione. – repeti para mim mesma enquanto descia as escadas. Como o previsto, lá estava sentado na beira da mesa com a cabeça entre as mãos – Sentindo-se mal, Draco? – fingi preocupação enquanto me dirigia à cozinha.

- Estou ótimo. – levantou de supetão – Vai a algum lugar? – acompanhou-me.

- Estava pensando em jogar com você. – disse depois de tomar um gole de água e enquanto limpava o que havia escorrido para dentro do sobretudo – O que me diz?

- Se acha que é capaz... – começou a balançar as pernas. Era muito orgulhoso para me contradizer, pois achava que o controle estava em suas mãos – Vai jogar com essa roupa?

- É justamente sobre isso que quero falar. – caminhei até a sala com ele ao meu encalço – Tenho uma proposta. – franziu a testa – Eu contra você. Quem errar a tacada tira uma peça de roupa a cada vez... – engoliu em seco.

- Roupa? – passou a mão pelos cabelos.

- Roupa. – afirmei – Mas se for problema para você eu entendo... – fingi decepção – Pensei que esse ‘detalhe’ não faria a diferença já que estamos indo tão bem sem nenhum envolvimento carnal.

- Eu topo. – sorriu – Só espero que não se chateie quando perder...

- Imagina. – sorri de volta – Quem perder faz o que o outro quiser certo?

- Certo. – jogou-me um taco – Boa sorte. – sorri em resposta.

O relógio marcava onze horas quando dei minha penúltima tacada. Meu estado era favorável. Apenas os sapatos e as luvas foram tiradas. No caso dele, entretanto, sapatos, meias e camiseta estava jogadas no sofá. Minha tacada foi precisa.

- Se te perguntar quando aprendeu a fazer isso, ao menos receberei uma resposta completa? – mirou a bola no canto e esperançoso deu sua penúltima tacada, mas errou o alvo – Droga! – socou a parede antes de retirar a calça, ficando apenas com a cueca de horas atrás.

- Minha vez .– disse entusiasmada. Dessa vez eu tinha que errar para que o plano desse certo. Mirei a bola com concentração, mas ao invés de jogá-la para a caçapa, depositei minha força para que batesse em outra – Maldita! – fingi indignação – Bem, acho que não tem como fugir.

- Impossível... – respondeu enquanto já se posicionava para a última tacada. Homens nunca esquecem o lado competitivo. Virei de costas e desabotoei o sobretudo. Vi quando já estava com a bola em mira. Deixei que a peça caísse pelas costas, denunciando a camisola. O barulho quando joguei-a no sofá fez com que desviasse a atenção para onde estava e, seguindo minhas expectativas, errado o alvo – Mas o que você está fazendo?

- Cumprindo minha parte do trato. – dei de ombros – E pelas regras, você perdeu e tem que realizar um desejo meu.

- Mas você trapaceou... – aproximou-se – E isso não é politicamente correto. – senti que nenhum pedaço do visual havia passado despercebido.

- É sua palavra contra a minha. – segui o exemplo – Em quem realmente acha que vão acreditar?

- Além de terrorista é trapaceira. – sorriu – Mas vamos ao seu desejo...

- Antes do meu desejo... – olhei-o de cima a baixo – Não cumpriu a penitência da última jogada. – apontei para a peça de roupa – E não queremos ser injustos, estou certa?

- Quem é você? – sorriu mais abertamente antes de tirá-la – Satisfeita?

- Talvez. – colei meu corpo ao dele, ainda o encarando – Eu estava pensando... – levei a mão ao seu rosto e subi pelos cabelos – Sobre a tal greve. – desci pela nuca e prossegui através das costas – Ela é um pouco boba para adultos como nós, não acha? – continuávamos mantendo contato visual – E foi assim que cheguei a uma conclusão... – beijei-lhe os lábios rapidamente – Mas acho que não entenderia. – ia virando para sair, mas fui impedida.

- Realmente acha que pode vir aqui brincar comigo e sair ilesa? – seus olhos brilhavam intensamente – Não é assim que uma esposa age, Sra. Malfoy.

- Como deveria agir então? – fiz cara de vítima – Meu amado marido faz greve de sexo e agora quer me cobrar? Isso não está certo...

- Seu marido acabou de me dizer três coisas. – e encostou-me na mesa – A Sra. tem interesse em saber?

- Sou toda ouvidos... – disse com desdém.

- Ele pediu para dizer que a partir desse dia não haverá mais greve nessa casa. – sorri – Que a senhora está muito atraente com essa camisola. – sussurrou – E que adorou a idéia do livro para uma partida desse calibre... – arregalei os olhos – Ah sim! Esqueci mais um recado. Tem certeza que quer saber desse?

- Acho que posso agüentar. – desci novamente a mão por suas costas.

- Ele pediu para dizer que está muito feliz em vê-la. – remexeu o quadril – Mas acho que isso a senhora já deve ter percebido.

- Provavelmente. – deitei – Agora só me resta saber se posso elevar essa felicidade a um patamar mais prazeroso...

- Algo me diz que conseguirá com destreza. – sorriu enquanto deitava sobre mim. Encaramo-nos por um bom tempo antes de esquecer que as luzes estavam ligadas e as cortinas abertas.



Seria hipocrisia minha negar o quanto ele influenciou minha vida e a mudou. Mas seria uma hipocrisia maior dizer que não o amo e que sinto saudades. Queria alguém que me esclarecesse o porquê dessa sensação de que também mudei algo nele se o próprio Draco Malfoy não dá um sinal de vida.


******
N/B: Nãaao.... eu sei que sou culpada!! Eu sei... não a culpem! Mas tirando o fato de eu ter demorado para betar e que estou quase me batendo por ter perdido tanto tempo em fazê-lo, já que a visão daquele loiro ainda não sai da minha mente.... Enfim... aproveitem tanto quanto eu aproveitei! Uhu.. a fufuxa é demais!

N/A:Bem, provavelmente vocês estão se perguntando como Draco Malfoy invade uma casa né? Sabe, eu pensei o mesmo quando escrevi essa passagem e garanto pra vocês... teremos um motivo e tanto porque o capítulo do Draco está suuuuper generoso e grande^^
Mais uma vez, mil desculpas pela demora... O próximo capítulo será postado na velocidade 5. Ok, eu sei que foi péssimo.. Quem estou enganando, eu sou péssima com piadas e mensagens subliminares T_T
huahuahuahuhauahuahauau
Ok. sem mais delongas... Beijos e muito obrigada a quem comentou. Continuem comentando afinal, preciso saber a opinião de todos vocês^^


Gemulla, olha que a Mione te pega de jeito viu? Onde já se viu.. querendo roubar o Drake dela... *tsc tsc*
Ok. levanta a mão quem não ker isso... \o/

marina tonks, fiiiilha.. que lindo.. você aqui prestigiando a mamãe.. *-* Bah. acho bom mesmo u,ú
huahuahuahuahuahuahuahua Brincadeirinha^^

Anna Otaku, oneechaaaaan \o/ Pois é... qual será a reação do SuperMalfoy quando vir a sua cópia? que bom que gostou e continue lendo^^

Bruna Behrens, OMG! OMG! Você leu... *-* Suuuuuper obrigada pelos elogios, amiga *-*

TeresaNossa, fiquei muito feliz que você tenha gostado viu?
Pois é, pois é, pois é... o que o Drake irá fazer? Quem sabe... *foge antes que fale mais do que deve* Continue lendo^^

, que bom que gostou!!! *-* Conto com sua presença aqui sim?

Imogen, nossa. Confesso que fiquei super feliz e boquiaberta com o seu comentário. Muito obrigada pelos elogios, viu? Continue lendo.. sua presença é muito importante^^

***Sarinhaaa***, céos... o que eu vou falar de você? huahuahuahuahuahuahauhaua
Ainnn amiga, que bom que você está gostando *-* Tu tá ligada que sua opinião é muito importante pra mim né?^^

Horchid, pois é, amore. A minha intenção foi fazer uma comédia-romântica sabe? Coisas que podem realmente acontecer na vida real... Continue lendo^^

Nossa.. quase ia esquecendo. Sobre a cena da sinuca, que eu particurlamente amei escrever *O*, gostaria de pedir a opinião de vos.. quero saber quem é a favor dessa cena em separado? Tipo, pra saber o que aconteceu depois de onde eu parei? Bem, espero os votos.. quem quiser pode me add no msn viu? Beijooo e agora eu realmente me vou... FUI!

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