Segunda semana
Segunda semana
Relatório por James Potter
Sei que a Lily reclamou um bocado no relatório da primeira semana, mas isso tudo é charme, professora. Sem dúvida, de todas as detenções de minha vida, e olha que tive muitas (depois, professora, você podia me dizer quantas, exatamente? É que eu e o Sirius fizemos uma aposta...), esta foi a melhor. Claro, que o fato de levantar cedo me incomoda, e ter de acordar Sirius e Remus, também. Mas o resto todo está bem divertido, no melhor sentido da palavra.
As aulas de quadribol continuaram sendo pela manhã, Lily chega aqui em casa por volta das oito. Como um bom professor, faço com que ela se sente na mesa com Sirius, Remus e eu, para tomar o café da manhã que Denny – a elfa da minha família – prepara. Isso faz parte da educação para se formar um bom atleta, como todos sabem. Não que Lily comesse muito, já que ela se sentia meio enjoada pela manhã, ou pelo menos essa foi a versão dela. Contudo, não resistia a super vitamina de Denny, ou então ficava com pena de vê-la desapontada.
Só queria lhe perguntar uma coisa, professora Mc. Você sabia que Lily não tinha a menor coordenação motora quando me mandou ensinar quadribol a ela? Sério, quando vi que ela não conseguia nem voar em linha reta a um metro do chão, resolvi que aquilo podia ser perigoso. Não só para ela, pude sentir na pele. Então, nossos treinamentos começaram no chão. Todo dia ela corria em torno do campo de minha casa durante meia hora, para aquecer. Ela ficava revoltada de correr sozinha, então revezamos eu, Sirius e Remus e cada dia um corria com ela.
Não sou fã de esportes terrestres, mas começamos apenas nós quatro passando de um ao outro a goles. E depois ela tinha de correr “ziquezagueando” e ainda passando a goles para um de nós. Além de tudo isso, fiz Lily andar sobre a linha que delimitava a marcação do campo, quem sabe assim ela conseguiria voar melhor em linha reta?
Ficávamos bem cansados com tudo isso. Lily sempre irritada, mas quando no último dia ela finalmente conseguiu andar na linha, agarrou a goles que jogávamos para ela e ainda obteve êxito em não acertar nenhuma vez a goles na minha cara ou na de Sirius, acho que ela percebeu que valeu a pena. Como professor fiquei bastante orgulhoso da evolução da minha aluna (assim como a professora deve ser orgulhosa de mim, não?).
Então depois de almoçarmos, eu, Sirius e Remus, já que Lily se recusava a comer conosco, e tomarmos banho, nós aparatávamos na rua de trás à casa de Lily. Na verdade, na primeira vez nós aparatamos na sala da casa dela, mas não sei porque isso não parecia agradar aos pais dela que levaram um susto, por isso Lily proibiu. Tocávamos a companhia – uma coisa trouxa para avisar que alguém chegou – e Lily aparecia sempre linda com um vestido cada dia de cor diferente.
Não que ela não fosse linda sempre, mas em hogwarts ela está sempre de uniforme e lá em casa ela vai com uma de minhas roupas de quadribol velhas e ajustadas magicamente que emprestei para ela. Então, sabe como é, quando íamos buscá-la em casa para a aula de estudos trouxas e ela aparecia de vestido e de banho tomado, digamos que a beleza dela ficasse ainda mais em evidência.
Nosso tema para as aulas de estudo dos trouxas foi a rua. Isso porque Lily viu que para sairmos da rua atrás da dela e irmos até a porta da casa dela, tínhamos alguns sérios problemas. Então, Lily levava Sirius, Remus e eu para passear na rua. A primeira regra é olhar para um lado e outro antes de atravessar, porque a rua dos trouxas não foi feita para se andar, ou pelo menos para se andar a pé. Então, éramos obrigados a andar nas calçadas.
Lily nos levou ao centro de Londres. Só tinha ido ao caldeirão furado e sempre com pó de flu ou aparatando. Bom, para chegarmos lá pegamos um ônibus. Foi no ônibus que Lily nos deu uma pequena aula sobre os veículos. Os meios de locomoção trouxas, de um modo geral, são coisas com rodas e motores movidos a um líquido explosivo chamado gasolina. Acho que a palavra explosivo fez os olhos de Sirius brilharem, não sei se me animo ou me desespero com isso. Existem os mais variados tipos, quando eles têm quatro rodas e são pequenos, de modo a caberem umas quatro pessoas dentro chamamos de carro. Quando têm quatro rodas, mas são grandes chamamos de ônibus. E quando têm duas rodas chamamos de moto.
Lily nos falou que para os pedestres todos são perigosos, mas para se pilotar o mais perigoso era uma moto. Foi nesse momento que a fissura de Sirius começou. Ou, talvez, tenha sido na hora da gasolina. Só sei que Sirius olhava para rua procurando por motos o tempo todo e seus olhos brilhavam cada vez que encontrava uma. Ele nem escutou a explicação sobre os sinais. Aliás, os trouxas gostam de complicar. Têm o sinal de pedestre e tem o de veículos, não bastava só um? Nunca sei se o verde de siga é para mim ou para o outro.
Quando Sirius perguntou a Lily como se pilotava uma moto, eu senti que ela ficou preocupada. Mas aí eu lembrei ao Sirius que ele era louco perguntando justo a Lily como se pilotar uma moto, já que ela não conseguia nem voar em linha reta. Não sei, mas a verdade não faz a Lily se sentir bem. Aliás, nada faz. Quando eu elogio, também saio perdendo.
Lily ficou dois dias sem falar comigo. Até que depois de ela acertar a goles em minha cara de modo que meu óculos quebrou e meu olho ficou roxo, ela me perdoou. Acho que ela ficou com medo de eu ficar cego, e isso não foi uma suposição tão absurda. Também pode ter sido porque ela finalmente enxergou que realmente não tem coordenação suficiente para pilotar uma moto, ou, pior, ensinar o Sirius a pilotar uma.
Depois de muita insistência de Sirius ela disse a ele que no mundo dos trouxas tinha que se conseguir uma autorização para dirigir. Era como para aparatar. E ela não tinha uma. Cheque-mate! Mas segundo a versão dela, ela nem tinha tentado. Não queria poluir ainda mais o mundo, parece que a gasolina tem algo a ver com isso.
Remus teve um certo problema com as passarelas. Eram pontes há metros de altura para se ir de uma calçada a outra. Ele tem medo de altura. Mais ou menos, porque ele voa numa vassoura. Mas se ele estiver andando encima de uma ponte a metros de altura, ele tem medo. Eu gostei das passarelas. Acho que Lily também gosta delas. Remus aprendeu a conviver com isso. Sirius pode ver as motos lá de cima.
Depois das aulas íamos deixar Lily em casa e, nesse caso, aparatávamos no quarto da irmã dela. Isso é muito legal, porque ela sempre dava um grito. Não consigo imaginar como ela conseguiu um tolo para se casar. Aliás, não é inteligível que ela e Lily sejam irmãs, professora. Não conheço muito bem os pais de Lily, mas o pai dela, em especial, não parece muito feliz em me ver. Será que seria um espanto muito grande para Lily se eu sugerisse que ela, talvez, fosse adotada? Remus acha que as evidências são poucas, já que ela se parece muito com a mãe, e acha que o pai dela me trata mal porque Lily deve contar as histórias de Hogwarts a ele. Sirius simplesmente acha que ela fala mal de mim para os pais dela.
Fiquei feliz. Pelo menos ela perde tempo falando de mim, afinal.
Até a próxima semana, professora Mc.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!