Capitulo 8º



Com os olhos pesados Al sentiu a luz do dia iluminado o lugar quando ele acordou. Preguiçosamente ele pôs-se de pé com dificuldade, tropeçando nas cobertas e cambaleando de sono. Não dormira nada bem, sonhara a noite toda.
Ele tentou lembrar-se do que se tratavam os sonhos, porem não conseguiu pensar em nada, a não ser talvez numa imagem não muito nítida de uma torre, mas ele não tinha muita certeza de que sonhara com ela ou se era uma lembrança antiga.
A cama de Rose já estava feita e nova muda de roupas fora deixada sobre ela, provavelmente por tia Hermione, para que o menino pudesse se vestir. Sobre a mesinha de cabeceira da prima, uma lanterna repousava e sob ela um bilhete numa letra infantil mas bem feita para idade da autora.
Alvo ainda não aprendera a ler muito bem, por isso, demorou um pouco para entender o conteúdo do bilhete:

NÃO PENSA QUE EU ESQUESI¹ A GENTE VAI LÁ DEPOIS DO CAFÉ

ROSE

De uma coisa ele tinha certeza: a palavra “esqueci” se escrevia com C e não S.
Ele vestiu-se rapidamente e correu para o banheiro. Queria se aprontar logo, para depois, como seu irmão Jay dizia, “tirar uma com a cara” da prima.
Ao se ver, na ponta dos pés, diante do espelho, constatou que a noite mal dormida não lhe fizera nenhum bem. Olheiras grandes viam-se embaixo de seus olhos e seu rosto estava incrivelmente pálido. Escovou os dentes e arrumou os cabelos como lhe ensinara a mãe, usando de uma pequena quantidade de Gel Capilar do tio que encontrara emcima da pia.
Um delicioso cheiro de café feito na hora entrou pelo seu nariz quando terminou de descer a escada que levava à cozinha.
- Bom dia tia! – cumprimentou educadamente quando se sentou ao lado da prima.- Oi Rose, porque você não me acordou?
Com um prato de cereais a sua frente Rose mastigavam, a boca quase estourando de tão cheia, então apenas acenou para o primo.
- Bom dia querido – respondeu Hermione vindo até ele – Eu pedi para que ela o deixa-se dormir mais um pouco. Rose, coloca menos comida na boca criatura. Desse jeito você vai engasgar – acrescentou a mulher para a filha – Rony II
Rose respondeu com uma careta e Al riu gostosamente para as duas quando a tia imitou a filha.
- Você quer comer o que querido? – indagou ela para o sobrinho.
- Qualquer coisa tia.
- Hum.... Leite? Cereal? Quer que eu faça, sei lá, um Wafer? – ela foi até a geladeira e a abriu buscando algo.
- Só cereal ‘ta bom pra mim tia Mione – respondeu o garoto sem jeito.
- Ok - e com um aceno de varinha uma tigela voou do armário para a mesa.
Al gostava demais dos tios, que alem de tudo eram seus padrinhos. Sempre passava alguns dias na casa deles, mas mesmo assim ainda se sentia tímido as vezes.
- Cadê o tio Rony e o Hugo? – perguntou ele a tia enquanto preparava seu prato
- Hugo ta lá no meu quarto assistindo TV e tio Ronald já foi pra loja. Alias – ela levantou a cabeça de detrás da geladeira trazendo um caixinha de leite – ele levou aquele treco com ele, viu Rose.
A menina engoliu o conteúdo de sua boca de uma vez.
- Ahhh mãe! – reclamou ela - Eu nem brinquei direito com ele! Nem mostrei pro Al!
- É isso mesmo mocinha, mandei seu pai devolver. E que ótimo que você não brincou com ele. Vocês não têm noção de quanta confusão essas invenções de seus tios já causaram!
- Não é isso que o pai fala!- retrucou Rose - Ele sempre diz que o tio Jorge e o outro irmão dele lá eram gênios.
Por "outro irmão dele lá" Al sabia que Rose se referia ao falecido tio Fred, irmão gêmio de Jorge que morrera na guerra.
- Verdade tia! Meu pai também diz! - intrometeu-se o garoto.
Recostada no armário Hermione serviu-se um pouco de café, soprou por algum tempo já que ele obviamente estava quente e antes de tomar um gole disse às crianças que a estudavam.
- Eu não discordo. Seus tios são... eram... ahn... Tio Fred realmente era um gênio e Tio Jorge ainda o é. Mas essa não é a questão. A questão é que, querendo ou não, esses inventos podem ser perigosos e fim de papo! – ela voltou a soprar o café pensativa, afim de tomar o restante que ainda fumegava.
As crianças trocaram olhares calados e comeram seus respectivos cafés da manhã em relativo silêncio.
Como Rose havia começado o seu antes, terminou o cereal primeiro. Para não deixar Al sozinho à mesa, preparou para si um pão e achocolatado.
Alvo, por sua vez, não via a hora de poder “zoar” com a prima, mas não se atreveria a fazê-lo na frente da tia. Ele lançou a ela um brevíssimo olhar, pensando que talvez fosse possível dizer o que queria a Rose sem ser ouvido.
Como que lendo seus pensamentos a tia se aproximou dos dois e sentou-se também, passando a encarar os pequenos.
- E então Al, dormiu bem? O colchão estava confortável? – Hermione puxou assunt entre uma colherada e outra do menino.
Educadamente ele engoliu antes de responder:
- ‘Tava ótimo tia! – ele sorriu e voltou a seu prato. Rose ao seu lado pegou um banana da fruteira que enfeitava a mesa.
- Sua mãe me mandou uma coruja logo cedinho. Seus pais precisam sair e como eu não vou trabalhar hoje.... Se importa de ficar aqui? Ela te manda roupas mais tarde se você topar.
Alvo se animou ainda mais e trocou com Rose um rápido olhar cúmplice: teriam mais tempo para fazer o que quer que tivesse que fazer.
- Sem problemas tia, eu vou adorar!
Hermione o analisou e então comentou tomando novo gole de seu café:
- Sabe... quando você era menor costumava me chamara de “Dinda”. Lembra disso?
Enrugando a testa ao negou. Ele realmente não fazia idéia de que um dia não chamara a tia de tia.
Por algum motivo Rose começara a rir e por isso engasgara com a banana que comia. Rapidamente Hermione levantou-se a bateu nas costas da filha fazendo a menina levantar os braços pro ar.
- Eu falei pra colocar menos comida na boca, teimosa! – ralhou quando a menina parou de tossir.
Ainda rindo-se Rose perguntou a mãe:
- O Al já foi “menor” que isso??? Hahahaha
- Ué... do que você está rindo menina? Por acaso você acha que já nasceu com esse tamanho ou o que? Você também já foi menor que isso! Você viu as fotos – respondeu a mãe a seu lado.
Agradecido pela defesa da tia ao aproveitou para tripudiar:
- É verdade, a gente tem quase a mesma altura ta! E eu, mesmo sendo mais novo um pouco, sei escrever como se deve! Não igual a alguém que eu conheço que nem sabe a diferença de C e S!!!
Ele riu triunfante para Rose mas esta pareceu não entender:
- Ta’ louco? - ela girou o dedo indicado do lado da cabeça - Eu sei a diferença!
- Não foi o que eu vi no seu bilhete!
- Que bilhete? – perguntou Rose ainda sem entender.
- Ohhh “Esquecida” – ele sublinhou bem a ultima palavra propositalmente – O bilhete pra gente ir lá depois do café!!!
A menina ficou ligeiramente vermelha embaixo da cabeleira escura e deu um doloroso chute por debaixo da mesa em Al. Hermione olhava de um para outro, curiosa.
- Aiii – exclamou o menino – Mas o que....
Ele parou a um olhar da prima e percebendo a situação, terminou seu prato de cereal calado enquanto Rose sorria angelicalmente para a mãe que tinha um das sobrancelhas levantadas:
- A gente pensou em dar um passeio até a casa da vovó agora de manhã! – mentiu a menina – Afinal de contas, ela mora logo ali e a gente tem que aproveitar que o Al ta aqui né!?
Ela ergueu e abaixou os ombros finalizando sua explicação.
Do quarto Hugo chamou a mãe:
- Mamãnheeeeeeee! – sua voz infantil ecoou pela cozinha.
Ainda encarando a menina desconfiada ela respondeu de volta:
- O que é meu bem!?
- Vem mudar de canal pra mim??? – pediu o menino
- É só usar o controle remoto Hugo!!!
- Eu não consigo! Vem mudar pra mim, vem!!!
Colocando o copo sujo de café na pia, Hermione subiu as escadas olhando sempre para os dois na mesa.
- Você acha que ela desconfiou de alguma coisa? – perguntou apressadamente Al
A menina olhou para o andar de cima receosa:
- Não sei...
- A gente vai mesmo? – quis saber o menino entusiasmando-se.
- Claro que vai! Mas agora eu acho melhor a gente realmente ir à casa da vó Molly antes, só pra disfarçar.
Al concordou plenamente com a prima.



-Mas mãe... tem certeza que a senhora também quer ir? Não precisa! Olha, eu e o Alvo já somos grandes sabia? A gente pode muito bem ir sozinho. É logo ali! – tentava argumentar Rose.
Ela e Alvo estavam parados a pouca distancia da varanda onde Hermione colocava algumas coisas para fora da casa antes de passar a chave na porta, trancando-a. O dia estava quente e o sol da manhã brilhava, tocando suas peles sob os bonés idênticos que os dois usavam. Pelo lado da casa viam-se claramente pássaros voando e repousados a sombra das arvores e nem um sinal de vassoura por perto.
Alvo ia comentar isso com Rose mas não foi preciso. Era fácil ver pela expressão da menina que ela também notara esse fato.
- Nem pensar! Com um dia lindo desses? Eu vou também! – exclamou uma Hermione radiante. Ela mexeu na bolsa branca de lado que trazia consigo e de dentro desta tirou um pequeno chapeuzinho de abas verde, colocando-o na cabeça de Hugo que esperava junto a ela, com uma bola de plástico nas mãos.- Pronto! Podemos ir.
- E o Bichento e o Fuchur? Vão ficar sozinhos? Não pode, eles vão brigar. – disse a menina quando a mãe se pôs a andar puxando o filho mais novo pela mão.
- Não tem problema algum, eles estão se dando super bem.. A não ser que você queira levar Fuchur para um passeio, o que eu não aconselharia por causa do calor. Ele é muito novinho.
Ela passou por eles e seguiu pelo caminho de terra batida onde se achavam marcas de pneu de vários carros.
Não era bem isso que as crianças haviam planejado. A idéia era passar rapidamente pela casa da vó e depois ir até o bosque com calma analisar as coisas. Com Hermione junto deles isso seria bem mais difícil.
- Vocês não vêm? – Perguntou ela já bastante a frente.
Resignados, Rose e Alvo começaram a caminhar cuidando para manter certa distância, possibilitando assim maior privacidade para conversas.
- Não to acreditando nisso Alvo – Rose sacudiu a cabeça para ele. – Sumiu! Você percebeu né?
- Aham. E agora, o que a gente faz.
Ele falava enquanto andava prestando atenção na tia e no primo a sua frente.
- Sei lá! Você acha que foi aquilo que você viu que pegou a Penélope ou foi um ladrão?
- Penélope?? – Al parou de andar e a menina passou um pouco a sua frente, parando quando percebeu que ele parara.
- A vassoura! – explicou ela.
- Você chama ela de Penélope porque??? – perguntou ele voltando a andar.
- Acho o nome legal! – disse ela simplesmente. – Então, o que você acha?
- Do nome? Feio!
- Não Alvoooo!!! O que você acha que aconteceu com a vassoura??? – ela esclareceu de mãos na cintura.
- Ah... disso eu não sei. Como você disse pode ter sido alguém que acho ela ali, ou então foi mesmo alguma coisa estranha que estava lá que a pegou.
Os dois caminhavam lado a lado e a menina agora ia chutando uma pedrinha pelo caminho. Junto da mãe, Hugo cantava lançando a bola pelo ar e a segurando em seguida, tudo sob o olhar encantado de Hermione.
- Agora... quanto ao nome da que você deu pra ela.... Tsi Tsi Tsi... Péssimo gosto o seu!- brincou ele
Apesar de preocupada Rose riu e deu-lhe um tapa forte no braço.
- Seu sem graça!
- Ahhh Rose, sério mesmo! Penélope? Pior que isso só a Lilly que chama o mini-puffe dela de Euclides!
Os dois caíram na gargalhada. Isso chamou a atenção de Hugo.
- Do que que vocês dois estão rindo heim? – perguntou ele parando e esperando pelos mais velhos.
- Nada Hugo, uma piada tonta do Alvo. – respondeu a irmã mais velha dela quando o emparelharam com o menino.
- Porque você está levando essa bola, Hugo? Posso ver?– perguntou Alvo estendendo a mão para ver melhor a bola pluricolorida do pequeno.
- Pra ensinar o vovô Arthur a jogar futebol! Você sabe o que é futebol?? Eu sei! Meu vovô Augustos me ensinou. Quer que eu te ensine também???
- Se você puder... – respondeu Al devolvendo a bola ao menino
Rose revirou os olhos para o menor.
- Ai Hugo, esse jogo ai é tão chato! Nada a ver, não chega nem perto do Quadribol!
Hugo mostrou a língua para o comentário da irmã.
- Você diz isso só porque não conseguiu aprender, sua boba! Ohhh Al – falou o menino cutucando o primo - o vovô tentou ensinar pra ela mas nem correr ela sabe!!! Ela parece uma lesma te...te...tetlapegicra.
Ele falou reforçando o que dizia com a cabeça.
- Ahhh moleque, larga de ser chato! Vai aprender a usar o inglês direito, vai! – Rose enfezou-se com ele.
O menino deu de ombros e voltou a mostrar a língua, correndo para a mãe que caminhava distraída observando a paisagem.
- Tadinho dele Rose, ele é pequeno ainda! – ponderou Alvo
- Quer pra você, pode levar! – respondeu malvada a menina.
- Não obrigada! – disse ele irônico – Eu já tenho dois desses lá em casa.
O caminho era agradava e vez ou outra uma borboleta ou outro inseto qualquer cruzava o caminho. Dez minutos após iniciarem a caminhada eles puderam avistar a pequena casa no fim da estrada.
As janelas e portas estavam abertas e Molly Weasley cuidava do jardim florido, Fred e Roxanne correndo ao seu redor.
Hermione foi a primeira a se aproximar, chamando a atenção da sogra ali mesmo da estrada.
- Bom dia Molly! Olha o que que eu trouxe pra você!!!
A sra levantou-se com uma pequena pá de jardinagem na mão e abriu os braços para eles sorridente.
- Ahhh, mas que surpresa mais gostosa pra começar o dia!
Limpando as mãos e abraçando a nora:
- Esta mais calma?
-Estou sim Molly! Me desculpe por ontem – respondeu a mulher ruborizada de vergonha.
- Esqueça isso meu bem! Na hora da raiva a gente diz qualquer coisa! – ela olhou por cima do ombro de Hermione para as crianças que se aproximavam calmamente – E o que vejo aqui!!!!!
Hugo disparou para a vó enlaçando seu pescoço:
- Oi vovó! Sentiu minha falta!?
Com a mão no coração a mulher encenou um quase desmaio brincando com o neto:
- Nossa, quase morri! A gente não se vê a tanto tempo né? Desde... deixa eu ver... – ela contou nos dedos exclamando escandalizada quando terminou – Desde ontem!!!! Que absurdo, não acha?
O menino riu gostoso para a avó:
- Exagerada, parece até a mamãe. Onde ‘tá o vovô, ele prometeu jogar bola comigo!
- Lá dentro meu bem, no quarto da vovó
Sem esperar mais Hugo disparou para dentro gritando:
- Vovô! Ohhh Vovô!!!!
A mulher então voltou sua atenção para os dois maiores:
- E vocês, não vão me abraçar?
Imediatamente os dois se lançaram para a velha senhora de cabelos quase brancos que abriu os braços para eles e a abraçaram juntos.
- Oi Vó – disseram em uníssono.
Molly olhou ao redor como que esperando mais alguém
- Ué... e o James e a Lilly? Não vieram com vocês por que?
Alvo não soube responder talvez porque achara que já que seus pais haviam precisado sair teriam deixado os dois na casa da avó, como de costume.
- Eles não estão aqui? – perguntou ele de volta.
- Não...
Hermione esclareceu:
- Harry precisou sair com Gina e deixou os dois com Andrômeda.
- Ficar incomodando os outros quando eles tem a casa da avó onde já se viu... Mas em todo caso, entrem, entrem – ela apontou para dentro da casa e os conduziu pelo caminho de flores que a algum tempo enfeitava a frente da casa dos Weasley. Casa essa que, no pós-guerra, fora reformada e agora era bem mais bonita, apesar de não ter perdido seu jeitão... singular e peculiar.
No album de fotos da familia Potter que seus pais guardavam em casa havia muitas fotos da casa dos Weasley, que era mais conhecida por "A Toca".
Porem a casa que o menino via agora era um pouco diferente da antiga. Ela ainda parecia segura por magia e gnomos ainda enfestavam o quintal; galinhas continuavam a correr por ali e a bota velha continuava lá jogada a um canto, mas parecia outra, revigorada agora.
E Al amava esse lugar.



-Isso,agora chuta assim ó...
O pequeno demonstrou o que queria dizer dobrando e esticando a própria perna curta. Coçando a cabeça desconfiado, Alvo se posicionou em frente ao avô que esperava de joelhos levemente flexionados pelo chute do neto, como Hugo explicara.
Concentrado o menino encarou a bola de plástico e deu um chute de leve que a fez rolar devagar pela grama, indo bater no pé esquerdo de Arthur.
O sr. Weasley surpreso olhou para a bola aos seus pés:
-Eu defendi? Eu defendi? Veja Molly, eu defendi!–gritou ele para a esposa.
Sacudindo a cabeça Hugo postou-se ao lado do avó puxando-o pela camisa para que o senhor o visse.
-Vovô? VovôÔ! O sr não defendeu, o Al chutou errado!
-Ahhh – Arthur decepcionou-se.
Concordando com Rose, Al reconheceu que aquele jogo realmente era muito sem graça. Ele já tinha visto jogos de futebol pela tv e eles eram muito diferentes de apenas ficar chutando uma bola colorida para que um cara parado as defendesse. E como Rose sabiamente havia dito, perto do Quadribol isso era um tédio.
Não que ele fosse um exímio conhecedor do esporte como os pais ou tio Rony. Muito pelo contrario: até o momento não demonstrara qualquer talento. Mas esperava que o fato de aprender a pilotar ajuda-se de alguma forma para uma melhora.
Hugo tentava pela enésima vez explicar para o avô as regras do jogo, a bola parada aos pés dos dois.
Al procurou Rose com os olhos na esperança de que a prima pudesse livrá-lo de continuar jogando mas ela, sentada numa cadeira de balanço entre a mãe e a avó, parecia muito mais interessada na possível fofoca que as duas senhoras tão avidamente discutiam.
-Tenta de novo!–exclamou Hugo levando o avô pela mão até a posição que este deveria tomar.
-Ta!–respondeu o menino procurando pela bola–Cadê a bola ???
Hugo procurou pelo chão mas nem sinal dela. A cabeça de Al já começara a delirar com a possibilidade de, assim como Penelope, a bola ter sido raptada quando um inconfundível riso de criança foi ouvido acompanhado pelo grito agudo do primo:
-DEVOLVE FRED!!!
O pequeno Fred corria para junto da irmã com a bola de Hugo em mãos.
- Não!!! – disse o pequeno começando a brincar com Roxanne
- Devolve Fred - repetiu Hugo se aproximando dos dois.
- Não!!! É minha!!! – Teimou o garotinho tirando a bola do alcance do outro
- Não é não. É minha!!!
Tentando pegar o brinquedo de volta o ruivinho avançou para o mais novo.
- É minha!!!
- Minhaaaa!!! – berrou Hugo arrancando a bola a força das mãos de Fred. Vendo isso, Roxanne partiu em defesa do irmão, descendo um belo chute na canela de Hugo.
A briga estava armada.
Largando a bola de lado os três se engalfinharam, chutando e socando para todo o lado.
- Me dá! Me dá! – repetiam os dois irmãos menores enquanto Hugo tentava se defender das investidas deles.
Arthur, Hermione e Molly correram rapidamente a apartar a confusão mas separar as crianças se mostrou mais difícil do que imaginaram. Apesar de pequenos, Fred e Roxanne eram bastante fortes e as mordidas desferidas por eles eram doloridas.
Rose se divertia soltando palavras de incentivo ao irmão mais novo:
- Vai Huggyyyy! Huggy, Huggy, Huggy!
De longe Al observava os esforços dos três para separar as crianças, sendo preciso a força de Arhur e Molly somadas para conter Roxanne. A menina ao ser segurada pela cintura pela avó continuou chutando, errando por centímetros o nariz do avô que se abaixava para segurar Fred. Hugo, arranhado, arfava enquanto era acalmado pela mãe.
- Hugo, que coisa mais feia! Eles são menores que você, ainda não entendem as coisas! Você não tem vergonha?
- Mas mãe, a bola é minha! – choramingava ele.
- Eu sei, mas eles ainda não entendem isso!
- Huggy, Huggy, Huggy!
- Mas foram eles que começaram!
- Huggy, Huggy, Huggy! – continuava Rose.
Hermione olhou para a filha de olhos apertados e a menina calou-se. Com uma enfezada Roxanne no colo Molly bronqueava.
- Menina má você. Isso não é jeito de uma mocinha se comportar, ai ai ai!
A menina olhou para a vó, os olhinhos se enchendo de água e caiu no choro. Dos braços do avô Fred a imitou, deixando grossas lágrimas rolarem por seu rostinho.
- Não precisa chorar, engole o choro. Agora. – a voz anormalmente altiva de Arthur fez os dois pararem imediatamente.
- Eitaaa, eles são fortes né???– perguntou alguém próximo a Al e o menino se sobressaltou
Um homem de rosto redondo e bondoso estava parado sorrindo para ele. – Tudo bem Al, como vai essa força guri?!
- Oiii Tio Neville! Eu não vi o senhor chegar. Eu vou bem sim, e o senhor, o que faz aqui?
- Eu não pude aparecer ontem, então aproveitei uma folga para vir cumprimentar Rose. Mas pelo que vejo, escolhi uma má hora para isso. Oi Sr Weasley! – cumprimentou ele quando Arthur Weasley se virou para seu lado ainda segurando o neto.
- Prof° Neville Longbottom!!! – sorriu Arthur retribuindo o aceno com uma mão.
- Desculpe vir assim, sem avisar, mas eu passei na casa do Rony e como eu não encontrei ninguém por lá pensei em dar uma passada aqui pra deixar isso para uma certa garotinha que, ao que me consta, ficou mais velha ontem sabe...
Ele mostrou um embrulho grande em papel vermelho na direção de Rose.
- Pra mim? – perguntou a menina para si mesma. Ela foi até ele e pegou o pacote sorridente.
Ao sacudi-lo ele fez um grande barulho.
- Cuidado! – avisou o homem – ele quebra.
- Não seja mal educada Rose. Agradeça ao Neville! – disse Hermione
- Obrigada tio!
- De nada, espero que goste. E você Hugo, virou lutador de boxe foi?
Hermione revirou os olhos para o amigo de maneira engraçada.
- Eu não sei pra quem esses dois puxaram, viu Neville!
- Ah... eu tenho impressão de que sei heim Hermione – Riu-se ele acompanhando a amiga até o interior d’A Toca.
Rose se juntou a Alvo para mostrar-lhe o presente enquanto Arthur conduzia Neville para dentro com Molly, Hermione e as crianças, tomando o cuidado de mante-las afastadas.
- O que é? – perguntou ao enteressado.
A menina rasgou o pacote de qualquer maneira.
- Caraca! Isso é o que? – Perguntou ela surpresa para Al
- Hummm, acho que é um bisbilhoscópio, né não?? – respondeu o menino analisando o presente.
- Legal! Um pacote tão grande para um treco tão sem graça – a menina o embrulhou de volta. – Vamos lá dentro pra minha mãe guardar na bolsa – convidou ela.
- Ta, deixa eu pegar a bola do Hugo antes. – respondeu ele.
Quando Alvo se abaixou para apanhar a bola que no meio da briga fora esquecida a um canto sentiu sobre ele o olhar de alguém as suas costas. Voltando seu olhar para o lado em que pensara ter sentido algo viu um ramo de arbusto se mexer brevemente e viu um pequeno gnomo fugir apressadamente por entre as folhas.
Rindo ele pegou a bola e caminhou de volta ao ponto onde deixara Rose que perguntou quando ele se aproximou.
- Ei Al, é verdade o que a vovó ‘tava contando para a minha mãe?
- O que? – perguntou ele quando os dois rumaram para a casa.
- Que vocês foram convidados para um casamento trouxa.
- Ah sim, é verdade mesmo.
O queixo de Rose caiu
- Serio? Eu nunca fui em um, e olha que a família da minha mãe é toda trouxa. De quem é o casamento?
- Eu não sei direito – respondeu ele sinceramente quando já estavam na cozinha da casa dos avós. - Parece que é de um primo do meu pai ou coisa do tipo.
- Que legal! Você vai?
- Hum, acho que sim.
- Então depois me conta tudinho heim! – pediu a menina indo se juntar a mãe que cuidava de uma mancha roxa na perna do filho enquanto os avós faziam sala para a visita.
Neville porem não parecia querer se demorar.
- Sério, sra Weasley – desculpava-se ele ao recusar o café que Molly lhe oferecia – Eu tenho mesmo que ir. Passei rapidinho apenas para ver a Rose.
- Mas não vai tomar nem um golinho do meu café?
- Eu agradeço, mas preciso realmente ir! – respondeu ele educadamente.
- E como vai Hogwarts? – quis saber Hermione fazendo carinho no joelho machucado de Hugo.
- Vai muito bem! Estamos em recesso de férias, você sabe...
- Hum... verdade...tinha me esquecido desse detalhe.
- Mamãe ta doendo! – reclamava Hugo para ela.
- Ninguém mandou você ser um galinho de briga rapaz!
Ao ver Rose, Neville virou-se para ela sorridente:
- E então, gostou! – perguntou ele.
- Ahn... adorei tio – respondeu ela fingindo entusiasmo, mas ele pareceu notar a sua descepçao.
- Serio mesmo? Não é o que parece - ele riu para ela.
- Não tio, eu gostei mesmo do seu bisbilhoscopio – apressou-se ela a afirmar
- Bisbilhoscopio, é isso que você acha que é? – ele pareceu divertido qquando viu a confusão na expressão da garota
- Não é? – perguntou ela encarando o presente que desembrulhara novamente
- Eu não teria tanta certeza assim... – respondeu Neville enigmático - Bom, eu tenho que ir, até mais!
E com isso ele saiu deixando Alvo e Rose intrigados ao ver um leve sorriso de entendimento no rosto dos adultos.
- Mamãe, o que que é isso afinal? – perguntoua a menina mostrando o presente a Hermione.
A mulher o olhou rapidamente e voltou sua atenção ao choroso Hugo
- Hum... não sei – disse ela mas Al acho que os unicos que não sabiam algo ali eram ele e Rose.
- Me parece um bisbilhoscopio –concluiu Al
- Uhum – concordou Rose- O tio Neville que ficou com vergonha por isso falou aquilo.
Ela lançou um olhar de desgosto pro presente e embrulhando-o pela terceira vez entregou a mãe:
-Guarda pra mim, fazendo favor?! – pediu
A mae fez que sim com a cabeça ainda de olho em Hugo que mimadamente ainda tinha cara de choro.
- Hugo Weasley, mas que manha é essa! Nem ta doendo assim! Fred e Roxanne já esqueceram até, olha.
Ela apontou para as duas crianças que haviam descido do colo e agora brincavam sentadas no chão como se nada tivesse acontecido.
- Mas o meu ta doendo mamãe! – exclamou ele manhosamente recostando a cabeça na mãe.
- Escuta, você não é homem não menino? – brincou o avô entregando a ele um pirulito
O menino pegou o doce fungando e sentou-se amuado no colo de Hermione.
Indo até ele, Al entregou-lhe a bola:
- Você deixou lá fora Hugo – ele estendeu a bola ao menino que negou com a cabeça
- Agora tambem não quero mais! – disse ele fazendo bico. – Pode dar pro Fred.
Hermione encarou-o incrédula antes de acrescentar para o sobrinho que segurava a bola sem entender.
- Pode uma coisa dessas Al?? Seu primo é fogo né??


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