Capitulo 7º
Capitulo 7
Pela janela do quarto de Rose, Alvo podia ver o tio lá em baixo desfazendo toda a arrumação da festa, sozinho. Tia Hermione, ele sabia, estava no quarto ao lado colocando Hugo para dormir, depois de ter dado um banho a força no garoto que eles encontraram adormecido no sofá da sala.
Rose estava no banho agora e logo seria a vez de Al. Ele esperava a prima sair do banheiro sentado na beirada da cama de armar que o tio colocara no quarto da prima.
O quarto de Rose Weasley era incrivelmente amplo e, rosa. Da cocha na cama de solteiro grande até o papel de parede de ursinho, tudo revelava essa cor, em maior ou menor grau. Os móveis por sua vez eram quase que exclusivamente brancos. Almofadas nas duas cores cobriam o chão. Uma escrivaninha ficava bem embaixo da janela e nela, um computador estiloso, além de uma infinidade de papéis e canetas de variadas cores. Na parede ao lado, uma estante de livros repleta de títulos de autores diversos: Rose amava ficção. Alvo viu junto dos deles os outros dois novos que ela ganhara de seus pais. Isso o fez lembrar do que ele próprio preparara para a prima e imaginar qual seria a reação de tia ‘Mione caso ele de fato tivesse tido a chance de entregá-lo. A julgar pelo mal estar que o tal “Desmantelador” causara entre os tios, Al até agradeceu por ter, perdido, o seu presente.
A porta se abriu e Hermione trajando uma camisola coberta por um roupão de seda entrou carregando uma muda de roupas limpas na qual Alvo reconheceu algumas suas que ele não via a algum tempo.
- Ainda bem que eu não mandei essas de volta pra sua casa. – ela disse depositando as roupas ao lado do menino. – Assim que Rose sair você entra no banho, ta bom?!
O menino confirmou com a cabeça. Hermione andou pelo quarto arrumando o que pudesse estar fora do lugar. Alvo pensou que a tia estava mesmo era procurando algo.
Ela ajeitou um bolo de folhas sobre a escrivaninha, aproveitando para olhar discretamente pela janela. Seguindo o olhar da tia Al viu tio Ronald dar um ultimo floreio de varinha e entrar.
Com um quase imperceptível suspiro ela se afastou, fez um cafuné no sobrinho e saiu.
Nem dez segundo se passaram e Rose entrou totalmente vestida com seu pijama de florezinhas, enxugando os cabelos numa toalha fofa.
- Mamãe mandou você ir tomar seu banho - ela disse assim que viu Alvo.
- Já to indo – respondeu o garoto sem se levantar.
A prima sentou na própria cama, colocando a toalha molhada sobre está.
- Escuta, eu não sabia que você tinha um computador! – comentou Al
- Ah, eu não tinha. Meu pai me deu não tem nem três dias. – ela o olhou triste completando depois de um breve silencio. – Eles ainda estão bravos.
- É... eu percebi.- ele tentou ser solidário e demonstrou isso com uma careta.
- Minha mãe as vezes é tão exagerada! – exclamou a menina chateada.
Nesse momento o pequeno Fuchur apareceu abanado alegremente o rabinho. Ao vê-lo Rose bateu a mão na cama para que ele subisse. Fuchur ficou na ponta dos pés com a língua de fora mas não conseguiu sozinho. Por fim, rindo, Rose o ergueu e ele foi se encostar ao lado da menina que sentara de pernas cruzadas.
- Humm... bom, eu to indo então. – disse Al se levantando.
- Mamãe deixou uma toalha pra você lá. Leva a roupa.
Alvo pegou suas coisas e rumou para o banheiro pelo corredor do segundo andar. Ao passar pela escada ele pode ver lá embaixo, na sala, tio Rony sentado no sofá vendo tv.
O banheiro ficava no fim do corredor. Sua porta ainda estava aberta como Rose a deixara e por ela saia uma leve fumaça de vapor: os tios sempre reclamavam da mania que a filha mais velha tinha de, mesmo em tempos quentes, tomar banho em água quase fervente. Entrando, Alvo trancou a porta e começou a se livrar das roupas sujas de terra. Ao tentar acertar o shorts dentro do cesto de roupas sujas como quem joga basquete, uma pedra branca caiu de seu bolso chamando sua atenção. Perguntando-se de onde ela vinha ele segurou-a. Apesar de todo o vapor do lugar um vento gelado o atingiu vindo da janelinha aberta, bagunçando seu cabelo. Ele se lembrou sentindo a espinha gelar.
- A mata... – ele olhou atentamente para a pedra e uma imagem entrou em sua mente: uma esfera luminosa, folhas rodopiando, vozes... e a vassoura de Rose esquecida no alto da colina. Seu estômago despencou. Como ele pode esquecer esse detalhe? A prima jamais o perdoaria se ele perdesse sua vassoura.
O banho foi rápido e durante ele, Alvo pensava num modo de contar a Rose que sua querida vassoura estava nesse momento lá fora, esquecida ao relento.
- Isso se ela ainda estiver lá... – choramingou para si mesmo o menino enquanto tirava o excesso de espuma do corpo.
Deixou que a água caísse sobre ele levando o restante de espuma embora então fechou o chuveiro e enxugou-se na toalha branca, um milhão de pensamentos sufocando suas idéias. Enquanto se vestia ele tentava raciocinar, seu coraçãozinho de criança de apenas seis anos se enchendo mais uma vez de medo.
Ele estava confuso e assustado como nunca. Esse tinha sido muito estranho, o mais estranho de sua vida. Ouvira vozes duas vezes em um único dia e, como seu avo dizia, isso não era nada bom.
Antes de sair pegou a pedra, decidido a contar a Rose tudo o que estava acontecendo com ele, mesmo que para isso tivesse que ir contra a irritante vozinha que falava em sua mente para que não o fizesse.
Do corredor ele percebeu que Rose não estava sozinha.
- Mas a culpa é minha, foi por minha causa que vocês brigaram! – ela dizia, já deitada e coberta, para alguém que sentava aos seus pés.
- A gente não brigou, nós apenas discutimos – explicava o homem ruivo ajeitando a coberta ao redor da filha – E você não teve culpa nenhuma, ninguém teve. Não foi nada Rose, tira isso da sua cabecinha ok?! – ele encostou o dedo na testa da filha – Isso sempre acontece, você já devia ter se acostumado.
- Eu não gosto quando vocês brigam – respondeu a menina no instante que Alvo alcançou a porta.
O pai sorriu e a beijou na testa
- Você sabe que a gente sempre se entende, não sabe? – perguntou ele a Rose. A menina confirmou.
Rony fez cócegas na barriga da filha a fazendo rir.
- Oi garotão! – cumprimentou ao ver o sobrinho chegar.- Quer que eu te cubra também?
Envergonhado Alvo sacudiu a cabeça.
- Não?! – riu o tio para ele – ‘Tá bom!
Alvo ajeitou ele próprio suas cobertas com o tio a observá-lo e então se deitou confortavelmente. Apenas quando viu o menino instalado devidamente Ronald saiu, parando à porta apenas para perguntar:
- Al, quer que eu deixei a luz do corredor acesa?
O menino tinha medo do escuro mas não queria dizer isso na frente de Rose. A prima no entanto respondeu ao pai.
- Deixa pai! Eu prefiro.
Piscando para as crianças, Rony se retirou:
- Boa noite!
Assim que se viu sozinho com a prima, Al virou-se para encará-la
- Rose? – perguntou bem baixinho.
- Hum? – Ele a ouviu responder
- Rose, eu preciso te contar uma coisa... – sussurro ele ligeiramente afobado.
A menina se ergueu nos cotovelos para encará-lo curiosa.
Temendo sua reação o garoto gaguejou ao dizer:
- Ahn... sabe a sua vassoura?
Batendo na própria testa a garota o interrompeu:
- Caraca Al!!! Eu me esqueci completamente, nossaaa.... – ela parecia perplexa consigo mesma – Onde você guardou???
- É.... – ele a encarou no escuro. A luz do corredor entrava pela porta aberta iluminando em cheio o rosto indagador da garota. – Eu deixei ela lá fora.
- Onde?
- Ahn... você lembra onde a gente ‘tava sentado hoje a tarde?? – perguntou ele.
- Aham
- Então... eu... eu esqueci lá! – completou e engoliu em seco esperando que Rose avançasse para ele a qualquer momento, mais rápido que a bola que vira durante o dia.
- Como assim? – falou ela mais alto do que deveria. Ela parou em silencio por um segundo para ver se alguem mais a tinha ouvido então perguntou novamente, dessa vez mais baixo – Como assim?
- Calma, deixa eu explicar! – ele sentou-se para encará-la melhor e ela o imitou – Foi assim ó...
Então ele relatou a prima timtim por timtim tudo o que acontecera na colina. Ele esperava que Rose tivesse um ataque de medo ou fúria, mas se surpreendeu ao ver no
rosto da prima o ar de excitação quando está disse:
- Cara.... e o que que a gente ta esperando? Vamo’ agora lá fora buscar o que me pertence! – ela foi se levantando - E se essa luzinha ai pegou minha vassoura, ela vai se ver comigo.
E dizendo isso ela calçou a pantufa de bichinhos e puxou um estupefato Alvo da cama. Sem fazer barulho ela foi até a escrivaninha, abriu a gaveta e de dentro tirou uma lanterna que ela piscou para testar.
- Vamos?? – falou ela apenas mexendo o lábio e fazendo sinais para que ele a seguisse.
Sem acreditar no que acontecia e morrendo de medo, Alvo obedeceu.
Ele sabia que era arriscado mas ao mesmo tempo sentia-se impulsionado a sair da casa.
- Não seria mais seguro a gente levar uma varinha? – ele falou o mais baixo que pode.
- Você por acaso tem uma? Porque eu não tenho! Darrr – respondeu ela malcriada
Pé ante pé os dois saíram devagar se comunicando mudamente. Chegaram até a escada sem problemas. Rony e Hermione possivelmente já estavam em seu quarto e não iriam ouvi-los. Mesmo assim eles tomavam cuidado para pisar o mais silenciosamente sem fazer a escada ranger.
Rose ia um pouco a frente e Alvo se assustou quando a viu se virar rapidamente fazendo sinais para que ele volta-se. Escondidos nos primeiros degraus eles ouviram a voz de Ronald Weasley
- Quer fazer o favor de olhar pra mim? - pediu ele.
Se abaixando para ver o que acontecia Rose contemplou seu pai de pijamas listrados e chinelo sentado de braços cruzados sobre a mesa, a cabeça descansada sobre eles com os olhos cravados em alguém do outro lado da cozinha. Dali eles não podiam ver quem era.
A voz de Hermione chegou aos ouvidos das crianças, carrancuda.
- To ocupada, não ta vendo!
Não dando bola para os avisos de Alvo, Rose curiosa desceu mais um degrau. Exasperado o garoto a seguiu. Agora eles podiam ver que o homem falava com a esposa, que de costas para esse, parecia cozinhar algo.
- Ah ‘Mione, chega vai, para de bancar a criança!
Mexendo uma leiteira Hermione não respondeu. Sacudindo a cabeça, desgostoso, Rony se levantou, se aproximou da esposa e cauteloso, a abraçou por trás dando-lhe um beijo no pescoço.
- Eu já pedi desculpas não pedi? Eu sei, eu devia pedido a sua opinião! Perdão, eu errei, admito! Satisfeita? – perguntou ele beijando a no rosto. Ela virou o rosto para ele e desligando o fogo levou a leiteira até a mesa onde depositou o leite fervente num copo.
- Ta aqui o seu leite, “meu bem”. Pronto, agora você não vai ficar mais com insônia.
Alvo achou que era hora de os dois voltarem.
- Rose, vamos embora antes que eles nos vejam!
- Espera!
Na cozinha Rony encostou-se na esposa novamente.
- Me perdoa?
- Ahhh Rony, porque você faz isso? – ela perguntou desamarrando a cara- Sabe que eu não gosto desses produtos, eles são perigoso – justificou ela se virando para olhá-lo.
Ele chegou mais perto da mulher abraçando-a:
- Eu sei que você não gosta, eu vou devolver pro Jorge amanhã. Tá bom assim?
Ela o encarou
- Mesmo?
- Mesmo!
- Jura?
- Juro – ele fez sinal com as mãos – Agora você pode me perdoar?
Ele voltou a beija-la no pescoço e ela segurou o riso, tentando parecer seria.
Alvo estava ficando incomodado com aquilo. Não era o tipo de cena que ele queria ver.
- Rose, eu vou voltar – sussurrou no ouvido da prima. O menino fez menção de levantar mas Rose o segurou pelo punho fazendo sinal para que ele se calasse.
O menino voltou a se agachar revirando os olhos e quando o fez a madeira aos seus pés deu um estalo forte chamando atenção dos tios.
- Mas o que vocês estão fazendo aqui??? – indagou Hermione vermelha – Já pra cama os dois!
- Mais mãe é que... – tentou explicar Rose quando a mãe subiu a escada e parou perto deles.
- Nem mais, nem meio mais! – exclamou a mãe – Anda logo seus safadinhos, já são quase onze horas. Depois o Al não dorme direito e é comigo que a tia vai brigar. Anda. – ela bateu as mãos.
Os dois se levantaram e receberam leves tapinhas no bumbum até o quarto.
De volta ao quarto, Rose virou-se pela primeira vez contra Al:
- Viu só? Culpa sua! – e emburrada ela se deitou e virou-se para o outro lado sem voltar a falar com ele.
Alvo cai na cama pensando que talvez Rose fosse maluca.
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