Capitulo 4º



Capitulo 4 #

Rose não mostrou á Alvo o que o tio havia lhe dado, por mais que o garoto insistisse.
- Depois Al, depois... – ela repetiu pela quinta vez em dez minutos.
Os dois estavam um pouco afastados da casa, numa colina, observando os preparativos e se revezando para voar. Lá embaixo tudo parecia estar indo bem: bexigas rosas e brancas se juntavam no ar formando os dizeres:

FELIZ 7º ANIVERSÁRIO ROSE

Logo embaixo, uma grande mesa fora enfeitada com toda variedade de docinhos que se possa imaginar. Apenas um espaço não muito grande fora deixado no meio para que mais tarde se colocasse ali o bolo da festa.
No céu começavam a surgir, conjurados por Rony e Jorge o desenho de belas fadinhas que dançavam, brilhando e acenando sobre as varias mesinhas redondas dispostas pelo quintal. Sobre estas repousava uma copia idêntica das fadas, só que em miniatura.
Já passava das 4 da tarde agora, o tempo estava agradável e uma brisa soprava revolvendo as folhas das arvores da pequena mata próxima ao local onde as duas crianças brincavam.
Durante o tempo em que estiveram ali, James se aproximou para ver o que os dois faziam e ficou ali por um tempo. Foi embora quando uma simpática Rose perguntou-lhe se ele também queria brincar, dizendo que ele já não era criança e que já não tinha idade para esse tipo de “bobagem infantil”. Algum tempo depois Alvo e Rose ouviram o barulho de mais um carro chegando e em poucos minutos o pequeno Hugo se reunia a eles acompanhado de Lilly, que até então estivera distraída brincando com o velho gato da família Weasley-Granger. O garoto pareceu ter tido a visão dos céus quando seus olhos pousaram no presente da irmã e mais que imediatamente o garotinho deu meio volta e foi direto a mãe reivindicar que ele também queria uma. Hugo não voltou mais, mas Alvo poderia jurar que ouvira o choro de uma criança e então supôs que fosse do primo.
Estavam agora sozinhos outra vez mas já não brincavam com a vassoura. Sentados numa pedra apenas observavam o movimento lá embaixo. Rose propôs que brincassem na terra que ali era fofa mas, Alvo disse não pois já havia tomado banho para festa.
- Já devia ter começado neh!? Mas o papai atrasou com as coisas. Ele perdeu a hora hoje de manha, se não fosse eu ter acordado mais cedo que o normal, a festa seria mais um jantar do que festa. Mamãe estava um pouco irritada, disse que tinha sido culpa minha e do Huggy por termos feito eles dormirem tarde ontem, só porque ficamos assistindo um filme na tv.
Ela observou a avó enquanto esta saia da casa com um caldeirão e o depositava em outra grande mesa a um canto.
- Não sei pra que tanta coisa. Eu não pedi isso, sabia. – ela concluiu com um suspiro.
Alvo entendeu o motivo do suspiro.
Ele achava que conhecia a prima melhor do que ninguém. Sabia o quanto Rose não gostava de ser tratada como a menininha da família, nem de ser comparada a mãe como quase sempre ocorria. Rose era sem duvida tão inteligente como tia Hermione e adorava ler apesar da pouca idade. Tio Rony sempre dizia que Rose era superdotada
- Imagina... uma menina tão nova e já lê livros de... não sei... 700, 800 paginas... num dia! Minha filha é um gênio! – Se gabava ele sempre que surgia uma oportunidade de ressaltar as qualidades da filha.
Mas Alvo sabia que Rose não era uma fanática devoradora de livros como a mãe fora. A prima também era muito brincalhona e divertida, tinha sempre um trocadilho engraçado e inteligente na ponta da língua e amava esportes. O menino se lembrava das tantas vezes que ele, James e o pai foram assistir a jogos com Rose e tio Rony, e também, das vezes em que os dois discutiam sobre quadribol, chegando por vezes a brigar por causa disso. Com esse pensamento Alvo acho que entendera o porquê de Rose ter sido a escolhida pra ganhar a vassoura e aprovou a escolha do avô.
- Vovô Arthur parece ser um dos poucos que te entende né? – comentou ele.
- É, ele é mesmo o máximo – concordou a menina
Nesse momento a figura de Hermione surgiu a porta da casa e chamou a filha.
- Rose, vem aqui um minuto meu bem. – disse ela alto mas carinhosamente.
Rose respondeu acenado com a cabeça e antes de descer perguntou se Alvo a acompanharia.
- Eu vou ficar aqui mais um pouco – respondeu ele.
- Tudo bem - ela se levantou limpando a calça jeans com as mãos - Já volto.
Então a menina desceu correndo para casa, os cabelos lisos esvoaçando ao sabor do vento, deixando Al sentado por ali mesmo. Ele viu quando ela chegou até a mãe e depois de perguntar algo a esta, sumir porta adentro.
Distraidamente Alvo ocupou-se por vários minutos em analisar a vassoura em seus mínimos detalhes. Não poderia dizer de qual tipo era pois o nome já se apagara, mas podia-se notar que estava bem conservada.
Repentinamente o garoto foi atingido por uma rajada de vento e sentiu um estranho arrepio percorrer todo seu corpo, como um calafrio. As folhas das arvores próximas balançavam, muitas chegaram a se soltar e caindo formaram pequenos redemoinhos. O som quase imperceptível de vozes cantando chegou aos ouvidos de Alvo, fazendo com que momentaneamente o tempo parasse ao seu redor.. Por um instante ele imaginou que a festa havia começado e era de lá que vinham as vozes, mas uma onda repentina de medo o invadiu quando percebeu que não havia mais ninguém no quintal alem dele próprio.
As vozes foram aumentando gradativamente e agora se podia perceber que entoavam uma canção numa língua que o pequeno não pode identificar. A canção era bonita e acalmava a alma com seu tom suave. Apesar do medo que sentia a curiosidade falou mais alto e o garoto forçou mais os ouvidos para ouvir melhor, na esperança de descobrir de onde vinha a curiosa musica.
Surpreso ele notou que ela parecia vir de dentro do pequeno bosque e que os redemoinhos que as folhas formavam, giravam no tom da musica, hora mais rápido, hora mais lento.
Enchendo-se de coragem Alvo levantou-se e começou a seguir o som. Estava a beira das arvores quando tropeçou em algo. Uma pequena pedra branca no chão chamou a atenção do menino que encantado guardou-a no bolso e arriscou uma olhada para o interior do lugar, aparentemente nada de estranho havia ali, apenas folhas caídas sobre o chão úmido. Olhando mais de perto o bosque parecia bem maior. Ele se enfiou mais para dentro, onde o som era cada vez mais alto, chegando até a uma grande arvore antiga, visivelmente a maior de todo o lugar e que parecia ser a origem das vozes que repentinamente se calaram . O silencio era total e a luz do sol parecia enfraquecer-se, talvez pela quantidade de folhas nos galhos da frondosa arvore impediam que seus raios tocassem o chão. Com um sobressalto o menino notou uma bola de luz clara começara a se formar do nada. A esfera girava e brilhava intensamente quando de súbito começou a se aproximar do garoto.
Dessa vez Al deixou-se tomar pelo pânico e dando as costas para bola reluzente antes que ela se aproximasse demais de si, saiu dali e desceu correndo desembalado a colina, sem olhar para trás e nem se lembrar de vassoura ou de qualquer coisa que fosse.
Foi com alivio profundo que o menino pisou a soleira da porta dos fundos da casa dos tios. Respirando com força, o coração quase saindo pela boca Alvo lançou um ultimo olhar receoso para a colina e para a mata que se seguia. Nada se via de diferente ali. Apenas a vassoura esquecida no chão de terra.
Ainda com o peito arfando e o coração aos pulos, ele tentou entender o que acabara de acontecer. Com o pensamento longe ele não percebeu a chegada de sua tia e por isso levou novo susto ao ouvi-la chamar seu nome.
- Alvo, eu estava indo agora mesmo te chamar - ela pôs-se ao lado dele alegremente - Estamos todos lá na sala vendo uns vídeos de quando Rose era pequena. Você sabe o que é isso não é? Vídeos? Então, tem você lá também! Tão pequeno, tão... O que houve querido, você está branco feito cera!
Preocupada ela se abaixou e examinou melhor o rosto do sobrinho, afastando seus cabelos que caiam sobre a testa com as mãos como quem quer verificar se ele tinha febre.
- Esta se sentindo bem? – ela o conduziu até uma das cadeiras à mesa de mármore branco da cozinha, pegou um copo no armário e enchendo-o de água entregou-lhe ao garoto, sentando- se também.
Alvo bebeu tudo de um gole.
- Então, o que foi que houve? – perguntou ela quando ele pos o copo sobre a mesa.
O menino hesitou
- Ahn... nada demais tia – mentiu ele.
- Como não? E esta com essa cara de quem viu fantasma porque então?
Fantasma. Será que era isso que ele vira? Era provável que fosse isso mesmo pensou ele. Alvo já ouvira varias historias sobre eles, sobre como andavam por ai sendo apenas uma mera imagem do que um dia haviam sido, de como alguns deles até mesmo moravam em Hogwarts como um tal de Nick-Descabeçado ou coisa assim. Se fosse realmente isso o garoto sentiu-se um tanto bobo de ter medo de algo tão normal no mundo dos bruxos, no seu mundo. Mas algo lhe dizia que o que vira era muito mais. No entanto, não quis transparecer nada para a tia.
- Foi só... eu... eu... estava brincando e cai. Foi só – mentiu descaradamente, mas percebeu que dissera a coisa errada quando viu o cara da tia.
- Caiu? De onde? Foi daquela bendita vassoura não foi? Eu avisei, eu avisei que era perigoso – disparou a tia a falar e gritando em direção ao corredor que levava à sala – Gina, Gina, corre aqui!
A mãe de Alvo apareceu a porta segundos depois e não veio sozinha. Com ela, Molly, Fleur e Luna que pareciam ter chegado a pouco, todas intrigadas com os gritos de Hermione.
Esta por sua vez foi explicando:
- Al caiu da vassoura – disse ela com cara de “Eu não disse?”
O que se seguiu foi um reboliço: todas ao mesmo tempo investiram para cima do garoto e ao mesmo tempo começaram a “examina-lo” só faltando revira-lo te ponta cabeça, verificando perna,braço e tudo que estivesse ao alcance.
Alvo tentava se esquivar e explicar que estava tudo bem, que não havia se machucado, mas não consegui sobrepor sua voz a voz de sua mãe, tias e avó.
- Onde ta doendo querido? - perguntava uma aflita Gina, examinando seu cotovelo
- Mamãe não... –tentou mas uma vez se desfazer da confusão mas não consegui pois atraídos pela balburdia da cozinha os homens e as outras crianças entraram tambem na cozinha, que agora ficara apertada.
Rony foi o primeiro a perguntar:
- Mas o que esta acontecendo aqui?
- Seu sobrinho se arrebentou no chão, caindo daquele graveto voador que seu pai de para Rose!
Harry se adiantou aos outros e postou-se ao lado de Gina
- Tudo bem, eu já tive quedas piores – quando constatou que nada de grave ocorrera – Ele vai fiçar bem, né campeão?!
Ao ouvir isso Gina se virou contra ele
- Como assim? Só porque você se matou jogando quadribol, não quer dizer que o MEU filho vai passar pelo mesmo, seu insensível!.
Harry se defendeu
- Mas Gi! Ele não sofreu nem um arranhão meu bem! – ele esticou os braços indicando o filho.
A mãe agarrou a cabeça do menino e começou a fazer-lhe cafuné:.
-Não interessa! Ele é meu bebe, não quero que ele se machuque - ela sorriu para o filho.
Foi a vez de James se meter na conversa:
- Ahhh, que bonitinho, o bonequinho de cera da mamãe não pode se machucar é ?? – ele falou fazendo biquinho pro irmão mais novo, arrancando risadas de Hugo e de um garoto um pouco mais alto de cabelos púrpura-berrante em quem Alvo reconheceu o recém chegado Teddy Lupin.
Rose não ria, mas seu rosto tinha um ar engraçado quando se sentou à mesa bem enfrente ao primo.
Alvo ficou púrpura de vergonha e já pensava no que dizer de volta mas foi Rony quem falou:
- James, eu acho que mandei o senhor ficar lá fora só um pouco vigiando os doces, não mandei ? - perguntou o ruivo
James fez que sim com a cabeça.
- E o que foi que você me disse? – continuou Rony com uma sobrancelha erguida.
- Ahnnn... Que eu, como um bom garoto, ia fazer exatamente isso? – respondeu o garoto fazendo uma imitação perfeita de carinha de santo.
- Não, na verdade você disse que o Al já estava cuidando e por isso você não precisava ficar lá.
Ligeiramente ruborizado James tentou explicar-se:
- Mas tio, eu vi o Al lá fora então achei que ele tava olhando! – ele viu a cara de descrença de Rony – Sério!
- Deixa o menino, Ron – Hermione cortou o que seria a resposta do marido - O que importa agora é ver se Al não quebrou nada.
Alvo achou por bem resolver a confusão que ele mesmo iniciara.
- Gente eu estou bem! Foi só um susto tá tia, olha! – e para mostrar que estava tudo realmente inteiro e no lugar, se levantou e passou ele próprio a alongar-se.
As pessoas na cozinha riram e as mulheres da casa pareceram mais aliviadas. Todas menos Hermione que depois de algum tempo comentou:
- Eu ainda acho que devíamos guardar aquela vassoura até que Rose... – começou ela se dirigindo ao marido que estava ao seu lado. Rony cortou o comentário da mulher com um selinho.
- Não precisa, foi só um incidente, não vai acontecer outra vez. Rose está perfeitamente segura amor, não precisa ter medo. Mas se você prefere, ela só vai pilotar quando eu estiver por perto ta? – ele a abraçou de leve. Hermione parecia menos preocupada agora.
- Se é assim...
Rose de seu lugar se pronunciou.
-Bom mesmo! Ninguém vai me tirar nada, viu! – ela cruzou os braços se fingindo de emburrada e o pai lhe deu uma piscadela de volta.
Questão encerrada, todos pareceram entender quem não havia mais motivos para se apertarem na cozinha branca da casa e então se encaminharam de volta a sala. Entrementes Molly contava com os dedos quem saia da cozinha.
- Espera ai... Não tem ninguém olhando os doces? Merlin! – ela tomou o caminho oposto e saiu apressada.
A um canto, encostado em um armário, Arthur Weasley mantinha-se calado, expressão séria, a testa levemente enrugada. Expressão essa que se desfez quando o pequeno Hugo se aproximou do avô, puxando-o pela calça para chamar sua atenção.
- Eu também posso ganhar uma? – disse o menino quando o senhor o levou ao colo.
- Quem sabe mais pra frente, ahn? – Arthur lançou um olhar acanhado à Hermione.
Decepcionado com a resposta o menino desceu dos braços do avô, no momento em que Lilly parava em frente dele e tirando da boca uma chupeta rosa,dizia.
- Pra mim pode ser uma boneca que se transforma em golfinho e espira água ta vô! Eu vi uma lá naquele lugar que tem um monte de lojas. O senhor me dá,né?
- Bem...
- Ahhh.... mas se ela vai ganhar a boneca, eu quero então um... um... um dragão de verdade, que nem o que o Tio Hagrid teve vovô!– Hugo parecia mais animado com a possibilidade.
De seu lugar Alvo viu seu tio Rony comentar com seu pai:
- Esse aniversário...– ele se virou para a esposa com um mínimo sorriso – vai longe!
Rony, Hermione, Harry e Gina riram antes de ir para sala.


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