Capitulo 3º



Em um carro de passeio vermelho, os Potter seguiam na estrada circundados por ambos os lados por pastagens, onde vez ou outra avistavam uma construção em meio a uma imensidão de capim verde.
Ao volante Harry dirigia sem pressa, se permitindo por vezes indicar algo interessante que percebia no caminho para um James e uma Lilly muito animados. Ao seu lado Gina folheava o Seminário das Bruxas descontraída e, sentado a uma das janelas traseiras, Alvo se limitava a observar a paisagem sem pronunciar palavra enquanto reconhecia o percurso que levava a casa dos Granger - Weasley.
O caminho se inclinou ligeiramente e aos poucos a paisagem foi mudando, passando a ser ponteada por algumas arvores, que mais à frente se tornavam mais e mais freqüentes, até que em certo ponto se juntavam de maneira a formar uma pequena mata, não muito densa.
Alguns metros à direita desta, a figura de uma casa de proporções não muito grandes se desenhava. Era uma típica casa de campo, branca, com grandes janelas verdes no segundo andar e uma varanda ao redor de toda casa. No topo do telhado inclinado, uma pequena chaminé perto da qual (Alvo pode notar quando eles se aproximaram) jaziam os destroços de uma velha pipa, remanescente de sua ultima visita aos tios na qual o primo mais novo, Hugo Weasley, lhe apresentara a brincadeira trouxa que aprendera durante o tempo que passou na casa dos avós maternos.
Havia um carro pequeno parado frente a casa, as portas abertas. E quando Harry estacionou buzinado, Alvo e os irmãos puderam ouvir um xingamento que veio acompanhado pela cabeça de um ruivo alto vestido em trajes trouxas. Rony Weasley, ao que pareceu, se assustara com o som da buzina e batera com a cabeça no teto do carro onde estava à procura de algo, pois quando o tio dos meninos caminhou até os convidados tinha uma careta no rosto, tão vermelho quanto seu cabelo, e a mão na cabeça, apesar do enorme sorriso que trazia nos lábios. O som de muitas vozes vinha da parte de trás da casa.
- Vocês chegaram! – cumprimentou ele abrindo os braços
- Não me diga Roniquinho, você percebeu isso sozinho foi?! - brincou Gina descendo do carro e abraçando o irmão.
- Tive uma ajudinha do seu maridinho! – retrucou ele, indicando Harry com o olhar.
Este por sua vez ria com gosto.
- Te assustei cara? – perguntou abrindo com uma a porta traseira do carro para dar passagem às crianças e acenando com a outra.
Assim que se viram fora do veículo, Lilly correu pelo quintal saltitante e James começou a dar a volta na casa sem pressa, seguido pela mãe. Apenas Alvo se manteve parado ao lado do pai , a cabeça baixa. Já não estava tão ansioso assim por ver Rose, não sem um presente em mãos.
Rony tinha voltado para seu próprio carro e agora tinha em mãos uma grande caixa de papelão. Parecia pesada.
- Pra compensar o susto, você bem que poderia me dar uma ajudinha de verdade com as coisas do carro, né cara? – ele fazia força para segurar a caixa – Tem um monte de quinquilharias de aniversario pra carregar pra dentro. Mione esta me pondo maluco com essa festa, sério! – completou o ruivo com outra careta.
De imediato Harry foi ao auxilio do cunhado, pegando ele próprio uma caixa tão grande quanto a primeira.
Alvo deixou-se ficar ali ao lado dos carros, enquanto os dois homens ia e vinha carregando embrulho atrás de embrulho.
Dali ele podia ouvir as vozes que ele reconheceu como pertencentes ao avô Arthur, a avó Molly, dois de seus tios e também uma risada alta da aniversariante, o que o deixou um pouco mais triste.
Rony e Harry apareceram a porta mais uma vez para buscar o que restava e o primeiro notou Alvo ainda ali. O tio pareceu perceber seu desanimo pois se baixou para olhá-lo melhor.
- E você campeão, que cara é essa? – ele disse bagunçando o cabelo escuro do menino: as pessoas pareciam adorar fazer isso - Rose esta te esperando a tempos, pensei que você já estivesse lá no jardim brincando com os outros.
Alvo não achou que Rose realmente o estivesse. Se estivesse, já teria vindo ver porque o primo não entrara. Ela provavelmente está brava com ele, pensou.
Foi Harry quem respondeu dando um tapinha nos ombros do filho:
- Ele apenas está um pouco chateado, não é Alvo? – Ele baixou os olhos para o filho que forçou um sorriso.
- Chateado? – ele olhou para o cunhado – Isso porque você ainda não viu o que o Rosie ganhou do vovo Arthur! – ele riu exultante, demonstrando o quanto ele mesmo parecia admirado com o presente - Vai lá guri, você vai pirar quando ver!
Ele empurrou Alvo até a porta e o garoto mais chateado do que nunca e sem nenhum pouco do entusiasmo que demonstrara no começo do dia, ele rumou para o quintal dos fundos.


O quintal estava visivelmente sem arrumado para uma festa, mas no momento ninguém parecia se importar com arrumação alguma, todos aglomerados ao redor de uma menininha de cabelos escuros que dava altas gargalhadas.
Alvo se aproximou sem ser notado e o que viu o fez esquecer momentaneamente seu desanimo e entender o motivo das risadas da prima. A sua frente Rosie subia e descia parada no mesmo lugar montada em uma velha vassoura, acompanhada de perto pelo avô, um senhor alto e quase que absolutamente careca (ainda se podia contar aqui e ali fios de cabelo num vermelho intenso, mas eles já eram coisa rara) que estava parado de pé, com as mãos na cintura e expressando satisfação no olhar, outros dois homens ruivos e um James enciumado. Um pouco atrás três mulheres conversavam, uma delas gesticulando com os braços e falando agitada.
- Mas Molly, porque a Rose? – Hermione falava para sogra que dava tchauzinhos animados para neta – Eu não entendo porque meu sogro resolveu dar uma vassoura a ela! Uma vassoura, imagina! Se ainda fosse pro Hugo, eu até entenderia, mas pra Rose?!
- Hermione querida... – falou a sra weasley mais velha sem tirar os olhos da menina – Arthur achou que Rose iria gostar. E, olhe Hermione, ele estava certo...
Rose agora descrevia pequenos círculos no lugar, os olhinhos brilhando.
- Pois é Mione, minha afilhada está adorando! – concordou Gina.
Hermione bufou em resposta e passou a encarar filha com cara de preocupada.
Alvo se achegou à mãe abraçando-a pelo lado. Molly desviou os olhos da neta.
- Oiiii querido!! Onde você estava heim? Porque não veio abraçar a vovó? – ela o abraçou com força dando-lhe um beijo na bochecha.
- Eu “tava” ajudando o tio com as coisas do carro – mentiu o menino agarrado a Gina.
Ao ouvir isso sua tia Hermione exclamou alto:
- Coisas do carro! Cadê o Ronald com o resto das coisas, eu ainda tenho que encher as bexigas, terminar de arrumar as mesas, verificar o bolo... – ela deu uma ultima olhada a filha e saiu, não sem antes fazer um cafuné no sobrinho.
De sua recém ganha vassoura Rose avistou o primo. Ela fez um movimento e pousou.
- E então minha pequena, gostou do presente do vovô?? – Arthur se abaixou para ficar na altura da menina. Ao seu lado James amarrou a cara mais ainda – Sabe, essa vassoura foi do seu pai... ou de um de seus tios, eu não lembro bem – ele franziu as sobrancelhas pensativo – Bem, não importa! Era de alguém da família. Eu sei que é usada querida mas...
O sorriso de Rose era maior que tudo quando ela se inclinou e deu um estalinho na bochecha do avô.
- Eu amei vovô!
E dizendo isso a menina saiu alegremente para junto do primo, podendo ainda ouvir seu tio Carlinhos (um dos outros dois ruivos) comentar entusiasmado:
- Que Hermione não nos ouça, mas eu penso que a menina do Roniquinho vai seguir os passos do titio aqui. O time da Grifinoria que aguarde, porque essa menina tem talento viu...
Alvo ao ver a prima se aproximar tentou disfarçar e fingir estar profundamente interessado num pequeno gnomo que brincava ali perto, ainda agarrado à mãe enquanto esta cumprimentava a sobrinha entusiasmadamente com comentários sobre seu presente novo e a avó a agarrava fortemente dando-lhe inúmeros beijinhos. Quando ela conseguiu se livrar da avó o menino sentiu a prima parar ao seu lado e depois de alguns segundos um cutucão no ombro.
- Oww, não vai me cumprimentar não heim, metido ?! – disse ela fazendo biquinho.
Timidamente Alvo se soltou da mãe e abraçou a prima.
- Feliz aniversario Rose – e quando eles se afastaram ele não conseguia olha-la nos olhos - Eu não tenho um presente pra você, desculpa. Quer dizer.... eu tinha sabe... eu fiz um, mas ele sumiu – explicou ele, encolhendo os ombros – Eu vi aquele negocio trouxa que você me mostrou sabe? Ai eu tentei fazer um igual e até ficou legal... Desculpa Rose – concluiu ele.
- Presente? Mas os padrinhos me deram presente! Eu adorei aqueles livros! - ela abaixou a voz para que a tia não ouvisse – Não sei por que todo mundo acha que eu gosto das mesmas coisas que a mamãe - Alvo riu do comentário - Mas eu gostei bastante dos livros sabe, um é de literatura fantástica trouxa e o outro de suspense, pelo que vi. Eu não conhecia ainda essa tal de Christie, mas o Tolkien eu já tinha lido.
- Eu queria ter te dado um presente meu! Um do qual você realmente gostasse. - ele também baixou a vos, mas a mãe e a avo estavam entretidas pois a primeira contava a uma assombrada Molly sobre a inesperada visita que receberam pela manha.
- Ahhh, não tem problema não Al! Não precisava não, mas obrigada mesmo por ter se preocupado, é o que vale! Vamos combinar o seguinte: se você achar você me dá ta?! Se não achar não precisa me dar presente não!
O garoto, ainda que um pouco triste, sentiu-se bem melhor ao constatar que a prima não se enfurecera com ele, mas mesmo assim anotou mentalmente que mais tarde colocaria a casa a baixo se fosse preciso pra encontrar o presente, não importa que a prima dissesse não se importar.
-Escuta Al, vamos brincar?? – convidou a garota mostrando a vassoura – Olha que legal que eu ganhei! Seu irmão parece meio enciumado – ela riu travessa.
Enquanto eles caminhavam para pelo quintal e cruzavam com Harry. Rony e Hermione que traziam para fora as coisas que antes estiveram dentro das caixas (Os homens carregando e Hermione dando as coordenadas, sendo imediatamente ajudada pelos demais adultos na arrumação da festa) ele comentavam sobre o porquê de Rose ter sido a “escolhida” para receber aquele presente.
- Sabe que eu não sei Al!
- Nossa, o James deve estar se roendo por dentro, a tempos que ele pede uma ao vô! – comentou Alvo.
- E eu não sei?! O Hugo então quando vir vai ter um treco! Espera só ele chegar, ele vem com vovô e vovó... eles foram comprar umas coisas que estavam faltando e ainda não voltaram...
- Esse deve ser o melhor presente do mundo! – Alvo parecia ter se esquecido da tristeza que sentira pouco atrás.
- Haha... isso porque você ainda não viu o que o tio Jorge me deu!

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