A Nova Imperadora-Chefe
Hermione Granger foi a primeira a despertar no dormitório feminino, ainda escuro. Deu um delicioso espreguiçar em sua cama e se sentou nela. Penteando os cabelos, foi até o seu baú e retirou um moletom e tênis de caminhada.
- aonde você vai? – perguntou Luna com a voz pastada, por baixo das cobertas cor de creme.
- vou dar uma caminhada. Acho que preciso respirar um pouco de ar puro! – respondeu Hermione, decidida, amarrando os cadarços, mesmo sabendo que podia fazer aquilo num instante com a varinha.
A menina com vestes esportivas desceu todas as escadas e chegou ao salão principal. Ali estava Cicci, conversando animada com um monitor bonitão.
- Cicci! Cicci! – chamou Hermione, baixinho.
Cicci entregou um rolinho de pergaminho ao garoto, e andou para perto de Hermione, que estava na porta do castelo.
- Oi Mione! Quanto tempo! Desculpe, eu não tive tempo de ir te cumprimentar! Me perdoa? Porque você e a Pansy não estão se falando? Eu queria tanto que você voltasse e...
- calada! – bradou Hermione, impaciente – posso saber o que está fazendo aqui á essa hora? Ainda mais você que é acostumada á acordar super tarde nos sábados e domingos?
- aconteceu uma tragédia! – Cicci desmoronou em lágrimas e abraçou Hermione – Pansy está na ala hospitalar, com uma cara horrível! Ela está parecendo que foi estuporada! E é tão difícil ficar sem ela!
Cicci soluçava sobre os braços de Hermione, que a envolviam, enquanto a garota do outro lado abriu um largo sorriso de satisfação.
- Cicci, eu tenho que ir... Eu vou... Caminhar! – disse Hermione, desfazendo-se do longo abraço.
- tudo bem. Eu vou informar a Phoenix o que aconteceu. – respondeu Cicci, secando as lágrimas na manga das vestes.
As duas amigas se despediram e cada uma tomou seu rumo. Hermione teve uma manhã super agradável. Andou pelas redondezas de Hogwarts e conheceu partes do castelo que nunca tinha ouvido nem falar. Correu duas vezes em torno do campo de quadribol, andou pela orla da floresta proibida, e resolveu dar uma passadinha na cabana de Hagrid.
- estou muito preocupado com você, Hermione. – disse o grandalhão, servindo a garota de chá e biscoitos do tamanho de pratos.
- porque, Hagrid? – perguntou Hermione, disfarçando.
- muitas coisas estranhas estão acontecendo por aqui. Rony está chateado com você. Harry também. E agora você andando com essas garotas nada boazinhas e, bem... Ficando igual á elas...
- Hagrid! Não sou igual a elas! – protestou Hermione - Além do mais, eu, Luna e Gina estamos com um plano em prática para acabar com elas!
Hagrid a fitou com cara de quem estava certo.
- tem certeza, de que não está ficando igual á elas?
A visita á Hagrid, para Hermione, fora um verdadeiro erro. Antes ele era o herói da garota, mas agora com o que dissera a ela, Hermione ficou muito aborrecida com ele. “Quem ele pensa que é? O perfeitão? O sem pecados? O santo? Ele não passa de um solitário! Olha só para ele! Á dois anos caía de amores pela Máxime e ano passado escondeu um gigante nos fundos da escola! Sem falar no fofo... eu te odeio Hagrid! Eu te odeio!”
Hermione andava apressada, batendo os pés no chão com violência. E então ela passou perto da masmorra abandonada. A masmorra que era sede das Imperadoras. Hermione desceu as escadas. Hermione abriu a porta. Entrou na saleta rosada. Apanhou o “Diário de todo mundo” na gaveta cor-de-rosa. Hermione cometeu um erro.
Em uma das lisas paginas rosadas, daquele livro aparentemente inocente, Hermione escreveu ofensas, palavrões, coisas horríveis, sobre Rúbeo Hagrid.
O sábado estava apenas começando. Uma tarde ensolarada e quente tomou conta dos jardins de Hogwarts. Os estudantes mais novos corriam pelo gramado e se banhavam nas águas refrescantes do lago negro, brincando com a lula gigante, fazendo de seus tentáculos enormes escorregadores lisos. Os mais jovens namoravam á sobra fresca de alguma árvore ou jogavam quadribol no pomar. Hermione Granger continuava a andar sozinha em público. Sem Luna e Gina para não despertar suspeitas nas Imperadoras, e sem as Imperadoras por causa de Pansy, e sem Harry e Rony por motivos secundários e bobos. A menina saiu para os gramados sobre o sol quente com um livro qualquer envolto nos braços. Sentou-se a beira do lago e ficou admirando as crianças brincando. E então se lembrou dos seus primeiros anos em Hogwarts... Como era bom viver tantas aventuras incontáveis com Harry e Rony... E as briguinhas que sempre tinham com Draco e seus guarda-costas Crabble e Goyle... Draco... Draco... Aquele nome não saia da mente de Hermione.
- Hermione?
Dito e feito! Draco Malfoy surgiu por detrás da menina que sonhava acordada.
- o que você quer? – perguntou ela, fingindo aborrecimento.
- não adianta fazer essa cara! Eu sei que você está morrendo de vontade de que eu me sente ao seu lado! – retrucou Draco, como alguém que está sempre certo.
- estou é? – Hermione riu – acho que desta vez você errou Draquinho.
- hum, adorei esse Draquinho. – Draco se inclinou e ficou bem próximo do rosto da garota. Hermione engoliu em seco. Queria muito sair dali, mas seus olhos castanhos não conseguiam parar de olhar para os tão azuis do garoto.
- Draco, acho melhor ninguém ver a gente assim.
- e porque não?
- ah não sei... Acho que é porque você está namorando Pansy Parkinson.
- de que adianta eu estar namorando uma pessoa, se a que eu amo de verdade eu ainda não tenho?
- como disse? Oh, minha nossa! Cicci e Phoenix estão vindo aí! Saia! Saia! – Hermione empurrou Draco, mas ele se segurou na blusa dela.
Como o perfume dele era agradável. Como suas mãos eram firmes e grossas. Hermione sentia as mãos dele descerem por sua cintura, e ela sentiu um delicioso calafrio.
- eu vejo você depois – cochichou Draco ao ouvido de Hermione, e se afastou, antes que Cicci ou Phoenix pudessem ver a cena.
- Oi, Hermione! – disseram Cicci e Phoenix em coro, ao se aproximarem e se sentarem ao lado da garota.
Hermione pareceu constrangida. E não foi pra menos. Phoenix e Cicci não largaram do pé dela um só minuto naquela tarde! Hermione só se livrou delas na hora do jantar, quando se separaram mediante a divisão de mesas por casas.
- o que houve? – perguntou Luna, ao dar de cara com uma Hermione abatida.
- Phoenix e Cicci! Não me deixaram em paz um só minuto a tarde toda! Até parecem que nasceram grudadas em mim!
- isso é ótimo! – respondeu Gina, animada. – Pansy está na ala hospitalar! Elas precisam de uma líder!
- como é que é? – perguntou Hermione
- Phoenix e Cicci são duas sujeitinhas que nasceram para serem mandadas! Pansy é a líder delas. E agora a líder está temporariamente de molho, o que quer dizer que elas precisam de alguém para controlá-las!
Hermione fitou Gina, confusa, por alguns instantes. Será que o que ela estava pensando, era realmente verdade? Será que seria assim, tão rápido? Ela? Hermione Granger, a grande CDF da Grifinória, se transformara sem querer na Imperadora-chefe?
Hermione olhou ao seu redor: algumas garotas a olhavam com desprezo; alguns rapazes a fitavam com interesse; Filch acenou com um sorrisinho desdentado do outro lado do salão principal para ela.
- não pode ser... – respondeu Hermione
- pode sim, amiga! – confirmou Gina – sua vingança está concluída! Já pode ter o Draco para você.
- mas ele... Bom, ainda está com Pansy.
- ela o traiu! – esbravejou Luna – conte a ele! Acha que ele vai duvidar? Que nada! Vai usar como pretexto para abandonar ela! Draco Malfoy gosta mesmo é de você, Hermione!
- e pelo que eu sei Pansy só está engordando com as guloseimas que ela recebe de seus fãs. Ela come feito uma porca! A cara dela esta hilária! – disse Gina, segurando uma gargalhada.
Hermione olhou para si mesma naquele instante. Sentiu-se muito superior. Mas o que fazer com Rony Weasley, se ela fosse realmente assumir algo com Malfoy? Sua pergunta foi prontamente respondida, ao ver Rony conversando muito animado com Lilá Brown, na outra extremidade da longa mesa da Grifinória.
O domingo, outro dia de descanso absoluto sobre o castelo, passou extremamente rápido. Pelo menos para Hermione, que passou o dia inteiro ladeada por Phoenix e Cicci. Escreveram no Diário de todo mundo (exceto Hermione), arrumaram os cabelos uma da outra, comeram porcarias, fizeram de tudo um pouco! Exceto visitar Pansy na enfermaria, coisa que nem Draco se atrevia a fazer.
- vou dar uma festa! – informou Hermione ás amigas da sonserina, enquanto entravam para o castelo durante o crepúsculo.
- jura? – perguntou Phoenix, animada.
- sim! E vê se não vão dar com a língua nos dentes, ouviram? Será uma festa na sala - precisa! Dumbledore não pode nem suspeitar! Será na próxima sexta feira. E vamos ter poucos convidados. Só os mais chegados.
- tudo bem! – respondeu Cicci.
E assim, as três entraram saltitantes para o jantar daquela noite.
Cicci e Phoenix não sabiam, mas aquela festa era apenas um pretexto para Hermione enfim se entregar á Malfoy.
Aquela semana em Hogwarts passou em um piscar de olhos. Quando todos se deram por si, já era quinta-feira á noite, e isso significava que a próxima semana, seria a última que antecedia a primeira rodada de provas do ano. Isso não era preocupação para Hermione naquele momento, mas sim o grude das amigas. Phoenix e Cicci se revezavam para se sentar ao lado da nova líder durante as aulas, e não largavam do pé dela durante os intervalos de troca de alunos. A festa na sala precisa se aproximava. Todos os que mereciam ir já estavam convidados.
Na ala-hospitalar, durante o pôr-do-sol da sexta feira, uma coruja negra adentrou o aposento, com uma garrafinha cinzenta amarrada na pata suja de terra. Madame Pomfrey imediatamente retirou o objeto e amarrou um saquinho de galeões no mesmo lugar. A coruja logo ganhou os céus quase escuros novamente.
- prontinho, senhorita Parkinson! Seu antídoto chegou! – disse a enfermeira, cantarolando.
Hermione se retirou da sala comunal da Grifinória discretamente. Trocou de roupa no banheiro da Murta e rumou para o último corredor do castelo, onde existia a sala - precisa.
Não demorou muito, e o lugar mágico estava cheio de estudantes fervorosos. A festa estava muito parecida com a de Kelly, alguns dias atrás. Os estudantes presentes mais experientes em magia, lançaram feitiços abafadores de som nas duas extremidades do corredor, impedindo que alguém nos andares debaixo ouvisse a música alta. E desta maneira, a festa estava segura.
Toda a decoração e os comes e bebes na sala fora conjurados por Hermione, Cicci e Phoenix, e a festa seguiu seu caminho, adentrando a madrugada. Phoenix e Cicci já tinham seus pares, namorando nos cantos escuros, enquanto Hermione ainda aguardava por Draco.
Encostada na mesa de guloseimas, ela bebia algo alcoólico conjurado por Phoenix, sem notar o que era, e logo começou a exagerar.
- você está linda com esse vestido preto. Disse uma voz grave e sedutora as suas costas.
Hermione se virou e deu de cara com quem ela tanto estava esperando.
- quer dançar? – perguntou ele.
- como aquela vadia se atreve á dar uma festa e não me convidar?! – bradou Pansy pelos corredores de Hogwarts, rumo á sala precisa, com Johnny á seus calcanhares. O toque de recolher da escola já havia entrado em ação á muito tempo, porém Filch tirava uma confortável soneca atrás da estátua da bruxa de um olho só, e os monitores estavam aos amassos em algum armário de vassouras escuro. Até mesmo Madame Nora estava desinteressada em apanhar alguém no flagra. Estava mais divertido perseguir algum rato pulguento aqui e ali.
- Pansy, espera! – berrou Johnny tentando alcançá-la.
- calma aí! – disse ela, parando de súbito – não posso chegar lá assim! Acabei de sair da ala-hospitalar! Estou despenteada e fedendo á remédios! Me dá minha bolsa!
Johnny entregou á namorada a bolsa rosa que ele trazia, de onde Pansy tirou uma escova e o Catarro de Trasgo.
- preciso estar impecável quando chegar! – disse ela, se penteando.
- o que você tinha, afinal? – perguntou Johnny.
- Madame Pomfrey não conseguiu descobrir. Acho que foi reação alérgica á alguma poção que eu tomei acidentalmente. Pelo menos o antídoto que veio lá do Japão serviu pra alguma coisa.
Pansy destampou o creme e começou a passá-lo no rosto, freneticamente.
- para com isso! – bradou Johnny, tomando o potinho das mãos dela.
- o que foi? Você ficou louco? – perguntou Pansy, assustada e impaciente.
Johnny cheirou o conteúdo do potinho e disse:
- Pansy! Você enlouqueceu?
- e por quê?
- isso é Catarro de Trasgo! Isso não é para a pele! Vendem na lojinha dos irmãos Weasley, lá em Hogsmeade.
- o que?
- foi isso que te fez ir parar na ala hospitalar.
- filha da...!
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