O Castigo de Pansy



Todos os anos, como não podiam deixar de ser, “O Dia do Melhor-amigo bruxo” era uma das tradições de Hogwarts mais bem celebradas e divulgadas, perdendo apenas para o dia das bruxas. A Lufa-lufa, durante a ocasião, era a única casa que abria uma barraquinha de cartões e doces na porta do salão principal, desde a fundação da escola.
- agora escute – disse Gina a Hermione, ainda no café da manhã – Pansy envia todos os anos cartões para suas subalternas. Este ano será diferente. Eu tenho um amigo na Lufa-Lufa que me deve alguns galeões desde o ano passado. Para pagar esta divida, vou dizer a ele, assim que Pansy passar na barraquinha, não entregar o cartão de Phoenix. De maneira que, você e Cicci serão as únicas presenteadas pela Imperadora-líder. Isso vai deixar a Phoenix com a pulga atrás da orelha, e vai pensar que Pansy esta com raiva dela.
- fantástico Gina! – aprovou Luna.
- é mesmo? E quem me garante que Phoenix não irá tirar satisfações com Pansy? – questionou Hermione.
- não vai, porque ela sabe que nunca deve questionar as atitudes da líder. – respondeu Luna. – fala sério Hermione! Você anda com elas e ainda não sabe disso?
- não... Ás vezes acho que elas só me colocaram no grupo pra me deixarem desse jeito.
- de que jeito? – perguntou Gina.
- gostando de quem não devo gostar. – Hermione levantou-se e da mesa e saiu de perto das amigas. Luna e Gina se entreolharam, confusas.
Hermione rumava para fora do salão, mas antes de sair, deu um belo esbarrão em Rony.
- desculpe. AAHH! – berrou Rony ao ver que era Hermione.
- Rony... Como vai?
- er... Bem. Até mais. – Rony lhe deu as costas. Seu tom parecia aborrecido. Muito aborrecido. Hermione começou á chorar. Chorar por agora, naquele momento, não ter mais Harry e Rony como antes, e por não ter Draco como ela queria.

PLANO 3

O plano três entrou em execução naquela mesma manhã. Jonathan Bear era o tal amigo de Gina, e naquele momento, tomava conta da barraca de cartões, sozinho. Gina se aproximou e lhe explicou tudo. O garoto prontamente concordou, já que tinha uma divida com a garota. Perto do almoço, Pansy passou na barraca e encomendou três cartões. Dois deles seriam entregues á Hermione e Phoenix, e o terceiro iria ser levado por uma coruja até o St. Mungus e entregue á Cicci. Assim que Pansy pagou e se retirou, Jonathan colocou em sua cesta os cartões de Hermione e Cicci, acompanhados de dois suculentos sapos de chocolate. Depois de passar no corujal e despachar uma coruja cinzenta para o hospital dos bruxos, ele se encaminhou ás masmorras, onde o sexto ano de Grifinória e Sonserina estava tendo Poções.
Os alunos tentavam preparar uma poção medicinal, eficiente no trato de queimaduras e desinfecção de cicatrizações, dificílima, de maneira que se os ingredientes não fossem depositados exatamente como descritos nos livros, ela não passaria de um mero caldo paposso.
- com licença, professor Snape! – pediu Jonathan da porta da sala. – cartões do dia do melhor amigo bruxo.
Snape deu um bufo de raiva, mas deixou que o menino entrasse com um aceno da mão. Os alunos pararam de trabalhar enquanto o garoto distribuía cartões, cantarolando pela sala.
- um para você, senhorita Bones. – disse ele entregando um cartão colorido á uma garota ruiva – outro para você, senhor Robinson. Um para Hermione Granger...
Phoenix estendeu as mãos para Jonathan, com um enorme sorriso branco no rosto, que se desmanchou quando o menino disse:
- e nenhum para Phoenix Leather! Até mais professor Snape, e desculpe o incômodo.
Jonathan se retirou da sala, saltitante. Alguns alunos davam risinhos para Phoenix, enquanto Snape voltava a andar pela sala, conferido caldeirão por caldeirão.
- porque ela... – perguntou Phoenix á Hermione.
- obrigada por ser minha melhor amiga bruxa! Eu te amo! – disse Hermione, lendo seu cartão bem alto para que Phoenix ouvisse bem – ah, Pansy, você é tão criativa. – Hermione fechou seu cartão e colocou-o bem próximo de Phoenix, que ficou muito aborrecida. Pansy Parkinson matou aquela aula de poções, ficando a tarde toda aos beijos com Draco na sede das Imperadoras, sem saber que naquele momento, sua melhor amiga estava furiosa com ela!
Como as estúpidas regras impostas por Pansy falavam mais alto que a razão e o coração, Phoenix resolveu não tirar satisfações com a colega, mas ficou um bom tempo de cara fechada para a amiga, sem trocar uma só palavra. Pansy parecia não notar no aborrecimento repentino da amiga. Em um todo, Hermione não estava naquele momento andando com as Imperadoras. Pansy tinha vergonha de falar com Hermione, e Hermione tinha medo de ao tentar falar com Pansy, voar no pescoço dela para matá-la de pancada. As reuniões na sede das Imperadoras haviam sido canceladas. Phoenix, começando a aceitar a idéia de não ter recebido cartão, continuou sendo a serva fiel de Pansy. No dia seguinte, as duas andavam alegres pelos corredores, e Phoenix agia como se nada tivesse acontecido. Era mais um plano de Luna e Gina que ia pelos ares. Hermione continuava mais solitária do que nunca.
Foi na sexta-feira seguinte que Cicci enfim retornou do St.Mungus, novinha em folha. Nem parecia que algo de estranho tivesse acontecido á ela. O trio das Imperadoras estava novamente completo. Porem havia algo estranho: Pansy estava tratando Cicci mais bem do que tratava Phoenix. Hermione podia ver á distancia a diferença de tratamento que as duas servas de Pansy estavam recebendo de sua líder. Durante a ultima aula da semana, que era adivinhações, Hermione sentou-se sozinha, enquanto Pansy tagarelava com as amigas:
- precisamos trazer a Granger de volta!
- mas ela está chateada por você estar com o Draco. – disse Phoenix.
- ah, cala essa boca! Pouco me importa se ela ama o Draco ou não. Agora ele está comigo! Ele e o Johnny Durham!
- quem? – perguntou Cicci.
- ele é da Corvinal. Draco de dia e Johnny de noite. Só quero trazer a Granger de volta á nosso grupo para utilizar o talento nato que ela tem para falar mal dos outros.
- e qual seria seu plano? – perguntou novamente Cicci.
- vamos faze-la escrever o quanto possível no Diário de todo mundo! Vou fazer ele cair nas mãos de Dumbledore, e ela levará a culpa de tudo!
Pansy e Cicci riram baixinho. Phoenix parecia chateada com o distanciamento de Pansy.
Elas não perceberam, mas utilizando uma orelha extensível, Gina ouviu toda a conversa das Imperadoras, e naquela noite, ela relatou tudo para Luna e Hermione.
-deixa ver se eu entendi... – começou Luna, andando pelo dormitório. – Pansy está traindo Draco com Johnny, da Corvinal.
- isso! – confirmou Gina.
- e quer usar a Hermione para colocar toda a culpa do Diário de todo mundo?
- correto! – confirmou Gina novamente.
- é isso! Vou me distanciar delas! – disse Hermione
- errado! – interrompeu Luna.
- o que? Luna, você não ouviu o que elas pretendem fazer comigo?
- sim, mas eu tenho uma idéia. Estou sabendo que Pansy continua usando o Catarro de Trasgo, não é Gina?
- ah sim – confirmou a colega – eu vi ela se enchendo daquilo hoje no banheiro das meninas.
- aí esta! Pelos meus cálculos, Catarro de Trasgo usado em excesso pode vir, segundo a coluna de testes dermatológicos da revista do meu pai, causar paralisia na região onde o produto foi usado.
- quer dizer que... O rosto da Pansy... Ele... – gaguejou Hermione, encaixando as peças do quebra-cabeça.
- isso mesmo! – confirmou Luna.

O sábado amanhecia lenta e tranqüilamente. Exatamente como os domingos, nenhum ruído era ouvido a distancia nos corredores desabitados do castelo. Filch dava uma volta tranqüila pelo pátio de mármore com Madame Nora em seus calcanhares, quando ouviu um agudo grito feminino vindo da masmorra da Sonserina. Correndo apressado, ele se deparou com a Murta-Que-Geme acabando-se de rir no meio do caminho.
- qual é a graça, fantasma idiota?
- Pansy Parkinson! O rosto dela não se move! Está horrível!

- posso vê-la, Madame Pomfrey? – pediu Cicci, sentada no banco de couro, sozinha, na sala de espera da Ala Hospitalar de Hogwarts.
- está bem. – disse a enfermeira, abalada.
Cicci entrou no pequeno aposento. Dumbledore, Minerva e Snape estavam em volta da cama onde Pansy estava deitada. Cicci se aproximou e deu um gritinho ao ver o rosto da amiga.
O diretor e a regente da Grifinória pareciam segurar gargalhadas, pois estavam com as bocas tortas e os rostos vermelhos, enquanto Snape estava frio e muito sério. O efeito do Catarro de Trasgo já surtira na face de Pansy. Era como se o rosto dela estivesse em “pause”. Os olhos estavam arregalados, a boca aberta horrivelmente, os cabelos desgrenhados; a face de Pansy endureceu enquanto ela dormia, e como costumava dormir de boca aberta... Os olhos eram as únicas coisas que se moviam em seu rosto.
- quanto tempo ela vai ficar aqui? – perguntou Cicci á Dumbledore.
- bem, senhorita Mcllaine, eu receio que mais do que aquele que a senhora passou no St. Mungus.
- o antídoto já está a caminho, diretor – informou Madame Pomfrey. Dumbledore assentiu com um aceno da cabeça.
- e quando chegará? – perguntou Cicci, ansiosa.
- á esta hora, na semana que vem.
Pansy não podia falar, mas pelo arregalar de seus olhos, parecia estar furiosa, MUITO furiosa por dentro.

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