Quinto Ano



Então, novamente vieram as férias.  A viagem para a Argentina foi mais tediosa do que o normal.  Seus pais faziam o possível para que Deena desfrutasse da estadia em terras portenhas, mas nada fazia com que ela esquecesse sua amada rotina escolar.  Ela já sentia novamente falta da biblioteca cheia de estranhos volumes, dos corredores ressoando o riso e os passos dos alunos, e das aulas, ah, que saudades das aulas e de todas as descobertas interessantes que elas traziam continuamente.


Marissa escrevera a Deena algumas vezes, mas ela estava viajando com seus pais pelo interior da Rússia, o que a deixava muito difícil de ser localizada.  Suas amigas da banda também mantiveram contato.  Laisa estava na Inglaterra mesmo, junto com sua família trouxa, e Latifah e seu irmão Ahmed haviam voltado para a Arábia Saudita, para também passar um tempo com a família.


*****


Depois do que pareceu uma eternidade, setembro chegou e Deena se viu de volta ao imponente castelo.  Tudo estava muito mais sombrio do que costumava ser.  Logo na viagem de ida, uma horrível criatura entrou no trem, um dementador.  Ele fez Deena e suas amigas que estavam no mesmo vagão sentirem calafrios.


No discurso de boas vindas, o prof. Dumbledore alertou a todos sobre a presença desses dementadores durante o ano letivo.  Eles estavam procurando por um prisioneiro fugido de Azkaban, Sirius Black.


Mas nem tudo foi ruim.  Deena ficou muito satisfeita ao rever seus grandes amigos Weasley, e também ao rever o professor Snape, de quem estava cheia de saudades.  Dumbledore também apresentou o prof. Lupin, o novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas.  Ele pareceu ser muito simpático, e rapidamente mostrou saber do que estava falando, ao contrário de seu antecessor.


Logo na primeira aula, Deena reencontrou Fred e Jorge.


- Oi, rapazes!  As férias fizeram bem a vocês, ambos parecem muito melhores do que no fim do período passado...


- Oi, Deena! – exclamou Jorge, lisonjeado. – As férias foram mesmo boas, sabe... Mas não víamos a hora de voltar.


Passando por ela rumo à sala de aula, Fred se inclinou e falou baixinho no ouvido da garota:


- Pensei em você o dia todo, hoje...


*****


- Oi, Deena, como foi de férias?


- Marissa, que saudades! – Disse a garota, beijando a amiga que não via há meses – Minhas férias foram um tédio, mas adivinha?  Acabei de descobrir quem me mandou aquele cartão no Dia dos Namorados!  Foi o...


- Me deixa adivinhar... Fred?


Deena parou e olhou atônita para Marissa:


- Como você sabia?


- Ora, Deena, você pensa que eu sou burra, é?  No primeiro momento que você me falou sobre esse cartão, eu tive certeza que o autor era ele.


- Por quê?


- Bom, ele sempre me pareceu gostar mais de você do que como amiga.  Você nunca percebeu, não?


- Não... Você sabe que meus olhos só vêem o... Bom, você sabe...


- Snape?  Ora, francamente... Só você para desperdiçar a adolescência inteira apaixonada por um professor que mal sabe que você existe.  Ele não liga pra você e sinceramente, nem te merece – replicou Marissa, enquanto ambas andavam pelos corredores da escola a caminho do dormitório. – Por que você não investe no Fred?  Você pode ter boas surpresas, que tal?


- Ai, Marissa, não sei...  Ele é tão meu amigo...  Não queria arriscar estragar uma amizade tão legal com uma coisa que pode nem dar certo...


- Olha, Dee, não estou dizendo pra você casar com ele.  Dê uns beijos, passeie por Hogsmeade de mãos dadas, e se não der certo, passou, oras.  O Jorge estava ficando com uma outra garota da Grifinória, parece-me que eles não estão mais juntos, mas continuam sendo amigos. 


- Hmmm, pode ser, pode ser.  Preciso pensar um pouco nisso.


- Então pensa rápido.  Porque eles dois estão muuuuito gatinhos, se você não pegar logo, vai ter quem pegue, tenho certeza! – riu Marissa, vendo a cara espantada da amiga.


*****


Algum tempo passou, sem surpresas no campo afetivo.  Snape continuava ignorando solenemente a paixonite que Deena nutria por ele.  Deena, por sua vez, começava a cansar de ser ignorada, enquanto Fred insistia na marcação.  Nos últimos dias de aulas antes do recesso natalino, ambos se encontraram em um dos corredores externos.


O frio havia chegado cedo esse ano.  A neve cobria o vasto campo ao redor de Hogwarts, e até o salgueiro lutador parecia estar tremendo de frio.  Deena caminhava rapidamente, ansiosa que estava em voltar para dentro do castelo, para o calor de seu dormitório.  Fred estava parado no corredor, debruçado em uma janela, desfrutando do frio intenso e cortante, quando Deena passou por ele.


- Ui, o que você está fazendo aqui, Fred?  Nesse frio...


- Estava pensando em você – falou o rapaz, sem rodeios.


- Em mim?  E por quê? – Perguntou Deena, fingindo inocência.


- Nada de especial...  Estava pensando em quando você vai parar de perseguir quem não se importa com você, e olhar um pouco para quem se importa.


- E esse seria você? – perguntou Deena, zombeteira.


- É incrível como eu nunca falo sério com ninguém, e quando eu falo, não acreditam em mim – disse Fred, aproximando-se. – Vem cá, vem...


Fred puxou Deena pelo braço e enlaçou sua cintura.  Ela pensou em resistir por um nanossegundo, mas antes de conseguir decidir o que fazer, Fred já estava beijando-a com uma vontade acalentada há tempos.  Deena deixou-se beijar, aquele beijo aquecia seu corpo por dentro, era muito mais eficiente que a quantidade de luvas, roupas e cachecóis que a garota usava durante o inverno gelado. 


Ambos ficaram grudados pelo que pareceu ser uma eternidade.  Ou poucos segundos.  Então Deena e Fred se debruçaram na janela onde ele estivera, momentos antes, sozinho, e ficaram curtindo a companhia um do outro, sem falar nada, para que as palavras não estragassem o conforto que ambos sentiam por estar juntos.


*****


- Namorando? – perguntou Marissa, quando ambas estavam confortavelmente aquecidas em frente à lareira na sala da Corvinal.


- É.  Ele disse que gosta de mim há muito tempo, me conhece e sabe que é isso que ele quer.  Além disso, ele disse que eu sou a única pessoa que diferencia ele do Jorge, e que isso só pode ser um sinal que fomos feitos um pro outro, hahahahaha.


- É um fofo, esse Fred!  Mas e o Snape?


- Bom, Fred sabe da minha paixonite aguda.  Ele não está iludido sobre o Snape.  Mas eu realmente pensei bastante, e acho que eu preciso mesmo ocupar minha cabeça com outra pessoa para esquecê-lo.  Poxa, o cara nem sabe que eu existo...  Quer dizer, quando eu tinha 11 anos, é compreensível que ele me achasse uma criança, mas agora... Eu estou crescendo!


- Olha, Dee, eu fico mais do que feliz em ver você avançando na vida, seguindo em frente.  Deixa o Snape pra lá, o Fred é muito mais a sua cara.


Mas a realidade não era assim tão simples.  Fred era realmente um namorado de primeira, ele e Deena se divertiam e se davam muito bem.  Entretanto, o professor de Poções não havia desaparecido; Snape continuava existindo, e a cada vez que Deena olhava para ele, não conseguia evitar um suspiro, e a cada vez que Snape olhava para ela, não dava para evitar o calafrio que aqueles olhos negros lhe causavam.


O namoro prosseguiu durante o segundo período do quinto ano.  Fred acompanhava Deena nos ensaios do “The Wanders”, ambos estudavam juntos para as provas do N.O.M., que se aproximavam rapidamente.  Às vezes, o namoro parecia uma relação a três, de tão próximo que estava Jorge.  Às vezes, ainda, parecia um namoro a quatro, porque Marissa ou Laisa se juntavam ao trio.  Deena sentia-se tão alegre que mal percebeu os comentários sobre a quase-prisão do perigoso Sirius Black...  Com a chegada da primavera, o vento gelado que rodeava o castelo foi-se embora, e um sol cálido aquecia as tardes de sábado, encontrando freqüentemente Deena e seu grupo tocando violão pelo jardim, ensaiando as músicas da banda

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