Capítulo IX
Só de ouvir falar dele, fazia seu coração dar um salto.
-Sim?
-Ele esteve treinando. Espero que fique com o prêmio.
Hermione o procurou com o olhar por todo o recinto, tentando ver também se havia por ali alguma mulher que fosse desconhecida.
-E você não trouxe ninguém para torcer por ele?
Neville e Gina trocaram um divertido olhar de cumplicidade.
-É claro, está aqui. Somos nós.
-Surpreendente. Pensei que a paixão secreta dele estaria por aqui. Que tal está ficando a casa?
-Linda – Neville respondeu - De qualquer maneira, parece que ele perdeu todo o interesse por ela, diz que não vai mais usá-la.
-Não há nenhuma outra mulher – Gina murmurou - Já disse que é você.
Hermione ruborizou.
-Não mais.
-Deixa de amar às pessoas simplesmente porque se zanga com elas?
Não, Hermione pensou. Ela não deixara de amar Harry. Mas, o que tinha isso de bom para ela? Morreria por um amor não correspondido e isso era tudo.
A competição de cavalos selvagens foi muito emocionante. Muitos dos jovens participantes fizeram boas subidas e as pontuações estavam bastante altas. Mas quando Harry entrou violentamente na arena, montando um cavalo chamado TNT um rugido surgiu da arquibancada.
Montava maravilhosamente, ela pensou observando sua magra figura. As franjas flutuavam ao vento e seu corpo se curvava elegantemente, com graça, como se absorvesse os golpes selvagens dos movimentos do cavalo. E quando soou a campainha, sinal do final de tempo, todo mundo soube que o primeiro prêmio seria dele.
-Maldito seja! Ele não é bom? – Neville disse rindo.
-Pensei que voê também montaria, Neville.
Ele olhou para Gina com uma expressão sonhadora.
-Não, tinha coisas mais importantes para pensar.
Gina ruborizou e se aproximou ainda mais dele. Hermione sentiu-se vazia, fria e sozinha.
Os peões continuaram competindo com a subida de touros e laçando novilhos. Harry era o último a competir e, quando desceu do cavalo e ficou diante dos longos chifres do animal, outro rugido sacudiu a arena. Ficou plantado sobre os calcanhares e quando o touro investiu, fez, um rápido gingado quando ele passou ao seu lado e, o agarrando fortemente pelos chifres, virou seus poderosos braços e um segundo mais tarde, o touro estava em terra. Os aplausos explodiram nas arquibancadas, mas Hermione conteve a respiração quando Harry ficou em pé. O touro voltava a investir contra ele.
-Não! - gritou ficando em pé - Harry!
Mas era completamente desnecessário. Ágil como um gato, já tinha saltado a barreira quando o animal investiu.
Hermione sentou-se, mas estava completamente pálida. Gina passou um braço pelos seus ombros.
-Calma - disse amavelmente. Ele faz isso há muito tempo. Ele está bem.
-Sim, é claro que está – Hermione respondeu vencendo seu medo.
Quando conseguiu relaxar de novo, ficou sentada, tranqüila, até o final do rodeio.
Algum tempo depois, quando se dirigia ao estacionamento para ver se o carro atrapalhava, Gina a segurou pelo braço e a desviou de seu caminho. Harry estava colocando o cavalo no reboque e Neville se aproximou para lhe dar parabéns.
-Chefe, esteve muito bem. Parabéns.
-Isso não quer dizer que está muito velho – Gina acrescentou o abraçando quando chegaram junto dele - Estou orgulhosa de você.
Ele a abraçou também, sorrindo de uma forma que fez que o caração de Hermione se encolher. Pelo menos, Gina e ele eram ainda amigos. Nesse momento, percebeu que não deveria ter ido, nem ter se aproximado, nem ter que falar com ele.
Harry levantou os olhos, e a viu, então seu rosto adquiriu uma expressão muito séria.
-Vamos ver Billy – Gina disse - Nos esperem aqui!
Arrastou Neville consigo, que parecia alegre e triunfante.
Hermione sentiu que um nó se formava em sua garganta enquanto Harry olhava para ela.
-Você foi muito bem - disse ela tentando romper o longo silêncio.
Em volta deles, havia um vai e vém de peões e cavalos e um contínuo murmúrio de conversas lembrava a elas que estavam em um local público.
'
-Não esperava vê-la em um rodeio – ele disse acendendo um cigarro - Não é exatamente o tipo de diversão que você gosta.
-Eu gosto de rodeios.
Nesse momento, ela viu que Harry tinha um grande arranhão no peito, visível pela abertura da camisa.
-Harry, está ferido! O touro...! -disse aproximando uma mão para tocá-lo.
Como se esse leve e momentâneo contato o incomodasse, a segurou pelo pulso e a afastou bruscamente.
-Não me toque, maldita seja! -exclamou com fúria.
Hermione ficou pálida e olhou para ele olhou horrorizada. Então era verdade, ele a odiava tanto que não podia suportar o contato de suas mãos. Ela queria morrer. As lágrimas apareceram em seus olhos e um gemido foi abafado em sua garganta.
Deu a volta e começou a correr entre a multidão, chorando tanto que não ouviu a exclamação de Harry nem seus passos enquanto a seguia. Ela corria como uma louca, empurrando as pessoas, saltando cercas e atirando crianças e velhinhas no chão.
Correu até que ficou sem ar. Queria ir para casa. Queria estar bem longe dali. Este era o único pensamento que havia em sua mente torturada.
Por fim chegou ao carro e entrou nele. Estava tão cega pelas lágrimas que quase não conseguia colocar a chave no contato. Acabava de dar a partida e estava dando marcha ré quando a porta se abriu e uma mão forte e violenta se introduziu no carro, desligando o motor e pegando a chave.
-Está louca! Vai se matar dirigindo nessas condições! – Harry disse.
Respirava com dificuldade e olhava furioso para ela.
As lágrimas tornaram-se mais abundantes.
-E que diabos isso importa? Não me importa morrer!
Harry sentou-se a seu lado, olhando-a. Suas mãos emolduraram seu rosto e a beijou, saboreando suas lágrimas e seus lábios trêmulos. E o soluço que escapou da boca de Hermione foi diretamente para a boca dele, mesclando-se com sua própria respiração.
Ele fez que jogasse a cabeça para atrás e a apoiasse no encosto do banco, sob a pressão de seus lábios. Acariciou-lhe a língua com a sua, e a introduziu depois na suave e doce escuridão de sua boca. O duro peito de Harry apertava seus seios e pôde sentir a potência de seus músculos, o calor de sua pele e o selvagem golpear de seu coração.
Era tão doce, tão doce... depois de tantos dias e noites de desejo, necessidade, amor e solidão... Hermione deslizou as mãos pelos ombros dele e as afundou entre seu cabelo espesso.
-Harry - murmurou dolorosamente. .
-Estou aqui – ele respondeu voltando a beijá-la.
–Tenho fome... de você - murmurou ela - Tanta fome... de sua boca, de suas mãos...
-Menina... -protestou ele entrando mais uma vez na onda erótica que os envolvia.
Muito tempo depois, ela sentiu suas bocas se separarem. Abriu os olhos e estudou o rosto de Harry.
Estava claro que podia sentir o que fosse por ela, mas que, pelo menos nesse momento, seu olhar refletia também uma enorme paixão insatisfeita.
-Quero... ter você - Hermione murmurou suavemente, olhando nos olhos dele.
-Isso não mudará nada! - respondeu ele com os dentes cerrados.
-Pelo menos, você teria um pouco de paz. ..
Os olhos dele procuraram os dela, ali encontraram dor, necessidade e solidão.
Hermione tentou um sorriso trêmulo.
-Gina me disse uma vez que deveria tentar seduzí-lo. Que, provavelmente, você deixaria.
-Isso ficaria bem em um livro. Não acha? Uma virgem tímida seduzindo um animal como eu.
-Você gostaria?
Ele começou a tremer e, um certo tempo depois ainda não conseguira controlar a reação de seu corpo.
-Serei... muito cuidadosa com você - prosseguiu ela com uma risada nervosa - Não vou deixá-lo embaraçado. Prometo.
Harry explodiu em gargalhadas, mas seus olhos permaneceram tranqüilos e solenes.
-Mione...
-Por favor – ela suplicou quase sem esperanças.
-Não vai dar certo. Você e eu somos muito diferentes, e o desejo se esvai rapidamente. Está claro que nos desejamos, mas isso não resolve o problema, e mais, pode fazer que as coisas piorem ainda mais entre nós.
Ele suspirou profundamente e se separou dela.
-Não, querida. Você tem sua própria vida. Algum dia encontrará alguém que tenha sua mesma educação e gostos, e viverá feliz com ele. Eu estava louco quando pensei que poderia mudar as coisas. Adeus, Hermione.
Harry saiu do carro e a deixou sentada ali, olhando para ele. Ficou pensando no que ele dissera e um lento sorriso de felicidade foi se formando em seus lábios. Secou as lágrimas e se foi para casa. Tinha algumas coisas a fazer.
Por volta da meia-noite, Hermione tomara um agradável banho quente e se perfumado com o melhor perfume que tinha, além de maquiar-se como nunca fizera em sua vida, colocou um lindo vestido amarelo abotoado na frente. Não usava mais nada. Escovou seus cabelos até que brilhassem. Quando terminou com tudo isso, entrou no carro e se dirigiu para a casa de Harry.
Todas as luzes estavam apagadas. Estacionou diante do alpendre dianteiro, estava certa de que todos os peões tinham ido embora porque era sábado. Sorriu maliciosamente quando pensou no que estava disposta a fazer.
As situações drásticas requerem medidas drásticas, e ninguém estivera mais desesperado do que ela estava nesse momento, pensou. Reparou que a cerca tinha sido pintada recentemente. O alpendre estava bonito, pintado de branco parecia diferente. Além disso, também havia umas cadeiras e uma mesa brancas.
Ela ouviu alguns ruídos no interior da casa quando o chamou. A porta se abriu e Harry apareceu recortado contra a luz do interior. Estava totalmente nu!
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"atirando crianças e velhinhas no chão."
Hauahuah que maldade Mione!!!
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