Na sala abandonada
Cap. 18 - Na sala abandonada
Tiago e Lily se entreolharam, assustados, se saber o que fazer. O vulto foi se aproximando, mas ainda não era possível identificá-lo, pois, ao sair do canto escuro, desceu seu capuz até cobrir-lhe totalmente a face.
- Não vão nem me cumprimentar, Potter? – falou ele, enquanto Tiago tirava discretamente a varinha do bolso das vestes. No canto da sala, alguma coisa chiou, parecia que o vulto estava usando a sala para fazer uma poção, provavelmente ilegal, pois era possível ver um fogo mínimo.
- Quem é você? – dessa vez quem perguntou foi Lílian, com a voz um pouco mais firme.
- Vocês me conhecem – respondeu, calmamente. – Não estão lembrados? Olha só o que a mudança da voz pode fazer. Cadê os bons modos, Potter? Não vai nem dizer olá? Eu não posso deixar isso passar!
Foi nesse momento que Tiago percebeu quem era. Enquanto isso, Lily olhava confusa, de um para outro. Como assim “a mudança da voz”? – pensava ela.
- Ranhoso? – perguntou Tiago, pois a frase que o vulto usara (Eu não posso deixar isso passar”) fora a mesma que Tiago havia dito a Snape, no dia anterior, quando o transformara numa Spice Girl.
- Snape? – indagou Lily, confusa. – O que faz aqui?
- Não é da sua conta o que faço aqui, sangue-ruim! – respondeu ele com nojo na voz, retirando o capuz.
- Retire o que disse! – ralhou Tiago, com uma fúria na voz.
- Você não pode me dizer o que fazer!
- Você vai se arrepender de ter dito isso! – gritou Tiago, com a varinha em punho, avançando mais para o meio da sala, se aprontando para duelar.
- Tiago, não! – pediu a ruiva, tentando impedi-lo, sem sucesso.
Os dois começaram a andar em círculos. Se olhando nos olhos, nenhum a fim de desviar o olhar nem por um segundo, para não correr o risco de ser atacado.
- Não devia estar aqui, Potter – disse Snape, com uma raiva contida na voz. – Vai se arrepender.
- Quem vai se arrepender é você, Ranhoso! – gritou Tiago, com os olhos estreitos. – Sei que está fazendo alguma coisa ilegal, senão, não estaria aqui, e não devia ter chamado a Lily de... você-sabe-o-quê!
- Ah, o Potter está com raiva é? – perguntou Snape, com voz de bebê. – Você não pode me dizer o que fazer e muito menos que vou me arrepender de alguma coisa! – terminou com raiva.
- Tiago, pára! – pediu Lily, mesmo sabendo que não adiantaria em nada. – Vamos, vamos embora daqui!
- Não Lily – disse Tiago sem desviar o olhar de Snape. – Agora ele vai ver.
- Vou ver o quê, Potter? – perguntou Snape, com desdém.
- O que eu vou fazer com você! – gritou Tiago, levantando a varinha, pronto para lançar um feitiço, no mesmo momento que Snape fazia o mesmo e Lílian gritava, tentando parar os dois.
- Expelliarmus! – gritou Snape.
- Protego! – gritou Tiago, ao mesmo tempo, criando um escudo e se protegendo do feitiço. – Terá que fazer melhor que isso se quiser me atingir!
Enquanto Tiago terminava de falar, Snape apontou a varinha para Lílian.
- O efeito será muito maior se eu apenas atingir a sangue-ruim – falou Snape, abrindo um sorrisinho pelo canto dos lábios. Tiago estava longe dela e se saísse correndo, ele a enfeitiçaria. Mas, se não fizesse nada, não sabia o que poderia acontecer.
- Pense, pense, pense! – murmurou Tiago para si mesmo, enquanto Snape continuava apontando para Lílian. Ela não podia fazer nada, pois sua varinha estava guardada no bolso das vestes e, se tentasse pegá-la, Snape lançaria o feitiço.
Já sei! – pensou Tiago, ainda imóvel. – Ele não poderá se defender se eu lançar um feitiço mudo enquanto ele estiver olhando para Lily, e, como não há como olhar para duas pessoas ao mesmo tempo... Agora, é só esperar.
Alguns segundos depois, a poção que Snape estava fazendo fez um pequeno ruído e Snape olhou em sua direção. Tiago aproveitou o momento e lançou o feitiço.
Levicorpus! – pensou ele, e, Snape foi erguido pelo tornozelo, ficando de cabeça para baixo. Fora pego de surpresa. – Impedimenta! – gritou Tiago, fazendo com que Snape ficasse imobilizado por alguns instantes. Correu para Lily e a abraçou. – Você está bem?
- Estou, mas o que será que ele está fazendo?- indagou a ruiva, olhando para o caldeirão, e a poção, agora exalava uma fumaça esverdeada.
- Não sei, mas seja o que for, deve ser ilegal, para ele estar usando uma sala abandonada – respondeu Tiago, também olhando para o caldeirão. – Venha, vamos sair daqui!
- E ele?
- Deixamos ele aqui, vamos procurar um professor!
Mas, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Lily gritou.
- Tiago, cuidado!
Tiago se virou e viu Snape apontando a varinha para ele. Ainda estava de ponta cabeça, mas já havia se livrado do Impedimenta.
- Sectumsempra! – gritou Snape, vermelho, pois todo o sangue, agora, estava na cabeça.
Parecia que várias facas invisíveis estavam cortando todo o corpo de Tiago. Ele sentiu uma dor insuportável, o sangue jorrava dos cortes, manchando suas vestes e formando poças no chão. Lily gritava, não sabia o que fazer, só tinha uma coisa a mente: impedir Snape de lançar mais algum feitiço e chamar um professor o mais rápido que podia, senão Tiago estaria morto.
- Expelliarmus! – gritou Lily, pegando Snape desprevenido. Sua varinha voou para o lado oposto da sala.
- Sua sangue-ruim nojenta! – gritou ele, com raiva.
- Estupefaça! – gritou, fazendo com que Snape ficasse desacordado. Olhou para Tiago que estava deitado no chão suando e sangrando.
Não morra, por favor, não morra! – pensava ela, chorando desesperada. Abriu a porta da sala com tudo e gritou por socorro. Por sorte, a professora McGonagall estava naquele corredor e veio correndo até ela, parecendo, ao mesmo tempo, confusa e furiosa.
- Por que está gritando, senhorita Evans? – perguntou ela. – E por que está numa sala de aula em que a senhorita não deveria estar?
- Não há tempo para explicar, professora, meajudeoTiagopodemorrer! – disse ela, tão rápido que a professora não entendeu sequer uma palavra da última frase.
- Repita mais devagar, senhorita, senão não poderei fazer nada!
- Me ajude, professora! O Tiago pode morrer! Vamos logo, por favor! – pediu ela, com o rosto já manchado de lágrimas. Puxando a professora para dentro da sala.
- Mas o que... – começou ela, mas parou e ficou branca quando viu a cena. – O que aconteceu aqui? – perguntou, com a voz trêmula.
- Eu explico depois, professora, mas agora, vamos levá-lo para a ala hospitalar o mais rápido possível, por favor!
- Está bem, vamos! – disse ela apressada, conjurando uma maca e deitando um Tiago imóvel e ensangüentado nela. Saiu correndo da sala com a maca levitando ao seu lado e Lily a seguindo de perto. Foi tanta a pressa de saírem da sala que a professora nem viu Snape.
Passaram quase voando em frente ao Salão Principal, onde os alunos começavam a sair para assistir à primeira aula do dia.
**
Harry, Gina, Sirius, Kely, Remo, Frank e Alice estavam saindo do salão. Pedro foi direto para a cozinha, comer mais um pouco antes da aula.
- Onde será que eles foram? – perguntou Harry, olhando para os lados, procurando os pais.
- Não sei, mas se demorarem vão se atrasar para a aula de Transfiguração, e a professora McGonnagal odeia atrasos – disse Remo.
- Ei, não é a Lily? – indagou Kely vendo uma juba de cabelos ruivos correndo em sua direção. Todos olharam para ela, e viram que chorava. Olharam para a professora e, em seguida, para a pessoa que estava deitada na maca ao lado dela, e perceberam a razão do choro de Lílian.
- Lily, o que foi que... – começou Sirius, mas Lílian não ouviu, parecia preocupada demais para ouvir o que quer que fosse.
- Vamos atrás dela! – exclamou Alice, começando a seguir para a ala hospitalar. – Quero saber o que aconteceu.
Todos foram atrás dos três. Harry não falou nada, estava branco e preocupado com o que poderia ter acontecido ao pai.
A professora e Lílian chegaram primeiro à ala hospitalar. Apenas uma cama estava ocupada, por um garoto que tinha uma abóbora na cabeça, que, aparentemente, se recusava a sair.
Entraram e McGonagall deitou Tiago na cama e chamou Madame Pomfrey imediatamente. A enfermeira saiu de sua sala rapidamente ao ouvir o chamado e se assustou ao ver a situação de Tiago.
- Pelo amor de Merlin! – exclamou ela, assustada. – O que aconteceu com ele, Minerva?
- Eu não sei Papoula, estava entrando no corredor da sala que está em desuso e a senhorita Evans me chamou – disse ela, apontando para Lily, que estava sentada em uma poltrona, chorando desesperada e segurando a mão gelada do namorado. – Ela ainda não me explicou o que aconteceu. Quando entrei na sala, vi o senhor Potter nesse estado. Trouxe ele imediatamente.
- Cu-cure e-e-ele, Ma-mada-da-me Po-pomfrey – pediu Lílian, entre soluços. – P-por fa-favor!
- Farei o possível, senhorita – respondeu a enfermeira, lançando para a menina um olhar piedoso e retirando a varinha do bolso. – Mas precisa me dizer o que o atingiu, assim, posso curá-lo mais rapidamente.
- E-eu n-não co-conheço, ma-mas pelo que pude en-enten-der cha-chama Sectumsempra – disse Lily.
- Certo – disse Madame Pomfrey, confusa. – Não conheço muito desse feitiço, mas parece ser muito poderoso. Primeiro vou fechar os cortes e depois, dar a ele uma poção para reposição de sangue, senão ele pode... – mas não terminou, pois um grupo de sete pessoas irrompeu pelas portas da ala hospitalar.
- Isso não é jeito de entrar numa ala hospitalar! – ralhou a professora McGonagall. – Vão para a sala de aula, agora.
Mas nenhum deles tinha prestado atenção em ao menos uma palavra dita pela professora. Todos tinham os olhos fixos em Lily, sentada na poltrona, chorando e em Tiago, deitado inconsciente e branco, feito papel, na cama, manchado de sangue. Harry se dirigiu, trêmulo, até o outro lado da cama e desabou numa cadeira, a frente de Lílian, e ficou ali, quase tão branco quanto o pai, sem falar nem uma palavra.
- Madame Pomfrey! – exclamou Gina. – Cure-o logo!
Parecia que a enfermeira havia saído de um transe quando Gina chamou-a. Ela se postou ao lado de Tiago e começou a murmurar alguns feitiços, fechando todos os cortes, mas Tiago ainda estava do mesmo modo que antes, exceto pelos cortes fechados.
- E-ele va-vai a-acordar, n-não v-vai? – perguntou Lily, ainda chorando. Madame Pomfrey demorou um pouco para responder. Nem ela sabia ao certo o que podia acontecer ao rapaz.
- Não posso afirmar nada, senhorita – falou ela, com uma tristeza na voz. – Mas farei o possível.
Ela se dirigiu à sua sala pegar a poção para reposição de sangue, enquanto todos se agruparam em volta da cama de Tiago. Nenhum deles falou. Menos de cinco minutos depois, Madame Pomfrey voltou com um frasquinho vermelho e um copinho nas mãos. Colocou-os na mesa de cabeceira.
- Tenho que pedir a todos que saiam agora – disse a enfermeira. – Ele precisa descansar. Senhor Black, poderia colocar esse pijama no senhor Potter, por favor? – perguntou, se dirigindo a Sirius, que concordou com a cabeça.
- Ele vai ficar bem, Harry, não se preocupe. Vamos – disse Gina, ajudando Harry a se levantar e guiando-o para fora da sala, murmurando palavras de consolo.
- Vamos, Lily, temos que ir, o Tiago precisa descansar – falou Kely, tentando persuadir a amiga a sair dali, mas ela resistia.
- Não, eu não vou Kely. Eu vou ficar aqui com ele!
- Vamos, Lily – tentou Alice. – Ele vai melhorar, mas precisa descansar.
- Eu já disse que não vou!
- Vamos, senhorita Evans, precisa deixá-lo descansar – falou a professora, mas não foi no tom severo que sempre usa, falou num tom calmo. – Depois a senhorita tem minha permissão para voltar aqui e visitá-lo. Mas, agora, vamos.
Isso foi o que convenceu Lílian. Ela se levantou com a ajuda das amigas e soltou, com relutância, a mão de Tiago, que caiu molemente ao lado de seu corpo.
- Vamos – dessa vez quem falou foi Remo. Frank já estava na porta da ala hospitalar, esperando os amigos se juntarem a ele. Todos saíram vagarosamente, exceto Sirius, que ficou para colocar o pijama em Tiago.
Quando saíram, a professora fechou a porta. A última visão que Lílian teve foi a de Madame Pomfrey, dando um pijama a Sirius e colocando o cortinado em volta da cama de Tiago.
- Bom – começou a professora, olhando um por um. – Eu não sei como o senhor Potter vai ficar daqui para frente, então, peço que não o incomodem. As visitas serão permitidas de dois em dois, duas vezes por dia. Senhorita Evans, pode visitá-lo mais vezes por dia – completou a professora, fazendo com que Lily abrisse um pequeno sorrisinho e concordasse com a cabeça. – Para a aula, agora.
- Mas, professora, esses dois – disse Gina, apontando para Lílian, que chorava fraquinho e tinha os olhos vermelhos e inchados e Harry, que estava com o olhar desfocado e continuava branco. – Não estão em condição de ir para a aula. Se eles forem, não irão prestar atenção em nada.
- Pois muito bem – falou a professora. – Senhorita Weasley, você acompanha os dois até a Sala comunal da Grifinória. Está dispensada dessa aula, o senhor Black também. Mas vocês – disse, se referindo ao resto do grupo. – Vamos para a aula agora, já estamos atrasados. E, senhorita Evans, depois precisarei saber de tudo o que aconteceu. É de extrema importância. Quando terminar essa aula, os três – disse, apontando para Lily, Harry e Gina. – Venham até a ala hospitalar.
Kely, Remo, Alice e Frank seguiram para a aula de Transfiguração, junto com a professora, enquanto Gina levava Lily e Harry até a Sala comunal.
Os corredores estavam vazios. Um vento frio passava por eles. O céu estava nublado, com ameaça de chuva. Chegaram até o retrato da Mulher Gorda e Gina disse a senha.
- Enigma da Esfinge! – disse ela, e o retrato girou para frente, admitindo a passagem dos três.
Gina colocou Harry em uma poltrona e Lílian em outra. Sentou a frente dos dois e se dirigiu a Lily.
- Me conte o que aconteceu – pediu ela, olhando para a amiga. – Assim, eu posso dizer à McGonagall, enquanto isso você pode ir visitar o Tiago.
- Está bem – concordou Lily, que já tinha parado de chorar. – Nós saímos do Salão Principal, e entramos numa sala de aula... – começou ela, lembrando de tudo o que tinha acontecido. Ao final do relato, seus olhos já estavam marejados outra vez.
- Então, foi Snape que estava na sala e fez isso com o Tiago? – perguntou Gina, incrédula. Lily apenas concordou com a cabeça.
- Mas, como ele conhece um feitiço desse? – perguntou Lílian, após algum tempo. – Não aprendemos esse tipo de feitiço em Hogwarts.
- Ele deve ter conhecido através dos Comensais da Morte – disse Harry, olhando para as ruivas pela primeira vez. – Está em um livro de poções dele.
- Como sabe? – indagou Lílian, confusa.
- Quando eu estava no sexto ano... – começou Harry, e contou tudo o que havia acontecido: a volta de Slughorn, o livro do Príncipe Mestiço, cheio de anotações, úteis para poções, e feitiços estranhos, quando ele usou o Sectumsempra contra Malfoy, a batalha e a revelação de que Snape era o dono do livro. Quando terminou, Lily ficou pensando por um tempo, ingerindo todas as informações recebidas.
**
Sirius observou todos saírem da ala hospitalar. Madame Pomfrey entregou-o um pijama azul e colocou o cortinado em volta da cama, para que Sirius pudesse vestir o amigo.
Não é nada fácil trocar a roupa de uma pessoa inconsciente! – pensou Sirius, tentando colocar a blusa em Tiago. Após dez minutos, abriu o cortinado e chamou a enfermeira. Ela retirou o cortinado de veludo e pegou as vestes manchadas de sangue do garoto.
- Vou deixar essas vestes na minha sala e ver se posso fazer alguma coisa, se não puder, não adiantará nada guardá-las – disse ela, colocando as vestes num saco.
Sirius apenas concordou com a cabeça. Ela foi até sua sala e deixou o saquinho em cima da mesa. Saiu e foi direto até a mesa de cabeceira, dar a poção para reposição de sangue a Tiago, não poderia perder nem mais um minuto.
Tiago ainda estava branco e suado. Madame Pomfrey colocou a poção em um copinho. Assim como o frasco, a poção era vermelha e fumegava levemente. Ela abriu a boca de Tiago e foi jogando a poção lentamente e fazendo-o engoli-la.
Sirius apenas observava, sentado em uma poltrona ao lado da cama. Quando ela acabou de dar a poção, a cor voltou rapidamente para Tiago, mas ele continuou desacordado.
- Vai demorar para ele acordar, Madame Pomfrey? – perguntou Sirius.
- Não sei, Black – respondeu ela, tristemente. – Ele perdeu muito sangue, fico até surpresa que ele não tenha morrido.
- O-o q-que? – indagou Sirius, com os olhos arregalados, e se levantou assustado. – Ele podia ter m-morrido?
- Podia – respondeu a enfermeira, olhando o garoto. – E agora, pode demorar tanto minutos, como horas ou dias para ele retomar a consciência. Só nos resta esperar. A professora McGonagall virá aqui no intervalo entre as aulas. Por favor, me chame se acontecer qualquer coisa.
E, dizendo isso, saiu para sua sala, deixando um Sirius completamente espantado ao lado do amigo.
**
Depois que Gina saiu, levando Harry e Lílian para a Sala Comunal, Remo, Kely, Frank e Alice seguiram para a aula de Transfiguração, junto com a professora. Andaram apressados pelos corredores vazios para chegar à sala, pois a aula já devia ter começado.
Quando chegaram, a professora abriu a porta e todos os alunos olharam para o grupo.
- Houve um problema que tive que resolver– disse ela, entrando e mandando os quatro se sentarem. – Agora, vamos começar a aula.
Os quatro se sentaram, Frank e Alice numa carteira e Remo e Kely em outra, ao lado. Pedro já estava lá. A professora começou a aula, foi uma das mais difíceis que eles já tiveram. Precisava de muita concentração. Ao fim da aula, ninguém havia conseguido fazer o que a professora propôs: transformar o próprio rosto em um rosto de um animal, que, para cada pessoa seria diferente. A sineta tocou e todos começaram a arrumar as coisas para sair da sala.
- Lupin, Longbottom, Stann e Jackson - chamou a professora. – Fiquem , quero que vão junto comigo à ala hospitalar. Lá encontraremos a senhorita Evans, a senhorita Weasley e o senhor Potter. Vamos – completou, saindo da sala, sendo seguida pelos quatro.
**
Lily ficou alguns momentos em silêncio, sem saber o que falar.
- Isso tudo é muito estranho – comentou Lily, pensativa.
- O quê? – perguntou Gina, levantando a cabeça e olhando para a amiga.
- Eu conheci Severo Snape quando tinha dez anos. Ele foi tão legal comigo, me explicou tudo do mundo da magia, era meu amigo. Depois que entramos em Hogwarts, eu fui para a Grifinória e ele para a Sonserina. A partir daí, começou a falar pouco comigo, me chamar de sangue-ruim e agora, ele quase mata meu namorado e é um Comensal da Morte – disse ela, num fôlego só. – Não é estranho? Você acha que conhece uma pessoa, mas, na verdade, não sabe nada sobre ela?
- É bem estranho, concordo – falou Gina. – Mas, como nós só o conhecemos adulto, ele já era assim, para nós não é estranho.
- A aula já deve estar no fim – falou Harry, olhando no relógio de pulso. – Vamos até a ala hospitalar.
Gina e Lílian concordaram e eles saíram da Sala Comunal. Harry estava certo, quando estavam a meio caminho da enfermaria, a sineta tocou anunciando o fim da aula, e os corredores ficaram apinhados de alunos, cada um indo em direção a sua próxima aula.
Agora as nuvens estavam com uma cor cinza chumbo, e relâmpagos iluminavam o céu escuro, mesmo que ainda fosse cedo.
**
Após se recuperar do susto, Sirius voltou a se sentar e ficou apenas contando os minutos para o fim da aula, pois seus amigos e a professora o encontrariam ali. O tempo passou vagarosamente, parecia que o relógio fora enfeitiçado para demorar mais.
Quando o que pareceu uma eternidade, a sineta tocou e Sirius, que acabou cochilando, acordou de supetão. Esfregou os olhos e olhou para as portas da ala hospitalar. Cinco minutos depois, a professora McGonagall entra, seguida por Remo, Kely, Frank e Alice.
- Onde estão...? – começou ela, mas, nesse momento, Harry, Gina e Lílian entraram no local. – Agora que estão todos aqui, posso começar. Tenho que combinar algumas coisas com vocês, que são os amigos mais próximos de Tiago, e tenho certeza de que farão de tudo para vê-lo melhorar, estou certa?
Todos concordaram. Ela olhou um por um antes de continuar.
- Primeiro, peço que respeitem o horário das visitas e a quantidade de pessoas por visita. Se todos entrarem, poderão acabar fazendo muito barulho, e isso não ajuda em nada. Segundo, peço que tentem ajudá-lo, mas sem exageros. E, por último, tenho que avisar-lhes que, se o estado dele não melhorar, teremos que removê-lo para o Saint Mungus.
- Por que para o Saint Mungus, professora? – perguntou Sirius, observando Tiago imóvel.
- Lá há mais assistência, mais curandeiros, que podem tratar melhor dele. A recuperação será mais rápida e fácil – respondeu a professora prontamente.
- Vai levar muito tempo para ele se recuperar? – perguntou Lily.
- Isso não pode ser previsto, senhorita Evans, depende dele. Agora, vamos voltar para a aula.
- Espere – pediu Harry, antes que a professora virasse. – Quais serão os horários para visita?
- Vocês podem decidir, mas cada um não poderá vê-lo mais do que duas vezes por dia. Senhorita Evans, eu te dou permissão para visitá-lo três vezes. Quando as aulas terminarem, as cinco, por favor vá até a minha sala, precisa me contar o que aconteceu.
- Sim ,senhora – respondeu Lílian.
- Agora vão para a aula, deve começar em um ou dois minutos – e, dizendo isso, saiu da ala hospitalar, deixando oito pensativos e um inconsciente. A sineta tocou e eles saíram correndo para a sala de feitiços.
Chegaram lá no momento exato e se sentaram no fundo da sala. Essa era a aula perfeita para conversar, então, ficaram combinando os horários que cada dupla visitaria Tiago. Ao terminarem de combinar, anotaram num pergaminho:
Horário das visitas:
Sirius e Kely: 7:00 AM e 6:00 PM
Alice e Frank: 12:00 PM e 6:30 PM
Harry e Gina: 7:30 AM e 7:00 PM
Remo e Lílian: 7:15 AM, 12:30 PM e 7:30 PM (Lily)
Cada um fez uma cópia dos horários para si e guardou nas vestes.
O dia se passou rapidamente e, quando viram já estavam na última aula do dia: Herbologia. Quando a sineta tocou, Lílian lavou as mãos cheias de terra e correu até o dormitório, deixar seu material. Encontrou a Sala Comunal vazia. Subiu correndo para o dormitório feminino e largou sua mochila em cima da cama. Ao descer, alguns alunos já entravam na torre. Abriu caminho entre eles e seguiu até a sala da McGonagall.
Bateu três vezes e ouviu a voz da professora “Entre!”. Ela estava sentada atrás de sua escrivaninha, aparentemente esperando a chegada da garota.
- Boa tarde, professora – cumprimentou Lílian.
- Boa tarde, senhorita Evans. – respondeu ela, se levantando a contornando a mesa. – Venha comigo.
Passou por Lily e abriu a porta da sala, saindo em seguida. Lílian foi atrás da professora, confusa.
- Onde estamos indo, professora? – perguntou ela.
- Vamos até a sala do diretor, senhorita Evans. Ele precisa saber de tudo.
Andaram por vários corredores, vazios e cheios, claros e escuros. Lílian nunca havia estado na sala de Dumbledore antes. O céu lá fora já adquirira um tom anil e os últimos raios de sol estavam desaparecendo, dando às nuvens um tom rosa, alaranjado, misturado com dourado.
Andaram por quinze minutos até que a professora parou em frente a uma gárgula de pedra.
- Delícias gasosas! – disse a professora. No mesmo instante, a gárgula criou vida e começou a se movimentar. Apareceu uma escada de pedra em caracol, na qual a professora pisou e a escada começou a levá-la para o alto. Lily se postou dois degraus abaixo dela. Quando a escada parou, Lily observou que havia apenas uma porta de madeira antiga com uma maçaneta de latão em forma de grifo.
A professora bateu na porta e elas ouviram a voz calma e suave do diretor.
- Entre! – disse ele. McGonagall abriu a porta e entrou, com Lily em seu encalço. Estavam num aposento circular, cheio de quadros dos antigos diretores de Hogwarts, instrumentos estranhos de prata que zumbiam levemente e um poleiro perto da porta, onde havia um belo pássaro vermelho e dourado realmente raro, uma fênix! Dumbledore estava sentado em sua escrivaninha, com sua expressão calma, com a ponta dos dedos juntas. – Olá, Minerva, olá, senhorita Evans.
- Boa noite, Alvo.
- Boa noite, professor.
- Então, Minerva, o que quer conversar comigo?
- Como lhe informei mais cedo, o senhor Potter foi atacado. Lançaram o feitiço Sectumsempra. Ele está inconsciente na ala hospitalar, poderia até ter morrido se não chegasse a tempo. Eram muitos cortes, perdeu muito sangue – ela fez uma pausa para respirar. Lily estava em choque, não sabia que Tiago quase morrera. – Agora já está um pouco melhor, Madame Pomfrey está dando uma poção para reposição de sangue a ele. E a senhorita Evans estava com ele durante o ataque. Chamei-a para contar o que viu.
- Muito bem – disse o diretor, anormalmente sério. – Sentem-se – disse, indicando as duas cadeiras a frente de sua escrivaninha. Após as duas se acomodarem, ele continuou. – Esse feitiço não é uma Maldição Imperdoável, mas seu uso é terminantemente proibido e acarretará uma severa punição para o autor. Poderia nos contar exatamente o que aconteceu, senhorita? – pediu Dumbledore, lançando a Lily um olhar penetrante, através daqueles oclinhos de meia-lua.
Lily começou a história a partir do momento em que ela e Tiago entraram na sala. Contou sobre o vulto, a poção esverdeada, quem o vulto era... Mas, nessa hora, lembrou-se de algo.
- Não tiramos Snape de lá, professor, ele ainda deve estar na sala! – exclamou Lílian.
- Termine sua história, senhorita, já iremos até a sala – falou Dumbledore, com um sorriso reconfortante.
Assim, Lílian continuou contando a parte do duelo. Parou na parte em que levaram um Tiago totalmente ensangüentado até a ala hospitalar. Depois que ela parou de falar, Dumbledore ficou alguns momentos em silêncio.
- Então, Dumbledore – indagou a professora. – O que fará?
- Bom, Minerva, terei que dar uma punição a Severo. Quanto ao senhor Potter, só nos resta esperar que melhore. Vamos até a sala.
Se levantou e seguiu até a porta, seguido pela professora e por Lily. Os três seguiram até a sala abandonada. Dumbledore abriu a porta e ascendeu a varinha. Snape estava num canto, inconsciente. O caldeirão continuava lá, e agora a poção emitia uma luz verde bem forte.
- Foi ali que vocês o deixaram, senhorita? – perguntou Dumbledore, apontando para Snape.
- Não, senhor, ele estava mais ou menos no meio da sala – respondeu a ruiva.
- Certo, depois veremos isso.
Foi até o caldeirão e observou a poção. Após algum tempo, levantou e se dirigiu às duas, que esperavam, imóveis, junto à porta.
- É uma poção muito complicada de se fazer. Mas, como um dos melhores alunos de poções, é claro que conseguiria fazer. Mas os ingredientes não são encontrados em qualquer lugar, a não ser no estoque do professor.
- Tem alguma idéia do porquê de ele ter feito a poção, Alvo?
- Uma vaga idéia – respondeu Dumbledore, absorto em seus pensamentos – Mas, como não tenho certeza, prefiro não falar nada, por enquanto. Agora, vamos acordá-lo.
Dirigiu-se ao garoto no chão e murmurou “Ennervate!”. O garoto acordou, parecendo meio confuso, sem saber onde estava nem o que fazia ali.
- Senhor Snape? – chamou Dumbledore. Agora o garoto estava decididamente em pânico.
- S- sim? – falou, tentando parecer inocente, mas todas as provas estavam contra ele.
- Venha comigo – disse seriamente. Snape levantou, um pouco trêmulo, seguiu Dumbledore. – Venham as duas também.
Retornaram para o escritório do diretor. A professora McGonagall conjurou uma cadeira a mais e os quatro se sentaram.
- Poderia me dizer, o que fazia naquela sala, senhor Snape? – pediu Dumbledore.
- E-eu... – Snape tentou inventar alguma coisa, mas não veio nada em sua cabeça. Sem que ele percebesse, Dumbledore usou a Legilimência, descobrindo que a “vaga idéia” que tinha sobre a razão do garoto estar na sala, era verdadeira.
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N/A: Desculpa a demora para postar, essas férias postarei com mais frequência. Beijos.
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