Passeio noturno



Passeio noturno

Harry saiu da sala do diretor e seguiu para a Sala Comunal. Olhou para o céu através das janelas. Estava um negrume aveludado, cheio de estrelas brilhantes e algumas poucas nuvens. Estava perdido em seus pensamentos, e nem percebeu quando chegou na frente do retrato da Mulher Gorda. Disse a senha e entrou na sala. Só restavam seus amigos lá, provavelmente esperando Harry voltar, para que contasse o que tinha acontecido. Ele se sentou numa poltrona e todos olharam para ele.

- O que foi? – perguntou ele, olhando para os amigos. Eles lançaram um olhar de volta para Harry que dizia com todas as palavras “Não é óbvio?”.

- Pode começar a contar! – pediu Lily, cruzando os braços.

- Está bem... – começou ele, contando tudo o que tinha acontecido na mansão dos Malfoy e nenhum deles interrompeu a história. – Pelo menos, dessa vez, Voldemort não estava lá – terminou.

- E, como é que Dumbledore sabia da sala? – perguntou Remo.

- Ele disse que usou Legilimência em Lúcio, sem que ele percebesse – respondeu Harry, simplesmente. – E, onde está o Rabicho? – perguntou, percebendo que não se encontrava ali.

- Na cozinha – respondeu Tiago, revirando os olhos. – Para variar.

- Lá vem esses apelidos! – exclamou Lily, também revirando os olhos.

- Nunca entendi o significado deles – disse Kely.

- Desculpem, garotas, mas não podemos contar por enquanto – disse Sirius, sorrindo marotamente.

- Está tarde, é melhor irmos dormir – disse Alice, olhando no relógio.

- Concordo – disse Frank. – Temos aula amanhã.

- Vamos? – perguntou Gina, se levantando e sendo seguida por todos, menos Lily e Tiago, que continuaram sentados no sofá, pensando no que Harry tinha dito, afinal, eram os pais dele. Gina aproximou-se de Harry, deu-lhe um beijo doce e completou - Até amanhã.

- Até amanhã, minha boneca – disse Sirius, galanteador, agarrando Kely e beijando-a.

- Sirius! – repreendeu ela, tentando se desvencilhar dos braços do maroto. Sem sucesso, pois ele era bem mais forte. – Aqui não! – completou, ficando vermelha.

- Tem certeza? – perguntou ele, com cara de cachorro abandonado.

- Sim – afirmou ela. – E não faça essa carinha! Boa noite – disse, dando um selinho nele e subindo para o dormitório feminino, enquanto todos riam. Frank, Alice, Remo, Harry e Gina subiram, deixando Tiago e Lily sozinhos na Sala Comunal.

A sala foi se esvaziando rapidamente. Nenhum dos dois falou nada, ficaram apenas pensando e, às vezes, cochilando. Quando viram, já era quase meia noite.

- Tiago? – chamou Lílian, para saber se o menino estava acordado ou não.

- Hum? – respondeu ele, sinalizando que estava ouvindo tudo, apesar de estar de olhos fechados.

- Acha que tudo isso que eles estão fazendo vai dar certo?

- Tudo o quê?

- Essa história das Horcruxes, de matar Voldemort antes que ele tente nos matar... – começou ela, mas não conseguiu falar mais nada. A idéia de que iriam morrer e, ainda por cima, causada por um “amigo”, ainda a deixava triste.

- Não sei – respondeu ele, abrindo os olhos e olhando para a ruiva, que agora tinha lágrimas nos olhos. – Mas temos que acreditar em Dumbledore. Ele é um bruxo muito poderoso, mais ainda que Voldemort e pode vencê-lo.

- Sei disso, mas Dumbledore não seria capaz de... matar alguém – disse ela.

- Há coisas bem piores do que a morte – respondeu ele, dando um sorriso reconfortante e abraçando Lily. – Ele sempre diz isso – completou ao ouvido dela.

Ficaram assim por algum tempo, até que resolveram que era melhor ir deitar, afinal, o dia seguinte era terça, e teriam aula.

- Tiago? – chamou ela, quando estavam com o pé no primeiro degrau da escada que levava a cada dormitório.

- Sim? – respondeu ele, virando-se para olhá-la.

- Dorme comigo hoje? – perguntou.

- Claro, venha comigo.

- Não, vamos para o meu dormitório hoje – disse ela, sorrindo.

- Mas eu não posso entrar lá, meu lírio – respondeu Tiago. – Esqueceu desse detalhe?

- Pode se eu der permissão – falou a ruiva, com um sorriso maroto.

- Está bem, só vou pegar um pijama. Me espere aqui que volto em cinco minutos – e, dizendo isso, subiu a escada em caracol correndo, pulando de dois em dois degraus.

Entrou no quarto e viu que todos já dormiam a sono solto, Remo e Frank espalhados na cama, Harry parecia que nem tinha se mexido, Pedro roncava como um porco e Sirius resmungava, abraçando o travesseiro. Tiago sufocou uma risada ao ver Sirius e foi até sua cama. Colocou o pijama e saiu do dormitório. Desceu a escada e encontrou a ruiva cochilando, sentada na escada, com a cabeça encostada na parede fria. Tocou de leve em seus cabelos e ela despertou.

- Vamos subir? – perguntou ele, ajudando-a a se levantar.

- Claro – respondeu ela, se levantando e começando a subir. Chegou no meio da escada e se virou. Viu Tiago olhando-a do pé da escada ainda. – Qual é o problema?

- Você ainda não deu a permissão – disse ele, como se fosse óbvio, no que ela começou a rir.

- Não preciso falar claramente – falou. – Venha!

Ele começou a subir, pronto para se segurar, caso a escada se tornasse um escorregador, mas, para sua surpresa, nada aconteceu. Entraram no dormitório feminino. Na hora que Tiago viu o dormitório, arregalou os olhos. Lily soltou uma risadinha abafada, pois suas amigas já estavam dormindo e levou Tiago até o banheiro para poder falar sem acordar as meninas.

- O que foi, Ti? – perguntou a ruiva, fechando a porta.

- Seu dormitório é arrumado demais! – respondeu ele, rindo.

- O seu que é uma bagunça só! – exclamou ela, também rindo. – Parece que nunca arrumam!

- Nós não arrumamos, os elfos fazem isso.

- Eles também arrumam o nosso, mas nós também não deixamos tudo jogado o dia todo, para os elfos arrumarem no dia seguinte. Simplesmente somos mais arrumadas!

- Convencida! – disse ele, sorrindo e agarrando-a.

- Pára com isso! – falou Lílian, fingindo estar brava e, depois, começou a rir da cara de cervo abandonado que Tiago fez. – Você já está pronto pra dormir, eu não!

- E daí?

- E daí, que eu preciso me trocar.

- À vontade – disse ele, dando um sorriso maroto e se sentando num banquinho.

- Vai pro quarto agora, e me espera lá! – mandou ela, colocando as mãos na cintura e fazendo uma cara “ouse desobedecer e vai ver!”.

Ele saiu do banheiro em silêncio e sem sentou na cama de Lily, a única desocupada. Passaram-se cinco minutos, dez, quinze, e nada de ela sair. Ele se deitou na cama e colocou a cabeça no travesseiro. Sentiu aquele perfume de lírios que adorava e começou a pensar naquela época em que ela o odiava, ou dizia que odiava. Estava tão absorto em seus pensamentos que nem viu quando ela saiu do banheiro.

- Me traindo com o travesseiro, Potter? - sussurrou no ouvido dele, fazendo-o estremecer e assustar, enquanto ela segurava uma gargalhada.

- Nem vi que tinha saído – disse ele, dando espaço para ela se deitar.

- É claro que não viu – respondeu ela, fechando o cortinado e se deitando de frente para ele. – Estava aí, agarrando meu travesseiro!

- Estava pensando em você, meu lírio – falou Tiago, galanteador. – E senti seu perfume no travesseiro.

Ele a abraçou e ficaram um tempo sem falar nada.

- Lily? – sussurrou Tiago.

- Hum? – respondeu ela, se aconchegando em seus braços.

- Sabia que eu te amo? – disse ao ouvido dela, fazendo-a sorrir.

- Claro, você fala isso todo dia, desde o primeiro ano, mas era tão galinha que ninguém acreditava! – falou rindo.

- Muito menos você, sempre gritava: “Eu não serei mais uma na sua lista, Potter!” – falou, imitando a voz dela.

- Ao, é claro que não acreditava! – respondeu a ruiva, fingindo estar indignada. – Ficava com todas!

- Lembra da primeira vez que te chamei para ir a Hogsmeade, no terceiro ano? – perguntou ele, rindo.

- Claro que lembro! – começou ela, lembrando-se daquele dia.

Flash Back

Estavam no terceiro ano. Era um dia ensolarado e bonito, estava bem quente e Lílian estava sentada à beira do lago, aproveitando o fim do verão, pensando em várias coisas,como o fato de ela ser a única bruxa da família e sua irmã odiá-la por isso,o que a deixava triste, em como gostava de Hogwarts, as amizades que tinha feito, Kely e Alice, que eram suas amigas desde o primeiro ano...

Mas foi tirada de seus pensamentos por um garoto de olhos castanho-esverdeados, cabelos escuros e despenteados e óculos redondos que ela odiava por ser muito convencido, ter um ego maior do que a Lula Gigante que, mais um pouco não caberia no castelo, aquela sua mania de assanhar os cabelos só para parecer que tinha acabado de desmontar da vassoura, por ser o maior galinha da escola, junto com seu amigo, Sirius Black, e por chamá-la para sair todo santo dia.

Ela revirou os olhos, se levantou e começou a andar, pois sabia que ele ia em sua direção.

- Ei, Lily! – chamou o garoto, correndo para alcançá-la. Ela se virou e cruzou os braços.

- É Evans, Potter! – respondeu ela, irritada. – Diga logo o que quer.

- Eu queria te... – começou ele, mas a ruiva o interrompeu.

- Nem adianta me chamar para sair, Potter, prefiro sair com a Lula Gigante do que com você! – disse ela, mais irritada. – Não desiste nunca?

- Não, e nunca vou desistir, por que eu te amo – disse ele sorrindo. – Lily, quer ir a Hogsmeade comigo?

- Já disse que prefiro ir com a Lula Gigante do que com você. E é Evans, Potter, E-V-A-N-S! – gritou ela, como de costume e saiu pisando forte dali, vermelha de raiva.

- Um dia você ainda será minha, vai me amar, você vai ver! – disse ele para si mesmo.

Fim do Flash Back

- E isso se repetiu durante todos esses anos... – começou ele.

- É... Eu já gostava de você, mas negava isso para mim mesma.

- O importante é que agora estamos juntos, e essa é a melhor coisa que podia acontecer a mim.

- Te amo – murmurou Lily, beijando Tiago. Ficaram se beijando por um tempo, até que se separaram e sorriram. – Não estou com sono...

- Nem eu... – começou Tiago, e teve uma idéia brilhante. – Quer dar uma volta?

- Quê? Agora? – perguntou ela, confusa. – Se formos pegos, estaremos ferrados! Não, nem pensar.

- Não seremos pegos – disse ele, confiante.

- Como pode ter tanta certeza, senhor Potter?

- Sou um maroto, Lily, tenho meus truques – disse ele, sorrindo marotamente e se levantando. – Vamos, Lily, prometo que não acontecerá nada, voltaremos em uma hora para cá e vamos logo dormir.
- Está bem! – disse ela, se levantando. – Me convenceu, mas se alguém nos pegar, senhor Potter, você estará ferrado duas vezes!

- Por que duas? – perguntou ele, confuso.

- A primeira é a detenção e a segunda, vai se ver comigo!

- Já disse que não vai acontecer nada! Vamos – falou.

- Calma, só vou colocar uma roupa mais quente e pegar uma capa, pode estar frio lá fora – disse ela.

- Pronto?

- Sim – respondeu vestindo uma capa preta.

- Então, vamos! – disse ele, pegando –a pelo braço e saindo do dormitório para a Sala Comunal. – Me espere aqui, um minuto, já volto – disse, subindo para o dormitório masculino. Foi até seu malão, tentando não fazer barulho, o que não precisava de esforço, já que seus passos eram abafados pelos resmungos de Sirius.

Pegou sua Capa de Invisibilidade e um casaco. Encheu os bolsos aumentados por magia com uma garrafa de cerveja amanteigada, alguns sapos de chocolate e uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores. Se cobriu com ela e saiu do dormitório, sem fazer barulho, para dar um susto na ruiva.

Desceu as escadas como um gato e avistou-a sentada numa poltrona perto da lareira que estava quase apagando. Chegou por trás dela e aproximou-se de seu ouvido.

- Demorei muito? – perguntou, num tom um pouco mais alto. Ela deu um pulo e se levantou, olhando para frente, mas não viu nada, pois Tiago estava coberto pela Capa.

- Sei que está aí. Saia de onde estiver - disse ela, tateando o ar, tentando pegá-lo, sem sucesso. Tiago retirou a capa e começou a rir.

- Vamos ou não? – perguntou a ruiva, enquanto ele ria.

- Vamos, mas, para quem não queria ir, até que você está com muita vontade de sair.

- Estou sem sono e não tenho mais nada para fazer... – começou ela, dando ombros. – Mas bem que eu poderia estudar um pouco para os NIEM’s...

- Nem pensar – disse ele, puxando-a para mais perto e cobrindo-os com a capa. – Os NIEM’s ainda estão longe, vamos logo, antes que você me troque por um livro.

Empurraram o retrato da Mulher Gorda e saíram. Pelas janelas era possível ver o céu estrelado e aveludado.

Noite perfeita para levá-la até aquele lugar que descobri há um tempo... – pensou ele sorrindo.

- Por que está sorrindo? – perguntou ela, num sussurro.

- Nada – respondeu ele, se recompondo rapidamente. Andaram por um corredor e outro, e outro... Parecia que não chegavam nunca.

- Para onde está me levando? – perguntou ela, após quinze minutos andando em silêncio.

- Você verá.

Saíram para os jardins e, por muita sorte, não encontraram ninguém no caminho. Tiago seguiu para o campo de Quadribol.
- Vamos para o campo? – perguntou ela, confusa.

- Não exatamente – respondeu ele, misterioso. Chegaram ao vestiário da Grifinória, Tiago pegou uma vassoura a saiu.

- Quer me dizer aonde estamos indo? – perguntou ela, outra vez.

- Calma, meu lírio, já vamos chegar – disse ele, montando na vassoura e fazendo sinal para ela montar atrás dele. Tiago deu um impulso e saiu voando pela noite. Atravessaram o Lago Negro até a outra margem. Pousaram num rochedo alto a plano. Se sentaram e a ruiva logo perguntou.

- Por que me trouxe aqui?

- Já prestou atenção na vista? – perguntou ele, em resposta. Ela se virou e ficou espantada. Dali, daquele rochedo, era possível ver Hogwarts inteira, com alguns pontinhos fracamente iluminados, as estrelas no céu sem nuvens e o lago, tão liso que parecia feito de vidro.

- Lindo, não é? – perguntou ele.

- Demais... – começou ela. – Como sabe conheceu esse lugar?

- Ás vezes fico voando sobre o lago... Um dia, acabei indo um pouco mais longe e parei aqui – respondeu ele, dando ombros. – Está com fome?

- Um pouco... – disse ela. Tiago sorriu e começou a tirar dos bolsos tudo o que tinha pegado no dormitório. – Como coube tanta coisa no seu bolso?

- Ampliei por magia – respondeu ele, tirando o último sapo de chocolate. – Bem útil, não acha?

- Com certeza! – respondeu ela, rindo e começando a comer. Ficaram, por um tempo, comendo e observando a paisagem. Quando terminaram, ficaram namorando por um tempo.

- Tem mais uma coisa que quero te mostrar – disse Tiago, após um longo beijo.

- E o que é? – perguntou ela, curiosa.

- Conte um minuto certinho que eu estarei de volta – falou ele, se levantando e sorrindo.

- Aonde vai?

- É uma surpresa, ora, não posso contar!

- Fazer o quê? – disse ela, fazendo biquinho. – Um minuto cravado, senhor Potter, se demorar um segundo a mais, monto na vassoura e te deixo aqui! – disse ela, fazendo uma cara de brava e, depois, rindo da cara de espanto que ele fez.

- Certo... Já volto – e, dizendo isso, desceu do rochedo para a terra e entrou na floresta que ali havia. Lily estava contando cinqüenta segundos quando ele escalou o rochedo e parou em sua frente, com uma mão nas costas, escondendo algo. Lílian tentou ver o que era, mas ele virou rapidamente, impedindo-a de ver o que ele segurava.

- Mostra logo! – pediu ela, fazendo uma carinha de pidona.

- Só com uma condição – disse ele, pegando a Capa de Invisibilidade, escondendo o que trazia embaixo dela e colocando-a perto de si para que a ruiva não pudesse pegá-la.

- E o que seria? – perguntou Lily, temendo que fosse alguma coisa difícil.

- É uma coisa muito difícil... – disse ele, sorrindo. – Tem certeza de que quer fazer?

- Acho que sim... – respondeu ela.

- Dar um beijo perfeito no seu namorado mais perfeito ainda! – falou, enquanto ela abria um sorriso e se aproximava dele. Quando estavam a uns dois centímetros um do outro, Tiago segurou a capa com o que trouxe, pulou do rochedo e olhou para a ruiva no alto.

- Por que fez isso? – perguntou ela, confusa.

- Eu disse que seria difícil – respondeu ele, alargando o sorriso. – Vai ter que me alcançar.

- Agora?

- Amanhã que não pode ser! – respondeu ele, rindo e se afastando para trás quando ela começou a descer do rochedo.

- Agora eu te pego! – disse ela, saindo correndo atrás de Tiago. Mas este, como era mais rápido, ficou um pouco a frente sem dificuldade.

Correram por mais ou menos um minuto até que chegaram a uma clareira mais iluminada. Tiago parou abruptamente e, como Lily não estava muito longe dele, não conseguiu parar e foram os dois para o chão. Mas não caíram na terra ou na grama, como Lílian havia pensado, caíram em cima de uma grande toalha de pique nique.

- Agora eu te alcancei! – disse a ruiva, vitoriosa, por cima dele. Aproximou-se de seu rosto e lhe deu um beijo longo e profundo, perfeito, na opinião de Tiago. Eles se separaram, ofegantes e ela perguntou – O que achou?

- Mais que perfeito! – respondeu Tiago, sorrindo e puxando-a para mais um beijo.

- E agora, pode me mostrar o que tanto esconde? – perguntou, saindo de cima dele e deitando ao seu lado.

- A primeira surpresa não está escondida, você é que estava tão preocupada em me alcançar que nem percebeu.

- Ah é? E o que seria?

- Levante-se e olhe você mesma! – exclamou ele, sorrindo e se sentando. Ela fez o mesmo e olhou a sua volta, com os olhos arregalados. Em volta da enorme toalha, havia lírios brancos e vermelhos, dispostos a cada cinco centímetros e em volta da clareira, havia plantas com quatro lírios cada uma.

- Isso é... – começou Lily, sem encontrar palavras para descrever o que via – Maravilhoso! É perfeito! Quando preparou isso tudo?

- Naquele um minuto que saí do rochedo – respondeu ele.

- Fez tudo isso em um minuto? Como?

- Cara Lily, sou um maroto e os marotos não revelam seus segredos! – disse ele rindo. Ela sorriu e abraçou-o. – Ainda tem mais uma coisa.

- Mais uma? O que é? – perguntou, curiosa.

- Esqueceu daquilo que escondi com a capa?

- Sinceramente, com essa primeira surpresa fiquei tão distraída que acabei esquecendo... Mas, agora, me mostre, já fiz o que pediu.

- Está bem – disse ele, pegando a capa, abrindo-a e retirando um lírio branco por dentro e vermelho no contorno das pétalas, cinco vezes maior do que um lírio comum e entregou-o a ela.

- É lindo! Obrigada! – exclamou ela, pegando o lírio e abraçando o namorado.

- Que bom que gostou! – disse ele, com um enorme sorriso.

- Não gostei - respondeu a ruiva, fazendo o sorriso dele vacilar. - Eu amei! Amei, amei, e amei! - exclamou ela, fazendo-o sorrir de novo. Se aproximou dela e deu-lhe um beijo doce. Após se separarem, se olharam por algum tempo e Tiago disse:

- Agora, atacar! Deve estar com fome não?

- Como sabe?

- Depois de toda essa corrida, quem não estaria? – perguntou Tiago, rindo.

Na toalha onde eles estavam, havia uma enorme cesta. Dentro havia todas as guloseimas que se poderia imaginar: Tortas, bolos, bombas de chocolate, sapos de chocolate, doces da Dedosdemel, garrafas de suco de abóbora e alguns sanduíches salgados. Eles começaram a comer e a conversar sobre diversos assuntos.

- Ah, e eu não te contei uma coisa... – começou Tiago, quando não agüentavam mais comer.

- E o que é? – perguntou a ruiva, curiosa.

- Esse lírio que eu te dei – disse ele, apontando para o lírio enorme nas mãos da namorada. – Não irá morrer, nem murchar, enquanto nosso amor durar!

- Que lindo, Ti! – falou ela, dando mais um beijo no namorado. – Eu te amo! – sussurrou ela, com os olhos fechados.

- Eu também e pode ter certeza que nunca vou te deixar! – disse ele, também com os olhos fechados, os dois estavam abraçados. Eles deitaram na toalha para observar o céu e as estrelas. – Eu te dou aquela estrela ali – falou, apontando para a estrela mais brilhante que conseguia ver.

- E eu, te dou aquela – falou a ruiva, apontando para a estrela que estava do lado da “sua”. – Assim, estaremos sempre juntos, até nas estrelas!

Os dois sorriram e ficaram abraçados. Por quanto tempo nem eles sabem, só que nenhum dos dois queria esquecer aquele lindo momento que estavam tendo juntos...

Já eram quase quatro da manhã quando resolveram voltar para o castelo. Deixaram a vassoura no vestiário da Grifinória, colocaram a Capa de Invisibilidade e seguiram para a torre da Grifinória.

- Sangue de unicórnio! – disse Lílian à Mulher Gorda.

- Quem está aí? – perguntou ela, acordando e procurando alguém.

- Sangue de Unicórnio! – repetiu Tiago firmemente. O retrato girou para frente, permitindo a entrada dos dois e, ao chegarem no interior da Sala Comunal, ouviram os resmungos da Mulher Gorda.

A lareira já havia se apagado, fazendo com que a sala ficasse escura e fria. Despiram a capa e Lily foi até a janela. Uma densa névoa cobria, agora, os terrenos da escola. Nada se movia e ela ficou pensando na noite perfeita que tivera. Não soube ao certo quanto tempo ficara ali, olhando para a janela sem realmente vê-la. Só se deu conta do que estava fazendo quando Tiago começou a sacudi-la.

- Ei! – reclamou ela. – O que foi?

- Você está aí, olhando para o nada há vinte minutos. Tentei te chamar várias vezes, mas não deu resultado. Tive que apelar pela sacudida para te acordar – respondeu ele, rindo. Sabia que estava pensando em tudo o que havia acontecido aquela noite.

- Acho melhor irmos dormir – disse Lily, olhando no relógio, que marcava quatro e meia da manhã. – Temos aula amanhã.

- Amanhã? – repetiu ele, rindo. – Temos aula hoje! Daqui a exatamente três horas e meia!

- Você me entendeu! – disse ela, fazendo biquinho.

- É claro que entendi, meu lírio – respondeu Tiago, se aproximando dela e beijando-a delicadamente. – É impossível não te entender.

- Vamos dormir? – perguntou ela, ainda abraçada a Tiago.

- Vamos – concordou ele, seguindo-a.

- Onde pensa que vai, senhor Potter? – perguntou Lílian, fingindo estar séria, ao ver que ele a seguia para o dormitório feminino.

- Eu... Eu vou com você – respondeu ele, olhando-a confuso e fazendo a ruiva rir. – Por que está rindo?

- A cara que você fez! – respondeu ela, parando de rir. – Estava só brincando, vamos!

Eles subiram em direção ao dormitório feminino e entraram o mais silenciosamente que puderam. Como Tiago estava de pijama por baixo do casaco, apenas retirou-o e deitou na cama, para esperar a namorada. Esta foi até o banheiro, colocou sua camisola verde, que combinava com seus olhos, escovou os dentes e voltou para a cama. Deitou-se ao lado de Tiago e fechou o cortinado.

- Obrigada pela noite! – agradeceu ela, num sussurro. – Foi perfeita.

- Não precisa agradecer, ruivinha – respondeu Tiago. – Ainda teremos muitas noites como essa.

Ela sorriu e sentiu que estava começando a ficar com sono. Alojou sua cabeça no peito de Tiago e adormeceu em poucos instantes, com ele fazendo carinho em sua cabeça. Poucos minutos depois, Tiago também adormeceu.

As sete da manhã, Gina acordou e começou a chamar as amigas. A primeira foi Kely. Abriu o cortinado de sua cama e chamou-a. Nada. Chamou de novo. Nada. Desistiu das tentativas delicadas. Pegou a garota pelos ombros e sacudiu de leve. Ela abriu os olhos com dificuldade e viu quem a acordara.

- Gina – murmurou ela, com os olhos ainda se acostumando com a claridade dourada que entrava pelas janelas. – Que horas são?

- São sete e dez, e se não correr, vamos nos atrasar – respondeu Gina, que já estava pronta para tomar seu café. – Vá se arrumar, eu chamo as outras.

Kely entrou no banheiro arrastando os pés e Gina foi até a cama de Alice. Abriu o cortinado e chamou a menina. Esta despertou facilmente, o que fez Gina agradecer.

- Já é hora de levantar? – perguntou Alice, se espreguiçando.

- Já sim. Kely está se arrumando e Lily ainda está dormindo. Já vou acordá-la. Que bom que você foi fácil de acordar, não queria te sacudir, como fiz com a Kely.

Alice sorriu e se levantou. Pegou o uniforme da escola e esperou Kely sair do banheiro, para poder se arrumar. Gina foi até a cama de Lílian e abriu o cortinado, mas na hora que fez isso, levou um susto mas, logo depois, começou a rir. Viu Tiago deitado de barriga para cima com a boca meio aberta, abraçando Lily pela cintura e essa coma cabeça e uma das mãos no peito do namorado.

Ao escutar Gina rindo, Kely e Alice foram ver qual era o motivo. Os dois dormiam tão profundamente que nem acordaram com a discussão das três.

- Vamos chamar eles? – perguntou Alice.

- É claro! – exclamou Gina. – Temos aula daqui a pouco.

- Mas eles nem acordaram com a gente falando, devem estar com sono! – argumentou Kely. – Acho melhor deixá-los dormirem.

- Não mesmo – disse Alice, tomando o lado de Gina. – A Lily iria querer que a chamássemos, não iria querer perder aula!

- Duas contra uma. Vencemos! – exclamou Gina e, vendo que Kely ia reclamar, completou – Nem adianta falar nada, vencemos e ponto final.

Foram até a cama de Lílian para acordá-la.

- Lily? – chamou Alice. Sem sucesso.

- Lily? – tentou Kely, falando um pouco mais alto do que a amiga. Nada.

- LILY! ACORDA! – gritou Gina. Os dois acordaram tão assustados que Lilian se enrolou e caiu de bunda no chão, puxou Tiago junto, que caiu por cima dela. As três tiveram que se sentar na cama para não cair de tanto rir. – Que cena linda!

- Preciso tirar uma foto! – Disse Kely, quando parou de rir, enquanto os dois ainda tentavam se desenrolar dos lençóis. Pegou a máquina e tirou a foto. – Agora temos uma recordação desse momento!

- Sem graça! – reclamou Lily, quando conseguiu se levantar.

- Por que a senhorita trouxe o Tiago ao nosso dormitório? – perguntou Gina, colocando as mãos na cintura.

- Por que está sorrindo? – perguntou Alice, ao ver que a amiga sorriu, mas, no momento seguinte, tentou disfarçar o sorriso e se apressou a responder.

- Nada. Vou me arrumar para a aula – disse a ruiva e foi para o banheiro sorrindo.

- Tiago? – perguntou Kely, virando-se para o amigo.

- Sim? – disse, se fazendo de desentendido.

- Por que ela está assim? O que fez com nossa amiga?

- Eu? – falou, fingindo estar indignado.

- Quem mais poderia ser? – perguntou Gina, arqueando uma sobrancelha.

- Já são sete e meia! – disse ele, espantado. – Desculpe garotas, mas não vou poder ficar mais, depois a Lily conta para vocês, ok? – dizendo isso, saiu correndo do dormitório feminino só de pijama, se esquecendo de que, àquela hora, a Sala Comunal devia estar cheia.

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