Não-convidado
Cap. 31 – Não-convidado
- Então, o que vamos fazer agora? – perguntou Sirius, com um sorriso maroto nos lábios.
- Acho melhor irmos dormir – sugeriu Lílian.
- Pois eu não – falou Tiago. – Então, alguma idéia?
- Não – responderam Remo e Harry.
- Eu tenho – disseram Sirius e Kely. Depois se olharam e começaram a rir.
- O quê? – perguntou Gina.
- Podemos jogar verdade ou desafio! – respondeu Sirius.
- Ah, nem pensar! – reclamou Lílian.
- Está com medo do que podemos descobrir, ruivinha? – indagou Tiago, o que deu certo, pois Lily odiava ser desafiada.
- Eu não sou sua ruivinha, Potter! – exclamou ela, aumentando o tom de voz a cada palavra.
- E então? – insistiu Sirius, tentando impedir futuros gritos. – Vamos jogar?
Todos concordaram e Tiago foi até a cozinha, pegar uma garrafa e voltou um minuto depois. Eles se sentaram no tapete, na ordem: Sirius, Kely, Remo, Lily, Harry, Gina e Tiago. E este enfeitiçou a garrafa.
- Ninguém poderá mentir – avisou Tiago, quando terminou de lançar um feitiço não-verbal. – E só valem duas verdades por pessoa. A boca é a pergunta e o fundo, a resposta.
- Vale tudo? – perguntou Sirius sorrindo e, em resposta, levou uma cotovelada de Kely. – Ai!
- Bem... – começou Tiago, mas seu olhar parou em Lílian, e resolveu não abusar. – Não, não vale tudo, Almofadinhas. Não vale... Beijo. Todos de acordo?
- Sim – responderam eles, e Sirius girou a garrafa.
Harry x Kely
- Verdade ou desafio? – perguntou ele.
- Verdade – respondeu ela.
- É difícil... – disse Harry, pensativo.
- Com quem você namorou antes do Sirius?
- Não sei se conhecem... Foi com Charles Magnum, da Corvinal, sorte que foi só um mês, até agora não sei como pude aceitar quando ele me pediu em namoro – respondeu a garota, fazendo todos rirem.
Remo x Tiago
- Desafio – respondeu Tiago, antes mesmo de Remo perguntar.
- Hã... – começou Remo, pensando em um castigo à altura. – Faça uma declaração de amor para... O Sirius! – terminou ele, rindo, juntamente com todos.
- Sirius, o amor da minha vida, minha privada entupida! – declarou Tiago, fazendo até a dramatização, enquanto os amigos riam mais ainda.
Sirius x Lily
Sirius logo abriu um sorriso maroto e Lily exclamou um “Ah, não!” inaudível.
- Verdade ou desafio, ruiva?
- Eu, escolho... – começou ela, pensando bem. – Desafio! Assim não podem me pedir para falar sentimento, e outras coisas... Mas, por que eu estou com medo disso? Falarei a verdade, oras! – terminou ela, em pensamento.
- Lily? – chamou Kely, abanando a mão na frente do rosto da amiga.
- Hã? – perguntou ela.
- Seu desafio já foi especificado, não ouviu? – perguntou Gina.
- Ah, desculpem, estava... Pensando – respondeu ela. – Pode repetir, por favor?
- Você tem que chamar o “Potter” de “Tiago” pelo menos até voltarmos a Hogwarts – repetiu Sirius, no que Lily ficou espantada, pois esperava algo pior vindo do maroto.
- Está bem, fazer o quê? – disse ela, girando a garrafa.
Gina x Remo
- Desafio – respondeu Remo, tranquilamente, embora estivesse se arrependendo de tê-lo pedido, pois um sorriso se formava nos lábios de Gina.
- Você terá que dançar a boquinha da garrafa – respondeu ela, enquanto todos riam e Remo ficava vermelho.
- Não sei dançar isso – disse ele, tentando fugir da dança, odiava danças do tipo.
- Não tente fugir do desafio, Aluado! – exclamou Tiago, entregando-lhe a garrafa. Ainda corado, Remo se levantou e se distanciou um pouco do grupo. – Espere! Vou colocar a música, é claro! – disse Tiago, acenando com a varinha e fazendo a musica começar a tocar.
Parecendo uma lasca de pedra, de tão duro que era, Remo dançou sob os risos de todos e voltou a se sentar, com Sirius e Tiago rolando de rir.
- Ainda vamos te ensinar a dançar, Aluado! – disse Sirius, ofegando de tanto rir e girando a garrafa.
Kely x Harry
- Verdade – disse Harry.
- Quantos anos você tinha quando beijou uma menina pela primeira vez? – perguntou Kely.
- Quinze – respondeu Harry.
- Cara, como você é enrolado! – disse Sirius.
- Só por que você beijou qualquer uma, não sei, pode ter sido até antes de entrar em Hogwarts – repreendeu Kely. – Não significa que todos são assim.
Tiago x Lily
Nessa hora Lily gelou. Se pedisse desafio, sabe-se lá o que a aguardava e, se pedisse verdade, já sabia a pergunta que seria feita, mas achou melhor arriscar.
- Verdade – disse ela, embora não quisesse pedir nenhum dos dois.
- O que sente por mim? – perguntou ele, sério, olhando no fundo daqueles olhos verde-esmeralda que o fascinavam, mas pareciam estar tão distantes agora...
- Eu... – começou ela, sem ter certeza do que responder. – Eu não gosto de você – respondeu, desviando seu olhar dos olhos do maroto, mas não foi necessário que Tiago visse em seus olhos a verdade, pois a garrafa começou a emitir um apito agudo.
- Se não falar a verdade, acabaremos surdos! – gritou Sirius, tampando os ouvidos.
- Está bem! – gritou Lily, e falou mais alguma coisa, mas foi tão baixo que ninguém escutou, mas funcionou, pois a garrafa parou de apitar.
- O que você disse? – perguntou Kely, massageando os ouvidos.
- Já respondi, e, pelas regras do jogo, respondo somente a primeira pergunta, e como não foi essa, não preciso responder – disse ela, e todos tiveram que concordar.
Lily x Sirius
- Verdade – disse Sirius, certo de que a ruiva não perguntaria nada que ele não pudesse responder.
- Gosta realmente da minha amiga? – perguntou ela, concretizando a suposição de Sirius.
- É claro, Kely é a minha vida, eu amo ela! – respondeu Sirius, sorrindo e abraçando a namorada e, como a garrafa não apitou, significava que era verdade.
Ainda ficaram brincando por mais meia hora, em que Kely teve que pular na piscina, Tiago teve que subir na árvore mais alta (desafio de Lily) e, em conseqüência, saiu um pouco arranhado, Sirius teve que pegar cinco tipos de flores diferentes em vinte segundos, no escuro, Remo teve que dançar funk, o que não saiu muito bom, Lily teve que ir até seu quarto e trazer algo dela (para confirmar que esteve lá) em três minutos, mas, depois de dez ela ainda não tinha voltado e Tiago foi atrás dela, descobrindo que ela havia saído na “salinha de cinema”, onde havia um telão, Gina teve que imitar o Snape e Harry,uma borboleta.
Quando o relógio informou que era meia noite, eles resolveram se deitar, mas quando estavam na porta para o hall que levava à escada, ouviram um barulho de batidinhas na janela da sala, mas não conseguiram ver nada, pois estava tudo escuro, Tiago havia acabado de apagar as luzes.
- O que é isso? – perguntou Lily, agarrando o braço que estava mais próximo a ela.
- Sei lá – respondeu Sirius, olhando para trás, e vendo somente a escuridão.
- Estou com medo – disse Kely, pegando o braço que supôs ser de Sirius. – Esse barulho não pára!
- Não tem chance de entrarem aqui, não é, pai? – perguntou Harry.
- Não, há feitiços de proteção – respondeu Tiago. – Só se, quem entrou conhece um modo de anular o efeito dos feitiços.
- Não é hora para brincar! – repreendeu Lily, aos sussurros.
- Não estou brincando – respondeu Tiago, sério.
- Quem vai até lá ver o que é? – perguntou Remo.
- Não precisamos ir até lá – disse Gina. – É só acendermos a varinha!
- Boa idéia – sussurrou Tiago, pegando a varinha. – Lumos! – disse ele e a varinha se acendeu. Ele olhou para todos e viu que alguém segurava seu braço. Era Lily. Quando ela percebeu isso, soltou imediatamente e corou.
Harry, Remo e Sirius também acenderam as varinhas e apontaram para a janela, ver o que era.
- É só uma coruja – disse Tiago, se aproximando dela e abrindo o vidro.
- Você é pequenininha, mas nos deu um susto enorme, sabia? – disse Lily, acariciando a cabeça da coruja.
- Quem está procurando? – perguntou Sirius. A coruja deu um pio e voou para o ombro de Tiago.
- Sabem de quem é essa coruja? - perguntou Tiago ao ver a coruja pousar em seu ombro. Todos negaram e Tiago pegou a carta que estava presa na pata da coruja.
Quando terminou de ler, estava com uma expressão indecifrável.
- O que foi, Pontas? – perguntou Remo, tentando entender a expressão do amigo.
- Ele... Ele vai vir... – respondeu Tiago, finalmente expressando algo: tédio.
- Ele quem? – perguntou Harry, arqueando uma sobrancelha.
- Vejam vocês mesmos – respondeu Tiago, se largando num sofá. Sirius pegou a carta e todos juntaram as cabeças para ler.
Marotos e meninas,
Estou muito feliz e queria lhes dar uma notícia! Sei que está tarde, mas estou tão feliz que nem consegui dormir.
Minha mãe me deixou ir para sua casa, Tiago, passar uma semana aí, mas no dia do natal terei que voltar. Queria ficar, mas ela falou que eu tinha que passar o natal em casa.
Não discuti mais, senão ela iria voltar atrás e não me deixar nem passar a semana aí. Sei que ainda estão acordados, nunca dormem cedo nas férias. Espero que fiquem felizes com essa notícia, mas tenho certeza que eu estou mais!
Chego amanhã na hora do almoço, diga para a Nina preparar algo bom! Já estou com fome só de pensar.
Até amanhã, então!
Pedro Pettigrew.
Quando terminaram de ler a carta, nenhum deles expressou felicidade. Ao contrário, expressavam uma cara de “preferia que a mãe não tivesse deixado”.
Mas não tinham o que fazer, ele viria e pronto. Se Tiago não deixasse, seria pior.
- Como ele pede! – exclamou Kely, olhando incrédula para a carta.
- Concordo – disse Lily. - Nem chegou e já está pedindo comida!
- É, mas fazer o quê? – falou Sirius, com uma pura expressão de nojo.
- Vamos dormir logo – disse Tiago, se levantando. – Quero acordar amanhã e perceber que isso foi só um sonho.
- Ele ficou de mau humor – murmurou Lily à Kely.
- É claro – respondeu Kely. – Ele foi o responsável pela... Pela morte de vocês, é normal ele ficar assim.
Eles subiram as escadas, Tiago à frente, com uma cara que daria medo em qualquer um.
- Boa noite! – disse ele, de cara fechada, indo em direção ao seu quarto e bateu a porta.
- Boa noite – disseram todos, resolvendo não contrariar.
- Vamos dormir? – perguntou Gina olhando para todos.
- Sinceramente, não estou com sono – respondeu Sirius.
- Nem eu – disse Kely.
- Também não – disseram os demais.
- Então o que vamos fazer? – perguntou Harry.
- Vamos para um quarto e pensamos no que fazer – sugeriu Sirius, indo para seu quarto, sendo seguido por todos.
- Não vamos chamar o Tiago? – perguntou Lily.
- Quer a companhia dele, ruiva? – questionou Sirius, com um sorriso maroto.
- Nem pensar! – respondeu ela, e não disse mais nenhuma palavra sobre Tiago.
- Chamou ele de Tiago? – perguntou Kely, sorrindo.
- Não foi o desafio que me deram? – indagou Lily, arqueando uma sobrancelha. Eles entraram no quarto de Sirius. Havia uma cama de casal com edredom azul marinho, várias fotos dele grudadas nas paredes, um grande armário no canto, mesa de cabeceira, varanda em que era possível ver a fonte e um banheiro no canto.
Eles se sentaram no tapete macio no chão e ficaram apenas se olhando por um tempo, sem falar nada.
- Então, o que vamos fazer? – Kely quebrou o silêncio.
- Não faço idéia – respondeu Gina.
- Alguém? – perguntou Remo, olhando um por um. E todos negaram.
Logo surgiram assuntos, e eles ficaram conversando por um tempo, até que perceberam que já passava das duas da manhã.
- Acho melhor irmos dormir, agora – disse Lílian. – Senão amanhã não estaremos dispostos para fazer nada.
Eles saíram do quarto de Sirius e cada um foi para o seu. Lily foi a última a chegar em seu quarto, já que era o último, antes do de Tiago, então, todos já haviam fechado as portas. Quando Ela apagou a luz do corredor, viu, pela fresta da porta de Tiago, que a luz de seu quarto estava acesa.
Vagarosamente, ela abriu um pouquinho a porta do quarto do maroto e olhou para dentro. Levou um susto quando viu o que havia lá. Uma grande cama ao centro, em que Tiago estava deitado, olhando fixamente para o teto, nem tinha percebido que alguém abrira a porta.
As paredes estavam cheias de fotos, mas, para a surpresa da ruiva, não eram fotos do maroto, eram... Dela! Lílian ficou estupefata com isso. Várias fotos dela estavam espalhadas pelo quarto e uma estava sobre o peito do garoto, a foto em que eles ainda eram namorados.
Uma lágrima teimosa escorreu pelo seu rosto e ela saiu dali batendo a porta e despertando Tiago de seus devaneios. Ele olhou imediatamente para a porta e viu um deslumbre de cabelos vermelhos antes de a porta ser fechada.
Ele se levantou correndo e abriu a porta, mas Lílian já havia entrado em seu quarto. Sem fazer barulho, ele encostou o ouvido na porta da ruiva e ouviu-a chorar. Nessa hora seu coração se partiu, era tudo o que ele mais odiava: ouvir sua amada chorar e não poder consolá-la em seus braços.
Depois do que pareceu meia hora, Tiago entrou novamente em seu quarto, apagou as velas e foi se deitar, mesmo sabendo que não conseguiria dormir.
Ele virava e se revirava na cama, sem conseguir pregar os olhos, por duas razões: Pedro, o traidor, chegaria daqui a algumas horas e Lílian estava chorando...
Desistindo de dormir, já eram quase cinco horas, ele se levantou, ainda vestido e foi até a varanda. Abriu as cortinas, o vidro e saiu, recebendo o vento frio e calmo do amanhecer. Uma linha esverdeada já se formava no horizonte e algumas estrelas ainda brilhavam no céu.
Ele se sentou no canto e recostou-se na parede fria, ficando apenas a observar a linha esverdeada se tornar mais clara ao passar do tempo, de verde para amarela, e, um tempo depois, uma pontinha do sol já era vista.
O sol nasceu totalmente e Tiago continuava perdido em seus pensamentos, que nem percebeu que já passara das oito. Sabia que seus amigos só acordariam em uma ou duas horas, então desceu as escadas em direção à cozinha.
Nina já estava lá, preparando o café.
- Bom dia, senhor! – cumprimentou ela, colocando as coisas na mesa.
- Bom dia, Nina – respondeu ele. – Meus amigos só acordarão em uma ou duas hora, então, vou esperá-los, está bem?
- Sim senhor. A comida não esfriará até lá, cuidarei disso – disse ela, sorrindo.
- Obrigado, Nina – agradeceu ele. – Estarei no meu quarto, descerei com todos daqui a algum tempo.
E, dizendo isso, se virou e retornou para seu quarto, sentando-se no mesmo local em que estava minutos antes, na varanda e, mais uma vez, mergulhou em seus pensamentos.
Não escutou quando várias pessoas entraram no quarto. Eles olharam para a cama e não viram Tiago.
- Onde ele está? – perguntou Kely.
- Deve estar no banheiro – disse Sirius, encostando o ouvido no banheiro, mas não ouviu nenhum barulhinho vindo lá de dentro. – Não está aqui.
- Está aqui, gente – disse Lílian, à porta da varanda, vendo Tiago com os olhos perdidos no horizonte.
- Pontas? – chamou Remo, olhando para o amigo.
- Ele está estranho – disse Harry, observando o pai atentamente. Todos o chamaram, menos Lily, mas nenhum conseguiu “acordá-lo”. Foi então que Lily se aproximou dele.
- Tiago? – chamou ela, baixo e, imediatamente o garoto olhou para ela.
- Funcionou! – falou Sirius, rindo.
- Vamos descer, Pontas, já passa das nove e meia – disse Remo.
- Claro – respondeu ele, se levantando. – Faz tempo que acordaram?
- Não, mais ou menos meia hora, contando que vinte minutos desse tempo estamos aqui, tentando te acordar – respondeu Gina, rindo.
Juntos, eles desceram e entraram na cozinha, onde Nina estava, terminando de limpar os armários e o chão, que estavam brilhando. Quando os viu entrar, se virou imediatamente.
- Bom dia, senhores! – disse ela, fazendo uma reverência.
- Bom dia, Nina – responderam eles, se sentando à mesa para tomar o café. Estava magnífico, Nina tinha preparado tudo perfeitamente.
Depois de comerem, seguiram para a sala de estar e ficaram conversando.Não se passaram nem meia hora e alguém tocou a campainha e Nina passou correndo por eles para atender.
- Senhor, devo deixar entrar? – perguntou Nina a Tiago.
- Embora eu não queira nem um pouco... Sim, Nina – respondeu ele, respirando fundo.
Nina correu até o portão e abriu-o para o garoto gordinho entrar, com duas malas. Para quem não o conhecia, pensava que viera passar um mês na casa de Tiago, mas eles sabiam que uma das malas era de comida.
- Oi, gente – cumprimentou ele, sorridente.
- Oi – responderam todos, monotonamente.
- Nina, por favor, leve-o até o quarto que ele vai ficar – pediu Tiago e Nina puxou o garoto para cima.
- Pensei que tentaríamos dar um jeito para ele não vir – disse Sirius, que era o que mais implicava com Pedro, ainda mais agora.
- E o que faríamos? – perguntou Remo. – “Desculpe, você não é bem vindo” e, se ele perguntasse o porquê, seria simplesmente “É o responsável por nossa morte”?
- Se falasse isso – começou Harry. – Teria que explicar tudo, aí ficaria mais fácil para ele contar para Voldemort, já deve ser um comensal, escondido, é claro.
- Você acha que ele já pode estar trabalhando para o Voldemort? – perguntou Kely.
- Pode ser – respondeu Gina. – E todos esses períodos de ausência em que não o vemos, às vezes ele não dorme no dormitório... Foi Harry que me disse isso – completou ela, pois todos a olharam curiosamente.
- E é verdade – falou Harry. – Várias vezes eu acordo durante a noite e ele não está no quarto.
- Será que... – começou Lílian, mas não pôde terminar, pois Pedro retornou à sala. Ele se largou no sofá e ficou a olhar todos à sua volta, esperando alguém falar, mas, como ninguém o fez, resolveu começar.
- O que faremos hoje? – perguntou ele.
- Nada em mente – respondeu Tiago, seco, sem olhar para Pedro, que se calou.
Começaram uma conversa e, toda vez que o garoto ia falar, alguém o interrompia, fazendo-o calar outra vez.
Após algum tempo, Nina apareceu na porta da sala, avisando que o almoço estava pronto.
- Até quando vai ficar mesmo, Pedro? – perguntou Lily, rezando para que não passasse de dois dias, no máximo.
- Nmuto, vovota mnhã – respondeu ele, com a boca cheia de purê de batatas.
- Já te falei mil vezes, seu porco, engula antes de falar! – reclamou Sirius. Pedro engoliu tudo o que estava em sua boca e continuou.
- Não muito, minha mãe pediu para eu voltar amanhã, para ajudar nas compras, decoração da casa, convites e cartões de natal – respondeu ele, com amargura, enquanto que todos agradeciam intimamente por isso.
Depois dessa notícia, todos ficaram mais aliviados, mas não demonstraram isso. Após o almoço, retornaram à sala, enquanto Pedro subiu para comer mais alguma coisa de sua segunda mala.
- Que alívio! – desabafou Tiago.
- É, ainda bem – complementou Sirius. – Rato desprezível!
- Então, o que vamos fazer amanhã? – perguntou Kely, abraçando o namorado.
- Podemos entrar na piscina – sugeriu Sirius.
- Está muito frio para piscinas – respondeu Lily, como se fosse óbvio.
- A piscina é aquecida, Lily – disse Remo.
- Mas eu não trouxe roupa de banho! – exclamou ela.
- Não tem problema, Lily, eu te empresto – disse Kely, sorrindo.
- Obrigada, Kely – agradeceu a ruiva. – Mas, você sabia da piscina aquecida?
- Sim, Sirius me contou antes de virmos para cá e avisou para trazer roupa de banho.
Durante a tarde, o sol saiu, mas não acabou com o frio. Pedro tentava arranjar assunto, mas, toda vez que falava alguma coisa, não recebia resposta ou esta era breve.
O dia se passou vagarosamente e a noite caiu, trazendo um vento frio, mas o céu continuava límpido e estrelado.
Depois do jantar, uma coruja entrou voando pela janela da cozinha e pousou no balcão de mármore. Tiago se levantou e tirou a carta do bico da coruja.
- É para você, Pedro – disse ele, entregando a carta ao garoto. Quando ele terminou de ler, estava com uma cara de emburrado e amassou a carta.
- O que foi? – perguntou Harry, ao ver a cara do menino.
- Minha mãe – respondeu ele. – Disse que está vindo me buscar, não poderei ficar aqui até amanhã, ela precisa de ajuda hoje!
- Ah, que pena – mentiu Sirius descaradamente, e todos, exceto Pedro, perceberam isso.
Não foi o tempo nem de eles saírem da cozinha e a campainha tocou e Nina foi atender. Pedro subiu de cara fechada e batendo o pé até o quarto e pegou suas malas.
- Vamos? – perguntou a Senhora Pettigrew, quando Pedro apareceu na sala. O garoto murmurou algo inaudível e seguiu a mãe para fora da casa. Ao saírem para a rua, ela segurou o braço do filho e aparatou, pois ele ainda não sabia.
- Sou capaz de pular na piscina agora! – exclamou Tiago, sorridente.
- É, é uma boa sugestão! – concordou Sirius.
- Então, o que estamos esperando? – perguntou Kely.
- Vamos lá! – disse Gina e eles subiram, cada um para seu quarto, exceto Lily, que seguiu Kely, para pegar um biquíni emprestado.
- Combina com você! – disse Kely, entregando a peça de roupa para a amiga.
- Obrigada! – agradeceu Lílian indo para seu quarto.
Os meninos foram os primeiros a terminar de se trocarem e ficaram esperando as garotas ao pé da escada. Os quatro estavam com simples calções de banho pretos e azuis.
- Até para colocarem biquíni elas demoram! – reclamou Sirius, balançando a cabeça.
- Garotas, meu caro Almofadinhas, demoram demais quando é relacionado a roupas – disse Tiago, rindo, mas, logo em seguida, parou de rir, pois as meninas apareceram no alto da escada.
Gina estava com um roupão vermelho, Kely com um azul e Lily com um verde.
- Vamos? – perguntou Harry quando elas desceram.
- Claro – responderam e eles seguiram para a sala, e Tiago foi avisar Nina que estariam lá fora. Quando ele voltou, todos foram para o jardim, que estava gelado mas, ao se aproximarem da piscina, sentiram o vapor que emanava dela.
- Deve estar uma delícia! – exclamou Sirius e não deu tempo de falar mais nada, pois só ouviram um “tibum” dele, pulando na água. Ele colocou somente a cabeça para fora, enquanto as meninas se sentavam nas toalhas, tremendo, Tiago foi acender as luzes e Harry e Remo pularam na piscina.
- Não vão entrar? – perguntou Tiago, à beira da piscina.
- Eu vou – disse Kely, se levantando e tirando o roupão, revelando um biquíni azul marinho. – Está muito frio aqui fora. Vocês vêm?
- Claro – respondeu Gina, também tirando o roupão. Estava com um biquíni vermelho, quase vinho. – Vem, Lily?
- Agora não – respondeu a ruiva e Kely e Gina pularam com tudo na piscina.
- Venha, Lily, vai passar frio aí – disse Remo.
- Já vou, Remo – respondeu a ruiva. Mas, passaram-se vinte minutos e ela ainda não havia entrado.
Tiago nadou até a beira, ficando de frente para ela.
- Vai congelar aí. Aqui está bem melhor. Venha.
- Já vou.
- Conheço esse “já vou” – disse ele, saindo da piscina e caminhando até ela.
- O... O que vai fazer? - perguntou a ruiva, ao ver o garoto se aproximar.
- Vou dar uma ajudinha! – respondeu ele, pegando-a no colo.
- Potter! Me solta já!
- Ah, não, senão você não vai entrar!
- E vai me fazer entrar de roupão? – perguntou, tentando escapar.
- Não seja por isso! – disse ele, dando um jeito de tirar o roupão e jogando-o para o canto, onde estavam os outros. Ela usava um biquíni verde esmeralda bordado, que combinava perfeitamente com seus olhos. Tiago ficou hipnotizado.
- Ei, quer me colocar no chão, por favor? – pediu ela.
- Ah, nem pensar, vamos logo! – falou Tiago, saindo do transe.
- POTTER, SE VOCÊ... – começou ela, mas não conseguiu terminar, pois, no instante seguinte, os dois estavam embaixo da água.
- Esqueceu de que tem que me chamar pelo primeiro nome? – perguntou ele, ao voltarem para a superfície da piscina. Lily não disse nada, apenas bufou a nadou para mais longe.
A temperatura da água estava perfeita, o que lembrou a Lily o dia em que Tiago a levara até a gruta... Parecia ter acontecido em outra vida...
Os marotos, Kely e Gina ficaram brincando e conversando durante uma hora inteira, enquanto Lily ficou com os braços na borda da piscina e o rosto apoiado neles, pensando...
- O que ela tem? - perguntou Sirius, o vê-la imóvel durante tanto tempo.
- Não sei – respondeu Tiago, se aproximando. – Qual o problema, ruivinha? – perguntou ele, ao seu ouvido, fazendo-a arrepiar-se e fechar os olhos, achando que era um pensamento, mas, quando percebeu que o maroto realmente estava ali, falando com ela, virou-se abruptamente e começou a jogar água nele.
- POTTER! Eu. Não. Sou. Sua. Ruivinha! – disse ela, fazendo pausas, em que jogava mais água.
- O que está fazendo? Tentando me molhar? – perguntou ele, rindo e fazendo todos rirem. Lílian parou, virou-se novamente e voltou para a borda da piscina.
Depois de um bom tempo, Nina veio avisar que eram quase onze horas.
- Obrigado, Nina – disse Tiago. – É melhor sairmos, está esfriando.
- Mas a piscina é quente – rebateu Sirius.
- Mas do lado de fora, não, seu cachorro! – respondeu Tiago, rindo.
Kely foi até Lily e chamou-a para sair. A ruiva pensou que era Tiago novamente, e começou a jogar água.
- Eu já disse para... – começou ela, mas, quando olhou para fora da piscina, viu Tiago enrolado numa toalha branca, rindo delas. Imediatamente, Lily parou de jogar água e olhou para frente, ver quem realmente era, e viu Kely ali, com os braços protegendo o rosto. – Opa, desculpa.
- Sem problema, Lily – respondeu Kely, rindo. – Vamos?
- Claro – disse a ruiva, saindo da piscina e vestindo o roupão.
Eles entraram correndo e tremendo de frio.
- Depois de tomarem banho, vão para o meu quarto, lá veremos se tem alguma coisa para fazer – disse Sirius e todos concordaram.
Subiram as escadas e foram para o quarto, tomarem banho. Como sempre, as meninas demoraram meia hora a mais do que os marotos e eles já estavam no meio da conversa quando elas entraram.
Se acomodaram no tapete, como no dia anterior e entraram na conversa.
- Alguém sabe o que poderemos fazer amanhã? – perguntou Gina.
- Ainda não, estou começando a ficar com sono – respondeu Tiago, bocejando.
- E quando fica com sono não pensa? – debochou Lily.
- Exatamente, ruivinha – respondeu Tiago.
- Não me chame... – começou ela, mas ele a interrompeu.
- Acabou de dizer que não penso quando estou com sono, então, estou respondendo o que me vem na cabeça, e ruivinha foi a primeira coisa que veio – disse, arrancando risadas dos amigos, exceto de Lílian.
Eram quase duas quando cada um retornou a seu quarto. Dormiram quase imediatamente.
Na manhã seguinte, Tiago e Lílian acordaram quase no mesmo instante. Os dois foram cada um para seu banheiro, escovaram os dentes e tomaram um banho rápido. Abriram a porta do quarto e saíram no mesmo momento.
- Está me seguindo? – perguntou Lílian, arqueando uma sobrancelha.
- Não, nem sabia que já tinha acordado – respondeu Tiago, esfregando os olhos. A ruiva pareceu se convencer e, os dois juntos, foram para a cozinha.
A mesa do café já estava pronta.
- Bom dia! – cumprimentou Nina, correndo para servi-los.
- Bom dia, Nina – responderam os dois juntos e se sentaram, cada um de um lado da mesa. Começaram a comer em silêncio mas, logo o barulho tomou conta, pois os marotos, Kely e Gina estavam chegando, fazendo um estardalhaço total.
- Precisa fazer tanto barulho logo cedo? – perguntou Tiago, com o garfo a meio caminho da boca quando eles entraram na cozinha.
- É claro – respondeu Sirius. – Bagunça é o meu lema!
Depois do café, Tiago chamou Kely, Harry, Gina e Lílian para conhecerem a parte de fora da casa. Mas Remo e Sirius também foram.
- Aqui é a estufa – disse ele, abrindo uma porta no fundo da casa, onde havia todos os tipos possíveis de plantas e flores.
Lily se encantou com os lírios, brancos, laranjas, amarelos, rosas e vermelhos. Eram lindos. Kely foi até onde estavam as rosas, era apaixonada por essas flores. Também havia vários tipos de rosas.
Depois de um passeio por toda a estufa e pelos jardins, resolveram entrar para decidirem o que fazer.
- Evans, quero te mostrar um lugar – disse Tiago, olhando para a ruiva, esperando só que ela não gritasse.
- E por que eu iria com você? – perguntou ela, cruzando os braços.
- Por que sei que você vai gostar – respondeu ele, simplesmente.
- Como pode ter tanta certeza? – rebateu ela.
- Eu a conheço – respondeu ele. – Prometo que vai gostar. Vamos?
- Vai logo, Lily, se é o que estou pensando, tenho certeza de que vai gostar – insistiu Remo.
- Ah, está bem! – disse ela, seguindo o maroto.
Tiago entrou em um corredor que ela não havia visto desde que chegou lá e parou frente a uma porta dupla de madeira. Ele empurrou as portas e entrou, seguido pela ruiva.
- É... Enorme! – foi o que ela conseguiu dizer, estava boquiaberta. – Acho que supera a de Hogwarts!
- Viu? Eu disse que ia gostar! – exclamou ele, andando pela biblioteca da casa. – Pode vir aqui quando quiser e pegar que livro quiser.
- Obrigada – agradeceu ela, andando por entre as prateleiras, a procura de um bom livro para ler.
- Posso te recomendar um? – perguntou Tiago, aparecendo de repente atrás dela, dando-lhe um susto.
- Que susto! – reclamou.
- Desculpe. Mas, posso te recomendar um livro?
- Ah... Você lê? – perguntou a ruiva, desconfiada.
- Claro, experimente esse aqui – disse ele, pegando um livro de uma estante e entregando-o à garota. Ela leu a capa e deu uma folheada no livro.
- Gosta de romances?
- Sim, já li esse quatro vezes, é o meu preferido.
- Bom gosto – murmurou ela, para si mesma e ele escutou, mas decidiu não falar nada.
- Vamos voltar? – perguntou Tiago.
- Claro, mas não pense que isso vai me fazer acreditar em você, eu vi muito bem o que aconteceu aquele dia... – disse ela, mas parou de falar, pois sentiu um nó na garganta ao se lembrar dele beijando a garota.
- Eu não... – começou ele, mas foi interrompido.
- Não venha me falar que não foi culpado, eu vi tudo – disse ela, com um desapontamento na voz. Passou à frente, deixando Tiago ali, parado.
Ele começou a caminhar de volta para a sala, distraído, mas encontrou Lily encostada na parede, lendo o livro.
- O que faz aqui? – perguntou ele, sem interesse.
- Nada – respondeu ela, sem tirar os olhos do livro.
- Vamos voltar para a sala – disse ele, começando a andar. – Se ficar aí vai acabar se perdendo outra vez.
- Por quê? - perguntou ela, ainda sem tirar os olhos do livro.
- Esses corredores acabam mudando de lugar, saem em locais diferentes, às vezes – respondeu Tiago. – Pode acabar se perdendo.
Sem dizer nada, ela fechou o livro e seguiu-o de volta para a sala. Quando entraram, todos viram a cara dos dois e perceberam que não era hora de fazer comentários.
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N/a: seja bem-vinda Brennda! Obrigada pelo elogio XD fico feliz que esteja gostando da fic! E pode ter certeza absoluta de que ainda vai acntecer muuuuuita coisa na mansão dos Potter!!! Beijossss!
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