CAPÍTULO VIII



CAPÍTULO VIII


Como um autômato, Hermione caminhou quilômetros até que a primeira claridade da manhã chegasse. Perambulara pelo bosque, mas a vegetação cerrada a oprimia e, assim, rumara para a vila, tomando toda sorte de atalhos.
Sua mente girava num redemoinho de emoções represadas e perguntas sem resposta. Geralmente, era uma mulher equilibrada e controlada. Não resistira, entretanto, aos acontecimentos que se precipitaram sobre ela nas últimas horas. A inquietação que sentira enquanto esperava os homens da OSAY somara-se à amarga ilusão de que havia perdido Harry para sempre. Depois, quase fora estuprada, e horas mais tarde estava fazendo amor pela primeira vez. Isso, por si só, já seria bastante para colocá-la em polvorosa. Mas o destino, não satisfeito, ainda lhe pregara mais uma peça, insinuando que estava apaixonada por um extraterrestre e, pior, que ela própria era um ser de outro planeta.
Harry Potter.
Ela balançou a cabeça. Não restava dúvida de que Harry escolhera aquele nome marcante e forte imbuído do mesmo bom humor com que decidira ser um dos homens das propagandas de cigarros.Ela caminhava num ritmo furioso. Não temia por sua segurança, a despeito do ataque de Hallard Dunn. Harry a protegia. Ele a amava. Estava certa disso. E estava certa também de que era humana. Não compreendia a atitude de Harry. Via-se inclinada a acreditar que ele realmente era uma forma de vida de outro planeta, pois isso esclarecia muitos fatos que Hermione não saberia explicar de outro modo. Mas daí a supor que ela também era uma extraterrestre…Não fazia o menor sentido. O que Harry pretendia com aquela piada de mau gosto? Talvez esperasse minimizar o impacto de sua revelação ao fazê-la crer que eram iguais. Não, não fazia sentido. Harry sabia que ela o amava, independentemente de onde tivesse vindo.
Seus passos a levaram à plantação de milho e, sem premeditação, Hermione acabou enveredando por uma trilha atrás da rua onde morava Minerva McGonnagall. Seguiu a trilha até a casa da amiga e encostou-se a um grande carvalho. Com as mãos nos bolsos, esperou que a funcionária do correio saísse para alimentar os pássaros, como fazia todas as manhãs. Minerva não demorou a aparecer com um saco de sementes na mão. Encheu um recipiente suspenso numa pilastra da varanda, e alguns instantes decorreram até que se apercebesse da presença de Hermione ali perto. Seu rosto vincado iluminou-se então com um sorriso e ela acenou, convidando-a a entrar.
Foram até a cozinha e, enquanto a porta não foi fechada, as duas não trocaram nenhuma palavra, para não alardear sua presença aos vizinhos. Pela primeira vez, Hermione ressentiu-se com o fato de não ser aceita pela comunidade, tendo que se sujeitar a entrar na casa da amiga como uma criminosa. Seu estigma começava a pesar-lhe.
— Vamos tomar uma xícara de chá. Depois quero que me conte o que aconteceu. Você parece preocupada, Hermione. Minerva entregou-lhe uma xícara e sentou-se diante dela. Seu tom carinhoso fez com que Hermione se lembrasse da mãe.
— Sabe que Hallard Dunn foi encontrado ontem à noite no píer? Estava todo machucado e com a calça abaixada. Todos estão comentando que tentou violentar alguma menina da vila. Hermione ergueu os olhos da xícara, empalidecendo. Minerva notou-lhe a perturbação.
— O que houve, querida? Hermione tomou mais um gole de chá para ganhar tempo. Nunca havia pedido conselhos a nenhum nativo e não sabia o que dizer. Por fim, perguntou:
— Você conheceu minha mãe e minha avó, não é?
— Claro. Eram mulheres muito bonitas. Tinham os cabelos castanhos como os seus. — Minerva franziu o cenho e emendou: — Sua avó tinha olhos verdes e, sua mãe, olhos castanhos.
Com um sobressalto, Hermione crispou as mãos. Olhos verdes… Como os de Harry ou como os de bilhões de pessoas na Terra?
— Elas tinham bom coração também — Minerva acrescentou. — Eu era menina quando sua avó me trazia balas que ela mesma fazia.
— E minha tataravó?
— Não a conheci.
— Mas ouviu alguma história sobre ela?
O rosto de Minerva ficou animado e ao mesmo tempo distante, como quando Hermione a encontrara uma semana antes, entretida com um de seus livros.
— Bem, sabe-se que sua tataravó chegou aqui durante uma tempestade. Apareceu inconsciente na praia. Quando se recuperou do choque, só se lembrava do seu nome. Não quis ir para a cidade e pediu que a deixassem na floresta. No dia seguinte, quando um dos nativos foi ver como ela estava, tinha construído uma cabana. Foi aí que as histórias começaram.
— Só porque ela havia construído uma cabana?
— Você não entende, Hermione. Seria impossível construir uma cabana daquelas sem ajuda, muito menos em um dia. É a mesma cabana onde você mora hoje. E tem mais: diziam que ela estava plantando coisas ali, sem que ninguém tivesse lhe dado sementes. Corriam boatos de que possuía muito dinheiro. Mas, quando havia chegado à praia, não tinha nem um tostão. Hermione sacudiu os ombros, obstinada.
— É evidente que alguém lhe deu o dinheiro e as sementes. Minerva tomou um gole de chá e exibiu uma expressão de dúvida.
— Pelo que sei, ela vivia completamente isolada. Era uma beldade, e muitos pretendentes apareceram, mas sua tataravó não se interessou por nenhum deles.
— Viu só? Algum admirador deve tê-la ajudado — Hermione concluiu, esperançosa.
— Não. Ninguém conseguia chegar perto dela. Era como se houvesse uma barreira invisível em volta da cabana. As pessoas podiam se aproximar só até um certo ponto. Daí por diante, não conseguiam mais avançar, e não sabiam explicar por quê.
— Isso é ridículo. Os nativos vivem aparecendo na cabana para buscar remédios e, na época da minha mãe, não era muito diferente.
— Mas com sua tataravó não foi assim.
Hermione recolocou a xícara sobre o pires, tentando disfarçar o tremor em suas mãos.
— As pessoas ficaram impressionadas e inventaram essa história de barreira invisível. Já estavam predispostas a achar que minha tataravó era uma mulher estranha.
— Pode ser. — Minerva deu um suspiro, perdida em recordações distantes. —Sabe que ainda comentam sobre os olhos dela? Eram verdes, escuros; e diziam que sua tataravó podia enxergar através das pessoas. Depois ela começou a cuidar dos doentes. — Minerva estremeceu. — Não se pode culpar os nativos. Não é todo dia que se encontra alguém com olhos como aqueles. Ouvi dizer que seu amigo tem olhos assim também. De onde ele é?
— Eu o conheci enquanto velejava. Obrigada pelo chá. Estava ótimo.
Hermione limpou os lábios no guardanapo e levantou-se. Estava desapontada com a conversa. Não lhe agradava ouvir que a vinda de sua tataravó estava cercada de tantos mistérios. Não duvidava de que existia uma forte dose de superstição nas declarações dos nativos, mas, mesmo assim, sentia uma certa inquietação.
— Volte quando quiser, minha querida. Não me importo com o que diz o resto da vila. Acho você uma menina muito simpática e agradável. Verei se consigo me lembrar de mais alguma coisa sobre os seus parentes. Agora, me ocorreu uma coisa, Hermione: por que não dá uma olhada na cabana? Talvez alguma das Granger tenha deixado um diário.
— Boa idéia, Minerva.
As duas se despediram e, logo que saiu da casa da amiga, Hermione começou a correr. Só parou quando chegou a uma colina atrás da cabana. Ao atingir o topo dela, caiu de joelhos no chão, ofegante, e olhou para as três pedras que marcavam os túmulos de suas ancestrais.
Sobre o túmulo da mãe, chorou copiosamente. Houvera muitos momentos em que se sentira sozinha e desejara que sua mãe estivesse a seu lado para lhe dar amparo. Mas nunca, como agora, experimentara uma sensação de solidão tão grande. Mesmo quando olhava sem ver a pedra do túmulo e era invadida por lembranças e mais lembranças de sua infância, sabia que de nada adiantaria a presença da mãe ali. Ninguém poderia ajudá-la. Cada pessoa tinha sua própria jornada solitária. Vinha ao mundo sozinha e dele partia sozinha, por mais gente que pudesse haver à sua volta.
Hermione, querida, por favor, não se torture assim.
As palavras penetraram em seu íntimo e, por um segundo, pensou que fosse a mãe que assim lhe falava. Depois, percebeu que era Harry e sentiu os braços fortes dele ao redor de seu corpo.
Seu primeiro impulso foi repeli-lo. Sentia raiva. Ele não tinha o direito de se imiscuir na sua vida daquela maneira. Mas, aí, toda a sua cólera desvaneceu. Precisava dele. Talvez tivesse precisado sempre. Abriu os olhos e viu-o de pé, com as mãos nos bolsos, perto da encosta da colina. Parecia consternado e magoado. Em seus olhos pairava uma sombra de insegurança que ela não conhecia.
Harry, eu preciso de você. Me abrace. Mal esse pensamento lhe cruzou a mente, ele começou a avançar em sua direção. Ajoelhando-se ao lado de Hermione, cingiu-a num abraço quente e protetor. As lágrimas dela foram cessando, sua respiração tornou-se regular. Então Harry perguntou:
— Por que a idéia de ter sangue cyteroniano assusta tanto você?
Hermione respirou fundo, e mais um minuto passou até que conseguisse coordenar seus pensamentos. Ouvia as batidas do coração dele, e isso deu-lhe forças para falar:
— Em toda a minha vida fui diferente das outras pessoas. Não de um modo ostensivo, mas muito sutil. Sempre disse a mim mesma que isso não tinha importância. Só que, no fundo, não posso negar que eu me ressinto de ser marginalizada. Não quero ser ainda mais diferente do que já sou, Harry.
— Você continua a mesma de sempre. A única coisa que mudou é que agora tem uma explicação para as sutis diferenças que antes não conseguia justificar.
— Eu não disse que concordava com a sua teoria — ela replicou vivamente.
— Claro que você concorda. Mas não quer acreditar. É muito natural que esteja transtornada. E só o que posso lhe dizer é que isso não é o fim do mundo, Hermione. O fato de ser alienígena…
— Em parte alienígena — ela cortou. Harry não concluiu a frase. Apertou-a contra si. Beijou-lhe os cabelos e disse:
— Vamos dar uma volta.
Estendeu-lhe a mão e ajudou-a a levantar. Hermione ainda lançou um último olhar para o túmulo da mãe.
— Se ela fosse mesmo uma extraterrestre, teria falado comigo quando me viu tão desesperada.
— Ela está muito longe daqui para ouvi-la.
— Ela está muito morta, isso sim.
— Não. Sua mãe voltou para Cyteron.
— Vamos supor que tenha mesmo voltado. Nesse caso, por que é que você está aqui? Não poderia realizar os seus estudos lá mesmo, com os cyteronianos que estiveram na Terra?
Harry meneou a cabeça devagar.
— Você faz parte de uma nova geração, Hermione. Representa outra diluição do sangue cyteroniano. Além disso, a pesquisa tem mais valor quando o objeto de estudo está em seu próprio habitat.
— Em resumo, sou a cobaia de um experimento científico. — O rosto dela ficou ruborizado de indignação. — O que lhe dá o direito de brincar com a minha vida desse jeito? Eu sou muito mais humana que cyteroniana.
— Então você admite que tem sangue cyteroniano?
— Eu admito que tenho sangue humano — retorquiu, zangada, Mas a cólera dela logo se dissipou e, num débil murmúrio, acrescentou: — Nem sei se os cyteronianos têm sangue nas veias.
Começaram a andar. Hermione conservava-se cabisbaixa, imersa em pensamentos sombrios. Harry segurou sua mão e ela não fez menção de retirá-la. Os dedos dele eram confortadores e, sobretudo, tinham um toque humano. Foram caminhando a esmo e deram na praia onde haviam chegado na tarde do temporal. A maré tinha recuado, expondo uma larga faixa de areia. Aproximaram-se da beira d'água. Harry beijou-lhe a mão e soltou-a. Colocou as mãos nos bolsos traseiros da calça jeans e contemplou o mar prateado.
— Naquele dia em que o seu barco afundou, o que você sentiu quando começou a se afogar?
— Pânico — ela respondeu, contraindo os maxilares.
— Nada mais? Não se sentiu revitalizada por um tipo diferente de energia?
— Não. Por quê?
Ele enterrou um calcanhar na areia.
— Quando uma pessoa como sua mãe está para morrer, a energia cyteroniana substitui a humana. Queremos descobrir exatamente em que momento isso acontece. É provável que você não tivesse atingido esse estágio quando começou a se afogar.
— Talvez eu não seja uma cyteroniana. Talvez você tenha escolhido a pessoa errada para a sua pesquisa.
Harry endereçou-lhe um olhar melancólico.
— Mesmo não querendo reconhecer a verdade, Hermione, todas as evidências estão aí. Você é capaz de prever a chegada de uma tempestade. Sabe tocar a sua flauta sem nunca ter lido uma partitura, conseguindo reproduzir muito mais que simples notas. E tem o dom de curar os enfermos. Lembra-se do incêndio na casa dos Sulter, anos atrás?
— Isso foi antes de minha mãe morrer — disse Hermione, perguntando-se como ele poderia saber a respeito daquele episódio.
— Isso mesmo. Foi ela que nos contou sobre o acontecido. Sua mãe estava tratando do pai e deixou o filho aos seus cuidados. Ele estava agonizando, e você ficou tão compadecida que o salvou da morte. Mas não foram só as ervas que o curaram. Foi o seu toque.
— Aprendi com minha mãe. Ela me dizia que devia mentalizar a reestruturação dos tecidos danificados.
— Correto. É assim que procedemos em Cyteron.
— Minha mãe sabia disso?
— Que estava recorrendo a métodos cyteronianos? Naquela época acho que não. Ela aprendeu a técnica com sua avó, que, por sua vez, aprendeu com sua bisavó.
Hermione olhava-o com crescente perplexidade. As explicações de Harry eram tão lógicas que se sentia cada vez mais tentada a aceitá-las.
— Ela lhe contou sobre o incêndio na casa dos Sulter?
— Não. Sua mãe fez um relatório a um colega meu. Ele me contou tudo quando eu estava de partida para cá.
— Continue. Você pode apontar mais evidências de que sou cyteroniana? — ela inquiriu, de um modo ligeiramente desafiador.
Ele aquiesceu silenciosamente, com os olhos vagando pela espuma branca que se formava a seus pés.
— O modo como você faz as coisas acontecerem. Encheu o campo de insetos, cobras e atoleiros. Ao contrário do que pensa, essas ocorrências não foram acasos da natureza, mas uma materialização dos seus pensamentos. Talvez esse poder tenha realmente se diluído através das gerações, mas ainda existe.
— Ainda acho que está enganado — Hermione replicou, mais humildemente, pois, se havia mesmo possibilidade de ocorrer uma miscigenação entre seres humanos e cyteronianos, então as afirmações de Harry eram plausíveis.
— É interessante — ele prosseguiu. — Quando você duvida da sua própria força, a mentalização não funciona. Mas se alguma coisa a deixa zangada, a ponto de fazer com que você se esqueça das suas supostas limitações, o poder reaparece. Foi o que aconteceu quando quase foi violentada, depois que sua mãe morreu.
— O que quer dizer com isso? — Hermione sentiu uma estranha premonição.
— Você teve ódio do homem que fez aquilo. Desejou que ele morresse. Dias depois, o cadáver dele apareceu na praia.
— Foi um acidente — ela atalhou rapidamente.
Como Harry continuasse a fitar as ondas, perguntou, num tom de súplica: — Está insinuando que sou uma assassina?
Seus olhares se encontraram num momento de suspense.
— Claro que não, Hermione. Aquele homem apenas colheu o que plantou durante a vida inteira.
Ela estremeceu com um calafrio. Esfregou as palmas das mãos nos braços.
— E os homens da minha família? Quem eram eles?
— Humanos eleitos para fecundar as mulheres da sua família. Foram escolhidos por sua compleição física e induzidos a vir para cá. Estavam com uma pulga atrás do traseiro, como vocês dizem.
— Atrás da orelha — Hermione corrigiu-o, sem conter uma sonora risada.
Harry estreitou os olhos, cheio de malícia. Riu também, mostrando uma fileira de dentes brancos.
— Faz mais sentido do meu jeito.
— Harry…
— Bem, eles eram aventureiros. Não tinham consciência da força que os atraía para cá, mas vieram assim mesmo. E realmente ficaram apaixonados pelas suas ancestrais.
— Então por que sempre partiam?
— Não queríamos que eles ficassem na ilha. Fazíamos uma espécie de lavagem cerebral para que partissem.
Hermione lembrou-se de sua angústia no último fim de semana, quando ficara separada de Harry.
— Isso foi cruel — disse, com voz sumida.
— Pior seria se aqueles homens levassem as mulheres da sua família para o continente. Eles eram nômades, você sabe. E a ilha precisava de gente que cuidasse dos doentes e dos pôneis.
Algo no tom dele fez Hermione ter uma segunda premonição.
— O que os pôneis têm a ver com isso?
Harry sorriu daquele modo singular que sempre lhe provocava pequenos arrepios.
— Isso você vai me responder.
— Eles vieram de Cyteron? — Hermione indagou e, quando Harry assentiu, ela soltou uma exclamação. — É para lá que vão durante o resto do ano? Você está brincando! Meu Deus! Os pobres membros do Conselho Administrativo devem estar até agora se perguntando onde podem encontrar arbustos de amoras anãs. Hermione desatou a gargalhar, imaginando a cara de Keegan, Oaker e Hapgood. Depois, dando-se conta das implicações de sua cumplicidade com Harry, baixou o olhar para as ondas, sentindo-se irrequieta.
Percebendo, ele também, as implicações daquela estreita conivência, Harry disse com voz suave:
— Quando me viu pela primeira vez, você achou que eu lhe parecia familiar. Foi o sangue cyteroniano que lhe provocou essa impressão. Você, inconscientemente, me reconheceu como um semelhante. Nós entramos em sintonia. Temos diversas características em comum, embora você nem sonhe com elas.
— Por exemplo?
— A habilidade de entender todos os idiomas. Temos a faculdade de captar e absorver tudo o que se passa no mundo onde estamos. Não precisamos ir a um país para conhecer a sua língua. Como você pôde notar, eu me confundo às vezes, porque o meu repertório compreende uma infinidade de idiomas. Mas sou perfeitamente capaz de falar, ler e escrever em qualquer um deles. E você também, embora não tenha consciência disso.
Ele desenhou alguns sinais na areia com auxílio de um graveto. Hermione observou-os e a primeira coisa que lhe veio à mente foi seu próprio nome.
— O que é isso? — perguntou, curiosa.
— Escrevi o seu nome. Em grego. Harry traçou mais algumas letras.
— Agora me traduza esta frase.
— "A praia está deserta"? — ela disse timidamente, sem saber por que lhe ocorrera dizer aquilo.
— Acertou. Para seu governo, isto é chinês.
Hermione arregalou os olhos, ao mesmo tempo maravilhada e desconfiada, uma vez que nada lhe provava que Harry não havia desenhado aqueles sinais aleatoriamente.
— Não consigo reconhecer as letras que você escreveu. Use o nosso alfabeto.
Harry redigiu um longo período. Quando finalmente terminou, Hermione estava completamente aturdida, pois uma convicção acabara de brotar de dentro dela: não precisava consultar o dicionário para verificar que, com efeito, sabia o significado daquela frase.
Tropeçando um pouco nas palavras, leu:
— "Poucas são as pessoas que nunca foram invadidas por uma vaga, mas nítida crença no sobrenatural, diante de certas coincidências aparentemente tão maravilhosas, que seu espírito se sentiu incapaz de admiti-las como puras coincidências"… É isso, não é?
— É. Você acabou de ler um trecho de Edgar Allan Poe, vertido para o francês por Charles Baudelaire.
Hermione riu, divertida. Estava gostando daquele jogo.
— Escreva mais alguma coisa — pediu.
— Estou ficando com cãibra na mão.
— Uma frase curta.
Com um sorriso indulgente, Harry procurou um trecho plano e escreveu em letras garrafais: "Io ti amo".
Hermione atirou os braços ao redor do pescoço dele. Tinha medo de que, se não o fizesse, sairia voando pelos ares, tão leve se sentia.
— Não pensei que eu fosse tão inteligente.
— Você é inteligente. E, acima de tudo, é cyteroniana.
— E nosso filho será tão inteligente quanto nós.
— Mas, se ele viver em Cyteron, poderá explorar melhor toda a sua potencialidade.
Ela se retesou e, soltando-se, deu um passo para trás.
— Você não vai fazer isso, não é, Harry? Não pode tirar meu filho de mim!
— Você não entendeu. Nós três partiremos para Cyteron. Por que acha que eu lhe fiz todas essas revelações e perguntei tantas coisas sobre a sua vida? É tudo parte do processo de reintegração. Você não percebeu? Eu estou aqui para levá-la comigo.

N/A: E AGORA??? ME DIGAM VCS, QUERIDAS LEITORAS: O QUE VCS FARIAM NO LUGAR DA MIONE? IAM PARA CYTERON VIRAR CENTELHA BRANCA??? OU FICAVAM COM FILHO E SEM HOMEM COMO AS OUTRAS DA FAMÍLIA?

COMPLICADO NEH... BOM, VEREMOS ISSO FUTURAMENTE.

AGORA, AS EXPLICAÇÕES PARA O MEU SUMIÇO:

Pirmeiramente, mil perdões. Isso foi uma falta de consideração e não se faz mesmo! Falo isso como leitora que já passou por isso e sabe como vcs se sentem. Acontece q meu pc me deixou na mão e eu não tive tempo de consertar (faço ciência da computação), e nem tive grana pra pagar alguém q fizesse isso por mim. Não tive tempo pra consertar pq trabalho em uma cidade q fica a uma hora e meia de distância da minha, faço uma faculdade à noite e outra à distância (Pedagogia) e ainda faço uns outros trabalhinhos autônomos. Resumindo, toda vez q eu usava um pc (na faculdade ou no trabalho), tinha um milhão de serviços e trabalhos pra fazer. E a fic acabou tendo q entrar em hiatus.

Mas o importante é q eu estou de volta e meu pc tb! Postei 3 capítulos para compensar minha ausência e tb pq não sei se vai dar pra postar na semana q vem (tenho prova da faculdade à distância no sábado e no domingo e da outra faculdade durante a semana). Mas prometo fazer o possível!

Por favor, se manifestem mesmo q seja pra me xingar! Eu preciso desses comentários para ter incentivo em começar uma adaptação nova!!!

Mil beeeeeijooooos! Espero q vcs não tenham me abandonado!

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