CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VII
Tremendo violentamente, Hermione rastejou em direção à terra, a uma distância segura dos dois homens que se engalfinhavam. Ouviu sons de socos e pontapés, depois sentiu o singular cheiro de sangue. Fechou os olhos e tapou os ouvidos, incapaz de presenciar aquela cena.
Após o que lhe pareceu uma eternidade, escutou o baque seco de um corpo chocando-se contra as tábuas do píer. Harry acercou-se dela e levantou-a do chão. Carregou-a rapidamente para longe do píer, do centro da cidade, das casas ao redor da vila. Nenhum dos dois dizia uma palavra. Hermione, escondendo o rosto no ombro másculo, soluçava.
As passadas dele eram firmes e logo chegaram à cabana. Harry levou-a diretamente ao banheiro e abriu a torneira da pia. Lavou-lhe o rosto e o enxugou com uma pequena toalha.
— Eu poderia ter matado aquele bastardo! Mas lhe dei uma lição que ele não vai esquecer para o resto da vida. — Harry afagou-lhe o rosto com ternura. — Agora você precisa limpar a sujeira dele do seu corpo. Quer que eu vá embora?
— Não! — Hermione gritou. Passou os braços pela cintura dele e estreitou-o com força. — Não me deixe de novo. Eu senti tanto a sua falta!
Harry beijou-lhe a fronte, os olhos, as faces. Ela chorava convulsivamente e voltou a enterrar o rosto no peito másculo. Harry afastou-a devagar e despiu-a com infinito cuidado. As roupas dela deslizaram para o chão e, no minuto seguinte, as dele também. Harry ligou o chuveiro e fez um gesto para que Hermione entrasse com ele. Apanhou o sabonete e começou a ensaboá-la com suavidade. Por onde suas mãos passavam, Hermione sentia carinho e bem-estar. Não estava embaraçada de partilhar aquela intimidade com Harry. Seu corpo lhe pertencia. Fora completamente cega em não perceber isso desde o início. Os dois ficaram abraçados sob o jato forte de água. Decorrido um tempo, ele girou as torneiras e apanhou uma toalha. Hermione ficou alarmada. Cingiu-o com desespero.
— Você não vai embora, não é?
— Não, minha querida. Eu nunca mais vou deixá-la. E, com o mesmo cuidado com que a tinha despido, enxugou-a com a toalha e depois se secou. Tomou-a nos braços novamente e dirigiu-se para o quarto. Deitou-a na cama, cobriu-a com a colcha e ficou sentado na beirada, segurando-lhe as mãos. Hermione procurou os olhos dele e mergulhou em seu verde profundo. Sentindo necessidade de tocá-lo, acariciou-lhe o rosto de linhas fortes.
— Ah, Harry, eu nunca deveria ter mandado você embora daquele jeito — sussurrou. — Não sei o que deu em mim. Acho que estava com medo. -
— De mim?
— Não. — Ela piscou. — Medo do que eu estava sentindo.
— Já passou?
Hermione recordou a dor que suportara, como um fardo, durante a ausência dele.
— Agora eu só tenho medo de que você não me ame. Ela guiou a mão morena até o seio direito. — Eu quero você… tanto… Por favor, me ame…
Pela maneira como Harry deitou-se ao lado dela e beijou-lhe a palma da mão, ficou claro quanto também a desejava. Beijou-a como nunca a tinha beijado. Hermione entregou-se ao prazer de sentir o corpo rijo e sólido junto ao seu. Nada se comparava à plenitude de estar com o homem amado.
O beijo de Harry consumiu-a até Hermione atingir um desejo irrefreável. Correu os dedos pelos cabelos negros e luzidios, e gemeu quando ele lhe tomou os seios com a boca. Hermione arqueou o corpo febril, e Harry admirou-a com veneração. Os olhos verdes cintilaram.
Você é linda. Eu te amo.
Ela roçou o dedo indicador em sua boca, acompanhando o contorno dos lábios. Murmurou:
— Não pare, Harry. Por favor, não pare.
Ele tornou a beijá-la, até deixá-la sem fôlego.
— Isso realmente não estava previsto — Harry brincou — Mas eu amo você.
E beijou-a mais uma vez, enquanto sua mão deslizava para o ventre plano, e depois um pouco mais embaixo, até encontrar o sexo dela. Os dedos longilíneos exploraram a carne macia, o que fez com que Hermione estremecesse.
— Não está mesmo assustada?
— Não… Eu me sinto bem com você. Como se o conhecesse há muito tempo.
Sem perceber, afastou um pouco as pernas para acolhê-lo.
— Conte para mim. O que sente? — Harry perguntou. Estava deitado de lado, com um dos cotovelos apoiado na cama. Intensificou o toque e ondulou delicadamente os dedos.
Hermione foi presa de uma onda de calor que se espalhou do ponto que ele acariciava para todo o corpo.
— É como se… — Incapaz de articular mais uma palavra que fosse, semicerrou os olhos, num misto de lassidão e vertigem. Sua pele pulsava com vida própria, antecipando cada gesto de Harry. Bastava a ele roçar a mão muito de leve para desencadear uma pequena revolução dentro dela.
— E agora? — O dedo dele insinuou-se em seu âmago. Depois outro.
— Ah… Harry!
Ele encostou os lábios em seu ouvido, fazendo-a se arrepiar com o hálito morno e perfumado.
— Lembra daquela noite?
— Que noite? — Hermione indagou, arquejante.
— Quando toquei a flauta. — A mão de Harry moveu-se ritmadamente dentro dela, com vagar e suavidade. — Fiz amor com você através da música, Hermione. Não foi minha intenção, mas eu a queria tanto que, quando me dei conta, tinha simplesmente acontecido.
As palavras dele soavam como o murmúrio distante do mar. Ela fechou os olhos e ergueu um pouco os quadris.
— Hermione?
— Hum?
— Abra os olhos.
A imagem de Harry cristalizou-se ao lado dela, envolta por uma bruma de paixão.
— Nós nos amamos durante muitas horas -— ele prosseguiu, num tênue murmúrio. — Não no sentido físico. Foi tão real quanto agora, mas, tecnicamente, você ainda é virgem. Isso significa que vou ter de machucá-la durante um minuto. Só um minuto, querida…
Os dedos dele aprofundaram-se em Hermione com determinação e ela sentiu uma pontada aguda. Antes que pudesse protestar, Harry explicou:
— Acabei de romper o seu hímen. Tive de fazê-lo, mas já está sarando.
Harry continuava a excitá-la, e logo a dor que Hermione experimentara transformou-se em vaga lembrança. O desejo tornou a crescer dentro dela, mais forte do que antes.
Num ímpeto, segurou o pulso de Harry.
— Faça amor comigo. Agora…
Seus corpos se fundiram num abraço ardente. Ela gingou os quadris ligeiramente, e rolaram na cama. No auge da paixão, Harry iniciou a penetração, contendo-se, em seu arrebatamento, para não machucá-la.
Deslizou para dentro de Hermione com tanta suavidade, que ela deixou escapar um gemido voluptuoso. Hermione arqueou o corpo, e ele beijou-lhe os seios, um de cada vez, detendo-se nos mamilos túrgidos.
Os dois aceleraram os movimentos, numa coreografia sincronizada, desatinada, que os fazia rodopiar pelo ar e flutuar sobre a ilha, em direção às estrelas tremeluzentes.
Horas depois, estavam quietos, abraçados por entre os lençóis brancos. Hermione tinha uma das mãos ao redor do pescoço dele e a outra sobre o tórax largo. Harry enlaçava-a pela cintura, num gesto possessivo e ao mesmo tempo protetor.
Não, Hermione pensou. Nunca mais o deixaria partir.
— Harry… — Sua voz não era mais que um sussurro, mero pretexto para roçar os lábios na pele macia e firme do peito musculoso.
— Você está bem? — ele indagou, beijando-lhe os cabelos. Ela assentiu com um meneio preguiçoso. Lembrou-se então da angústia que preenchera seus dias quando Harry a deixara.
— Pensei que você tivesse ido embora para sempre.
— E como poderia? Não percebeu o que eu sentia por você? Hermione ergueu o rosto e fitou-o com olhar sério.
— Não. Diga aquilo de novo.
— Eu amo você.
— É o primeiro homem que me faz uma declaração dessas.
— Só falei a verdade.. Achou mesmo que eu desapareceria como os outros homens da sua família?
— Mas você sumiu!
— Porque você me pediu. Mas não fui muito longe. Voltei esta manhã e não a encontrei na cabana.
Ela deu um sorriso triste. Então, seu horrível tormento fora desnecessário. Começou então a falar, para apagar aquele suplício de sua memória.
— Eu estava escondida no bosque atrás do campo. Passei o dia inteiro lá, mas os representantes da OSAY não apareceram. Quando escureceu, fui andar pela cidade. Não tinha coragem de voltar para cá. Não queria ficar aqui sozinha.
— E se expôs ao ataque daquele bêbado — ele disse num tom de reprimenda, retesando-se imperceptivelmente.
Hermione teve um arrepio. As palavras de Hallard martelaram-lhe o espírito.
— Harry, você realmente convenceu os homens da companhia de que Pride é mal-assombrada?
— Claro que sim.
— Como conseguiu fazê-los mudar de idéia? — ela perguntou com cautela.
Harry brindou-a com outro de seus sorrisos travessos, os olhos resplandecendo com um fulgor inesperado.
— Eu lhes falei sobre as cobras, os insetos, os lodaçais e… sobre o esterco de vaca também.
Hermione percebeu que ele tentava tornar as coisas mais leves, mas, depois de tudo o que haviam passado juntos, não fazia mais sentido usar de subterfúgios. Por isso, insistiu:
— Quando conversou com eles? Marcaram uma reunião? Harry não respondeu de imediato. Ajeitou o travesseiro contra a cabeceira da cama, endireitou-se e recostou-se.
— Conte para mim — ela pediu, com meiguice.
Mais um minuto se passou até que Harry se aventurasse a falar. Ao fazê-lo, uma nota de remorso transparecia em sua voz.
— Eu me comuniquei com a mente deles. Coagi-os a pensarem que a instalação de uma estação de rastreamento de satélites na ilha não era bom negócio. Eles nem cogitaram o que estava acontecendo, mas, esta manhã, sem que soubessem explicar por quê, renunciaram ao projeto.
Muito engraçado, os olhos de Hermione replicaram, pois ela não queria acreditar. No fundo, porém, sabia que era verdade.
— As pessoas não saem por aí se comunicando por telepatia. Isso não é normal, Harry.
— Depende. Para certas formas de vida, é absolutamente normal.
Um calafrio percorreu-a. Estudou as feições dele. Seus cabelos eram humanos. Seus olhos também. Harry parecia-lhe inquestionavelmente humano.
— E sou mesmo, Hermione. — Mais uma vez, ele leu seus pensamentos. — Minha resposta física é inteiramente humana. Neste corpo, sou um homem igual a qualquer outro.
— Mas, em outro corpo…
— Em outra forma — Harry retificou. Antes que ele pudesse segurar-lhe a mão, ela havia recuado até a parede, com o corpo sacudido por tremores.
— Você é um extraterrestre!
— Não, para você eu sou Harry.
— Mas veio de outro planeta! Ele aquiesceu silenciosamente.
Hermione arregalou os olhos. Não aceitava que aquela revelação absurda fosse verdadeira.
— Não pode ser. Você está brincando comigo. Os alienígenas não vêm à Terra, transformam-se em seres humanos e… e fazem sexo!
— Nós não fizemos sexo — Harry replicou, com a calma que lhe era peculiar. — Fizemos amor. E os alienígenas talvez saibam amar melhor do que os seres humanos.
Ele chutou os lençóis e saiu da cama.
— Não chegue perto de mim, Harry! Está me assustando!
— Quero abraçar você, Hermione. Preciso abraçar você. Por favor, não tenha medo de mim. Sou eu, não está vendo? Eu te amo..
Os braços fortes a ampararam. Sentiu o calor do corpo dele e o cheiro de sua pele. Relaxou um pouco e fechou os olhos.
— Tudo isso é tão estranho… — ela disse baixinho.
— Para mim também. Vim à Terra numa missão que não incluía, de forma alguma, ficar apaixonado por você. Devo ter transgredido uma série de regras e terei de arcar com as conseqüências.
Hermione escondeu o rosto no peito dele e murmurou:
— Eu devia ter desconfiado quando me salvou no meio do oceano. Nós não estávamos perto de Pride, como você afirmou. E os meus ferimentos… O que aconteceu realmente comigo?
— Quebrou as costelas. Fraturou o crânio. E a sua rótula ficou esmagada. Eu tive de me concentrar para recompor os tecidos dilacerados.
— Você também provocou o acesso de tosse em Crabbe e Goyle e a queda do Drosley no bar. Até fez o meu joelho voltar a doer, só para me convencer de que eu precisava da sua ajuda na colheita.
— Mas não valeu a pena?
Ela suspirou. Quando Harry dizia coisas assim, desarmava-a totalmente. Não importava o que ele era. Hermione queria-o para si. Para sempre.
— Faça amor comigo de novo.
— Você quer mesmo? — ele perguntou, com uma chama esverdeada animando-lhe os olhos.
Hermione meneou a cabeça e afastou-se um pouco para contemplá-lo. Era um homem bonito. E, mais que isso, dele emanava uma indefinível beleza interior.
Curiosa, indagou:
— Com o que você se parece quando está no seu planeta?
— Com uma centelha branca.
— Só isso?
— Só isso. Venha cá, quero lhe mostrar uma coisa.
Fez com que ela se sentasse na borda da cama. Permaneceu a uma certa distância, fixando-a intensamente.
— Quero que me abrace, Harry.
— Eu estou abraçando você… — Seus olhos ficaram esgazeados e sua voz, rouca.
Hermione percebeu algo diferente. Harry estava longe dela, imóvel, e, no entanto, sentiu que ele a tocava. Fechou os olhos. As mãos grandes palmilharam seu corpo. A boca máscula cobriu a sua, depois escorregou para o pescoço e o lóbulo da orelha. A língua aveludada circundou-lhe os seios e foi deslizando até encontrar seu sexo. Ela deixou-se cair pesadamente na cama, contorcendo-se de prazer. Gemeu alto e experimentou um orgasmo que parecia não ter fim, engolfando-a em sucessivas ondas de êxtase. Quando pensou que estava prestes a desfalecer, o toque cessou. Abriu os olhos, atordoada.
Harry veio até ela, seu talhe esbelto recortando-se contra o fundo da parede nua.
Ela correu as mãos pelo corpo magnífico e acariciou o membro rijo com gestos instintivos, que o fizeram arfar com um desejo incontrolável. Num movimento fluido, possuiu-a com paixão. Hermione moveu-se na mesma cadência, que era uma extensão das batidas de seu coração. Os dois chegaram então ao ápice juntos, numa explosão de partículas luminosas.
Adormeceram, exaustos. Mas dormiram muito pouco, pois cada minuto que passavam juntos, trocando carícias e confidências, era muito precioso.
Enroscada nele, Hermione perguntou:
— De onde você veio?
— De um planeta chamado Cyteron, da galáxia de Naquerion.
— Nunca ouvi falar. Fica muito longe daqui?
— Nem tanto. Uma distância de seis galáxias.
Hermione começou a tremer violentamente. Procurou se controlar, mas foi inútil.
— Diga-me: por que estou tremendo?
— Porque a verdade a assusta.
— Claro que sim. De repente, vejo-me deitada com um alienígena. Posso até estar carregando o filho dele neste momento…
— E está, sim.
Ela parou de tremer. Levantou os olhos.
— Como pode saber?
— Não sei como explicar. É uma percepção.
— Meu Deus… vou dar à luz uma centelha branca.
— Não necessariamente. Se você ficar aqui, terá um menino de cabelos castanhos como os seus e de olhos verdes como os meus.
— Tem certeza de que não é uma menina?
— Tenho.
Hermione quedou-se pensativa. Nenhuma das mulheres de sua família dera à luz um menino. A história delas, afinal, não estava se repetindo. Então Hermione teve um sobressalto. Claro que a história não se repetiria. Nenhuma de suas antepassadas tinha se envolvido com um extraterrestre.
— Eu quero saber mais sobre você. Como chegou até aqui?
— Viajei numa nave.
— E onde está ela agora?
— Em Grangerland. Hermione ficou estarrecida.
— Como sabe sobre essa ilha?
Harry sorriu, embalado por uma série de recordações agradáveis.
— Eu a espionava todos os dias na praia. Você era tão linda! — Ele enroscou o dedo numa mecha de cabelos castanhos. — Quando partiu naquele barco, eu soube que teria problemas e a segui.
— Então você não tinha nenhum barco.
— Essa foi a única vez que lhe menti. Sinto muito. Em Cyteron, nós damos muito valor à sinceridade.
— Você também faltou com a verdade quando disse ao Conselho Administrativo que era advogado.
— Bem, foi só uma brincadeira — Harry desculpou-se, sem jeito. — Depois de assistir a tantos filmes sobre julgamentos, fiquei com vontade de tentar.
— E o que o inspirou quando lutou com Hallard Dunn?
— Você. Eu seria capaz de qualquer coisa para salvá-la. — Ele fez uma pausa e confessou, por fim: — Imitei a técnica de Charles Bronson.
Hermione reprimiu o riso. Não podia rir em meio a uma discussão séria como aquela.
— Foi assim que assimilou a nossa cultura? Vendo filmes?
— Isso mesmo. Li também muitos livros e estudei os relatórios de outros cyteronianos que passaram pela Terra.
— Existem outros como você aqui?
— Claro. Alguns já vieram para cá mais de uma vez. Na verdade, foi isso que me trouxe ao seu planeta. Meu trabalho é estudar a miscigenação entre terráqueos e cyteronianos.
— Não me diga que vocês estão planejando infiltrar-se aqui para dominar a Terra!
Ele endereçou-lhe um de seus sorrisos cativantes.
— Não. Nós empreendemos pesquisas para melhorar a qualidade de vida em Cyteron.
Reclinando-se sobre o peito dele, Hermione tentou absorver todas aquelas informações, tão novas quanto absurdas. O pior era que, a despeito de mirabolantes, faziam sentido.
— E então, qual é a sua conclusão? — Harry instou, ansioso.
— Preciso saber mais. Quando você assumiu a forma humana?
— Logo que deixei a espaçonave. Os cyteronianos não podem sobreviver na Terra em sua forma original. O ar daqui é muito denso para nós.
— E quem decidiu como seria a sua aparência?
— Eu mesmo. Copiei os modelos das propagandas de cigarros na tevê.
Hermione achou-o adorável, com seu olhar perspicaz e seu ar de menino.
— Mas você não fuma.
— Lógico que não. Por que eu poluiria as minhas partículas? — Harry retrucou, indignado.
Os dois riram e tornaram a se abraçar.
— Por que não leu os meus pensamentos ontem de manhã? Teria me encontrado facilmente.
— Você não queria ser encontrada, Hermione. Respeitei a sua vontade. Além disso, se eu lhe dissesse que os homens da companhia não viriam, você me tacharia de louco.
Às vezes, ela aceitava as palavras dele com toda a naturalidade. Às vezes, como agora, sentia que estava prestes a explodir. Uma dor contundente oprimia-lhe o peito. Sonho e realidade confundiam-se em seu cérebro. Num átimo, levantou-se e apanhou ostensivamente o revólver na mesinha de cabeceira.
Harry retesou-se de imediato.
— O que pretende fazer com isso?
— Quantas balas há neste revólver? — Hermione inquiriu, testando o poder dele.
— Nenhuma. Tirei todas. Estão guardadas no fundo da gaveta do guarda-roupa.
Desapontada, ela olhou para o gravador que estava a um canto e teve uma idéia. Havia uma fita de música medieval dentro dele.
— Espere um instante, Harry.
Hermione desceu as escadas correndo e apanhou a flauta. Retornou ao quarto e estendeu o instrumento para ele.
— Toque a última música que ouvi no gravador.
E Harry tocou. A mesma música. O sentimento impresso nela, porém, era diferente, mais intenso. Era de esperar, partindo de Harry.
Ela cobriu o rosto com as mãos e cerrou os dentes. A melodia cessou instantaneamente. Após alguns instantes, Hermione deixou os braços caírem ao longo do corpo.
— Ou você está querendo me enlouquecer, ou é mesmo um ser de outro planeta.
— O que acha?
Os olhos de Harry diziam: Acredite em mim. Eu amo você. Hermione respirou fundo. Tocou o rosto dele e suspirou.
— O que foi, meu amor? — Harry indagou, com voz tão doce que ela teve vontade de chorar.
— Queria que você fosse humano como eu. Queria que ficasse aqui comigo para sempre.
— Eu sou humano, Hermione.
— Não, não totalmente. Há uma centelha branca dentro de você, e um dia ela ainda vai levá-lo para longe de mim.
— Por que não vem comigo?
— Não posso renunciar à minha condição. Sou humana. Inteiramente humana.
Harry ficou em silêncio. Por fim, com voz serena e resoluta, afirmou:
— Não, Hermione. Você não é… inteiramente humana.
Ela se afastou dele, rígida como uma estátua de pedra.
— Sua tataravó veio de Cyteron — Harry disse.
— Não acredito. Não pode ser!
Levantando de um salto, Hermione vestiu-se depressa e preparou-se para sair do quarto.
— Ei, aonde você vai? Não pode sair a esta hora!
— Preciso ficar sozinha para pensar.
— No seu esconderijo?
— Como adivinhou? Não é justo, Harry! Pare de ler os meus pensamentos!
— No amor e na guerra vale tudo — ele replicou, bem-humorado.
Zangada, Hermione desceu as escadas e precipitou-se para a porta. Saiu da cabana e afastou-se como uma fugitiva, caminhando sem destino. Ia repetindo para si mesma que era um ser humano feito de carne e osso.
Com os olhos marejados de lágrimas, embrenhou-se na floresta sentindo que, a cada passo, morria um pouco.
N/A: MEU DEUS, QUANTAS EMOÇÕES NUM CAPÍTULO SÓ!!! O HARRY É UM ALIENÍGENA, COMO ALGUMAS DE VCS JÁ TINHAM IMAGINADO, MAS PRA MIM ELE CONTINUA SENDO UMA GRACINHA...
E A 1ª VEZ DELES? PERFEITA NÉ...!
MAS E AGORA ESSA HISTÓRIA DA MIONE SER MEIO ET TBM? NO QUE ISSO VAI DAR?
CONTINUAAA...
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!