Propriedade dos McKinnon

Propriedade dos McKinnon



Alto da Escada
1:10 Da Tarde
1 De Setembro



Infelizmente, a família Simon chegou bem na hora. Quando a campainha tocou, Marlene se agachou embaixo do corrimão do segundo andar e olhou. Seus pais estavam reunidos em volta da filha dos Simons, Rachel.

-Rachel! Você ficou linda – disse William McKinnon. Ele se virou para a esposa. – Alicia, com quem ela se parece?

Marlene se curvou para frente para olhar melhor, mas eles já haviam começado a se dirigir à sala de jantar.

-Gwyneth Paltrow! – anunciou Alicia. Marlene achou que a mãe parecia uma participante animada de um game show.

-E onde está sua linda filha? – perguntou uma voz de homem. Marlene supôs que fosse do Sr.Simon.
-Boa pergunta – disse a mãe de Marlene.

Marlene se levantou e foi para o banheiro na ponta dos pés para dar uma última olhada em sua roupa de “primeira impressão”. Ela não tinha a intenção de fazer amizade com Rachel, mas ainda achava que era importante fazer a garota entender o que ela estava perdendo. Marlene procurou por rugas atrás de sua calça cargo de cetim e examinou o lenço Hermes branco (usado como cinto, é claro) para ter certeza de que o nó estava ajustado aos quadris. Seu top de cashmere branco estava sem pêlo da coruja e os olhos cor de âmbar brilhavam. Ninguém sequer saberia que ela havia chorado até dormir na noite anterior.

-Marlene, os Simon chegaram – anunciou sua mãe pelo interfone.

-Tá – disse Marlene no alto-falante. Passou uma camada de brilho claro na boca, deu último retoque no cabelo e foi para sala de jantar.

-Aqui está ela! – A Sra.Simon tinha um sorriso tão largo que as pontas das bochechas gorduchas quase tocavam os olhos.
-Marlene!- o Sr.Simon estendeu o braço para abraçá-la. A garota olhou para ele sem expressão nenhuma.

-Oi – disse Marlene. Ela ergueu a mão direita e deu um longo aceno de um lado a outro, como uma rainha.

William passou pela longa mesa de carvalho e pôs um braço no ombro da filha.

-Marlene, o Sr.Simon é o meu amigo mais antigo – disse William.

-Espere um minuto, não vamos meter idade nisso – Brincou o Sr.Simon.

Todos explodiram numa gargalhada, exceto Marlene, que olhou para Rachel e desviou os olhos rapidamente. Apesar da olhada rápida, Marlene conseguiu detectar um macacão branco, um par de tênis Keds e cabelos louros e lisos com uma franja. Ela parecia um dos membros do elenco do programa infantil Barney e seus amigos.

E depois a olhou à direita de Rachel e viu Michael, o irmão mais novo da garota, enfiando os dedos gorduchos nas orelhas de Aly.

-É a minha coruja, não uma luva de beisebol – reclamou Marlene.

-Michael, deixe as orelhas da coruja em paz – disse o Sr.Simon rindo.

-Desculpe pelo meu irmão – disse Rachel numa voz gentil. – Eu sou Rachel, a normal da família. – Ela estendeu a mão para cumprimentar Marlene, que lhe deu um aperto tão forte que Rachel riu pouco à vontade e contorceu o corpo ao tentar se libertar.

O braço de Rachel estava coberto por uma fileira de pulseiras, obviamente feitas em casa. Algumas eram miçangas coloridas e outras de cordões traçados.

-Você está bem? – perguntou Marlene. Ela ergueu as sobrancelhas e inclinou a cabeça para o lado, como se não tivesse a menor idéia de por que Rachel estava tão nervosa.

Alicia bateu palmas para chamar atenção de todos.

-Muito bem. Por que não nos sentamos todos? – disse ela. – Sr. e Sra.Simon podem se sentar aqui,à esquerda de William. – Alicia apontou. Marlene percebeu que os anéis de diamante da mãe estavam virados, e Marlene sabia que isso significava que os Simon não tinham muito dinheiro. Alicia sempre fazia isso quando não queria que os “menos afortunados” se sentissem pouco à vontade.

-Marlene, por que não senta ao lado de Rachel? – disse Alicia.

Marlene se sentou sem olhar para ninguém. Tinha uma ou duas idéias próprias a respeito de onde a mãe devia sentar.

Depois que a comida foi servida e todos conversaram distraídos, Marlene pegou o celular e o colocou debaixo da mesa. Manteve a cabeça erguida enquanto seus dedos digitavam um torpedo.

MARLENE: Estaum aih?
LILY: Sim
MARLENE: Fazendo o q?
LILY: Kait estah gritando. Naum quer deixar Svetlana passar cera no outro lado.
MARLENE: Quer q eu fale com ela?

Marlene remexeu com o garfo o cogumelo recheado em seu prato, enquanto esperava pela resposta de Lily.

LILY: Fui. Tah melhor.

O coração de Marlene começou a bater acelerado. Ela podia imaginar todo mundo na salinha de depilação de Svetlana em volta de Kaitlin, rindo histericamente e tentado convencê-la a não sair com as sobrancelhas desiguais.

História engraçada número um.

Marlene decidiu mandar um torpedo a Kaitlin, de qualquer forma. Queria ser a pessoa que ia convencê-la a suportar a dor, para que Svetlana pudesse terminar seu trabalho.

MARLENE: Fica firme. Beleza eh dor :D

Ela olhou para baixo por uma fração de segundo para ter certeza de que o ícone do smiley tinha entrado no lugar certo antes de apertar send.

-Marlene, nada de celular à mesa – disse Alicia.

-Desculpe – mentiu Marlene.

-Por que não leva Rachel para cima e mostra seu quarto a ela? – sugeriu Alicia.

-Tá. – Marlene olhou para o celular, mas Kaitlin claramente estava ocupada demais para digitar uma resposta.

Marlene suspirou e mordeu o lábio.

Quarto de Marlene
2:25 Da Tarde
1 De Setembro


Rachel estava parada diante da janela da sacada do quarto de Marlene e olhava para as quadras de tênis, a piscina e a casa de hóspedes em pedra. Estava se esforçando ao máximo para parecer à vontade, mas na verdade Rachel nunca tinha estado em uma residência tão grande na vida.
Rachel se afastou da janela e olhou para Marlene. Ela mexeu nas pulseiras no braço.

-Nem acredito que você fez isso no jardim de infância e elas ainda cabem em você – disse Marlene. – Você deve ter pulsos superfinos.

-Não fiz isso no jardim de infância. – A voz de Rachel era delicada e compreensiva, porque ela não queria que Marlene se sentisse uma idiota por imaginar uma coisa tão ridícula. – Minhas melhores amigas fizeram para mim quando eu deixei a Flórida. – Ela parecia orgulhosa. – Elas também me deram isso, para eu poder mandar umas fotos da minha escola nova. – Rachel tirou uma câmera prateada minúscula do bolso do peito do macacão. – E das minhas novas amigas – continuou Rachel. Ela apontou a lente para Marlene e tirou uma foto. Marlene se mexeu. Rachel olhou a foto para ver se teria que tirar outra.

-Ah, ficou fora de foco. – Rachel parecia decepcionada.

-Não fico surpresa – disse Marlene. – Essas câmeras são uma porcaria.

-Ei, onde conseguiu esse manequim legal? – perguntou Rachel. Estava se referindo à figura sem cabeça que estava em um suporte de metal ao lado do armário de Marlene.
-Eu ganho um novo todo ano no meu aniversário – disse Marlene. Ela parecia orgulhosa.

-Por que todo ano? – perguntou Rachel.

-Porque eu cresço. – Marlene revirou os olhos.

-Já imaginou que isso pode ganhar vida no meio da noite e tentar te matar? – perguntou Rachel. Ela tentava brincar um pouco.

-Nunca – disse Marlene.

Rachel olhou em volta rapidamente, procurando por alguma coisa nova para falar e foi até o painel de cortiça pendurado sobre a mesa de Marlene.

-Quem são elas? – Rachel percebeu que as meninas na foto pareciam muito mais velhas do que suas próprias amigas da Flórida.

-As melhores amigas que eu tenho no mundo – disse Marlene. – Somos muito unidas.

-Essa aqui é modelo? – Rachel apontou para uma garota de jeito sensual com um cabelo ruivo incrivelmente brilhante.

-Não que eu saiba – disse Marlene. – Esta é Lily.

Rachel achou que Marlene parecia entediada. Ela viu as fotos das quatro meninas gritando em montanhas-russas, deitadas em sacos de dormir e vestidas de vaqueiras com armas na cintura. Ela imaginou que as roupas eram para o Halloween, porque cada uma das meninas tinha uma linha de sangue falso caindo da boca e Aly usava um chapéu de caubói e uma estrela de xerife. A foto das meninas posando com o Papai Noel no shopping fez Rachel rir bem alto.

-Não acredito que vocês fizeram isso com o Papai Noel – disse Rachel. Ela estava se referindo aos chifrinhos que Marlene tinha feito com os dois dedos atrás da cabeça dele.

Marlene não respondeu. Estava ocupada demais verificando as mensagens no celular.

-Parece que vocês se divertem muito juntas – disse Rachel. – Estou louca pra conhecer todo mundo.

Marlene ergueu os olhos como se estivesse espiando por sobre os óculos escuros.

-Tenho certeza de que você vai conhecer um monte de outras pessoas com quem vai preferir sair.

-Duvido – disse Rachel.

-Você realmente devia tentar – disse Marlene. – Minhas amigas e eu temos nossas próprias coisas e você provavelmente vai se sentir deslocada se tentar sair com a gente. Sabe com é, a gente se conhece há muito tempo.

-Vou ficar bem. – Rachel forçou um sorriso. Marlene tinha parado de prestar atenção.

O telefone ao lado da cama tocou e ela correu para ele como se estivesse esperando uma ligação importante.

-Aaaai, que é mãe? – Marlene parecia irritada.

Rachel usou esse tempo para dar uma olhada no quarto.

As prateleiras estavam cheias de troféus e medalhas de hipismo. No meio delas, havia um capacete de hipismo de veludo preto infantil e um porta-retratos com a foto de um pônei branco.

Havia um trenó pequeno no chão que era uma réplica exata do trenó em tamanho natural pendurado em cima.

Marlene bateu o telefone sem fio na base na mesa de cabeceira.

-Vamos, tenho que te mostrar a casa de hóspedes – disse Marlene.

-Tudo bem, posso ver daqui – apontou Rachel da janela. – você não tem que me levar.

Marlene apontou para o telefone.

-Na verdade, tenho sim.

Marlene abriu uma das portas de correr do armário e Rachel viu pelo menos cinqüenta pares de sapatos enfiados em espaços diferentes. Marlene bateu o dedo indicador na boca e examinou sua coleção. Pegou um par de tamancos Prada laranja e colocou nos pés.

-Por que está trocando? – perguntou Rachel enquanto tirava com a unha o esmalte coral das mãos. – Não vamos só no quintal?

-É, mas meus saltos ficam presos na grama e isso acaba com eles. – Marlene olhou para os pés de Rachel. – Eu ia te oferecer uns tamancos, mas você não liga que eles fiquem meio sujos, né? – Marlene apontou para os tênis de Rachel.

Rachel não soube o que responder.

-Achei que não. – Os tamancos batiam nos calcanhares de Marlene enquanto ela apagava a luz e saía do quarto.

Rachel arrancou um pedaço coral de esmalte da unha e viu cair no tapete branco de Marlene. Normalmente, ela se abaixaria para pegar, mas decidiu deixar. Achou que o quarto precisava de um pouco de cor.




N/A:Cap. um poucoo maior!uahuahuhauha =DD Comentemm bem muiiito q amanhã eu prometoo que posto o 3 e o 4 cap. q tal?!? uashuashuashuashuash ;p

Beiiiijosss;* Nanda;

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